Avaliação do PCO (Partido da Causa Operária)

Avaliação do PCO (Partido da Causa Operária)

Por Alejandro Acosta (publicado originalmente 10/01/2016)

ÍNDICE

Avaliação do PCO (Partido da Causa Operária) 1

1 Objetivo do documento 4

2 O contexto histórico da evolução do PCO 6

2.1 Neoliberalismo, refluxo e burocratização da esquerda 6

2.2 A ascensão do movimento de massas no Brasil 7

2.3 O refluxo do movimento operário no Brasil 8

2.5 Da “marolinha” ao furacão 9

2.5 Sobre a caracterização do refluxo do MO (Movimento Operário) 10

3.0 O desenvolvimento do PCO 13

3.1  De 1979 a 1989 13

3.2  A crise das eleições de 1989 13

3.3  De 1991 até 1995 14

3.3.1  Volta Redonda – CSN e racha da “Vanguarda Metalúrgica” 14

3.4 De 1996 a 2002 15

3.5  De 2002 até 2008 16

3.5.1  A CRQI 17

3.6  De 2008 a 2014 18

3.7 Teses 18

4.0 O PCO a reboque da Frente Popular 19

4.1  Teses 19

4.2  O Ponto de Virada 19

4.3  A crise com os sindicatos de Minas Gerais 19

4.4 Greve dos professores em São Paulo 20

4.5  Congresso da CUT 22

4.6 As relações incestuosas do PCO com o PCdoB 23

4.7 PCO – A reboque do “ajuste” do governo Dilma, ou o “golpe” do golpe 23

5 O “Pântano Burocrático” do PCO 27

5.0.1 Teses 27

5.0.2 Avaliação política 27

5.1  “Pântano” 1: Imprensa partidária sucateada 28

5.1.1  Teses 28

5.1.2  Situação Atual 28

5.1.3  Avaliação política 29

5.1.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária 29

5.2  “Pântano” 2: Teoria da “pressão absoluta” = os militantes idiotas e os militantes iluminados 30

5.2.1  Tese 30

5.2.2  Situação Atual 30

5.2.3  Avaliação política 32

5.2.4  Ser e consciência 34

5.2.5  Tarefas colocadas para uma política revolucionária 35

5.3  “Pântano” 3: A disciplina burocrática contra a disciplina revolucionária 36

5.3.1  Teses 36

5.3.2  Situação Atual 36

5.3.3  Avaliação política 37

5.3.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária 38

5.4  “Pântano” 4: Finanças 39

5.4.1  Teses 39

5.4.2  Situação Atual 39

5.4.3  Avaliação política 40

5.4.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária 40

5.5  “Pântano” 5: “Política perfeita” e atuação burocrática 41

5.5.1  Teses 41

5.5.2  Situação Atual 41

5.5.3  O burocratismo implode a “linha política acertada” 41

5.5.4  Avaliação política 42

5.5.5  Tarefas colocadas para a política revolucionária 43

6 Outros rachas 45

7.1 Rachas no PSTU 45

1 Objetivo do documento

1.1 Nós, ex militantes do PCO (Partido da Causa Operária), temos como objetivo, neste documento, fazer uma avaliação do PCO como um partido da esquerda brasileira que tem evoluído no sentido de se colocar a reboque da Frente Popular. A avaliação tem importância por causa de que nós reivindicamos o programa geral do PCO, inclusive o aprovado no VII Congresso, que aconteceu em 2014. 

1.2 A grande confusão da quase totalidade dos ex militantes, que se afastaram ou que foram expulsos do PCO, esteve relacionada, principalmente, não com questões programáticas, mas com os métodos da direção do PCO, liderada pelo dirigente histórico do PCO Rui Costa Pimenta.  Em grande medida, foram golpes financeiros contra os militantes. O ponto de partida, passa pela análise objetiva da situação política real. O entendimento da evolução da esquerda nacional e mundial implica no entendimento da evolução da situação política. 

1.3 A esquerda, e o próprio PCO, que existe hoje é um produto da evolução histórica. O desenvolvimento das organizações sociais e políticas ocorre sobre a pressão da luta de classes, como fruto das pressões sociais que acontecem de maneira independente da vontade dos indivíduos. A crise da esquerda no geral e do PCO em particular são fruto do acumulo da pressão burguesa durante o longo período de refluxo. Por esse motivo, a análise deve ir além dos fatores psicológicos individuais. Análises subjetivas, psicológicas ou desorientadas somente podem conduzir à morte política, principalmente em situações de rápida evolução, que é o que está colocado para o próximo período. 

1.4 O PCO tem apresentado políticas que lhe tem permitido fazer avaliações mais precisas, sobre vários aspectos, que a maior parte do resto da esquerda. Como exemplos, a fase golpista, o golpe de estado no Egito e na Ucrânia; a denúncia da farsa das “massas nas ruas” como amostra de que haveria processos revolucionários em andamento e não movimentações contrarrevolucionárias; a crise capitalista mundial.

1.5 Os desvios oportunistas do PCO, durante um período, apareceram de maneira mais camuflada na comparação com a esquerda pequeno burguesa em geral onde os desvios sempre foram escancarados. O “grande triunfo” da direção do PCO tem sido apresentar uma linha política “fortíssima”, quase impossível de ser questionada. Ao mesmo tempo, o descolamento de um trabalho revolucionário real tem sido gritante.

