Aos 173 anos do Manifesto do PC de Marx e Engels: O verdadeiro debate atual em 10 pontos

O que é o socialismo científico?

No Manifesto do Partido Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848, a análise das condições de produção mostravam que o socialismo não era uma utopia nem uma boa vontade, como até o momento tinha sido colocado pelos socialismo utópicos. Era a evolução “natural” do próprio capitalismo.

O capitalismo tinha desenvolvido as forças produtivas num grau tal que agora havia riqueza para compartilhar.

As crises capitalistas têm como base fundamental a propriedade privada dos meios de produção e as próprias leis do capital. A principal delas é a Lei valor Trabalho, que implica nos lucros a qualquer custo, considerando que a produção de valor tem como base a exploração do trabalho humano.

A burguesia detém o controle do estado para proteger a ordem burguesa e sua propriedade privada. O estado é composto fundamentalmente pelos organismos repressivos.

Para implantar o socialismo é preciso expropriar os grandes capitalistas e seus representantes políticos e ideológicos, o conjunto da burguesia, mas para isso é preciso destruir o estado burguês.

A classe social, o agente social, que tem como tarefa histórica a destruição do estado burguês são os trabalhadores (proletariado). Se trata de uma revolução social de massas liderada pela classe operária, que é a classe que gera valor.

Os socialistas utópicos consideravam que o socialismo chegaria por obra de experiências de burgueses filantrópicos, ou seria uma revolução liderada por um grupo de gênios audazes, ou seria liderada pelo lumpen proletariado, ou viria por meio de reformas parlamentares etc.

Marx era um gênio?

Ao terminar o texto volte aqui e click na imagem para ver como o Gazeta aplica o Marxismo na prática

Karl Marx foi um revolucionário que teve como mérito colocar as bases do socialismo científico.

A obra central do socialismo científico é O Capital. O Livro 1 foi publicado em vida de Marx, em 1867. O Livro 2 foi publicado por Engels em 1885. O Livro 3 foi publicado por Engels em 1894, um pouco antes da sua morte. O Livro 4, Teorias da Mais Valia, não chegou a ser efetivamente publicado.

Em O Capital, Marx expôs as principais leis do funcionamento do capitalismo, nas suas contradições, evolução e tendências, com plena aplicação da dialética à economia, entendida como relações sociais de produção em movimento contraditório.

A partir dessas descobertas Marx apontou que o futuro do capital levava inevitavelmente à concentração do capital, ao aumento das contradições por causa da propriedade privada e que a saída apontava inevitavelmente ao socialismo.

A atividade de Marx, assim como a de Engels, era muito mais que a mera teorização. Eles participaram ativamente das revoluções de 1848 e impulsionaram a fundação da I Internacional Comunista em 1864.

Engels orientou os novos partidos “marxistas” que surgiram após a I Internacional.

Marx foi contrário ao termo “marxismo”. Apesar de que o acabou aceitando e que acabou se estendendo por causa da propaganda da II Internacional Socialista, Marx falava no “socialismo científico”.

Da mesma maneira, Lenin, o líder da Revolução Russa, nunca falou em “leninismo”; essa foi a política da burocracia que se apoderou da União Soviética na tentativa de usar a figura de Lenin para camuflar sua política. Ele se considerava apenas um discípulo de Marx. E tanto era assim que ele chegou a se posicionar contra a publicação das suas obras completas.

O que é um partido revolucionário que segue o socialismo científico?

Trabalhadores

Um partido revolucionário que segue o socialismo científico só pode ser um partido revolucionário dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, assimilou o fundamental do método materialista dialético e o aplica na análise da realidade. O método se desenvolve com a experiência das revoluções e das lutas dos trabalhadores e do movimento de massas. Se trata de um guia para a ação, para a luta dos trabalhadores, e não tem nada a ver com trabalhadores acadêmicos.

Em segundo lugar, o método deve ser aplicado à análise da realidade para determinar as políticas que serão levantadas e defendidas, para definir a estratégia e a tática da luta. A política deve ser expressa de maneira simples (política de agitação) e explicada pela propaganda. A revolução durante o período de preparação é fundamentalmente uma guerra de propaganda.

Em terceiro lugar, a política deve ser materializada na luta de classes. Isso implica em que o partido deve se organizar como um máquina de agitação e propaganda para buscar ligar-se ao movimento de massas, principalmente ao movimento operário em todas e quaisquer circunstâncias e condições políticas. Considerando que a burguesia joga, e joga muito duro na tentativa de quebrar os movimentos revolucionários. Apesar disso, o futuro pertence à revolução socialista.

