Máscaras: O que a ciência realmente fala

Máscaras: O que a ciência realmente fala

Por Flávio Amaral

Breve histórico

O uso de máscaras médicas jamais foi assunto consensual ao longo do último século de debate científico. A lógica por trás do seu uso está na suposição de que os tecidos fazem a filtragem de micro-organismos indesejados, mas a prática mostra que essa barreira não é eficiente.

Há mais de um século, já se contestava a necessidade do seu uso. Para combater a epidemia de gripe espanhola, o estado da Califórnia havia imposto a obrigatoriedade do uso de máscaras em lugares públicos. Posteriormente, a própria Secretaria de Saúde reconheceu que a medida não surtiu qualquer efeito. O médico W. H. Kellog e a infectologista Grace MacMillan fizeram uma pesquisa experimental para compreender os motivos.

Além dos problemas relativos à massiva quantidade de máscaras feitas de qualidade duvidosa e ao desconhecimento sobre como usá-las adequadamente, os autores explicam que as pesquisas laboratoriais já realizadas na área não reproduziam condições reais, mas ideais, do uso das máscaras, que obviamente não aconteciam na prática. Um dos principais achados deste experimento foi que uma filtragem realmente eficiente tornava o tecido da máscara muito fechado e, como consequência, a alta pressão de ar dentro da máscara provocava muito vazamento lateral (Kellog & MacMillan, 1920). Na ciência da época, não se tinha clareza sobre o funcionamento dos vírus, que são milhares de vezes menores do que as bactérias utilizadas nesse tipo de pesquisa, requerendo uma filtragem ainda maior.

Com a evolução das pesquisas e recursos tecnológicos, diferentes estudos puderam ser feitos, em especial para saber se as máscaras vinham sendo eficazes em contextos hospitalares ou de trabalho, onde elas eram requeridas. Em 1975, Ritter e equipe verificaram que a qualidade do ar em ambientes cirúrgicos era a mesma, independente de a equipe médica usar ou não os dispositivos. Em outras palavras, para os membros da equipe auxiliar ao médico, que não chegam com o rosto próximo aos ferimentos, o uso de máscaras é apenas um desperdício de recursos (Ritter et al, 1975). Posteriormente, Mitchell e Hunt (1991) chegaram a resultados semelhantes, classificando o uso de máscaras como um “ritual custoso e desnecessário”. (p. 239)

Neil Orr (1981) experimentou com sua equipe médica a remoção de máscaras ao longo de 6 meses e constatou que a taxa infecção hospitalar não se alterou. Tünneval (1991) chegou a resultados igualmente desanimadores. Num acompanhamento que durou dois anos, a mais de 1.500 cirurgias e 3 mil pacientes, a taxa de infecções hospitalares foi menor entre os grupos que não usaram máscaras, embora numa diferença pequena e estatisticamente não significativa. Na prática, isso significa que colocar máscaras não produziu benefício.

Os achados pontuais das pesquisas mostradas acima foram depois confirmadas por uma revisão da literatura científica (da Zhou et al, 2015). Concluíram que “há falta de evidência substancial para apoiar as alegações de que máscaras faciais protegem paciente ou cirurgião de contaminações infecciosas.

A lógica por trás disso está em vários mecanismo, dentro os quais podemos citar: (1) uma quantidade razoável de microorganismos sai pelas laterais das máscaras; (2) a quantidade que fica presa na máscara logo satura o tecido e se transforma em mais uma superfície contaminada no ambiente; (3) o calor e a umidade das máscaras pode estimular a proliferação de microorganismos; (4) o corpo do cirurgião também expele microorganismos. 

Cerca de 20% dos médicos admitem que utilizam as máscaras unicamente devido à tradição, e 30% informam que seu uso torna a cirurgia mais difícil, acarretando em problemas de visibilidade e desconforto (Leyland & McCloy, 1993). Em toda tradição é possível rastrear um fundo de verdade e há um fundo de verdade na ideia de que colocar uma barreira em frente às vias respiratórias pode impedir a pessoa de respirar alguma coisa indesejada, ou de tossir alguma coisa indesejada sobre quem esteja em sua frente. Porém, qualquer consideração mais complexa do que isso está longe de ser comprovada pelas academias médicas.