1.6 Pode existir uma linha política correta desvinculada da prática revolucionária?

Como deve ser avaliada a recente e rápida aproximação do PCO ao PT?

A resposta a essas duas perguntas centrais passa pela análise da evolução da situação política no último período.

1.7 Este documento tem dois eixos principais: 1- A política de conciliação de classes do PCO, que tem colocado a reboque da frente popular de maneira vergonhosa; 2- O burocratismo que tem transformado o Partido numa “máquina de moer militantes”. A direção identifica a construção do Partido com interesses particulares.

1.8 Em relação à política do PCO a reboque do governo do PT, as divergências se acumulam. Com a tese de que o golpe de estado é iminente, o PCO passou a encobrir o plano de ajuste do governo e o fato de que as capitulações do PT têm se convertido numa das engrenagens principais de desenvolvimento das próprias tendências golpistas. As recentes eleições na Argentina, onde a Administração Obama conseguiu impor o neoliberal reciclado Maurício Macri deixaram claro que a política do imperialismo para o próximo período, pelo menos até as eleições norte-americanas do próximo ano, é justamente a de impor essa direita. Se poderá evoluir para ações mais truculentas dependerá do aprofundamento da crise e do acirramento da luta de classes.

Sobre a “Ajuste, o PCO considera que qualquer tentativa de distrair a atenção com o ajuste fiscal seria ir contra a luta contra o golpe. E como não há nenhuma mobilização sobre o ajuste em relação a Dilma, ele não existe na política. O que há é a luta em relação à terceirização e nos estados. Contra o PT não há em lugar nenhum. Essa avaliação oculta que o PT aplica o ajuste porque capitula à direita e que com essa capitulação abre caminho à direita, tal como aconteceu com todos os governos nacionalistas e como acabou de acontecer com Macri.

Mas recentemente, a partir dos últimos meses de 2015, o PCO passou a refletir a política de Wagner Freitas (o “companheiro Wagner Freitas”, como é chamado pelo PCO), o dirigente da CUT, da Articulação Sindical, como linha editorial principal.

1.9 O desenvolvimento burocrático do PCO o fez abandonar a análise da situação política a partir da luta de classes e da dialética marxista para se debruçar na logica formal como meio de blindar a frente popular. Portanto, sua analise é rasa e fora da realidade para a politica regional que esta sendo levada adiante pelo imperialismo na América Latina.

2.10 A evolução da situação política no Brasil deve ser avaliada de maneira concreta e à luz da evolução da situação política internacional. Colocar a questão do golpe como uma cortina de fumaça para encobrir a política de conciliação de classes só pode ser definido como uma traição aos interesses da classe operária.

  1. O contexto histórico da evolução do PCO
  2.  Neoliberalismo, refluxo e burocratização da esquerda

2.1.1 Na década de 1960, os chamados “Anos Dourados” do capitalismo mundial chegavam ao fim nos países desenvolvidos. A crise de 1967 acelerou a inflação e o desemprego. Esta foi a base material dos movimentos estudantis de 1968, que se aceleraram a partir do repúdio à agressão imperialista contra o Vietnam.

2.1.2 Em 1971, a Administração de Richard Nixon, nos Estados Unidos, aplicou o calote da desvinculação do dólar do padrão ouro devido à impossibilidade de enfrentar os crescentes gastos da Guerra do Vietnam. Era o fim da “ordem” estabelecida pelos acordos de Bretton Woods, de 1944, pela qual os Estados Unidos tinham se comprometido a manter a conversibilidade do dólar ao ouro enquanto os demais países passaram a usar o dólar como o principal lastro para as moedas locais.

2.1.3 Em 1974, explodiu a chamada crise mundial do petróleo que esteve na base do colapso das políticas “keynesianas”. A inflação e o desemprego escalaram. As ditaduras militares, que foram impostas pelo imperialismo norte-americano nos países atrasados após o final da Segunda Guerra Mundial, colapsaram. Os mecanismos de contenção do desenvolvimento das tendências revolucionárias apresentaram fraturas por causa da crise capitalista. 

O “keynesianismo” foi a política aplicada pelos governos das potências centrais com o objetivo de conter a crise capitalista aberta em 1929, em cima do aumento dos gastos públicos direcionados, principalmente, para obras de infraestrutura e gastos militares. Mas, na realidade, a contenção da crise de 1929 somente foi possível em cima da brutal destruição das forças produtivas que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. O esforço de reconstrução da Europa em escombros, por meio do Plano Marshall, a partir de 1948, gerou um período de relativa prosperidade nos países desenvolvidos que durou por, aproximadamente, 20 anos e que teve como lápide a crise mundial do petróleo de 1974, em grande medida, impulsionada pelos gigantescos gastos absorvidos pela Guerra do Vietnam.

2.1.4 Um novo ciclo de revoluções se abriu em cima do aprofundamento da crise capitalista. A Revolução de Portugal, de 1974, foi o tiro de largada. A Revolução no Irã, em 1979, foi o ponto culminante. O Irã tinha sido desde o sangrento golpe de 1954, promovido pela CIA contra o governo nacionalista de Mossadegh, o país mais forte do Oriente Médio e o principal instrumento do imperialismo norte-americano para controlar a região. A crise revolucionária que se abriu na Polônia, em 1980, com grandes mobilizações operárias, colocou abaixo os regimes estalinistas na Europa Oriental e na própria União Soviética.

