Golpismo engasgado

Golpismo engasgado

(Matéria publicada originalmente em 23.07.2016)

A extrema direita tenta avançar com eficácia contra o regime político da chamada Nova República. O objetivo: tentar impor um regime de força, mas alinhado com os interesses do imperialismo.

A ala à extrema direita da Lava Jato está representada pela chamada Força Tarefa: os procuradores e o juiz Sérgio Moro, sendo os primeiros ainda mais direitistas. Eles contam com o apoio direto do PIG (Partido da Imprensa Golpista) e dos organismos ligados diretamente à ala direta do imperialismo norte-americano, como as várias organizações empresariais, encabeçadas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o Instituto Millenium. Esse último mantém ligações próximas com o Instituto Heritage, vinculado ao Tea Party, a ala da extrema direita norte-americana, que se agrupa no Partido Republicano.

O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, tem atuado a serviço da Lava Jato, mas de maneira mais moderada em relação à extensão dos ataques contra o regime político. Neste mesmo sentido, as contradições aumentam ainda mais com o STF (Supremo Tribunal Federal), que, por sua vez, possui contradições internas.

A divulgação dos grampos do ex-diretor geral da Transpetro, Sérgio Machado, realizada por Janot, colocou em xeque toda a cúpula do PMDB. O STF, no entanto, não autorizou as prisões. A cúpula do PMDB ameaçou com o impedimento de Janot a partir do Senado. Encaminhou um projeto de lei visando penalizar quem der início à perseguição penal sem justa causa e retirou o caráter de urgência das dez medidas do Ministério Público contra a corrupção.

Ataques e contra-ataques na Lava Jato

A Lava Jato tentou apertar o cercou com a prisão do ex-Ministro Paulo Bernardo e de várias outras pessoas. Entretanto, o STF ordenou a libertação de Bernardo e acusou a Polícia Federal de abuso de autoridade ao ter invadido a casa de uma senadora, com foro privilegiado. Os PIGs atacaram a decisão do Supremo e intensificaram a campanha contra o ministro Dias Toffoli.

Não é nenhuma novidade que o “todo poderoso” do STF, o tucano assumido, Ministro Gilmar Mendes, tem liderado a operação de controle da Lava Jato. As contradições são evidentes. Resta-nos saber até que ponto elas poderão evoluir.

A Lava Jato tem como elemento mais próximo, dentre os tucanos, o ministro das Relações Exteriores, José Serra. Todavia, as várias alas da direita só poderão tolerar a Lava Jato até certo ponto, caso contrário, podem se tornar vítimas da extrema direita.

A preservação, pelo menos durante um período, de Michel Temer e da cúpula do PMDB, dependerá da sua capacidade de aplicar as reformas neoliberais impostas pelo imperialismo, a quem a Lava Jato é diretamente ligada. O inevitável aprofundamento da crise capitalista, principalmente devido ao contágio da crise mundial, representa o elemento principal que colocará o PMDB cada vez mais na linha de choque do imperialismo. A queda acelerada dos lucros tem colocado, novamente, à ordem do dia, a tentativa de eliminar, ou pelo menos de colocar em segundo plano, o PMBD, deslocando-o do plano chave na garantia da “governabilidade” que tem desempenhado na Nova República. Um partido muito caro no atual contexto do aprofundamento da crise e da necessidade de aumentar a espoliação do Brasil.

A unanimidade neoliberal

Está sendo colocado como condição fundamental da “governabilidade”, por todas as alas do regime burguês, a manutenção da equipe econômica, neoliberal e ultra entreguista, liderada pelo banqueiro Henrique Meirelles. Desde o PT até a extrema direita, a unanimidade da “governabilidade” passa pela manutenção da equipe liderada por Meirelles, pela aplicação de uma “nova onda neoliberal”.

O problema colocado para 2018 é como viabilizar um entreguista e “ajustador” que hoje esteja vinculado à política errática do vacilante e fraco governo Temer.

O objetivo da direita é entregar a Petrobras, reduzir o papel das empreiteiras brasileiras no país e fora dele, ou alinha-las de maneira mais efetiva aos interesses do imperialismo. Para isso, aplicam a reforma trabalhista e a reforma previdenciária contra os trabalhadores. 

Recortar os investimentos públicos, reduzir os gastos com saúde e educação. Em linhas gerais, todos os partidos políticos burgueses, desde a extrema direita até o PT, concordam com essa política.

O entreguismo das alas mais próximas à extrema direita chega a níveis absurdos. A própria Lava Jato tem como base as informações da NSA (Agência Nacional de Segurança) dos Estados Unidos. Isso ficou evidente em relação às informações sobre a Petrobras, principalmente sobre o Pré-Sal; sobre a Eletronuclear e o vazamento dos e-mails entre diretores da Odebrecht pedindo para que um deles conversasse com o então presidente Lula para que abordasse com o presidente do México negócios nos quais a empresa estava interessada. O próprio Rodrigo Janot se encarregou de ir aos Estados Unidos para entregar às autoridades locais informações contra a Petrobras e várias outras empresas, que possibilitaram a abertura de processos.

Uma política exterior abertamente pró-imperialista

A política exterior dos governos do PT era um dos aspectos em que apareciam divergências com o imperialismo, principalmente com a ala direita. Isso ficou evidente nas relações com as potências regionais, em relação ao Mercosul, com as construção do Porto Mariel em Cuba e com os países africanos, entre outros aspectos.

A nova política aplicada pelo ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, tem como objetivo realinhar as diferenças com a política dos Estados Unidos e coloca-la a serviço da aplicação da escalada do “plano de ajuste” contra os trabalhadores.

Um dos primeiros componentes da nova política exterior brasileira é passar por cima da decisão adotada pelo Mercosul sobre negociar em conjunto os acordos comerciais fora do Bloco. O objetivo é priorizar os tratados com a União Europeia, apesar das novas dificuldades criadas pelo “Brexit”, e, principalmente, com os Estados Unidos.

Os ataques contra a Venezuela e os países africanos tem como objetivo priorizar o alinhamento com a Europa e os Estados Unidos. Mas a política neoliberal cega, levou o ministro José Serra a adotar uma política errática inclusive em relação a órgãos reconhecidamente pró-imperialistas, como a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e a OMC (Organização Mundial do Comércio).

A extrema direita do Lava Jato tenta avançar para a recomposição geral do regime político, em cima da bandeira da “luta contra a corrupção” e da “recuperação econômica”. Na prática, o objetivo é ampliar a entrega do Brasil para os monopólios.

As novas revelações esperadas da OAS e da Odebrecht deverão colocar em xeque setores do PSDB poupados até hoje, como o próprio José Serra.

Qual é o ritmo dos avanços da extrema direita? Como a direita centrista conseguirá salvar a pele? Como a “frente popular” continuará mantendo o lugar ao sol do regime burguês? Qual política prevalecerá? O presidencialismo de Dilma ou o parlamentarismo de Lula? As respostas a essas perguntas deverão ser buscadas na evolução da situação política, no próximo período, internacional e nacional. Mas a tendência geral, conforme aumenta o aperto do imperialismo, é à implosão dos setores de centro do cenário político burguês, e ao fortalecimento dos polos. Para o próximo período, está colocado o enfrentamento aberto entre a burguesia e o proletariado em escala mundial.

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!


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