Não é à toa que a OMS escreveu todo tipo de ambiguidade em seus documentos oficiais para não contrariar mas, também, para não se mostrar favorável às ordens governamentais de imposição universal de máscara em público à população. Se a protetividade das medidas de máscaras aplicadas ao contexto da covid fosse evidente, seria natural que a OMS assinasse embaixo sem a vacilação demonstrada (Amaral, 2021).

Evidência favoráveis

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Os grandes conglomerados de comunicação seduzem parte da população com um discurso pretensamente científico, mas o fato é que sua massiva campanha é baseada no apelo emocional, manipulando sentimentos de medo e esperança, na violência policial e na pressão coletiva para criar um comportamento de manada. Há no máximo um verniz de ciência que, por sua fragilidade, jamais é analisado com profundidade.

Um artigo foi escrito logo no início da pandemia e foi recebido com certo entusiasmo, como evidência de que é preciso obrigar máscaras à população inteira permanentemente. Recebeu 291 citações segundo o Google Acadêmico. Trata-se de uma revisão rápida de MacIntyre e Chughtai (2020), dois autores com trabalhos prévios sobre o assunto e, portanto, facilidade de escrever algo que receberia rápida atenção mundial.

O leitor leigo nunca deve se impressionar com a alegada “objetividade” de artigos baseados em estatísticas. Todo artigo científico “objetivo” é seguido de uma discussão onde os autores interpretam os dados, e é comum encontrar interpretações enviesadas nessa etapa, seja pela omissão, pela supervalorização ou pela linguagem ambígua, na busca de favorecer determinadas conclusões em detrimento a outras. Não se pode ignorar que cientistas têm interesses e medos particulares, como qualquer outro ser humano. Podem ser influenciados pela necessidade de receberem citações, promoções, aparições na imprensa entre outros benefícios que se dão a quem reverbera o discurso dominante. Podem ser silenciados pelo medo de falar algo que vá contra a “opinião pública” e sofrerem alguma campanha caluniosa, o que é uma das especialidades da grande imprensa.

A revisão supracitada faz afirmações bastante favoráveis ao uso universal de máscaras, por pessoas saudáveis e doentes, em ambientes domésticos, hospitalares ou públicos. Porém, quando examinamos a literatura que a fundamenta, observamos que está longe de conseguir fundamentar tal posição.

São apresentados oito ensaios clínicos que, segundo os autores, fundamentariam a importância do uso de máscaras pela comunidade. O primeiro problema grave é que esses ensaios se referem a contextos específicos, longe de representarem o uso generalizado de máscaras em público, “pela comunidade”, que os governos impoem durante a pandemia. Seis destes trabalhos avaliam o uso de máscaras dentro de casa, entre famílias com pelo menos uma pessoa gripada (Cowling et al, 2008; 2009; Larson et al, 2010; MacIntyre et al, 2009; Simmerman et al, 2011; Suess et al, 2010).

As pessoas pesquisadas receberam quantidade suficiente de máscaras descartáveis para permitir a substituição diária, além de instruções para colocação, encaixe e retirada. Máscaras menores foram fornecidas às crianças. Se pede que as máscaras sejam colocadas quando se estiver a menos de 1 metro da pessoa doente, ou no mesmo cômodo, e não durante todo o dia.

Daqueles seis trabalhos, dois não encontraram a tão esperada redução do contágio (Cowling et al, 2008; Simmerman et al, 2011). Outro (Larson et al, 2010) encontrou benefícios na higienização das mãos, mas não específicos às máscaras. Os demais encontraram algum benefício das máscaras na redução da transmissão quando utilizado dentro das 36 horas do início dos sintomas. Quanto ao uso fora deste intervalo, as máscaras não fizeram diferença (Cowling et al, 2009; Suess et al, 2010).

Os outros dois ensaios clínicos citados na revisão de MacIntyre e Chughtai se referem ao uso de máscaras dentro de residências estudantis, durante temporadas de gripe (Aiello et al, 2010; 2012). Novamente, tratam-se de locais com densidade populacional mais alta e circulação de ar menor se comparados a ambientes ao ar livre em geral. Residências estudantis se comparam a… residências! Daquelas com grande quantidade de pessoas, não apenas circulando mas interagindo por bastante tempo. De que maneira isso equivale a caminhar na rua, mesmo no centro de uma cidade, nossa dupla de revisores não parece se importar.

