A Ditadura Militar ontem e hoje
Hoje fazem parte do governo Bolsonaro mais de 12 mil altos oficiais das forças repressivas

A Ditadura Militar ontem e hoje

Hoje, no dia 1 de abril de 2021, fazem 57 anos do golpe militar de 1964 que fechou o regime político durante 21 anos e o impôs como o modelo para a América Latina.

A “esquerda” oficial e uma boa parte da esquerda, além de usar como data o 31 de março, para não macular as forças armadas que evitam o Dia da Mentira, lançaram as palavras de ordem “Ditadura Nunca Mais” e outras similares.

Na realidade, apesar do “teatro de operações” montado para fazer aparecer as forças repressivas como democráticas e até anti-bolsonaristas, hoje vivemos sob uma ditadura cívico-militar muito parecida com a dos governos dos generais Castelo Branco e Costa e Silva.

Não somente o processo iniciado em 2013 e consolidado com as eleições de 2018 pode ser considerado como golpista, mas foi imposta uma ditadura tão agressiva como a Ditadura Militar anterior, e ainda muito mais entreguista.

A Ditadura Militar de 1964-1985 liquidou o período dos governos nacionalistas que tinham sido inaugurados com os governos de Getúlio Vargas após a Revolução de 1930. Também liquidou a política oportunista do grande partido “comunista” de massas, satélite da burocracia soviética, o PCB, que junto com o PTB exerciam um enorme freio para o avanço das lutas.

A política encabeçada pelo economista neoliberal de Roberto Campos foi imposta sob a ponta das baionetas já no governo de Castelo Branco (1964-1967).

Os generais acabaram com várias políticas nacionalistas tanto na indústria como no campo. Acabaram com a nacionalização das refinarias da Petrobras e indústrias tão importantes como a Fábrica Nacional de Motores ou o setor de autopeças. No campo, a reforma agrária foi mudada para terras improdutivas. Além de proibir a atividade de massas, ter proibido os partidos políticos e ter transformado os sindicatos em cartórios, os generais liquidaram a estabilidade no emprego que foi substituída pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

A maior parte das empresas nacionais somente conseguiu sobreviver se submetendo aos monopólios imperialistas. Alguns setores foram controlados diretamente pelos monopólios, como o setor dos laboratórios.

Os atropelos ontem e hoje

A “esquerda” oficial confunde a existência de algumas liberdades democráticas com “democracia” em abstrato porque a sua razão de existir é o atrelamento a cargos e benefícios do estado e dos patrões.

A brutal repressão da Ditadura Militar, com direito a torturas generalizadas, e assassinatos e desaparecimentos políticos, tinha na base a paranoia gerada na burguesia imperialista e local com a Revolução Cubana de 1959. Havia um grande temor de que as tendências revolucionárias estourassem no maior país do SubContinente e que as políticas de contenção dos governos nacionalistas não fossem suficientes.

Não esquecer das greves dos marinheiros e cabos que se reuniam no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, que exerciam na burguesia o mesmo estupor da Revolta da Chibata de 1910.

O imperialismo norte-americano tinha conseguido estabilizar a Europa e o Japão, após a Segunda Guerra Mundial, e agora tentava controlar a ferro e fogo os países neocoloniais.

A política entreguista de hoje é ainda pior que a de 1964-1985 por causa do aprofundamento da crise capitalista mundial e o aumento da pressão da burguesia imperialista para salvar seus lucros. Os ataques sobre os trabalhadores e as massas são muito piores.

A brutalidade do regime aparece semi disfarçada já que os assassinatos generalizados acontecem mais no campo e nos bairros da periferia. Mas o arcabouço jurídico que está sendo colocado em pé, assim como a preparação das forças repressivas, principalmente depois do estouro do levante popular em Chile é digno de fazer inveja aos próprios Garrastazu Médici, Pinochet e Hitler.

Ditadura Militar nunca mais?

Essa palavra de ordem levantada pela “esquerda” oficial, hoje totalmente integrada ao governo Bolsonaro, que resume todo o regime político, esconde que a Ditadura Militar voltou pelo menos desde 2018.

A eleição de Jair Bolsonaro e do Bolsonarismo em todo Brasil teve por detrás a ativa participação dos generais, da Operação Lava Jato, dos grandes empresários e da Embaixada dos Estados Unidos.

Hoje fazem parte do governo Bolsonaro mais de 12 mil altos oficiais das forças repressivas, o que representa um número ainda maior que na época de Garrastazu Médici.

As recentes trocas de ministros e altos mandos das forças armadas são apresentadas pela propaganda oficial, e reproduzida pela “esquerda” Bolsonarista, como se tratassem de contradições dos generais com Bolsonaro. Na realidade, se trata de um “teatro de operações” para acelerar o papel do Partido Militar como o árbitro do conjunto do regime político, a mando do imperialismo norte-americano.

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O que fazer?

A “esquerda” oficial levanta como política a defesa da “democracia” em abstrato, como se o atual regime político tivesse algo além de um leve (muito leve) verniz de liberdades democráticas.

Os verdadeiros democratas e anti-imperialista devem entender que o desenvolvimento democrático do Brasil passa pela ruptura com o imperialismo e a realização de uma revolução agrária, em primeiro lugar.

A burguesia de conjunto se tornou golpista e se encontra totalmente controlada pelo imperialismo por toda uma série de controles.

Setores nacionalistas burgueses poderão surgir, mas os atuais fazem parte do setor moribundo que se formou sob a pressão da década de 1980 e que agora se encontra em fase de declínio total.

Para libertar o Brasil e a América Latina das garras do imperialismo, se faz necessário levantar as bandeiras de luta capazes de agrupar os verdadeiros lutadores e de dar uma saída revolucionária para a crise.

Nós, os marxistas revolucionários, devemos ser os militantes da linha de frente desse programa e nos preparar com muita seriedade para o inevitável enfrentamento aberto entre os trabalhadores e a burguesia colocado para o próximo período.

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