2.1.5 No início da década de 1980, a inflação oficial superou os 20% anuais nos Estados Unidos. A desestabilização social levou o movimento operário a experimentar uma forte ascensão em escala mundial. 

A contenção do movimento operário aconteceu após a derrota da greve dos mineiros do carvão na Inglaterra (1984), que durou um ano, e da greve dos controladores aéreos nos Estados Unidos (1985), que resultou na demissão de 13 mil trabalhadores, e com a entrada dos trabalhadores chineses no mercado mundial ganhando salários miseráveis. Assim começava a aplicação das chamadas políticas “neoliberais”, em escala mundial.

2.1.6 O movimento grevista foi duramente atacado, com demissões das lideranças, além de demissões em massa. Importantes setores industriais foram migrados dos países desenvolvidos para os países atrasados, principalmente para o México, a China e outros países da Ásia. Um novo enorme número de trabalhadores, com salários miseráveis, foi incorporado ao mercado mundial, no final da década de 1980 e no início da década de 1990, a partir do colapso da antiga União Soviética.

2.1.7 O chamado “neoliberalismo” se transformou na política do conjunto da burguesia mundial para conter a crise. A esquerda burguesa e pequeno burguesa em geral, assim como a burocracia sindical, se transformaram em base de apoio e instrumentos dessa política no Brasil e no mundo.

  1.  A ascensão do movimento de massas no Brasil

2.2.1 No Brasil, o movimento de massas, que experimentou forte ascensão no início da década de 1960, tinha sido contido por meio da ditadura militar. O movimento estudantil, em 1968, foi derrotado. Durante o período mais feroz da ditadura, liderado pelo General Garrastazu Médici (1968-1974), foi imposto o truculento AI5 (Ato Institucional Número 5), promulgado no mês de dezembro de 1968. 

2.2.2 As massas foram mantidas pacificadas por meio do chamado “Milagre Brasileiro”. No período, houve abundância de emprego apesar dos salários continuarem baixos e os direitos trabalhistas terem sido atacados pela ditadura militar. O movimento operário, que tinha vivido uma forte ascensão, no início da década de 1960, entrou em sono profundo.

2.2.3 Com a crise mundial de 1974, a situação política evoluiu rapidamente. Nesse mesmo ano, o partido da ditadura, o Arena, sofreu uma expressiva derrota eleitoral para o partido consentido pela ditadura, o PMDB. Em 1977, estourou o movimento estudantil apesar das leis repressivas. Em 1978, entrou em cena o setor de ponta da classe operária, com a greve da Scania, em São Bernardo do Campo, que foi iniciada pelos ferramenteiros, o setor mais qualificado e melhor remunerado dos operários metalúrgicos. Em 1979, aconteceram grandes greves em todo o chamado ABC paulista que, em 1980, se estenderam para a cidade de São Paulo.

2.2.4 A crise foi contida por meio das políticas recessivas implantadas pelo então ministro da Fazenda, Delfim Neto, entre 1980 e 1983. Mas a contenção foi temporária. A situação daquele período apresenta semelhanças com a situação atual.

2.2.5 A política recessiva foi implodida com a vitória eleitoral do PMDB no sudeste, em 1982, e as fortes mobilizações do movimento popular e de desempregados que culminaram com a invasão do Palácio dos Bandeirantes, na cidade de São Paulo, durante o governo de Franco Montoro, em 1983.

2.2.6 No mesmo ano, aconteceu uma nova ascensão do movimento grevista, assim como da luta no campo. No dia 21 de julho, a Comissão Pró-CUT convocou uma greve geral que contou com a adesão de mais de três milhões de trabalhadores. No final do mês de agosto, foi fundada a CUT (Central Única dos Trabalhadores), após os setores classistas da CUT Pela Base terem tomado o controle de mais de 1.500 sindicatos ligados aos pelegos da ditadura militar. A CUT apareceu como a alternativa de massas ao PT que tinha sido rapidamente controlado pela burocracia sindical lulista e os intelectuais pequeno burgueses.

2.2.7 Em 1984, aconteceu a campanha das Diretas Já! que foi contida pela frente popular formada pelo PT, PCB, PDT e PCdoB, e dirigida pelo PMDB.

No ano de 1985, aconteceu o pico da luta operária e camponesa no Brasil. Foram mais de 15 mil greves, grande parte delas radicalizadas. No campo, a luta pela terra entrou em forte ascensão. Foi fundado o MST (Movimento dos Sem Terra), com centenas de milhares de trabalhadores rurais.

2.2.8 O PCO ampliou o trabalho no movimento operário, para várias categorias, e em vários estados do país. Participou da CUT Pela Base que conquistou a maioria da direção da CUT Regional da Grande São Paulo em 1985, com 87% dos votos. No congresso estadual, que aconteceu em meados do ano seguinte, a CUT Pela Base também venceu. No congresso nacional da CUT, que aconteceu a seguir, a CUT Pela Base quase venceu.

2.2.9 A burguesia tentou conter o movimento operário e camponês por meio dos chamados planos Cruzado. Esta foi a base material do fortalecimento da burocracia sindical lulista, agrupada na Articulação, contra a CUT Pela Base, num processo que demorou quase uma década para ser consolidado. Em 1988, a burocracia sindical, com o apoio da esquerda pequeno burguesa, conseguiu paralisar a CUT.