A primeira pesquisa (Aiello et al, 2010) achou resultados favoráveis ao uso de máscaras, lembrando que o requerimento era que os estudantes as utilizassem dentro das residências estudantis, mas não necessariamente fora delas, mesmo sendo temporada de gripe. A segunda (Aiello et al, 2012) não soube informar se o efeito positivo foi devido às máscaras ou à higienização das mãos.

Se os oito ensaios clínicos apresentados por MacIntyre e Chughtai como “pesquisas na comunidade” não são fortes o suficiente para que possam ser extrapolados para boa parte dos contextos comunitários, os próximos seis ensaios analisados pelos revisores foram feitos dentro de ambientes hospitalares, e se dedicam a comparar máscaras cirúrgicas com máscaras de algodão ou N95, e não com a ausência de máscaras. Os próximos seis estudos foram feitos apenas com sujeitos doentes, ou seja, sintomáticos. Três estudos não encontraram resultados fortes a favor das máscaras. Outro não estudou o contágio, mas apenas a capacidade de filtragem. Outro, ainda, não comparou os resultados com um grupo que não as utilizasse (controle).

Resumidamente, os resultados das pesquisas revisadas por MacIntyre e Chughtai estavam longe de ser uma “prova definitiva” a favor do uso de máscaras como tem sido exigido no contexto da covid. Muito pelo contrário, são resultados que podem ser considerados inclusive desfavoráveis às máscaras, que parecem funcionar em contextos muito específicos, onde há proximidade e contato mais prolongado com pessoa reconhecidamente doente, nas primeiras 36 horas de manifestação de sintomas. Além do que, sua eficácia também estaria relacionada ao acompanhamento recebimento de instruções e insumos por parte de pesquisadores.

Para piorar a situação, os dois revisores nada tratam sobre os efeitos colaterais – que já eram conhecidos da ciência – do uso prolongado das máscaras. Eles simplesmente dão um salto quântico em suas conclusões, sem nenhuma pesquisa que suporte a afirmação: “Se as máscaras protegem em ambientes de alta transmissão, elas devem também proteger em locais públicos lotados, incluindo locais de trabalho, ônibus, trens, aviões e outros espaços fechados” (p. 4).

Ou seja, embora é bem conhecido na infectologia o fato de que contágios respiratórios ocorrem com muito mais intensidade dentro de hospitais e, em segundo lugar, dentro de casas com pessoas doentes, os dois autores seguem o princípio de quem conta um ponto aumenta um ponto para falarem o que a “opinião pública” que ouvir. Pegaram pesquisas com evidências fracas sobre a capacidade protetiva das máscaras, subestimaram os contextos específicos em que as pesquisas foram feitas, omitiram as evidências contrárias e escreveram conclusões genéricas o suficiente para que qualquer ditadorzinho de Taubaté (ou de Araraquara) se sinta “cientificamente embasado” para prender senhoras que tentam tomar um pouco de ar na praça pouco movimentada.

Evidências contrárias

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Um amplo estudo de 2011 foi dedicado a revisar a literatura científica a respeito de todo tipo de intervenção dirigida para reduzir o contágio de doenças virais respiratórias (Jefferson et al, 2011). O estudo encontra um ligeiro peso em favor de máscaras mas se baseia em cinco estudos feitos em contextos hospitalares, contra apenas dois direcionados a contextos comunitários, e cuja metodologia não reflete a realidade da aplicação de medidas sanitárias compulsórias em massa. Tratam-se de duas pesquisas baseadas em dados levantados por questionários, onde não há possibilidade de controlar a influência de outras variáveis, tais como hábitos de higiene e saúde, lugares de circulação e contatos feitos. Igualmente, o uso de máscaras do qual essas pesquisas se referem estava restrito a períodos curtos, não permitindo a extrapolação para semanas ou meses. Segundo a própria OMS (WHO, 2020b), a revisão de Jefferson e sua equipe “concluiu que usar máscaras [em contextos comunitários] faz pouca ou nenhuma diferença para prevenir infecções gripais ou confirmadas por laboratório” (p. 8).

Na mesma época, Faisal bin-Reza e colaboradores (2011) realizaram pesquisa direcionada especificamente a máscaras e chegaram a resultados semelhantes. Nenhum dos estudos encontrados havia demonstrado uma proteção significativa entre máscaras e a prevenção de contágios de tipo respiratório viral, não apenas em contextos comunitários como também em instituições de saúde.

