Por Ricardo Guerra e Alejandro Acosta
O Brasil e a América Latina estão completamente dominados pelas forças que agem a serviço dos interesses do imperialismo:
- Controlando os aparatos do Estado para impor uma agenda de saque aos recursos naturais e patrimônios públicos, financeiros e estatais dos países (ver aqui e aqui);
- E promovendo a retirada dos direitos duramente conquistados pelos nossos trabalhadores – impondo a famigerada ideologia neoliberal;
- Uma agenda sistematizada e expressa por diversificados meios e estratégias de dominação, cujo enfrentamento não é fácil;
- Como, por exemplo, o criminoso sistema da dívida pública (ver aqui e aqui), a agenda ambiental seletiva e a colonização cultural, com explícito apoio de uma burguesia local (ver aqui e aqui) remunerada por comissões, chantageada e pendurada em dossiês, e culturalmente cooptada e enclausurada num comportamento de vira-latismo que nos condena à condição permanente de dependência econômica.
Nos últimos anos escrevemos matérias sobre as estratégias de dominação imperialistas e a voracidade como estes se apropriam do imaginário coletivo das pessoas, subtraem descaradamente nossas riquezas, e submetem o Brasil e a América Latina à condição de meros fornecedores de matérias primas – e a eterna primarização das nossas economias:
- Escrevemos também sobre a necessidade dos partidos de origem trabalhista resgatarem suas origens e a importância da organização de um projeto de desenvolvimento e integração nacional orientado para as reais necessidades do povo brasileiro e os interesses soberanos do Brasil;
- Destacamos ainda, a importância do trabalho de base e da educação política dos trabalhadores;
- E até, com a amplamente veiculada possibilidade de Lula voltar ao poder, discutimos a necessidade de que tenha aprendido a lição e rompa de imediato com a tal política de conciliação e enfrente o imperialismo de forma contundente – fortalecendo o Estado, opondo-se aos ditames da ideologia neoliberal e promovendo um projeto verdadeiramente de desenvolvimento nacional popular soberano.
Agora precisamos falar da comunicação de massas!
É evidente que a esquerda revolucionária e anti-imperialista precisa se desvencilhar das amarras impostas pela atual conjuntura política, que apresenta um cenário muito difícil e complicado de atuação, com:
- Os movimentos de massas fragilizados;
- Os mecanismos de contenção social (próprios do sistema capitalista e expressos pela ditadura do capital nas empresas) se fortalecendo principalmente pelo medo do desemprego;
- E a atuação da “esquerda” oportunista e reacionária, funcionando como colchão de controle dos interesses dos grandes capitalistas.
A imprensa, a educação, a família e a religião estão cada vez mais hiperdireitizados e, além da “esquerda” oficial e da máfia sindical das direções dos movimentos sociais que estão em farrapos, a situação torna-se ainda mais complicada, com a entrada em cena (com impulsionamento intensificado) dos mecanismos da força bruta com o apoio do judiciário, da polícia e do exército – e a configuração de um Estado policialesco (ver aqui, aqui e aqui).
O cerco contra os interesses dos trabalhadores e a voracidade da investida imperialista contra os países – que permanentemente submetem como suas colônias – estão sendo aprofundados.
Os agentes que atuam contra os interesses do Brasil e contrários às reais necessidades do povo brasileiro, continuarão a fazer de tudo para suprimir qualquer possibilidade de formação do pensamento crítico no seio da sociedade, valendo-se da desinformação e do medo como forma de governar.
O governo Bolsonaro significa exatamente isso:
- Representa o ápice da subserviência e o controle total do imperialismo estadunidense sobre o Brasil;
- A aprovação de leis orientadas para o ataque direto à privacidade das pessoas, criando condições para o controle total da vida de todos os cidadãos brasileiros e a criminalização dos movimentos sociais, enfim, uma ditadura na forma de leis, normas, decretos, disfarçada de democracia (o Patriot Act Tabajara);
- Um verdadeiro vale tudo para fazer do Brasil uma terra arrasada, sem nenhuma resistência da denominada “esquerda” oficial, que passou a atuar a serviço deste governo entreguista e descaradamente favorável a agenda imperialista de massacre do país e de completa eliminação dos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores e pelo povo brasileiro.
