#TodEsPeloCapitAL – A RELAÇÃO REPULSIVO-EXCITATÓRIA DO BOLSONARISMO

#TodEsPeloCapitAL – A RELAÇÃO REPULSIVO-EXCITATÓRIA DO BOLSONARISMO

Escrito por: Marchesano

Manifestações como o #Elenão disseram #Elesim à eleição de Bolsonaro. O sentimento antipetismo, sinônimo para ideologia de gênero e ‘marxismo cultural’ (perigo comunista), alimentou e fortaleceu Bolsonaro e o Bolsonarismo (antissistema, desgaste da democracia liberal burguesa).

Com o desgaste de Lula e do PT, novos atores passaram a complementar a rivalidade artificial, porém, combinando-se nos ataques econômicos contra os trabalhadores, são eles: Doria, Huck, Dino, Frota, MBL, bancada Lemann, Glenn (ex-apoiadores, a exceção do Dino) e os PSOListas e ex- (Freixo, Sâmia, Caroline, Boulos etc.)

O identitarismo ganhou força no Brasil com as jornadas de 2013, e hoje assistimos uma leva de personagens da atual política produzidos por essas jornadas: Jones Manoel, o casal ecossocialista (Sabrina Fernandes e o seu marido Coaching de ativos financeiros), a TV 247 (que impeachmou Bolsonaro inúmeras vezes), Socialista Morena, Cynara, Djamila Ribeiro, Karol Conká, Lucas Penteado entre outros.

A utilidade de junho de 2013, após a mudança de direção e orientação das pautas, da questão do aumento tarifário para a pauta “não vai ter copa e contra a corrupção”, foi a de conformar uma nova morfologia do trabalho e fundamentar os novos meios de luta dos trabalhadores, destruindo os até então órgãos de representação. Em vez de partidos políticos, o Brasil parecia entrar na lógica dos movimentos suprapartidários ou pluripartidários. 

Desse balão de ensaio formaram-se uma nova direita para o social, uma extrema-direita anticorrupção e moralista e uma nova esquerda, fundamentada na identidade. Esses três elementos, por mais distintos que sejam na aparência, servem a uma única agenda econômica, a dos grandes oligopólios financeiros e bancários. 

Pois, enquanto a política de particulares é discutida, as políticas contra as massas são aprovadas a toque de caixa, passando despercebidas à sociedade.

Os três matizes ideológicos, produtos das orientações tomadas nas manifestações de junho de 2013, se complementam e se repelem. Basta observar como a esquerda identitária e a extrema-direita se portam com os ditos partidos fisiológicos. Quando o assunto é barrar o avanço ‘fascista’ de Bolsonaro e Cia., a esquerda identitária se identifica com a direita moderada e com os partidos fisiológicos. Logo, quando as pautas giram em torno dos ataques contra os trabalhadores, a extrema-direita, a direita moderada e a esquerda ‘RG’ formam o slogan – Um por todos e todos por um.

O espetáculo interpretado por esses agentes do imperialismo encontra palco nas mídias tradicionais e digitais. Entretanto, o que as mídias escondem é que a relação política repulsivo-excitatória, entre a esquerda identitária, direita para o social e a extrema-direita, amalgamada com a agenda neoliberal de ataque aos trabalhadores compõem a totalidade do bolsonarismo, que encontrou em Bolsonaro a sua atual expressão no Poder Executivo.

No bolsonarismo encontramos inúmeros elementos autocrático-fascistas, entre eles: a formação de milícias no Brasil, suspensão arbitrária dos direitos políticos (prisão de Lula e a suspensão de mais de 3000 títulos de eleitor no nordeste pelo TSE), fortalecimento do crime organizado (PCC), aparelhamento do estado pelo alto comando das FFAA (mais de 6000 militares no poder), a preferência pelo capital financeiro e latifundiário, perseguição aos organismos de representação da classe trabalhadora (desmonte dos sindicatos e ministério do trabalho), saturação da prática política pelos meios de comunicação, alienação da população do exercício político, a expansão das igrejas como extensão do estado. Todos esses elementos se conjugam e estão estritamente combinados com a agenda neoliberal, ambos estão sob a direção do imperialismo estadunidense.