Com a intensificação das medidas sanitárias no Ocidente, grupos de pesquisadores se agilizaram para compreender a real eficácia do uso de máscaras, que já vinha sendo incentivadas ou impostas em várias partes do mundo. Em abril de 2020, o Instituto Nacional de Salud (2020) do Ministério da Saúde peruano realizou uma revisão rápida da literatura existente, atrás de evidências sobre a efetividade do uso de máscaras para profissionais de saúde e pela população em geral. O estudo tinha metodologia ligeiramente diferente do conduzido pela equipe de Tom Jefferson, e por isso se valeu de outros artigos científicos.

A conclusão foi clara: “Não se encontrou evidência sobre a eficácia do uso de máscaras em indivíduos sadios de maneira usual em lugares de maior circulação de pessoas” (p. 26, negritos no original) e que não há diferenças entre o uso de máscaras descartáveis ou nada para reduzir o risco de contágio entre pessoas que habitam e/ou cuidam de pessoas doentes em ambientes domésticos. Esta pesquisa verificou que o procedimentos que parecia fazer diferença era o hábito de lavar as mãos ou desinfectá-las com álcool, entre cuidadores ou parentes em contato frequente com doentes.

A revisão observou que inclusive em contextos hospitalares as máscaras descartáveis não se mostraram eficazes para evitar o contágio por doenças respiratórias virais.  Elas foram eficazes apenas para prevenir doenças respiratórias de tipo bacteriano. Isso é razoável de se esperar, já que as máscaras não oferecem vedação adequada, principalmente após serem usadas por longo tempo. A comunicação e o incômodo faz com que elas facilmente saiam do lugar, sejam tocadas, se contaminem, e que o tecido fique saturado, permitindo que partículas minúsculas o atravessem.

Naquele mesmo mês, outra revisão rápida foi realizada por Juli Brainard e equipe (2020). Devido ao desenho do estudo, ele incluiu mais artigos do que os examinados pelo Instituto Nacional de Saúde peruano, mas chegou a resultados semelhantes. Os pesquisadores encontraram um efeito protetivo modesto das máscaras entre pessoas que conviviam com pacientes doentes, deixando claro que “a evidência não é forte o suficiente para fundamentar o uso generalizado de máscaras como uma medida protetiva contra covid-19. Entretanto, a evidência é suficiente para fundamentar o uso de máscaras por curtos períodos de tempo por indivíduos particularmente vulneráveis, quando se encontrarem em situações de alto risco.”

Em maio, mais uma revisão foi publicada, igualmente desabonadora às máscaras. Jingyi Xiao e sua equipe (2020) revisaram a literatura a respeito da eficácia de uso de máscaras, entre outras medidas consideradas protetivas, em ambientes não-hospitalares, no combate à transmissão de vírus respiratórios. Nenhuma redução significativa foi identificada.

Na mesma época em que a equipe de Renyi Zhang enviava de maneira rápida seu artigo duvidoso, e que logo se tornaria famoso, a favor da imposição universal de máscaras ao público, a equipe de Paul R. Hunter (2020a) chegava a conclusões no sentido exatamente oposto. Ao invés dos 3 países analisados por Zhang numa progressão linear, Hunter compilou dados dos 30 países europeus, para compreender o efeito de todas as medidas sanitárias contra covid até o momento. Embora preliminares, seus achados iam na seguinte direção: “requisição de máscaras ou coberturas faciais em público não esteve associada a nenhum impacto adicional [na redução dos casos] (…) O uso de proteção facial inicialmente pareceu ter um efeito protetor mas, após 15 dias de aplicação das medidas, o número de casos começou a subir. Padrões semelhantes foram observados entre a relação do uso de máscaras e as mortes. (…) Estes resultados sugerem que o uso generalizado de máscaras ou coberturas faciais na comunidade não oferece nenhum benefício. De fato, há inclusive a possibilidade de que elas possam aumentar o risco, mas nós consideramos que os dados sobre as máscaras ainda são muito preliminares para orientar as políticas públicas.”

Tratavam-se de dados compilados até 24/4/2020. Aparentemente, a revisão por pares não aceitou que essas considerações fossem publicadas e na versão seguinte já não havia maiores considerações a respeito das máscaras. A justificativa trazida no arquivo para esta remoção foi de que o uso das máscaras era muito heterogêneos entre os países, o que dificultava uma comparação conclusiva (Hunter et al, 2020b). Este mesmo problema, curiosamente, foi absolutamente ignorado pelo já citado artigo de Zhang, que comparou Nova Iorque com o restante dos EUA, Wuhan e Itália inteira. O artigo de Hunter permanece na condição de pré-impressão na revista medXriv, mas um texto semelhante e desabonador às máscaras foi publicado pela revistade epidemiologia Eurosurveillance (Hunter et al, 2021).