Já passou da hora de empreendermos todos os nossos esforços para a construção da consciência histórica e de classes e investirmos – com contundência – na educação política dos trabalhadores:
- Estabelecendo mecanismos para a superação de um ambiente social marcado pela omissão de informações, promoção de distorções e propagação de manipulações de informações, dados e fatos econômicos, políticos e sociais;
- Enfrentando o uso (massivo e massificador) que a burguesia sempre fez do pensamento superficial e acrítico, impulsionado por uma mídia que age a serviço de interesses contrários à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico, humano e social do nosso povo;
- Superando, assim, esse processo de alienação intelectual e cultural por eles impostos à nossa população.
O momento é de luta!
As nossas demandas só serão contempladas com o povo organizado e a sua consciente mobilização para a luta.
A esquerda verdadeiramente revolucionária precisa, urgentemente:
- Enfrentar o imperialismo e trabalhar incansavelmente pela e para a elevação do conhecimento da população para a luta política;
- Dialogar com os trabalhadores nos locais de trabalho, de convivência e de moradia, articulando suas experiências adquiridas em busca da construção de um processo de organização e mobilização para a luta, que necessariamente precisa passar pela democratização do acesso aos meios de comunicação de massa.
Mas a promoção da consciência de classe e a organização e mobilização popular para a luta anti-imperialista só poderão ser realmente viabilizadas se forem priorizadas, neste contexto, a caracterização clara e objetiva da conjuntura política atual e estabelecida uma linha de atuação prática, para:
- Lutar contra o desmonte da nossa limitada legislação trabalhista e contra o desemprego imposto pelo golpismo;
- Lutar contra a terceirização, o subemprego e a crise econômica geral;
- E lutar contra a vergonhosa entrega do patrimônio nacional promovida pelas privatizações;
- Ou seja, lutar contra a ideologia liberal imperialista e a imposição da agenda neoliberal.
Portanto, informar os trabalhadores massivamente e expressar-se frente às mentiras e golpes que a burguesia imperialista (aliada a burguesia local) dispara contra os interesses do país e do povo brasileiro, implica no investimento na abertura de novos meios oficiais e não oficiais de formação e educação política do povo:
- Estimulando os trabalhadores a criarem seus meios de comunicação;
- Apoiando jornalistas identificados com as causas populares a criar meios de comunicação orientados para a luta anti-imperialista e os reais interesses das massas;
- Organizando mídias tradicionais, eletrônicas e digitais, e incentivando e reativando TVs e rádios convencionais, comunitárias e populares com conteúdo anti-imperialista e orientado para a causa do trabalhador;
- Enfim, se comunicando com os trabalhadores dos diversos cantões do país e enfrentando de forma objetiva os meios burgueses de comunicação.
Inclusive, essa é uma das principais críticas que se faz à gestão Petista, quando esteve à frente do poder central do país por 13 anos e destinou bilhões para publicidade oficial nos meios de comunicação burgueses – fortalecendo-os, enquanto, por exemplo, rádios comunitárias eram fechadas, e também por:
- Não envidar os devidos esforços para a regulação da mídia, no sentido de promover a prestação de serviços de comunicação com base no interesse público e baseados em regras para o funcionamento democraticamente equilibrado de informações;
- Não fortalecer a participação dos trabalhadores (nem dos movimentos populares, dos povos indígenas, etc.) nas Tv’s comunitárias e convencionais;
- Não abrir jornais ou canais estatais de comunicação para levar a narrativa de seu governo às ruas;
- E ainda permitir que canais de comunicação estatais mantivessem a mesma linha política da mídia golpista, como aconteceu com a TV Brasil na época do golpe que retirou a presidente Dilma do poder.
Cabe a nós impulsionar esse movimento, fazer a nossa parte, e não ficar jogando apenas no colo dos partidos, do PT e dos governos a cobrança por essa responsabilidade.
O Estado burguês pode e precisa ser superado, seja através de sua transformação por meio de reformas sociais profundas ou pela sua eliminação por meio de uma revolução.
Precisamos resistir e avançar nesse sentido.
A educação política é imprescindível para a construção desse processo, do qual uma nova sociedade pode emergir orientada para a satisfação das necessidades essenciais de todos os cidadãos, aportada por critérios justos de distribuição de riqueza e poder.