Em quarto lugar, o partido revolucionário deve organizar-se como um partido de combate, orientado a conduzir as massas, lideradas pela classe operária, à toma do poder.

Em quinto lugar, o partido revolucionário no período de ascenso busca ajudar a organizar a luta. Identifica os trabalhadores mais firmes. Busca fundir-se com o movimento operário. E a estruturar-se como um partido de trabalhadores revolucionários na prática. Os intelectuais que participam do partido não precisam tornar-se operários, mas sim devem defender na prática a ideologia e política do socialismo científico.

Em sexto lugar, hoje, o partido revolucionário deve formar-se em cima da experiência de 200 anos de luta contra o capital. Isso implica em superar os “ismos” como delimitador de campos. A delimitação deve dar-se a partir da defesa da política revolucionária. Neste momento, os eixos da luta passam por https://gazetarevolucionaria.net.br/a-luta-transicional-no-brasil/ e por https://gazetarevolucionaria.net.br/a-luta-transicional-nos-municipios-no-brasil/ 

O capitalismo se rege por leis?

De acordo com a propaganda oficial da burguesia o capitalismo seria tão forte que seria eterno e não funcionaria em cima de leis, mas em cima de vontades. A classe operária teria desaparecido; o socialismo teria fracassado. E outras bobagens parecidas que a “esquerda” oficial, que foi incorporada integralmente o regime a partir da feroz campanha para impor o denominado “neoliberalismo”, repete com vigor.

Na realidade, e conforme Karl Marx o demonstrou profundamente e em detalhes em O Capital se rege por leis que não são controladas por indivíduos.

Além da Lei de Valor Trabalho, há a concentração orgânica do capital (aumento do capital fixo em relação à mão de obra), a tendência à formação da ganancia média no mercado mundial, a tendência à queda da taxa de lucros, a concentração da riqueza e o aumento da pobreza, a formação de grandes carteis, as guerras na busca pelo controle do mercado mundial que sempre andam da mão das revoluções etc. 

Uma crise pode ser adiada ou desviada dos grandes centros, mas o efeito colateral será que aparecerá de novo no futuro com força muito maior.

De acordo com Marx, o capitalismo significou um grande avanço na história da Humanidade, mas também representa um grande atraso a partir do momento em que entrava o desenvolvimento das forças produtivas.

O capitalismo criou o seu próprio coveiro, a classe operária. 

Quais são as classes sociais que existem no capitalismo?

De acordo com o socialismo científico, as classes sociais devem ser determinadas em relação à sua participação na produção.

Os donos dos meios de produção são os capitalistas, que junto com seus representantes políticos e ideológicos formam a burguesia.

Os que trabalham para os capitalistas no processo produtivo são os trabalhadores. O setor mais de ponto é aquele que agrega valor, a classe operária.

Os detentores dos meios de produção que se veem obrigados a trabalhar para garantir sua sobrevivência fazem parte das camadas médias da população, a pequeno burguesia, tais como os pequenos proprietários ou os camponeses. Estes setores podem participar de uma revolução contra o capital, mas não poderão lidera-la ou leva-la em frente de maneira consequente, dados os seus vínculos com o capital. Em última instância, estes setores querem transformar-se em grandes capitalistas.

Das camadas médias também fazem parte as profissões liberais e outras.

Os latifundiários, da mesma maneira que a pequeno burguesia, representam vestígios do feudalismo. O capitalismo é incapaz de implantar um capitalismo puro em escala mundial, nem mesmo na maioria dos países, por causa das dificuldades crescentes para manter as taxas de lucro, impactadas em cheio pela pauperização da maioria da população.

A “democracia” serve a todos?

Um dos principais mitos do capitalismo, principalmente a partir da década de 1980, é que a sociedade capitalista seria uma “democracia”. Isso tem feito parte da PsyOp, a política de guerra psicológica, da burguesia.

A democracia é a mesmo tempo uma ditadura. Depende a quem serve.

No capitalismo, é a democracia para os super ricos e uma brutal ditadura para os pobres. E conforme a crise capitalista vai aumentando, estas contradições se tornam ainda piores.

No socialismo, os órgãos repressivos a serviço do capital são substituídos pelos trabalhadores armados. A burguesia derrocada é o objeto da repressão para evitar que o capitalismo seja restaurado.

Os trabalhadores irão se levantar? A revolução é inevitável?

O que movimenta os trabalhadores não é a educação acadêmica. Muito menos as questões morais.

Os trabalhadores entram em movimento quando sua situação se torna insuportável e não têm outra alternativa a não ser lutar. Sempre foi assim. Isto acontece em situações muito críticas.