Relevante ou não, a medXriv é patrocinada pela fundação de Mike Zuckerberg e sua esposa Priscilla Chan. O mesmo diretor do Facebook, que coloca todo tipo de advertência a quem compartilhe notícias contrárias ao uso generalizado das máscaras.

Uma das discussões a respeito dos motivos para a falta de eficácia das máscaras envolve o problema dos jatos de ar expelidos pelas laterais durante a respiração. Na respiração normal, o indivíduo elimina os gases para baixo. A grande maioria destes se dissipa numa fração de segundo, após viajar poucos centímentros, reduzindo a maior parte da carga viral que possa estar contida ali.

Quando se usam máscaras descartáveis ou caseiras, o ar vaza em diversas direções, pelas pequenas passagens do ar existentes. Por isso, ele é expelido com uma pressão concentrada, podendo viajar distâncias maiores. Em outras palavras, no lugar de um único fluxo de ar saindo pelo nariz ou boca na direção para baixo, saem diversos fluxos menores porém mais velozes, pelas laterais e também para cima (Viola et al, 2021).

Efeitos colaterais

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Timidamente, alguns problemas como esse são mencionados pelos meios de comunicação, pois omitir tudo em absoluto também é arriscado para a audiência da mídia. É por isso que, com o avançar das políticas de máscaras, aparecem indivíduos de classe média “mais esclarecidos”, usando modelos mais leves de máscaras N95, que oferecem menor vazamento e são menos incômodos para se usar por várias horas.

Trata-se de um falso senso de esclarecimento. Essas máscaras N95 de tipo dobrável e tecido leve são descartáveis. Para serem usadas corretamente, precisam ser trocadas após algumas horas. Um indivíduo precisaria estocar centenas de máscaras para não ficar respirando num dispositivo contaminado e que perde capacidade de filtragem. Além disso, muitos espertinhos têm utilizado modelos desse tipo com válvulas, o que oferece um conforto respiratório maior para o usuário, já que o ar sai diretamente, sem filtragem. A narrativa de que usam máscara para proteger os outros cai por terra, como é próprio de todas as narrativas demagógicas.

Mas o pior foi constatado pela equipe de Wesley Yeung (2020). Ao pesquisarem a habilidade da população para usar máscaras N95 descartáveis, constataram que, mesmo recebendo instruções de uso, apenas 13% dos participantes foram capazes de colocar corretamente as máscaras. O que dizer de usá-las corretamente durante horas? Na verdade isso não deveria surpreender. Num país rico como a Inglaterra, menos da metade dos profissionais de saúde utilizam a máscara como recomendado, ou seja, trocá-las após o contato com cada paciente e durante procedimentos que ultrapassem 4 horas de duração (Leyland & McCloy, 1993). O que dizer de ambientes hospitalares precários em países pobres? E o que dizer do uso na rua pela população de baixa renda em geral?

O caso foi estudado em 14 hospitais de Singapura. Devido à escassez de suprimento, o uso de máscaras de algodão é uma prática comum nessas localidades, assim como a fabricação caseira de máscareas que predomina no contexto da covid. MacIntyre e equipe (2015) constataram que as máscaras de tecido aumentam o risco de infecções respiratórias virais (tanto clínicas quanto verificadas por exame laboratorial). E mesmo as máscaras tradicionais utilizadas em hospitais se tornam contaminadas após poucas horas de uso (Rule et al, 2018). A partir daí, elas se tornam basicamente uma superfície saturada de contaminação, por vírus (Blachere et al, 2018; Chughtai et al, 2019) e por bactérias (Zhiqing et al, 2018), que o usuário irá carregar a poucos milímetros da boca, nariz e olhos.

Em 2018, a equipe de Person constatou o aumento da dificuldade respiratória (dispneia em níveis clinicamente relevantes) em indivíduos após um simples teste envolvendo seis minutos de caminhada. Já no contexto da covid, Chandrasekaran & Fernandes (2020) compararam as políticas de obrigar o cidadão a usar máscara durante atividades físicas com uma “faca do Diabo”. Seu uso reduz os níveis de oxigênio e aumenta os de gás carbônico no sangue. Isso cria acidificação do sangue, promovendo inúmeras alterações metabólicas, prejudicando o sistema imunológico e o sistema nervoso central, podendo agravar doenças crônicas.