O dispositivo-porta para a ingerência e manipulação imperialista no Brasil encontra-se hoje no Poder Judiciário, tendo o apoio dos outros poderes de forma conjugada, porém subordinada. Por meio da constituição de 1988 o Judiciário passou a acumular enormes poderes dentro do estado brasileiro. De um agente coadjuvante, passou, pouco a pouco, ao papel de protagonista. Sendo esse protagonismo excitado diariamente por uma agenda humanitária, tendo o indivíduo como centro. Não à toa, que a constituição ganhou a alcunha de ‘cidadã’.

A constituição de 88 trouxe todos os elementos possíveis para sabotar a soberania do país, assim como a sua integridade territorial. Pois, defender cidadania sem soberania é sofismo. Onde não há soberania, não poderá haver cidadania. Não havendo cidadania, abre-se as portas para a ingerência imperialista. O imperialismo tendo livre trânsito no Brasil, torna-se impossível a demarcação de fronteiras e a manutenção da integração territorial. Não havendo soberania, cidadania, integridade territorial, não há autodeterminação. Não havendo nenhum desses elementos só há espaço para o Brasil se apenas uma coisa, colônia.  

Dentro da colônia chamada Brasil, o STF tem sido o grande árbitro. Foi o STF que arbitrou a Operação Lava Jato, o processo de impeachment, as eleições de 2018 e agora está arbitrando o governo de Bolsonaro. A orientação política que liga todas essas questões é a política de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.

Essa política é um dos desdobramentos possíveis da política de combate às drogas, inaugurada nos EUA na década de 1970. A política de combate às drogas foi formulada e aplicada para ser uma das pernas do intervencionismo dos EUA no mundo, ela atua por meio de uma tática bifronte: atacar o inimigo pela via jurídico-penal e pela via combatente-assecuratória.

A engenharia social construída pela política de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, liga-se à outra perna intervencionista dos EUA, a agenda dos Direitos Humanos ou agenda humanitária. É sempre evidente que a justificativa final para toda a ação de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro é: “trazer benefícios concretos à economia, que, consequentemente, trará benefícios à toda sociedade através de melhores serviços públicos e investimentos no social”.

Contudo, como explicar o ‘sucesso’ dessa política no Brasil? 

Clique na imagem e saiba sobre a Opção cultural e geopolítica subserviente aos EUA

Parte do Poder Judiciário, Executivo e Legislativo, das elites econômicas brasileiras, a alta cúpula dos partidos político-parlamentares estão, comprovadamente, envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção e de lavagem de dinheiro. Entre o maior dos escândalos encontramos o caso das contas CC5. Por meio delas, o dinheiro deixava o Brasil com destino aos EUA. O preço do livre trânsito dos capitais nos EUA foi a construção de dossiês contra o poder político e econômico do Brasil, corroborando para colocar o Brasil de joelhos diante dos mandos estadunidenses.

Assim entendemos como foi e continua sendo eficiente a política de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro. É por ela que o Poder Jurídico ganha protagonismo e passa a arbitrar a sociedade. 

A prisão de Lula demonstrou muito bem como o Poder Judiciário, utilizando-se das duas pernas do intervencionismo do imperialismo estadunidense, atua na sociedade brasileira. Em 2019, Lula, após ser condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro por ordem do Poder Judiciário, foi constrangido a ser transferido de prisão pelo juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, da da justiça estadual de São Paulo, e pela juíza federal do Paraná Carolina Lebbos. Ambos determinaram a transferência de Lula da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para a penitenciária de Tremembé, onde abriga presos que cometeram crimes de repercussão nacional, como Alexandre Nardoni, Gil Rugai, Cristian Cravinhos e Mizael Bispo.

Qual foi o posicionamento dos advogados de Lula e de Fernando Haddad, candidato à presidência pelo PT no lugar de Lula em 2018, e Gleisi Hoffmann, presidente do PT e deputada federal, diante de tal situação?

Clique na imagem e leia sobre “Lula e Dilma absolvidos, mas o Brasil também será absolvido?”