2.2.10 Durante o período, a esquerda pequeno burguesa agrupada no PCB e no PCdoB não participaram da CUT, mas da CGT. Este partido foi trazido para a CUT pela Convergência Socialista (principal grupo que formou o PSTU), já no refluxo, alegando de que se tratava de um “partido operário”.

A derrota do Lula nas eleições de 1989 aconteceu por meio da fraude, encabeçada pela direita pró-imperialista, com a complacência da esquerda burguesa. A vitória do PT teria aberto uma crise revolucionária naquele momento, devido às bandeiras levantadas e a que o movimento operário ainda não tinha sido contido.

2.2.11 Coube ao então presidente Collor de Mello impor as primeiras políticas “neoliberais”, que viriam a ser consolidadas, de maneira um tanto tardia, em relação aos demais países, durante os governos de FHC.

  1.  O refluxo do movimento operário no Brasil

2.3.1 Nos anos de 1990, o movimento operário entrou em refluxo. As políticas aplicadas durante o governo de Fernando Collor levaram ao fechamento de várias indústrias e às demissões em massa.

A última grande greve de uma categoria nacional de ponta, os petroleiros, aconteceu em 1995, e foi quebrada pelo próprio Lula. O movimento metalúrgico tinha entrado em refluxo com os planos Cruzado. As últimas greves metalúrgicas importantes aconteceram em 1991, na cidade de São Paulo, na Metal Leve (zona sul de São Paulo) e na Voight (zona oeste de São Paulo).

2.3.2 O refluxo consolidou o poder da burocracia que passou a dominar amplamente as principais organizações de massas, a CUT, a UNE e o MST. Se consolidou a frente única entre o PT-PCdoB e as organizações da esquerda pequeno-burguesas. As direções traidoras do movimento de massas têm funcionado como freio para evitar a unificação das reivindicações e das lutas. 

2.3.3 Os governos de FHC foram apoiados pela CUT que tinha sido controlada pela ala direita da Articulação, liderada por Vicentinho, o presidente do Sindicato Metalúrgico de São Bernardo do Campo. A esquerda aderiu a essa política ou ficou acuada. O movimento operário ficou acuado por causa das demissões em massa, as privatizações, as terceirizações, os ataques aos direitos trabalhistas, a desaceleração industrial, o fechamento de empresas. O endividamento público escalou, a partir de 1992, quando os futuros três figurões da área econômica do governo FHC (Armínio Fraga, futuro presidente do Banco Central, Pedro Malan, futuro ministro de Fazenda e Murilo Portugal, futuro presidente do Tesouro), num final de semana, em Luxemburgo, que é um paraíso fiscal, conseguiram a “mágica” de quase dobrar a dívida pública brasileira. Era a nova política imposta pelo imperialismo norte-americano, liderada pelo então secretário do Tesouro, Brady. Com os novos títulos ultra podres, que passaram de US$ 60 bilhões para US$ 110 bilhões, foram “compradas” as empresas públicas “privatizadas” por preços obscenos que, na maior parte dos casos, não ultrapassaram um décimo do valor.

2.3.4 Os dois governos de FHC entregaram o Brasil aos monopólios, seguindo a receita do chamado Consenso de Washington (1989), o que acabou provocando um enorme desgaste da direita. Após a crise de 1997, na Argentina, que também tinha sido devastada pelos governos neoliberais de Menem (1989-1999), a crise se aprofundou no Brasil. No início da década passada, aumentou sensivelmente o descontentamento social.

A partir de 2002, as políticas neoliberais implantadas por FHC tinham se esgotado. O movimento grevista começou a despertar, mas foi rapidamente contido com a eleição de Lula à presidência da República, que aconteceu de comum acordo com a direita e o imperialismo. A frente única entre a esquerda frentepopulista, formada pelo PT e pelo PCdoB, e a esquerda pequeno-burguesa, que formava a base de apoio das políticas neoliberais, acabou rachando. A esquerda de conjunto e o movimento operário continuaram paralisados.

2.3.5 A crise do regime político se abriu novamente, com o “escândalo do Mensalão”, em 2004-2005. A direita tentava voltar ao governo desgastando o governo do PT. Essas manobras fracassaram não somente em 2006, mas também em 2010 (primeira eleição de Dilma Rousseff), 2012 (eleição de Fernando Haddad para a Prefeitura da cidade de São Paulo) e em 2014 (reeleição de Dilma).

  1.  Da “marolinha” ao furacão

2.4.1 O colapso capitalista de 2008 foi contido, em escala mundial, por meio da inundação do mercado com crédito, em cima de recursos públicos, a migração de capitais para os países atrasados, a escalada da especulação com matérias primas e, fundamentalmente, com o obsceno repasse de recursos públicos para os monopólios. Essas políticas começaram a apresentar rachaduras, em escala mundial, no ano de 2012. As rachaduras ficaram muito mais evidentes neste ano.

2.4.2 Em 2015, a crise capitalista disparou em escala mundial. A Alemanha e o Japão, as duas principais potências industriais desenvolvidas, entraram em recessão. A América Latina foi atingida em cheio pela queda dos preços das matérias primas e a crescente dependência das importações. A inflação e o desemprego, que constituem dois dos principais sintomas da desestabilização do regime, aceleraram na região.