Outro estudo foi conduzido com trabalhadoras grávidas que precisavam usar máscaras durante o turno de trabalho, demonstrando pela primeira vez, segundo os autores, “que mulheres nos primeiros meses de gravidez não conseguem manter a ventilação respiratória normal durante o uso de máscaras N95. Há uma queda na inspiração de oxigênio e aumento da produção de dióxido de carbono como resultado do maior esforço respiratório imposto pela máscara, tanto em repouso quanto durante atividades físicas de baixa intensidade. As complicações para a mulher e o feto que podem resultar da reduzida ventilação e maior esforço durante períodos de tempo prolongados são desconhecidas” (Tong et al, 2015, p. 9).

Achados semelhantes também foram observados entre doentes renais que, durante a epidemia de SARS        em 2003, eram obrigados a usar máscaras N95 enquanto permaneciam nos hospitais. Além do esforço respiratório e diminuição do volume de ar, 19% tiveram alguma redução nos níveis de oxigênio sanguíneo. Os autores foram conclusivos em afirmar que usar essas máscaras por 4 horas gera esse tipo de problema (Kao et al, 2004). O que dizer do uso muito mais prolongado e por meses a fio que vem sendo imposto aos trabalhadores do mundo inteiro no contexto da covid?

Uma das categorias mais afetadas são os profissionais de saúde. Jonathan Ong e equipe (2020) verificaram aumento de 81% na incidência de dores de cabeça associados à intensificação do uso de equipamentos de proteção (máscaras e viseiras). Os trabalhadores pesquisados utilizavam uma combinação de máscaras N95 e óculos para proteção dos olhos, por cerca de 6 horas diárias, ao longo de 18 dias por mês. Rapisarda e equipe (2021) chegaram a conclusões semelhantes ao investigar profissionais italianos. Entre os profissionais que nunca tiveram dores de cabeça antes dos novos protocolos de segurança implementados em hospitais, 1 em cada 4 desenvolveram o quadro.

Na dermatologia, há o fenômeno conhecido como mascne (ou maskne), que seriam acnes, dermatites e outros problemas de pele produzidos pelo uso prolongado de máscaras. Esses efeitos foram relatados por mais da metade dos profissionais de saúde pesquisados por Emily Rudd (2021). A oftalmologista Rona Silkiss e seus colegas (2021) também perceberam o aumento da incidência de calázio na população, pouco depois que as máscaras se tornaram obrigatórias. O calázio é uma infecção que atinge as glândulas sebáceas do olho. Máscaras desviam parte do ar expelido para os olhos, produzindo alterações no bioma e na umidade normais desta região, danificando o funcionamento das glândulas.

Entre os estudos conduzidos com crianças, Assathiany e equipe (2021) verificaram que 93% dos pais colocavam máscaras em seus filhos por ser obrigatório, embora 63% discordassem. 81% das crianças se sentiam envergonhadas com as máscaras, metade reportou dores de cabeça, dificuldades de comunicação ou apresentou mudanças de humor. Um terço reclamava de dificuldade respiratória. Apenas 25% das crianças continuava a utilizá-las fora da escola ou em lugares onde não era obrigatório. A maioria considera que as crianças se acostumaram às máscaras, o que nos leva a refletir sobre o processo de acostumar um povo ao sofrimento cada vez maior. Aliás, acostumar-se ao sofrimento é o caminho para qualquer povo que delega seu destino nas mãos de um punhado de governantes. Ironicamente, um slogan dos militantes do atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi: “é melhor Jair se acostumando”.

A equipe de Nobrega (2020) explicou que as máscaras oferecem barreira à comunicação de duas maneiras básicas: visual e auditiva. Visualmente, elas dificultam a leitura facial, seja das palavras (leitura labial), seja do contexto (leitura das emoções e expressões). Quanto à audição, as máscaras abafam e reduzem o som emitido. Isso é terrível para pessoas com problemas auditivos, e precisam de todo tipo de pista labial para se comunicar com as pessoas. Porém, a pesquisa citada se dirige ao contexto infantil e escolar, exlpicando que esses dois efeitos das máscaras criam dificuldades óbvias para o aprendizado e a socialização nas escolas, cujos efeitos de curto e longo prazo ainda não são compreendidos.

