A aceleração da crise no Brasil e as eleições 2022

Por Ricardo Guerra

Nos aproximamos de um ano eleitoral muito significativo para o país principalmente porque estamos vivendo – nos últimos tempos – um processo de polarização política no qual um dos lados representa a barbárie, o obscurantismo, e agentes pú­­blicos se despem de qualquer tipo de pudor e se sentem completamente à vontade para ditar sandices como sendo diretrizes políticas: verdadeiros absurdos totalmente desconectados da realidade objetiva.

Tudo isso acontece sob o apoio de parte significativa da população que desconsidera e/ou desconhece os fatos objetivos que configuram a vida, as relações de trabalho e as relações de poder, enfim, o jogo que move as relações que se estabelecem em sociedade. Pessoas que não sabem ou não querem distinguir realidade de opinião e pressupostos intelectualmente honestos de falsas notícias, a maioria dos quais sequer tem a ideia de que estão sendo usados como massa de manobra enquanto outros fazem questão de exercer esse papel, movidos pela arrogância dos idiotas – sob a qual o rancor social determina a política, os costumes e a cultura.

Nesse contexto, a negação da realidade, das práticas humanizantes e científicas, e a falência na defesa da vida dos brasileiros, com o sucateamento acelerado da saúde e de todos os serviços públicos, privam a maioria das pessoas do mínimo de dignidade para se viver.

Essa situação cria um ambiente onde a consciência de classe e da necessidade da luta das classes oprimidas tendem a ficar sufocadas pela eliminação de importantes conquistas e direitos sociais do povo e dos trabalhadores, que são usados como desculpas para conter o agravamento da crise do sistema capitalista – unicamente com o objetivo de salvar os escatológicos lucros dos grandes capitalistas, a qualquer custo.

A atual investida do grande capital para descarregar o peso da crise sobre os trabalhadores passa pela imposição de estados de sítios de maneira generalizada como nunca antes visto, pelo fortalecimento do fascismo e das ditaduras militares, e pelo direcionamento do mundo para uma grande guerra na perspectiva de desviar o inevitável estouro dos obscenos volumes de capitais fictícios que se acumulam na maior crise capitalista mundial de todos os tempos.

A insatisfação popular é crescente e as recentes manifestações indicam que apesar da falta de lideranças combativas de massas e com perspicácia para perceber o momento e a oportunidade para mobilização, mesmo assim a indignação é grande.

Apesar disso, em virtude da implementação de uma política oficial para camuflar a realidade e acelerar os ataques contra o povo e a classe trabalhadora, pouco se vê a representatividade dessa indignação nas coberturas dos grandes meios de comunicação.

Para quem se atém a leitura de jornais impressos, vê televisão e acompanha a mídia digital (corporativa ou não), a impressão que se tenta passar é que o país está bem, eximindo a responsabilidade do Estado como promotor do bem estar social, ao mesmo tempo em que o governo se comporta como um cego capataz devotado a servir aos interesses do chamado mercado que, livre de qualquer regulação, coloca sobre os ombros dos trabalhadores a conta da derrocada desse sistema que se baseia na insaciável e gananciosa busca por lucros, em patamares cada vez mais insustentáveis e irreais.

A despeito dos riscos de manipulação dos movimentos e da possibilidade de eclosão de outras “Revoluções Coloridas”, manipuladas pela burguesia a serviço do imperialismo, a necessidade de mobilização não pode ser perdida: a realidade é muito grave e a fome e a pobreza vão às alturas!

No entanto, é justamente essa realidade que inevitavelmente empurra as massas a entrarem em movimento e esse é um processo objetivo que já pode ser visto em países que eram o pilares da dominação do imperialismo norte-americano na América Latina, como o Chile e a Colômbia. 

O inevitável estouro dos enormes volumes de capitais fictícios aceleram essa tendência, em escala mundial. Sendo essa a razão que tem levado o grande capital a recrudescer sua agressividade. O colapso do sistema capitalista levou o imperialismo a apertar o cerco contra o Brasil e demais países latino-americanos em busca de manter e aumentar o controle cultural, territorial e sobre os recursos naturais e patrimoniais desses países.

O desemprego real é de pelo menos 70% da força de trabalho no Brasil, aproximadamente 75 milhões de brasileiros, dos quais, apenas pouco mais de 30 milhões de trabalhadores possuem Carteira de Trabalho assinada e a maioria ganha apenas um salário mínimo.

Nesse momento tão grave de destruição da nossa soberania, destituição dos nossos direitos sociais, reprimarização da economia e desnacionalização das nossas riquezas naturais, no qual a esquerda brasileira encontra-se completamente perdida e cada vez mais distante da perspectiva revolucionária e combativa que lhe caracterizou o passado, cabe aos trabalhadores e a seus representantes, no âmbito dos partidos, sindicatos, associações comunitárias e demais organizações impulsionar a luta coletiva pela base.

A esquerda verdadeiramente revolucionária e anti-imperialista precisa atuar nos locais de moradia e de trabalho no sentido de promover a consciência de classe e o reconhecimento da necessidade da luta de classes, elevando o conhecimento da população para a luta política e o enfrentamento ao imperialismo e a seus representantes locais. 

Para isso é fundamental caracterizar, clara e objetivamente, a atual conjuntura geopolítica e política nacional no sentido de organizar a mobilização das massas e das classes trabalhadoras contra as classes reacionárias, atuando tanto pela via institucional quanto pela luta revolucionária.

O momento agora é de luta e nossas demandas só serão atendidas com o povo mobilizado e organizado!

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

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