O endividamento se generalizou em escala mundial e várias bolhas financeiras ameaçam estourar enquanto a economia real entrou em recessão.

2.4.3 O movimento operário ainda se encontra numa situação semi paralisada, tanto no Brasil como em escala mundial, mas têm aumentado os sintomas da movimentação. As greves mais radicalizadas, as que superam os mecanismos de contenção da burocracia sindical, têm acontecido em setores secundários. A movimentação das categorias centrais ainda é incipiente. Os metalúrgicos realizaram algumas greves pela defesa do emprego na Mercedes e na GM em São Bernardo do Campo, mas a burocracia sindical controlou e direcionou o movimento principalmente no sentido de pedir mais recursos do governo para as montadoras. A greve dos petroleiros contra a privatização e o entreguismo, e por melhores condições de trabalho representa um fato de primeira ordem para o movimento operário, um sinal do início da retomada depois de 20 anos de paralisia.

2.4.4 Após o colapso de 2008, a burguesia não conseguiu colocar em pé uma política alternativa ao “neoliberalismo”, que possibilitasse a contenção da crise, devido ao parasitismo galopante.

Para o próximo período, está colocado um novo colapso capitalista mundial que, inevitavelmente, levará a classe operária a entrar em movimento novamente, tanto no Brasil como no mundo.

2.4.5 A retomada do movimento operário da década de 1980 acontecerá numa perspectiva superior, devido ao enfraquecimento do capitalismo em escala mundial. A aceleração do desenvolvimento das tendências revolucionárias, da mesma maneira que aconteceu na década de 1980, colocará a necessidade da formação de partidos operários, revolucionários e de massas, a partir do próprio movimento operário. Já houve alguns sintomas preliminares neste sentido com a tentativa de formação do PT (Partido de los Trabajadores) na Bolívia.

2.4.6 A esquerda atual, que no conjunto é burguesa e pequeno-burguesa, deverá ser varrida do mapa em escala mundial. Uma nova esquerda revolucionária deverá ser formada a partir da ascensão da classe operária.

  1.  Sobre a caracterização do refluxo do MO (Movimento Operário)

2.5.1 Muito já ouvimos de setores da ala direita do PT, a Articulação e da DS (Democracia Socialista) “que o movimento operário está em refluxo e não podemos fazer nada”. Refluxo é um termo fácil de ser interpretado, equivocadamente, de forma absoluta, servindo como justificativa de uma política oportunista, eleitoralista.

2.5.2 A caracterização, em outros momentos, também serviu para combater um desvio ultra-esquerdista de que “há um ascenso permanente e inexorável”, e, nesse sentido, a caracterização de refluxo foi utilizada um pouco unilateralmente para fazer a contraposição ao esquerdismo.

2.5.3 Um aspecto importante a se considerar é a correlação entre Movimento de Massas (MM) e o Movimento Operário (MO). O MM se relaciona com lutas específicas, principalmente de minorias, tais como o Movimento Estudantil, o MST (Movimento dos Sem Terras), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Movimento Negro, Movimento GLBT, Movimentos Populares de Bairros, Movimento de pequenos proprietários, e uma infinidade de outros movimentos de todas as cores, onde também entraria o MO. 

2.5.4 O Movimento Operário (trabalhadores assalariados em geral) é o fator determinante do movimento revolucionário da classe operária, a classe social que tem como missão histórica a derrubada do capital de da exploração do homem pelo homem. Mas não podemos analisá-los de forma estanque, pois eles se inter-relacionam, um influindo no outro, com dinâmicas próprias. E nesse contexto, fluxo e refluxo do movimento tem que ser analisado muito criteriosamente com base na realidade concreta.

2.5.5 A caracterização da situação da classe, de ascenso ou refluxo, é importante, juntamente com a caracterização das outras classes, das instituições burguesas e das organizações classistas, da economia, etc. Sobre esta base, deve ser determinada a política revolucionária para cada conjuntura ou etapa da luta de classes. Considerando, sempre, que caracterização não é uma fotografia fixa do momento, mas sim afirmações resultantes de uma análise dinâmica da realidade, da situação política, indicando o cenário mais provável.

2.5.6 Consideramos acertada a caracterização de ascenso do MM (trabalhadores, estudantes, camponeses e populares urbanos) no início da década de 1960, e que o movimento entrou em refluxo após o golpe militar de 1964, e que retoma o ascenso no final de década de 1970. Mas, o refluxo que aconteceu a partir da década de 1990 deve ser avaliado especificamente, pois não foi o mesmo tipo de refluxo da etapa anterior. 

2.5.7 O ascenso operário e do movimento de massas não foi esmagado pela força bruta, principalmente dos golpes de estado fascistoides. A base material do refluxo da “época neoliberal” teve na base a entrada do mercado mundial de centenas de milhões de operários com salários irrisórios, o que facilitou ataques em cheio contra o movimento sindical e de massas. Mas o movimento não foi derrotado por completo; permanece a resistência aos ataques dos planos neoliberais, mesmo que de maneira parcial e, principalmente, tendo colocado na defensiva as categorias centrais.

