O fracasso da política de investimentos em infraestrutura na Europa

O fracasso da política de investimentos em infraestrutura na Europa

O super aumento do endividamento público tem o potencial de disparar as tendências inflacionárias, o que no cenário recessivo atual conduz à estagflação – hiperinflação com recessão, ou pior ainda com depressão econômica.

Amplos setores da burguesia imperialista mundial estão impulsionando uma espécie de reedição de políticas de intervencionismo estatal para conter a crise, principalmente agora com a nova política implementada pelo governo Biden.

A socialdemocracia europeia se apresenta como abandeirada dessas políticas, que a imprensa burguesa destaca como uma reedição das políticas keynesianas na Europa.

Desde Barack Obama e François Hollande até Mario Monti (primeiro ministro italiano “tecnocrata” imposto pelo imperialismo alemão), Mariano Rajoy (primeiro ministro espanhol) e David Cameron (primeiro ministro britânico), todos estiveram de acordo na necessidade de uma intervenção mais profunda do BCE (Banco Central Europeu), que é controlado diretamente pelo imperialismo alemão, para fomentar um certo crescimento e conter o avanço da crise capitalista. 

Essa política acabou sendo aplicada nos últimos três anos, mas estritamente no sentido do BCE comprar títulos públicos dos estados.

A mesma política é sustentada pelos renomados ideólogos liberais da burguesia imperialista Nouriel Rubini e Paul Krugman.

O mecanismo para implementar esse “certo crescimento” e “conter” o incontível, o avanço da crise capitalista mundial, é exatamente a mesma política que tem sido aplicada nos EUA e no Japão – emissões de títulos públicos em larga escala, compra de ativos financeiros podres com recursos públicos, resgates de multinacionais falidas, empréstimos a taxas hipercamaradas, o fomento da especulação financeira em larga escala com recursos públicos entre outros. Essas “maravilhas” especulativas têm sido sustentadas por meio de crescentes emissões de papel moeda sem lastro produtivo. O principal “produto” das exportações norte-americanas é justamente o papel moeda dólar.

O aumento da pressão sobre a Alemanha

O imperialismo alemão tem receio da implementação dessas políticas devido a que a certa estabilidade da Alemanha está sustentada pela capitalização com recursos provenientes da UE (União Europeia), viabilizado por meio do controle do BCE. As políticas “neokeynesianas” aumentariam as pressões inflacionárias e o endividamento público também na Alemanha.

As pressões para a adoção dessa política têm aumentado nos últimos meses provocando o acirramento das contradições entre o imperialismo alemão e as demais potências imperialistas.

As agências qualificadoras de riscos, que são controladas pelos imperialistas norte-americanos e britânicos, aumentaram as degradações dos sistemas bancários espanhol e italiano, assim como das suas respectivas dívidas públicas. A S&P (Standard and Poor’s) degradou a dívida pública francesa durante a gestão Sarkozy enquanto a Moody’s manteve a nota máxima após Hollande ter assumido; as taxas de juros dos títulos públicos espanhóis e italiano dispararam e hoje voltaram a níveis baixos somente com a aumento da fiança alemã.

A preocupação do imperialismo mundial é que a política que está sendo implementada pelo imperialismo alemão está acelerando a recessão mundial devido à paralisia da economia europeia. 

Os bancos norte-americanos detêm enormes volumes de títulos públicos e privados, principalmente franceses e alemães, o que os deixa muito expostos ao risco do efeito contágio, e a Europa tem diminuído as compras de produtos norte-americanos que representam 20% do total das suas exportações.

É possível uma reedição das políticas keynesianas na Europa?

A reedição das políticas keynesianas, ao estilo do que o governo Biden pretende agora fazer, apresenta sérias dificuldades de ser implementada devido ao gigantesco endividamento estatal e aos crescentes déficits públicos gerados a partir dos trilhões de dólares, euros, libras e ienes que foram repassados para os especuladores financeiros nos últimos 14 anos.

Os melhores resultados que poderão ser obtidos na Europa podem ser observados no Japão e nos EUA, onde a economia encontra-se paralisada, os indicadores sociais têm piorado sensivelmente, apesar da propaganda oficial, e as perspectivas são de ainda maior deterioração.

Trump conseguiu uma certa melhora, mas ao custo de ter acumulado um gigantesco endividamento e o aumento da “bomba atômica” das montanhas em capitais fictícios/ especulativos.

Os astronômicos níveis que a especulação financeira tem atingido, assim como a interdependência dos seus mecanismos, impossibilitam a retomada produtiva que está estancada devido à acentuada queda da demanda. Hoje já não há espaço para o aumento dos gastos militares ou dos investimentos em infraestrutura como aconteceu nos anos 30 e entre 1948 e 1967, a menos que a sociedade seja militarizada e as condições de vida fortemente degradadas.

As principais potências imperialistas, começando pelos EUA e o Japão, têm reduzido consideravelmente os seus investimentos em infraestrutura e, em escala menor, os gastos militares diretos.

Compras diretas de dívida dos estados pelo BCE, alguma versão dos eurobônus, o aumento do teto da inflação, algum aumento do controle da especulação financeira o melhor efeito que poderiam obter seria o aumento da “ilusão do crescimento”, no melhor estilo keynesiano, em cima de políticas monetaristas, de impressão de papel moeda sem lastro produtivo em larga escala, no melhor estilo neoliberal. De fato, as duas políticas são irmãs e vão de mãos dadas.

Nas garras do “neoliberalismo”

O “neoliberalismo” é uma política improvisada que foi implementada a partir dos anos 80 com o objetivo de reduzir os gastos estatais produtivos que estavam super inchados. 

Mas o badalado “livre mercado” “neoliberal” não passa, nem nunca passou, de mera lorota. As intervenções estatais foram aplicadas nas últimas três décadas para garantir o repasse de recursos públicos em larga escala, e mediante vários mecanismos, para os especuladores financeiros.

A política de “estímulo ao crescimento”, da qual o ex presidente “socialista” da França, François Hollande, tinha se tornado o principal porta voz, somente teve condições de conseguir resultados extremamente mornos, não muito melhores dos que puderam ser vistos nos EUA, e muito distantes dos obtidos pela administração de Franklin Delano Roosevelt a partir de 1933. 

O chamado New Deal, apesar de não ter conseguido fazer voltar a economia norte-americana aos níveis anteriores a 1929, viabilizou um certo crescimento em cima da estruturação do complexo industrial militar que aumentou o parasitismo das multinacionais imperialistas em cima do estado burguês e o escalou de maneira nunca antes vista a partir da Segunda Guerra Mundial. 

Hoje em dia, a superpotência imperialista que dominou a Europa Ocidental e grande parte do Pacífico, após a vitória sobre as potências do Eixo em 1945, foi derrotada militarmente no Iraque e, pior ainda, no Afeganistão, um país tribal mais subdesenvolvido que os países mais pobres da América Latina.

O aumento do endividamento público tem o potencial de disparar as tendências inflacionárias, o que no cenário recessivo atual conduz à estagflação – hiperinflação com recessão, ou pior ainda com depressão econômica.

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