Há muitas décadas que a burguesia tem criado camadas privilegiadas da população para conter a revolução. Mas as fortes crises as têm golpeado de maneira forte.

A crise capitalista atual que é a pior da história da Humanidade derrubou a maioria dos mantras da agressiva propaganda da burguesia.

A crise aumenta a pressão pela disputa do mercado mundial, que não é uma questão moral ou cultural, mas um problema de sobrevivência.

Hoje a crise se vê obrigada a controlar crescentes fatias do mercado mundial de ponta, até como condição para conter a revolução interna. Mas essa política, independentemente de boas vontades, conduz a que a China tenha entrado em rota de colisão com as potências imperialistas, principalmente o imperialismo norte-americano. A saída só pode ser uma grande guerra e/ou uma grande revolução; ambas caminham de mãos dadas, são as duas caras da mesma moeda.

Os Estados Unidos irão deixar o controle do mundo sem serem derrotados numa guerra ou numa revolução?

Ao terminar o texto volte aqui e click na imagem para ver quem são os representantes do Gabinete do Biden

O imperialismo norte-americano nunca irá abandonar por livre e espontânea vontade o controle do mercado mundial. Isto é impossível.

Em termos filosóficos, o velho se nega a morrer e se torna ainda muito mais agressivo na sua política de sobrevivência. Mas a sua estrutura se debilita e nesse enfraquecimento está a base do fortalecimento do novo.

O Império Romano alcançou o seu esplendor na época de decadência.

O imperialismo norte-americano tem colocado um governo de fascistas e guerreristas de carteirinha. E fortalece a sua política de guerra contra as principais potências que o enfrentam, a China e a Rússia; o que não descarta, mas pressupõe a existência de acordos.

Ao mesmo tempo, a burguesia coloca em pé e fortalece o fascismo e as ditaduras pinochetistas.

A situação política atual mostra que muito dificilmente o imperialismo norte-americano, que é a maior potência de todos os tempos, apesar da decadência, sairá de cena a não ser por meio de uma grande guerra ou um fato de alto impacto. A Inglaterra, por exemplo, se tornou uma potência de segunda ordem depois de ter perdido o controle da Índia; a França depois de ter sido derrotada na Indochina e na Argélia.

O que é o socialismo utópico?

No passado, foram políticas aplicadas por pessoas que lutavam efetivamente contra o capitalismo, mas aplicavam políticas que não eram luta dos trabalhadores para estabelecer o socialismo, que implica na destruição do estado burguês e expropriar o grande capital.

Na atualidade, o socialismo utópico tem sido transformado numa política importante da burguesia para infiltrar o movimento revolucionário.

A partir da década de 1980 surgiram todo tipo de teorias para mostrar que o socialismo teria supostamente morrido e que iniciava-se a vez da “democracia” em abstrato, ou do “socialismo com liberdade”, ou das minorias etc.

Os agrupamentos de luta revolucionária que levantam políticas que desorganizam a luta dos trabalhadores também aplicam em diversas medidas políticas utópicas.

Os verdadeiros revolucionários temos o dever de analisar a realidade da maneira mais exata possível, vislumbrando as tendências de desenvolvimento contraditório para, a partir daí, tirar a política revolucionária. Por esse motivo, a assimilação do materialismo dialético/ histórico é uma das tarefas mais importantes, e que implica que tudo deve ser orientado ao trabalho prático de organizar a luta dos trabalhadores para derrubar o capitalismo. O trabalho acadêmico teórico não tem nada a ver com a luta revolucionária, a menos que estiver intrinsicamente vinculado ao movimento de massas revolucionário.

Quais as tarefas colocadas hoje?

Click na imagem para saber quem somos e os nossos pensamentos

Agrupar os revolucionários em cima da política revolucionária, que deve estar orientada à aplicação prática no movimento de massas. Isto é crítico porque estão colocados para o próximo período grandes enfrentamentos de classes.

Assim que houver “massa crítica” formar partidos de trabalhadores revolucionários, o que implica na necessidade de assimilar profundamente o socialismo científico, que é fundamentalmente o método, a superação dos “ismos” e a orientação a partidos de combate com a finalidade de derrotar a burguesia mundial.

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

🕶 Fique por dentro!

Deixe o trabalho difícil para nós. Registe-se para receber as nossas últimas notícias directamente na sua caixa de correio.

Nunca lhe enviaremos spam ou partilharemos o seu endereço de email.
Saiba mais na nossa política de privacidade.

Artigos Relacionado

Deixe um comentário

Queremos convidá-lo a participar do nosso canal no Telegram

¿Sin tiempo para leer?

Ouça o podcast da

Gazeta Revolucionaria