Os advogados de Lula defenderam que o ex-presidente fosse colocado em uma sala do Estado-Maior em unidade militar – “o cumprimento antecipado da pena pelo peticionário deve ocorrer em Sala de Estado-Maior, em instalações militares situadas no raio da Grande São Paulo, conforme disponibilidade das Forças Armadas a ser informada pelo Exmo. Sr. Ministro da Defesa”.

Fernando Haddad, por sua vez, como um bom advogado de formação, e Gleisi Hoffmann como uma boa lulista, organizaram e conduziram uma marcha com mais de 70 parlamentares de 12 partidos ao STF para pedir a intervenção do Supremo na questão. Os dois argumentaram que – “Essa decisão coloca a vida do ex-presidente em risco e ofende direitos”. No final, por 10 votos a 1, o STF suspendeu a determinação de transferência de Lula. Houve manifestações de rua? Não. Mas nessa situação fica evidente que o Poder Jurídico atua sobre a sociedade brasileira com as duas pernas do intervencionismo dos EUA.

Lula sempre quando indagado sobre a questão de seu envolvimento com o Triplex, com o Sítio ou outras questões, respondia: “sei que a justiça nesse país fará a sua parte”.

O bolsonarismo é a política intervencionista dos Estados Unidos para a América Latina. Ele conjuga em sua política a aliança entre a esquerda identitária e as práticas autocráticas das instituições do estado brasileiro. Na tensa relação binário-complementar, ou como aqui está sendo chamado de ‘repulsivo-excitatória’, entre as demandas autocráticas e as demandas humanitárias, vemos o STF como o grande árbitro e promotor dessas políticas. Ora promovendo a agenda autocrática, ora julgando válida a defesa de algumas garantias civis. Conjugada aos fatores acima expostos, encontra-se a agenda neoliberal de ataque aos direitos e às garantias civis, políticas e sociais dos trabalhadores, formando, portanto, a totalidade do bolsonarismo. Pois é sobre este último ponto, a agenda neoliberal, que as divergências políticas entre as esquerdas, direitas e extrema-direita se desfazem.

Qual o fundamento concreto do bolsonarismo como política externa do imperialismo estadunidense para a América Latina, em especial, o Brasil?

Clique na imagem e entenda como está economia capitalista nos Estados Unidos

A crise de 2007-08. Com a crise de 2008, o modelo econômico do imperialismo estadunidense e europeu baseado no consumo pela expansão do crédito ruiu. Estados Unidos e Europa agora estão empenhados em redesenhar suas economias para ganharem produtividade, competitividade e capacidade de exportar bens e serviços diante do avanço chinês. É neste ponto que entra a propaganda da Indústria 4.0 ou manufatura avançada. Os elementos formadores dessa indústria são:  big data e análise de dados, robótica, simulação, internet das coisas (Internet of Things – IoT), cibersegurança, cloud computing, manufatura aditiva, sistemas de integração horizontal e vertical e realidade aumentada. Isto é, mais uma etapa da revolução industrial, a substituição, uma vez mais, da mão de obra pelas máquinas automatizadas.

Por meio da política de reestruturação das economias ocidentais, o Banco de Compensações Internacionais, por meio de seus dois braços, ‘FMI e Banco Mundial’, dirige e opera políticas de ataques aos trabalhadores. Do ano de 2008 a 2017 mais de 110 países passaram por reformas trabalhistas. Essas contrarreformas trouxeram como resultado o crescimento do desemprego estrutural que tem sido utilizado pelos aplicativos de mobilidade, serviços e entregas.

A uberização das economias está em busca de um novo padrão de acumulação e valorização dos capitais parasitários. Para isso, as elites hegemônicas estão jogando todos os custos de produção e operação dos capitais para o trabalhador. Não à toa, que essas mesmas elites estão impondo aos países dependentes, por meio da expansão das tecnologias da informação e comunicação, pacotes político-pedagógicos orientados ao atendimento das atuais demandas capitalistas. Medidas como : centralidade do aluno, ensino híbrido, reforma do ensino médio, BNCCs, professor como mediador, Educação a Distância, programas como novas fronteiras e  Future-se e o fortalecimento dos grandes oligopólios da educação estão todos concentrados nessa reorganização produtiva.

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