Venceu a direita e o abstencionismo
O segundo turno das eleições municipais de 2020 no Brasil foram apenas uma continuidade do primeiro turno. A imposição da vitória da direita veio junto com enorme abstencionismo que continuou no segundo turno.
A fraude foi tão brutal como a das eleições nos Estados Unidos, da qual as nossas eleições não passaram de um espelho.
A direita entreguista foi imposta em todas as principais cidades. O objetivo é acelerar o massacre do Brasil em conjunto com o Governo Federal e os governos dos estados.
A crise capitalista mundial acelera a passos largos, sem nenhuma perspectiva de recuperação, e rumo ao maior colapso capitalistas de todos os tempos.
A “saída” dos abutres capitalistas para a sua crise é a guerra já que precisam continuar controlando e ainda ampliar o controle do mercado mundial. Para manter as sociedades pacificadas, principalmente nas regiões que mais controlam precisam continuar apertando o regime político, na direção cada vez mais, de ditaduras pinochetistas abertas. Até porque os capitalistas precisam reduzir fortemente as condições de vida da maioria da população e esmagar em sangue qualquer reação.
Para o próximo período, está colocado o enfrentamento cada vez mais aberto entre os trabalhadores e a burguesia mundial.
Na América Latina, a desestabilização avança rapidamente. Há grandes protestos no Chile e na Guatemala. Recentemente, os houve no Peru, na Colômbia e cada dia estouram em um ou outro lugar, e também em outros continentes.
O Resultado da “esquerda” Bolsonarista
A derrota de lavada da “esquerda” Bolsonarista em São Paulo e Porto Alegre
Em São Paulo, o novo “queridinho” do imperialismo e da direita como o novo líder da “esquerda” Bolsonarista, Guilherme Boulos (PSOL/SP), sofreu uma vitória muito maior até do que Gazeta Revolucionária previu. Foi de quase 20%, na maior cidade da América do Sul. O abstencionismo, junto com os votos brancos e nulos, repetiu os 45% do primeiro turno.
Este resultado impõe algumas reflexões centrais dada a importância da cidade de São Paulo.
A profundidade e aceleração da crise capitalista mundial obrigou os super grandes capitalistas a impor os senhores da guerra nos Estados Unidos por meios bastante mais fraudulentos que os tradicionais.
No Brasil, a derrota de Boulos por 20% de diferença mostra que os grandes capitalistas em crise continuam reduzindo cada vez mais as firulas. Em princípio, uma derrota por 5% de diferença (que era a nossa previsão) teria dado uma força muito maior a Boulos para ser imposto como o novo queridinho do imperialismo para liderar a “Frente Ampla” (o novo MDB da Ditadura) em 2022.
Boulos recebeu o apoio aberto e público de um conjunto importante de empresários, até de especuladores financeiros. Ele defendeu bandeiras da direita, como o fortalecimento da Guarda Municipal, dentre outras.
E jogou no lixo todas as bandeiras importantes da luta popular, tais como a realização de uma auditoria pública das contas da Prefeitura, a outorga de poderes reais aos conselhos participativos ou as escrituras para os moradores dos bairros da periferia.
Evidentemente, os grandes capitalistas precisam de resultados muito rápidos. E da “esquerda” Bolsonarista, somente precisaram a legalização da “vitória” da direita, que está muito mais preparada para massacrar o Brasil.
Porto Alegre
Em Porto Alegre, a queridinha do imperialismo, Manuela D’Ávila (PCdoB/ RS), até esteve à frente nas últimas pesquisas do Ibope (da Rede Globo). Como explicar então a derrota por quase 10%?
A resposta deve ser buscada dentro da lógica geral da política do imperialismo: precisa massacrar os brasileiros e os povos latino-americanos o mais rapidamente possível.
A “esquerda” Bolsonarista poderá continuar com o seu papel de cachorro vira-lata. Mas neste momento, os abutres capitalistas precisam da direita para entrar com ataques muito fortes.