2.5.8 Como complemento à mudança da política econômica da burguesia, que acarretou mudanças nos demais setores da sociedade, a principal causa do refluxo do movimento, nas últimas duas a três décadas, foi a atuação de freio exercida pelas direções do MM e do MO. E isso é um fenômeno mundial, porque após a queda do muro de Berlin e do fim da URSS e com a imposição da receita e ideologia neoliberais, houve um giro à direita muito acentuado das direções do MM. No Brasil, a burocratização se fez sentir mais devido à importância da influência do PT e da CUT no movimento. As direções do MM (PT, CUT e todas as outras organizações) vinham sabotando o movimento e lutando contra o ascenso durante toda a década de 1980, tentando desviá-lo para o campo parlamentar, aproveitando a reação democrática do regime burguês nas eleições de 1985, 1986, 1988 e 1989, dirigindo as lutas para freá-las, não unificando-as e não organizando o movimento para prepará-lo para  um enfrentamento maior. Até após a Greve Geral de 1989 a Articulação sair com a consigna “Agora é Lula lá!”, levando a classe de conjunto para a saída institucional em que sai desmoralizada com a derrota eleitoral. A partir daí, e como ala esquerda da nova “política neoliberal”, as direções burocratizadas, que passaram a controlar o grosso do MM e do MO, aprofundam seu desvio à direita, capitularam vergonhosamente para o neoliberalismo, passaram a priorizar a luta pela democracia em geral, atuando principalmente no campo parlamentar, chegando a dirigir parte do aparato estatal, integrando-se definitivamente ao regime burguês, burocratizando seus quadros, atacando a ala classista e chegando até a conquistar a Presidência da República, como aconteceu no caso do Brasil, abandonando de vez o movimento à própria sorte e nas várias reeleições confirmando o seu caráter burguês.

2.5.9 Então não só “o refluxo consolidou o poder da burocracia”, mas também a atuação das direções burocráticas do movimento operário foi uma causa fundamental do refluxo, que, dialeticamente, a beneficiou. 

2.5.10 O refluxo é relativo. O movimento operário e de massas não foi derrotado por completo. Sempre houve lutas de resistência, mesmo que parciais. A “semiparalisia” tende à “movimentação” já que há experiência com as políticas neoliberais e as direções do movimento estão bem mais desgastadas na base, o que favorece uma virada da situação do movimento para um franco ascenso, que virá, mais dia, menos dia, virá.

  1. O desenvolvimento do PCO

3.1  De 1979 a 1989

3.1.1 O PCO foi fundado em 1979 por militantes lambertistas que tinham atuado na Libelu (Liberdade e Luta), a organização que desempenhou um papel importante no movimento estudantil na década de 1970, e da qual também participação organizações como O Trabalho. Nos dias 5 e 6 de janeiro de 1980, foi realizado o I Congresso Nacional que fundou a Organização Quarta Internacional (OQI) com representantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

3.1.2 No início, o PCO era uma organização pequena e, fundamentalmente, centrista que se incorporou ao PT. Em grande medida, era orientada pelo PO (Partido Obrero) argentino, por Pablo Rieznik, que estava exilado no Brasil, e por Jorge Altamira, o principal dirigente do PO. No II Congresso, realizado em 1982, o partido quase foi implodido por causa das divergências internas. Em 1983, no III Congresso, divergências sobre o trabalho sindical levaram ao racha de militantes que, três anos mais tarde, formaram o T-POR, ligado ao POR da Bolívia.

3.1.3 No período de ascensão operária, em 1985 e 1986, o PCO teve um certo destaque em alguns lugares onde atuava, como em Diadema e Brasília, e, posteriormente, em Volta Redonda. A OQI atuou na formação da Oposição Sindical chamada CUT Pela Base.

3.2  A crise das eleições de 1989

3.2.1 Em 1989, quando foi constituída a Frente Brasil Popular, a direção do PCO teve dificuldades para entender o caráter da Frente e a política a ser seguida. Foi lançada uma edição do Jornal Causa Operária com um editorial chamando o voto na “Frente Operária” constituída em torno da candidatura de Lula, a saber, o PT, PCdoB e PSB. Após a intervenção direta do Jorge Altamira, do PO, essa edição do Jornal foi recolhida e o novo editorial mudou a política do PCO em relação à frente popular. A “Frente Operária” passou a ser caraterizada como uma frente popular, de conciliação de classes. A campanha em defesa da candidatura Lula passou a ser feita de maneira independente da Frente Popular. Esse desvio oportunista da direção do PCO está sendo repetido hoje, mas de maneira consciente, quando o Partido foi colocado a reboque da ala direita do PT, a Articulação.

3.2.2 Em 1989, se iniciou o processo de expulsão do PCO do PT, pela direção da Articulação com o apoio dos demais grupos, devido à oposição à política oportunista de escolher o latifundiário gaúcho, Paulo Bisol, como vice-presidente do Lula. O processo se completou em 1992, com o apoio de todas as correntes pequeno burguesas que atuavam no PT.

3.2.3 Com a expulsão do PT, a crise do PCO, que então era chamado de Tendência Causa Operária, escalou. Grande parte dos militantes se afastaram e acabaram sobrando somente 36. Em Brasília, Bahia e Diadema o trabalho do Partido foi implodido.

3.2.4 A posição do PCO era lançar o Partido junto com uma campanha de denúncias sobre a expulsão do PT. A direção do PO pressionou para que o PCO se aproximasse da então Convergência Socialista, que, também foi expulsa do PT. 