Infelizmente, como tem sido típico dos estudos científicos publicados durante a pandemia, o viés crítico é muito baixo. Pesquisadores apresentam todo tipo de problema e efeitos colaterais das medidas sanitárias impostas mas demonstram quase nenhuma disposição em criticar as próprias medidas, até por que críticas neste sentido são taxativamente barradas pelos comitês editoriais. Isso obriga pesquisadores a se restringem a dar dicas para que os indivíduos tentem minimizar tais efeitos, ou encerrar com frases inócuas clamando pela boa vontade das autoridades. Verônicas enxugando o suor do povo que caminha para ser crucificada, depositando esperança na indústria de vacinas e no bom senso dos governantes, que não passam de burocratas sem a menor consideração ao próximo.

Assim que os bebês nascem, eles passam a prestar atenção e identificar os primeiros padrões que lhes permitirão desenvolver o contato com o mundo. Logo começam a seguir os olhos ou qualquer figura que se assemelhe a um rosto. Em seguida aprendem a associar a movimentação da boca a certos sons e às primeiras comunicações verbais com os adultos, por meio do sorriso e seus efeitos. Aos sete meses, já identificam emoções desagradáveis nos rostos que enxergam (Peltola et al, 2009). Todo este processo culmina na descoberta de padrões “familiares,” visuais e sonoros, que auxiliam a criança no processo de socialização, conforme esta cresce e intensifica o contato com pessoas novas (Pascalis et al, 2005; Reynolds & Roth, 2018).

Esconder a metade do rosto da população atrás de uma máscara por períodos indeterminados só pode afetar a socialização de maneiras que até agora não são completamente conhecidas. Há um pedaço de pano atrapalhando a troca de afetos. Num experimento, Malik e colegas (2021) constataram que as pessoas tendem a confiar mais no aviso de um desconhecido sem máscara do que com, mesmo considerando que vivemos um momento onde a propaganda é forte no sentido de estigmatizar pessoas sem máscaras como irresponsáveis e descuidadas.

Shapiro e Bouder (2021) refletem sobre como o uso de máscaras em escala global e permanente. Além do efeito já citado, de atrapalhando os mecanismos normais de comunicação e, consequentemente, de socialização, as máscaras trazem novas simbologias carregadas de valores morais dicotômicos com fortes potenciais conflitivos, por exemplo, entre pessoas “responsáveis versus irresponsáveis”, entre pessoas que “conhecem a verdade versus inconscientes”, “negacionistas versus aceitacionistas” etc.

Além disso, às máscaras carregam uma simbologia permanente de medo e ansiedade. Elas são exaustivamente associadas à ideia demagógica do “eu protejo você”. Demagógica pois também implica na ideia de que “eu sou uma ameaça a você”. Numa escala de mascaramento universal, isso significa, consequentemente, “você é uma ameaça a mim, e você é uma ameaça a todos os demais.” Todos somos frágeis e, ao mesmo tempo, ameaçadores. Esta é a mensagem que vem sendo transmitida, nas entrelinhas, junto das máscaras. Uma perfeita tortura psicológica que bombardeia o indivíduo com a ideia constante de que ele é extremamente vulnerável e extremamente perigoso.

O fato de as máscaras serem impostas na base da força policial e de pesadas multas, não por medidas educativas e dentro de contextos que pareçam razoáveis, também torna o seu uso cada vez mais uma questão de “obediência versus transgressão”, em vez de um problema epidemiológico. Ao desafiar limites aceitáveis de liberdade individual da população, os governantes se deparam a reação desta. O que era antes um problema de saúde agora se multiplica em novos problemas de natureza civil, graças à predisposição tirânica das classes dominantes em governar na base da violência desproporcional e da histeria.

Um pequeno escândalo

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Em 11/6/2020 um artigo publicado por 5 pesquisadores (Zhang et al, 2020) foi rapidamente anunciado como prova da eficácia e necessidade da imposição de máscaras em público no combate à pandemia. O artigo tem a impressionante marca de 591 citações no Google Acadêmico. Em apenas 48 horas, ele conquistou a primeira posição em citações entre todos os artigos daquela revista e um lugar entre os 5% dos artigos mais citados de toda a comunidade acadêmica, de acordo com o site de monitoramento Altmetric.

