O Partido Militar lidera o governo brasileiro

O Partido Militar lidera o governo brasileiro

Na segunda feira 29 de março, Bolsonaro mudou seis ministros. Entram o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira na Casa Civil, o delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres no Ministério da Justiça e da Segurança Pública, o general Walter Souza Braga Netto no Ministério da Defesa, o Embaixador Carlos Alberto Franco França no Ministério das Relações Exteriores, a Deputada Federal Flávia Arruda na Secretaria de Governo da Presidência da República e André Luiz de Almeida Mendonça na Advocacia-Geral da República.

A saída do general Fernando Azevedo e Silva como ministro da Defesa, em princípio seria um tanto “estranha” considerando que ele foi o general interventor no STF (Supremo Tribunal Federal) durante a campanha eleitoral de 2018. No entanto, o substituto, Braga Netto, foi o general interventor no Rio de Janeiro.

O suposto motivo da renúncia de Fernando Azevedo seria que ele teria se oposto à imposição do estado de sítio solicitado por Bolsonaro assim como à intervenção militar na Bahia após o caso do policial militar assassinado.

Ainda há a renúncia coletiva dos comandantes do Exército (Edson Leal Pujol), da Marinha (Ilques Barbosa Junior) e da Aeronáutica (Moretti Bermudes) porque supostamente se negariam a desrespeitar a Constituição.

A “frente ampla” liderada pelo Partido Militar 

Com as movimentações, um grupo central de generais vai se consolidando como “oposição” a Bolsonaro que supostamente buscam uma terceira via” para 2022, como oposição a Bolsonaro. Dentre eles está o general Santos Cruz (que começou com essa articulação já em 2019), Maynard Santa Rosa (ex secretario de Assuntos Estratégicos), Francisco Mamede de Brito Filho (ex chefe de gabinete do INEP), Paulo Chagas (candidato ao governo do Distrito Federal em 2018).

A “queimação” do general Pazuello à frente do Ministério da Saúde tentou ser apresentada como um problema pessoal dele, até com direito ao protesto de vários generais que se posicionaram publicamente, mas de maneira anônima. O objetivo dos generais continuou sendo a de que supostamente seriam oposição ao governo Bolsonaro.

Do Partido Militar participam também grandes empresários, tal como o fizeram durante a Ditadura Militar. Foram banqueiros e outros grandes empresários que têm articulado com Artur Lira, o presidente da Câmara dos Deputados, a saída dos ministros de Relações Exteriores e o Meio Ambiente.

O Partido Militar se prepara para orquestrar a oposição a Bolsonaro em direção a 2022, tanto pela direita como pela esquerda do regime político.

Não foi por acaso que vários figurões da “esquerda” oficial têm declarado loas a Mourão e outros generais, contra Bolsonaro. Esse foi o caso do cacique do PCdoB, e atual governador do estado de Maranhão, Flávio Dino, de figuras do PDT de Ciro Gomes, do PT de Lula e até do PSOL.

A história se repete, agora como farsa, da Ditadura Militar (1964-1985), com uma direita aberta em ação (o Arena) e uma ala mais à esquerda, consentida, fazendo o papel do antigo MDB.

O imperialismo impõe o massacre do povo brasileiro

A movimentação das cadeiras fica confusa se não levarmos em conta os fatos mais importantes da política geral no Brasil.

O objetivo principal do imperialismo norte-americano no Brasil é arrancar até a última gota de sangue do povo, sem provocar uma revolta generalizada e a revolução. É uma necessidade central, já que as grandes empresas precisam estabilizar as taxas de lucro.

O governo Bolsonaro atual tem sido anabolizado pela pressão do imperialismo e agora conta com o apoio real de todo o regime político, da extrema direita até a “esquerda” oficial.

O governo tem avançado na aprovação de uma enxurrada de ataques contra o povo brasileiro se valendo dos votos do chamado “Centrão”, mas a operação tem sido orquestrada por todo o regime político a serviço dos grandes capitalistas e orquestrada pelo imperialismo.

O governo Bolsonaro controla não somente as duas câmaras do Congresso, mas também a PGR (Procuradoria Geral da República) e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Logo após a imposição dos novos presidentes das câmaras dos Senadores e Deputados, o governo impôs a Autonomia [privatização] do Banco Central, a abertura de conta em dólares no Brasil [para as grandes empresas], a PEC (proposta de Emenda Constitucional) 186, que reforça a lei do Teto para os gastos sociais.

O governo Bolsonaro se articula para passar os ataques mais duros, como a PEC 32 [Reforma Administrativa], a privatização total de várias empresas públicas importantes e dos serviços públicos mais importantes, assim como a demissão em massa de servidores públicos e a forte redução das condições de vida dos brasileiros.

Moro e Lula no “teatro de operações” do massacre do Brasil

Uma das “cerejinhas do bolo” do “teatro de operações” montado para massacrar o povo brasileiro é o desmonte da Operação Lava Jato, mas mantendo tudo o fundamental que foi realizado.

Nada tem sido questionado sobre a destruição das principais empresas nacionais no Brasil e os ataques contra vários países latino-americanos. Essa suposta operação contra a corrupção tem sido acompanhada por outras operações de apoio como a dos Panama Papers, onde nem um dos corruptos é norte-americano, ou a da FIFA que tem como objetivo acelerar o controle das grandes redes de televisão para os capitais imperialistas.

A liberação de Lula das acusações da Lava Jato reforça a “polarização” com a entrada de Lula em cena, o que possibilita a agrupação da extrema direita contra o “lulismo”. Mas o ponto ainda mais importante é que Lula tem aparecido como um militante ativo do Grupo de Puebla, que é teleguiado pelo Partido Democrata norte-americano.

Lula esqueceu da Carta ao Partido, enviada desde a prisão, onde chamava a mobilizar o povo às ruas para derrubar o governo golpista de Bolsonaro. A tímida atuação dele tem sido direcionada para formar uma “frente ampla” contra Bolsonaro em 2022.

Com as últimas movimentações do Partido Militar agora a “frente ampla” fica ainda mais difusa porque dela podem participar até os generais. É tão difusa que a eleição do bolsonarista Arthur Lira como presidente da Câmara dos Deputados foi apoiada abertamente pelo PT e pelo PDT.

Conforme avançam a crise capitalista e as pressões do imperialismo para massacrar o Brasil, o regime político de conjunto mostra a sua verdadeira cara que é o produto de um golpe cívico-militar orquestrado desde 2013 e implantado em 2018.

As alavancas vão sendo controladas cada vez mais pelo partido mais organizado da burguesia, o Partido Militar, que atua cada vez mais como árbitro do regime político de conjunto.

O massacre do povo brasileiro avança. A brutalidade com que é imposto conduz inevitavelmente à polarização entre os golpistas e os trabalhadores.

O papel dos verdadeiros revolucionários neste momento, é organizar a resistência contra o massacre. Neste momento, chamamos à greve geral ambiental. Se não podemos protestar por causa da pandemia, também não podemos trabalhar nem pegar transporte público lotado. O governo e os patrões devem manter os salários e promover ajuda para os trabalhadores autônomos e desempregados, da mesma forma que têm destinado trilhões para resgatar os banqueiros e os grandes capitalistas.

Mas deve ficar claro que o governo tem dono, os grandes capitalistas. Nós nada conseguiremos se não for com luta nas ruas.

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