3.2.5 Depois de expulsa do PT, a então Tendência Causa Operária foi proibida de intervir na chamada Frente Revolucionária, composta pela Convergência Socialista e outros agrupamentos, que se juntaram na formação do PSTU. A proscrição foi uma manobra da Convergência para empurrar os demais grupos para a formação de um novo partido. O PCO ficou um ano no “limbo” enquanto esperava a formação do PST (Partido Socialista dos Trabalhadores), impulsionado pela Convergência Socialista. 

3.2.6 O ingresso do PCO ao PST, que, posteriormente, acabou sendo denominado PSTU (Partido Socialista Unificado dos Trabalhadores), foi rejeitado pela Convergência. 

As relações com o PST começaram a azedar, conforme a pressão pessoal do Jorge Altamira aumentou, pois havia o interesse do PO de disputar o espólio do MAS argentino que tinha implodido depois da morte de Nahuel Moreno. Altamira convenceu o Rui a ir à casa do Valério Arcary, e o levou pessoalmente, para pedir ingresso no PST. Os morenistas já haviam inventado um código de ética para impedir a intervenção do PCO na Frente Revolucionária.

3.3  De 1991 até 1995

3.3.1 Em 1991, durante as discussões sobre o colapso da União Soviética os militantes do Ceará, encabeçados pelo Cândido, que tinha atuação nos bancários, racharam com o PCO e formaram a LBI (Liga Bolchevique Internacionalista), ligada aos “espartaquistas” norte-americanos.

3.3.4 Entre 1991 e 1995, a atuação do PCO aconteceu como uma corrente política, não formalmente como um partido, em uma situação de refluxo do movimento operário, de profundo ataque do governo FHC, de isolamento total da organização. Foi um período muito duro em que quase toda uma geração de militantes foi perdida.

3.3.5 A principal atuação do PCO, no final da década de 1980 e início da década seguinte, aconteceu na categoria dos Frios, onde dirigia o Sindicato. A ascensão da época da ocupação do Frigorífico Pedroso tinha se esgotado. As grandes empresas do setor passaram a transferir as principais plantas industriais para outros estados. Uma parte da diretoria entrou em choque com a direção do Partido e pediu o afastamento do Rui Costa Pimenta, o presidente do PCO, como assessor do Sindicato, do qual recebia um salário. Por meio de uma manobra, o Rui afastou e expulsou os diretores Carlúcio e Aurea e colocou, no lugar, elementos de outras categorias, como o Gilson e, posteriormente, o Júlio Marcelino (o Julinho), o ex securitário que é presidente do Sindicato até hoje. O Sindicato dos Frios acabou se transformando num sindicato cartorial, em parte, devido à repressão promovida pelas empresas, mas, em primeiro lugar, devido à política do PCO de direcionar os recursos para outras atividades, como a atuação em outras categorias.

3.3.6 No período, se abriu uma crise entre o PO e o POR boliviano que levou ao afastamento entre os partidos. O trabalho internacional acabou ficando muito enfraquecido.

3.3.7 O PCO, perante as dificuldades enfrentadas no movimento operário, fez uma importante aposta com o objetivo de ganhar o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda.

3.3.1  Volta Redonda – CSN e racha da “Vanguarda Metalúrgica”

3.3.1.1 A tentativa da direção do PCO de ganhar o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda levou ao confronto aberto com os pelegos da Força Sindical e à intervenção do Exército e da burocracia sindical cutista. Dois operários tinham sido mortos pelo Exército em 1988. O PCO acabou sendo derrotado nas eleições sindicais, do início da década de 1990, que foram controladas diretamente pela Empresa e pelo estado. Uma parte dos militantes rachou com o Partido e acabaram formando a “Vanguarda Metalúrgica”, liderada pelo ex operário da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), de Volta Redonda, e principal liderança, o Cerezo.

3.3.1.2 Logo após a vitória de FHC nas eleições presidenciais de 1994, aconteceu uma plenária nacional, com a presença do Jorge Altamira, que coordenou a plenária. O principal assunto da plenária foi a avaliação da derrota do Partido nas eleições de Volta Redonda e o racha do grupo que viera se denominar Vanguarda Metalúrgica.

Jorge Altamira atacou a direção do PCO, o que incluía, em primeiro lugar o Rui Costa Pimenta, com a caracterização de que a direção havia caído no oportunismo clássico “embriagada pelo aventureirismo sindicalista”. A dilapidação dos recursos financeiros, da política e da história da organização, que incluía a “compra” de militantes em Volta Redonda, segundo Altamira passava pela ilusão de que o imperialismo e a burguesia iriam permitir que uma organização revolucionária tomasse a direção do sindicato dos metalúrgicos responsável pela organização dos operários da CSN no período de refluxo e que, na época, era a bola da vez das maiores privatizações que estavam em curso desde a Nova República. A CSN acabou sendo privatizada pelo de governo Itamar Franco, governo este que já apresentava características frentepopulistas.

Por outra parte, quando a direção do PCO decidiu apostar as fichas em Volta Redonda, o trabalho nas demais frentes se encontrava implodido.

A crise aberta pela derrota na CSN levou a uma nova crise acelerando a crise no PCO que tinha se aberto com a expulsão do PT. O Partido enfrentou os anos seguintes submergido em grave crise e conseguiu se reagrupar, parcialmente, com a campanha pela legalização. 