A título de curiosidade, o artigo é assinado por pesquisadores de estudos atmosféricos, nesta ordem: o coordenador de um pequeno laboratório da Universidade A&M do Texas (Global Air Pollution Lab), um de seus alunos e a própria filha; um pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia; e um nobelista em química, ex-assessor da Casa Branca e do Vaticano que, infelizmente, faleceu de ataque cardíaco três meses após a publicação. Ela foi revisada por um engenheiro de softwares e um físico.

A publicação ocorreu poucos dias depois de a Organização Mundial da Saúde emitir seu terceiro guia oficial (World Health Organization [WHO], 2020a) a respeito das máscaras, e parecia colocar uma pá de cal sobre as ambiguidades e reticências daquela entidade. Enquanto a OMS continuava sustentando que, na melhor das hipóteses, as máscaras em si não eram suficientes para desacelerar a velocidade das infecções, Renyi Zhang e seus colegas concluíam que o uso de máscaras em público eram a política determinante para reduzir as curvas de contágio de covid.

Tão rápido quanto o artigo virou notícia, ele virou caso de vergonha na comunidade científica. Só não se tornou um escândalo por ter sido devidamente ignorado pelos meios de comunicação. Uma carta aberta foi enviada à mesma revista, no dia 18 daquele mês, denunciando falhas grosseiras. Escrita por 6 pesquisadores de áreas médicas e correlatas, e assinada por mais de 40, pedem: “devido à abrangência e profundidade dos problemas apresentados, e ao grande impacto da revista, a remoção imediata do artigo e a reavaliação do processo editorial que permitiu sua publicação” (Haber et al, 2020, p. 1; grifos meus).

Um fenômeno como esse é absolutamente raro no meio científico, para não dizer inédito, e os próprios autores ressaltam que isso torna suspeita a própria honestidade do processo editorial daquela entidade. Estamos falando dos Proceedings da Academia de Ciências dos EUA, cuja história remonta à fundação da República norte-americana. A vergonha foi tanta que a OMS sequer mencionou a pesquisa da equipe de Zhang em seu mais extenso relatório sobre as máscaras (WHO, 2020b).

Popularmente se atribui ao fundador das Organizações Globo, Roberto Pisani Marinho, a fala de que o importante na imprensa não é o que informar, mas o que ocultar. Verdade ou não, esse dito representa perfeitamente os dias de hoje. A grande imprensa bombardeia constantemente o cidadão sobre informações a respeito da covid, mas não separa sequer um minuto para discutir um problema como este.

Considerações finais

Ao contrário do prega a Sagrada Igreja da Ciência dos Últimos Dias, é impraticável que uma única pesquisa resolva a complexidade envolvida na imposição universal de máscaras a populações saudáveis em ambientes coletivos. Quem procura dar ideia de que pesquisas têm esse tipo de resposta definitiva são agentes com outros interesses, que nada têm a ver com o debate científico ou o bem-estar da população.

Qualquer decisão minimamente séria neste sentido deveria levar em consideração uma quantidade extensa de variáveis, a exemplo de: (1) consideração dos efeitos colaterais cardio-respiratórios em relação ao tempo de uso; (2) consideração dos efeitos colaterais devido ao mau-uso e à contaminação; (3) consideração dos impactos psicológicos e sobre a saúde mental; (4) garantias a grupos com dificuldades cardio-respiratórias às quais o uso de máscaras é contraindicado; (5) garantias a crianças, surdos, deficientes mentais e demais grupos cujo uso de máscara seja contraindicado; (6) suprimento de máscaras à população abrangida pela legislação; (7) avaliação real dos riscos em relação a cada densidade populacional; (8) avaliação real dos riscos em relação a cada grupo etário; (9) benefícios do contato de grupos mais saudáveis e imunes com o vírus em locais de baixa carga viral para o desenvolvimento da imunidade de massas; etc.

Essas variáveis não são invenções deste artigo, mas problemas que foram levantados por cientistas e que podem ser conferidos no exame das referências bibliográficas apresentadas aqui. Os organizadores de políticas públicas têm o dever de se preocupar com isso, e obviamente não o fazem. Exploram a histeria da população, que passa a desejar ser tratada como gado, na basa da imposição, do grito e do laço. Não se preocupam em caminhar na direção do abatedouro e se consolam com alguma Temple Gradin que torne um pouco menos doloroso seu destino fatal. O destino da população está em suas próprias mãos e nenhuma esperança de melhoria deve ser mantida enquanto vivermos sob o regime burguês.

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

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