O futuro dependerá da evolução da luta de classes. Uma alternativa seria repetir a política aplicada pelo imperialismo europeu na Grécia em 2010, onde foi imposto o Syriza, uma espécie de PSOL, para massacrar os gregos.
Essa política tem como fraqueza a falta de controle social das massas pelo PSOL ou o PCdoB. Por esse motivo é que continua a todo vapor o endurecimento do regime político e principalmente do Judiciário e das forças armadas.
Rio de Janeiro: versões tupiniquins do Partido Democrata versus Partido Republicano
No Rio de Janeiro, se confrontaram as versões tupiniquins dos partidos Democrata e Republicano.
O Bolsonarista Crivella foi derrotado de lavada pelo Bidenista Eduardo Paes, com o apoio da “esquerda” Bolsonarista.
O abstencionismo, incluindo os votos brancos e nulos bateu recordes; foi ainda maior que no primeiro turno: quase 55%.
O ensaio da “Frente Ampla” para 2022
Em Fortaleza/ Ceará aconteceu o maior laboratório da “frente ampla” para as eleições de 2022. O PDT foi apoiado pela “esquerda” Bolsonarista e por setores da própria direita recalcitrante contra o Bolsonarista Capitão Wagner.
A política da “frente ampla” conta com a adesão entusiasta da “esquerda” Bolsonarista e com o apoio dos setores mais golpistas, como os generais, os grandes empresários e os Estados Unidos.
Nessa “frente ampla” cabem conhecidos inimigos do Brasil, como FHC, o ex PGR (Procurador Geral da República) Rodrigo Janot ou até o DEM que é a continuidade do PFL, que por sua vez foi a continuidade do Arena, o partido da Ditadura Militar.
O PT continua sendo enfraquecido
A derrota de Marília Arraes em Recife para seu primo João Campos poderia aparecer como uma mera formalidade, até por causa das escassas diferenças políticas. O fato é que o PT continuou perdendo força em todo o Brasil.
O objetivo da burguesia é ir consolidando um sistema político parecido com o dos Estados Unidos que na versão tupiniquim se torna muito mais reacionário. Poucos partidos políticos fortes, o que ainda será reforçado com a lei eleitoral vigente.
A “Frente Ampla” deve ir dando lugar a uma espécie de versão tupiniquim do Partido Democrata norte-americano. Não há lugar ali para os caciques do período anterior, como Lula, Ciro Gomes ou o próprio Flávio Dino. Por isso, foram fortalecidas lideranças de jovens muito mais manipuláveis, como Guilherme Boulos ou Manuela D’Ávila.
Ao mesmo tempo, o imperialismo busca continuar enfraquecendo as organizações de massas, em primeiro lugar a CUT (Central Única dos Trabalhadores), os sindicatos de conjunto e os movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e a UNE (União Nacional dos Estudantes).
O fato é que a “esquerda” oficial, hoje Bolsonarista (já que atua em conluio com o Governo Bolsonaro, contendo todas as lutas), se passou para o outro lado de mala e cuia.
Como as pessoas podem lutar contra o massacre do Brasil?
Os verdadeiros revolucionários, democratas e anti-imperialistas temos o dever de buscar o agrupamento para gerar um polo real de luta contra o massacre do Brasil e da América Latina.
Esta luta deve contemplar todos os componentes, a começar pela organização e impulso do movimento de massas, com propostas de luta concretas para tirar o Brasil da crise e que ela seja paga pelos abutres capitalistas que a geraram, e não pela população.
Como bandeiras básicas para esse agrupamento há quatro pontos que devem ser considerados:
- A denúncia do conjunto de leis super reacionárias que estão sendo aprovadas no Congresso com o apoio da “esquerda” Bolsonarista (o Patriot Act Tabajara);
- A denúncia do Banestado 3.0 como mecanismos de cooptação de todos os setores das classes dominantes, incluindo a “esquerda” Bolsonarista, para o massacre do Brasil;
- A denúncia da imposição do estado narco paramilitar, com o modelo da Colômbia, que se encontra em acelerado processo de implantação (o Evangelistão do Pó);
- A denuncia dos vários componentes da fraude eleitoral, cada vez mais escancarada.