LÊNIN HOJE MAIS ATUAL DO QUE NUNCA

21 DE JANEIRO, MORTE DE LÊNIN

O que Lenin teorizou no centro da sua política?

Este um ponto central do entendimento e reivindicação do chamado “leninismo” até porque uma boa parte da “esquerda” oficial reivindica Lenin da mesma maneira que era feito na União Soviética depois da sua morte: estatuas de pedra desprovidas de qualquer conteúdo revolucionário.

O primeiro componente que devemos deixar claro em relação a Lenin é que o seu esforço principal esteve centrado na construção de um partido revolucionário de combate que pudesse conduzir a classe operária à frente das massas à toma do poder. Todas as teorizações e ações de Lenin tiverem esse eixo.

A política e a ação da “esquerda” oficial é exatamente o oposto; e o mesmo acontece com boa parte da esquerda revolucionária também.

Outro ponto onde a maioria se perde quase por completo é a questão do partido. Como não há partido revolucionário, a revolução seria supostamente impossível. Além das confusões teóricas, há um evidente liquidacionismo.

É uma questão que em termos teóricos remete à questão principal da própria filosofia, a relação entre o ser e o pensar.

O partido revolucionário é um produto histórico. Ele começa como a ação de um grupo de revolucionários, normalmente muito pequeno que põe em pé a política revolucionária. Conforme a crise política se aprofunda e o partido encarna no movimento de massas, ele tende a crescer exponencialmente; os setores mais esclarecidos dos trabalhadores passam a deter o papel de vanguarda.

Lenin: o infalível que nunca se equivocava?

II° Congresso do POSDR

Uma das maiores fraudes em relação a Lenin é que ele seria um suposto Deus omnipotente que nunca errava. Essa foi a campanha da nova burocracia soviética que dominou a União Soviética após a sua morte para impor todo tipo de atropelos à política de Lenin no seu nome.

Basta ler as atas do II Congresso do POSDR (Partido Socialdemocrata Russo), na prática o seu congresso fundacional, para ver o tamanho da falsidade. Lenin foi derrotado em praticamente tudo, menos em quase tudo o que era fundamental.

Em muitas ocasiões, Lenin ficou quase sozinho lutando contra um mar de oportunismo, principalmente após a derrota da Revolução Russa de 1905.

Em 1910, por exemplo em Moscou o Partido havia desaparecido, assim como em várias outras cidades. Vários membros do Comitê Central tinham abandonado a luta e se convertido em religiosos. Nessa luta, Lenin tinha escrito o famoso livro “Materialismo e Empiriocriticismo” em 1908.

O que Lenin fez? Se dedicou a organizar a propaganda do Partido com enorme esforço a partir do exterior, enviando apenas 400 jornais a partir de cinco lugares da Europa; uma dessas rotas ia pelo Egito, Pérsia e Cáucaso. Um pouco diferente de hoje onde a “esquerda” e a esquerda têm dificuldades para organizar um site ou defender a política revolucionária nas redes sociais.

Quando era mais difícil lutar: na época de Lenin ou hoje?

O grande problema que enfrentamos hoje é que o refluxo do movimento de massas que dura 35 anos e que começou a ser superado parcialmente nos últimos cinco anos, principalmente em 2019 com o estouro do grande levante popular no Chile.

Lenin atuou em situação de ascenso no geral. Com a exceção de 1908 a 1912 ou a Primeira Guerra Mundial. Este último fato requer uma certa reflexão porque a II Internacional Socialista despencou após ter aprovado os créditos de guerra (menos o POSDR e o Partido da Sérvia). Dá para imaginar a impressão dos revolucionários verem partidos com um milhão de membros como o alemão ter implodido?

Lenin, como um cientista revolucionário, tentou entender o que estava acontecendo; a base material. Na Suíça, estudou profundamente a Lógica Dialética de Hegel. Textos políticos centrais são dessa época. Em 1916, escreveu o famoso Imperialismo Fase Superior do Capitalismo.

No final da Primeira Guerra Mundial, o Partido Bolchevique, que tinha se separado da ala oportunista (menchevique) em 1912, contava com apenas uns milhares de militantes. A maioria dos dirigentes que tinha voltado de Sibéria após a Revolução de Fevereiro mantinham enormes dificuldades para se orientar na nova situação.

Em abril de 1917, as Teses de Abril que mudavam a política tradicional no sentido de que era necessário continuar com a revolução porque as burguesias mesmo as dos países atrasados não têm a mínima condição de lutar contra os restos do feudalismo ou os países imperialistas.

Sob esta base, se formou o novo Partido Bolchevique que agrupou praticamente toda a esquerda revolucionária russa e impulsionou a III Internacional Comunista.

Hoje pela primeira vez da história, a revolução bate às portas de todos os países desenvolvidos, inclusive os Estados Unidos. E não existe mais esquerda oportunista com base de massas para conter as lutas. Algo parecido com o que acontecia no Império Russo.

O “leninismo” engendrou o “estalinismo”?

Em primeiro lugar, o “leninismo” não existe. O próprio Lenin se auto considerava apenas um discípulo de Marx. O próprio Marx nunca gostou do termo marxismo. Ambos lutavam por desenvolver o socialismo científico a partir da militância revolucionária prática.

