Revelações do The Intercept: a quem beneficia?

Revelações do The Intercept: a quem beneficia?

(Matéria publicada originalmente em 17.06.2019)

As recentes revelações do site norte-americano The Intercept colocaram a Operação LavaJato e o governo Bolsonaro em xeque. O que já era um governo de crise se tornou um governo de muita crise já que o fundamento da eleição fraudulenta de Bolsonaro que foi o suposto “combate contra a corrupção” ficou pendurado no pincel.

Para avaliarmos a situação política atual devemos, em primeiro lugar, seguir a trilha dos interesses materiais colocados. Quem está por trás das revelações e qual é a campanha que está se desenvolvendo em cima dessas informações.

Os diálogos entre o ex juiz Sérgio Moro e o procurador público federal, chefe da Operação LavaJato, Deltan Dallagnol, não revelaram nenhum abuso muito maior além dos que já tinham sido feito. Como por exemplo, aconteceu com o abuso das delações premiadas e conduções coercitivas.

O presidente da OAS, Leo Pinheiro, foi condenado a 45 anos de prisão e pressionado para delatar Lula para ter a pena reduzida. Para condenar não era necessário a existência de provas; bastava um delator, pressionado pela LavaJato, falar o que bem entendesse. Houve o vazamento ilegal das conversas particulares entre Lula e a ex presidenta Dilma Rousseff. Houve a coordenação clara das atividades da Operação LavaJato com o Departamento de Justiça norte-americano. Este que defende os interesses dos Estados Unidos, coordenou a ação do Ministério Público brasileiro, que é um órgão acusatório, para desmantelar setores estratégicos da economia brasileira, que passaram a ser controlados muito de perto ou tomados pelos norte-americanos. Houve a farra dos escritórios de advocacia, ligados a parentes do juiz Sergio Moro e aos procuradores, com as delações. Houve o escândalo do fundo bilionário da LavaJato. Houve a suposta “facada” contra Bolsonaro. Houve a nomeação de Sérgio Moro como ministro da Justiça. Houve, em fim, a aplicação de um arsenal jurídico próprio de um estado de exceção que tem passado por cima dos direitos democráticos mais elementares garantidos pela Constituição de 1988. Essas leis foram aprovadas durante os governos do PT, onde o Ministério de Justiça esteve sob o controle da ala direita que está tomando conta desse partido, o grupo Mensagem ao Partido.

A própria Operação LavaJato foi colocada em pé em 2014 com informações tão confidenciais sobre a Petrobras e a Odebrecht que somente podem ter tido uma origem, a NSA (Agência Nacional de Segurança) dos Estados Unidos.

Cuo Bene? A quem beneficia?

Clique na imagem para entender mais sobre a Lava-Jato

A grande imprensa, que de conjunto é abertamente golpista e um instrumento do imperialismo norte-americano, nada falou sobre os abusos da LavaJato. Agora, de repente, um site com conhecidas ligações com os serviços de inteligência norte-americanos, expõem algumas conversas dos componentes da LavaJato, que nada são comparadas com a brutalidade das ações, e em cima delas se monta uma campanha que gera uma enorme crise nos fundamentos do Bolsonarismo. O que está por trás?

A esquerda pequeno burguesa é, de maneira recorrente, manipulada pelo imperialismo por meio de ações que atingem diretamente questões morais, tais como o bom e o mal, o corrupto e o honesto etc. Este é um dos componentes principais do mecanismo de “guerra híbrida”, uma agressão militar sem tropas, que o Pentágono unido aos órgãos da inteligência e à miríade de ONGs, que atuam em prol da defesa do capital imperialista, têm usado antes, e em paralelo, com agressões militares abertas. O apoio de uma parte da população a esses ataques é um componente fundamental dessa política. E como essas revelações atingem os algozes de Lula, nada mais simples para dar corda ao “moralismo” mórbido da esquerda pequeno burguesa e manipula-lo.

O The Intercept é ligado a Pierre Omiryard, o dono do eBay e o PayPal, e um dos cinco maiores manipuladores de informações no mundo. Foi  fundado com US$ 250 milhões com 3 jornalistas e uma pequena redação, em 2014, com o objetivo de contrapô-lo ao Wikileaks, de Julian Assange. Teve o dossiê de Edward Snowden, mas segurou 98% do conteúdo. Irá divulgar a íntegra do dossiê do Moro? 

Omiryard financia não somente os “progressistas”, mas também os abertamente de direita, como por exemplo, Alliance for Securing Democracy, cujo CEO, Bill Cristall, é um dos neocon que mais pregou a guerra contra o Iraque e está na base teórica do que deu origem ao Full Spectrum Dominance, a política hiper agressiva do Pentágono de 2002. Financia os capacetes brancos, ligados aos grupos mercenários que atuaram na Síria; o filme ganhou o Oscar produzido pela First Look Media (empresa de Omiryard).

O objetivo do imperialismo norte-americano é impor um regime político mais duro no Brasil, que consiga aplicar os ataques e ainda segurar o inevitável ascenso de massas. E sob esta ótica é que as revelações do The Intercept devem ser avaliadas.

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