Nas recentes eleições parlamentares primárias na Argentina, as PASO, o governo Fernández-Fernández sofreu a sua maior derrota política.
O governo apenas sobreviveu, sem nem sequer contar com o apoio político dos setores mais importantes da burocracia sindical. Os governadores de Córdoba, Mendoza e Santa Fé não apoiam o governo.
A Carta enviada por Cristina Kirchner representou a tentativa de manter a viabilidade do “kirchnerismo” nas eleições presidenciais de 2023.
A política elaborada por Néstor Kirchner para evitar o colapso dos partidos políticos burgueses mais importantes começou a implodir em 2015. Com a crise aberta, nem a própria Cristina Kirchner poderá evitar as PASO dentro do peronismo e da Frente de Todos.
O novo governo Fernández-Fernández não tem a mínima condição política de ir além das eleições de 15 de novembro deste ano. As contradições internas são enormes e continuam aumentando.
Avança a crise, aumenta o conservadorismo
O conservadorismo do novo governo escalou. Elementos como Aníbal Fernández ou Sabina Frederic representam o fortalecimento dos mecanismos repressivos.
O novo chefe de Gabinete, Juan Manzur, é inimigo do governo de Tucumán, da mesma maneira que acontece com outros funcionários do alto escalão do governo federal.
A política representada por Martín Guzmán, o ministro da Economia, é unanimidade para todo o regime político, sob forte pressão do imperialismo norte-americano, independentemente de eventuais mudanças.
Além de ter favorecido a troca de bilhões de pesos em dólares pelos grandes da especulação financeira, continua submetido às submissões ao FMI (Fundo Monetário Internacional). O direcionamento geral é a aplicação de medidas ainda mais duras contra as massas e a imposição de que sejam validadas pelo novo Congresso.
Essa mesma política foi aplicada pelo governo da Província de Buenos Aires, do elemento mais à esquerda do Kirchnerismo, Axel Kicillof.
A crise acelera e provoca o empobrecimento generalizado.
A burguesia impulsiona os setores mais direitistas como o relevo para impor a saída mais pró-imperialista possível. Não por acaso, sob os estertores do governo Fernández-Fernández, ressurgiu o macrismo, os radicais, o peronismo republicano e apareceu o proto-fascista Javier Milei; na Província de Buenos Aires e na Capital Federal conseguiram mais de dois terços dos votos.
Rumo a enfrentamentos abertos
A crise política na Argentina reflete o aprofundamento da crise capitalista mundial na América Latina. No Brasil, na Colômbia, e em toda a região a crise continua avançando sob forte pressão da burguesia imperialista que busca repassar o grosso da crise para seu quintal traseiro.
Nos encontramos em frente à repetição da crise dos anos de 1980, mas num estágio superior. O capitalismo se encontra muito mais podre, apesar de ser muito mais agressivo.
A fortíssima pressão do capital coloca os trabalhadores e as massas perante a necessidade imperiosa de levantar-se para sobreviver.
A crise aumenta as fissuras do regime de conjunto. Essa é a base do aumento da luta entre as classes sociais e as frações de classes. É a luta do salve-se quem puder.
A falta de organizações de massas é um fator de fraqueza dos trabalhadores e das massas, mas ao mesmo tempo é uma fraqueza dos componentes sociais da contenção da crise capitalista.
No próximo período, devemos esperar guerras e contrarrevoluções, levantes de massas, e o fascismo e ditaduras cada vez mais truculentas; o enfrentamento aberto entre os trabalhadores e a burguesia mundial.