Após a Guerra Civil, em 1921, além da morte de 14 milhões de russos, não havia uma única indústria nem sequer uma ponte em pé na Rússia. A pobreza e a fome eram enormes. A isso somava-se que a maioria da população era camponesa e analfabeta e que ainda vinha de séculos de czarismo, que considerava o Czar um Deus na Terra. As revoluções tinham sido derrotadas na Europa e a pressão das potências imperialistas era sufocante.

Essa é a base material da burocratização da União Soviética que deu lugar a um Frankenstein que acabou implodindo no final dos anos 80 sob enorme pressão do imperialismo e das próprias contradições internas.

Mesmo assim, os logros da União Soviética foram enormes. Desde a transformação da União Soviética numa potência em menos de 10 anos após o Primeiro Plano Quinquenal ou a derrota do nazismo. Foram produto da estatização da economia e do planejamento centralizado.

Mas as contradições sociais foram gigantescas. A própria extinção dos kulaks (camponeses ricos) durante o Primeiro Plano Quinquenal exacerbou as contradições de classes ao limite. A indústria leve nunca se desenvolveu. Brezhnev tinha orientado a economia ao petróleo e gás no início da década de 1970 o que implodiu com a crise mundial de 1974.

Se Lenin tivesse vivido teria sido diferente? Não dá para termos certeza. É possível que sim dado seu enorme prestígio. Mas a pressão burocrática dos novos ricos era tão grande que ele também poderia ter sido preso ou assassinado.

Até hoje as revoluções só triunfaram em países atrasados. Mas o aprofundamento da crise capitalista as está colocando à ordem do dia também nos países desenvolvidos. Por esse motivo, a burguesia imperialista aposta nas guerras, o fascismo, a militarização da sociedade e nas ditaduras pinochetistas.

O que fazer hoje?

É preciso analisar objetivamente a realidade com o objetivo de colocar em pé políticas que ajudem os trabalhadores e o movimento de massas a avançar. É preciso assimilar profundamente o “marxismo” ou socialismo científico, a começar pelo materialismo dialético/ histórico para aplica-lo na luta de classes hoje.

Em 1915, Lenin disse que não é possível ser um verdadeiro “marxista” sem ter entendido a fundo O Capital de Karl Marx; o que também não era possível ser ter entendido a fundo a Lógica de Hegel. E ainda aplicar o método dialético.

Perante o acelerado aprofundamento da crise capitalista, os revolucionários socialistas, os verdadeiros anti-imperialistas temos o dever de fortalecer um núcleo central para organizar a resistências. Os ataques virão muito violentos até como o mostra o super time da guerra que assumiu o governo dos Estados Unidos.

Esses ataques deverão colocar em pé novamente o movimento de massas. Ao mesmo tempo, a burguesia imperialista coloca em pé o fascismo, a militarização das sociedades, a política de guerra e as ditaduras pinochetistas.

O deslinde de campos deve ser realizado a partir das políticas que são defendidas e não em relação ao culto a determinadas personalidades e à tentativa de aplicar mecanicamente experiências do passado. Para começar as políticas que a “esquerda” Bolsonarista/ pinochetista jogou no lixo já faz tempo, como por exemplo as seguintes:

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21 de Janeiro de 1924, morte de Vladimir Ilich Lênin

Em 1924, Vladimir Ilich Lenin, o líder da Revolução Russa de Outubro de 1917, morreu de arteriosclerose cerebral, com 53 anos de idade. Ainda pairam suspeitas sobre as causas de sua morte, mas o mais provável é que teve como principal motivo as feridas ocasionadas pelo atentado que sofreu em 1919.

Lenin foi um homem que união fortemente a teoria com a ação. Fez do marxismo aquilo que Marx queria e também praticava, uma teoria para a ação revolucionária de massas e não para encher estantes ou ser disciplina nas universidades burguesas e ser meio de vida em cursos descolados da realidade concreta.

Na atual etapa de decadência burguesa e decomposição do capitalismo senil, caracterizado pelo auge da barbárie social, econômica, etc., só mesmo o partido revolucionário e a organização internacional dos trabalhadores como teorizado e posto em prática por Lenin podem dirigir às massas em direção a derrubada mundial da sociedade burguesa tardia.

A vida de Lênin como experiência revolucionária mais importante do século XX foi esquecida pela atual esquerda identitária. No lugar de imperialismo aceitam o conceito de globalização como um sistema horizontal de relações de poder; no lugar de poder do proletariado aceitam a democracia burguesa (ditadura da minoria) como a oitava maravilha do mundo; no lugar da luta de classes incorporaram a teoria das opressões incentivada pelo imperialismo; no lugar de uma organização centralizada para o combate aceitam a frouxidão e a desmoralização da militância.

Precisamos estudar a história de Lênin e ver como ele pôs em prática a vida a favor da revolução estando em muitos momentos isolado e perdendo diversos embates dentro do partido revolucionário. Como foi decisivo para a tomada do poder porque não estava embriagado pelo cretinismo parlamentar e pelos benefícios do reformismo estratégico que tanto prejudicou os trabalhadores.

Dessa forma Lênin se dirige aos reformistas vacilantes:

“Pequeno grupo compacto, seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam de termos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação. Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor! Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos “livres” para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem!”

(Que Fazer? – Lenin)

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