3.4 De 1996 a 2002

3.4.1 Em 1995, Jorge Altamira aumentou a pressão no sentido da unidade do PCO com o PSTU, em primeiro lugar, devido à situação política na Argentina. O MAS (Movimento ao Socialismo) tinha implodido, após a morte de Nahuel Moreno, e Altamira buscava a aproximação com alguns desses grupos morenistas. 

3.4.2 O PCO foi legalizado, em 1996, contra as orientações do PO. As tensões entre as direções dos dois partidos escalaram. O argentino Coggiola, hoje militante da CRQI Brasil e professor da USP, tinha rompido com o PCO. O Jorge Altamira chegou a fazer várias reuniões com Coggiola e outros ex militantes sem procurar a direção do PCO.

3.4.3 Em 1998, o PO chamou o voto crítico na candidatura do Zé Maria, do PSTU. A direção do PCO, encabeçada pelo Rui Costa Pimenta, chamou a votar no Lula, com Leonel Brizola como vice. Lula foi derrotado no primeiro turno das eleições, no contexto da frente única montada pela direita em torno ao Plano Real, e FHC foi reeleito para o segundo governo. O PSTU acabou obtendo 500 mil votos nessas eleições.

Dessa campanha eleitoral, data um dos fatos que mais modelou a atuação da direção do PCO. O Rui Costa Pimenta orientar a fazer filiações em massa, sem qualquer critério político. Foram filiados todo tipo de elementos, inclusive elementos abertamente direitistas. Muitos desses direitistas tiveram que ser depurados, em várias partes do Brasil, devido à atuação abertamente antipartidária. O Rui Costa Pimenta passou a centralizar diretamente o controle da incorporação e expulsão dos militantes e filiados. Esse processo se acentuaria em 2003, quando o PCO passou a receber o Fundo Partidário, e ainda mais em 2008, quando, após ter sido suspendido, passou a recebe-lo novamente.

3.4.4 De acordo com a direção do PO argentino, apesar dos limites do programa democratizante do PSTU, esses votos representavam uma tendência de todo um setor das massas em romper com a política e o programa de colaboração de classes da Frente Popular. O PSTU ficou, num certo sentido, embriagado com os resultados e, logo, tirou a conclusão de que não conseguiria avançar, no terreno eleitoral, por causa das próprias limitações, e começou a fazer propaganda por um novo partido. A iniciativa do PSTU acabou resultado na fundação do Psol, em 2006, sem o PSTU. O PSTU, portanto, é o pai rejeitado do PSOL.

3.4.5 Após o colapso da atuação do PCO nas categorias dos Metalúrgicos e dos Frios, os Correios se tornaram a frente mais importante de atuação nacional. Alguns quadros do Partido foram direcionados para os Correios, como Anaí Caproni, a esposa do Rui Costa Pimenta, em 2003.

3.4.6 A prática do PCO, aplicada entre 1998 e 2002, de filiar muitas pessoas, sem critérios políticos classistas, buscando lançar candidaturas, das quais a maioria não tinha qualquer comprometimento ideológico, e nem sequer político, com o programa do Partido, foi mantida até hoje nas campanhas de filiação que continuaram atraindo todo tipo de oportunistas. O objetivo é atender as normas ultra burocráticas do TSE e, também, de passar a impressão de um certo tamanho artificial, o que também é a prática corrente de todos os demais partidos legais.

3.4.7 Em grande medida, o principal dirigente do PCO, Rui Costa Pimenta, encabeçou a defesa contra a implosão do Partido. Na década de 1990, num certo momento, quase todos os militantes tinham abandonado o Partido e até o próprio Rui Costa Pimenta teria cogitado a possibilidade de voltar a trabalhar como jornalista. Nesse contexto, o Rui Costa Pimenta desenvolveu uma série de métodos e mecanismos para apertar os controles em torno dele mesmo. A intervenção, em detalhes, em todos os aspectos da vida partidária, acabou conduzindo a um centralismo burocrático. O desenvolvimento de um círculo de militantes do segundo nível, que incluíam familiares, criou a política de alguns privilégios e tratamentos diferenciados para evitar que quebrassem ou, pelo menos, para evitar que abandonassem a militância por completo. A busca pela “disciplina obediente” acabou fortalecendo a “tese” de que os militantes são idiotas. Esses e outros mecanismos defensivos foram colocados em pé na época do refluxo, mas fazem parte da estrutura burocrática do PCO até hoje.

3.5  De 2002 até 2008

3.5.1 O movimento operário entrou em ascensão, no início da década passada, por causa da crise dos governos neoliberais de FHC. O PCO obteve alguns sucessos, em algumas categorias, mas a ascensão acabou sendo contida com a eleição de Lula e o atrelamento dos movimentos sociais ao governo do PT.

3.5.2 Em 2002, o PCO lançou candidatura própria para a Presidência da República.

3.5.3 Alguns sucessos no movimento sindical foram abortados e contidos com a chegada do Lula ao governo em 2003.

3.5.4 Em 2008, o PCO começou a receber o Fundo partidário, o que representou mais um marco no processo de burocratização do Partido. O Fundo passou a ser controlado diretamente pelo Rui Costa Pimenta e Anaí Caproni. As condições de vida desses dirigentes melhorou, de maneira muito diferenciada.

3.5.1  A CRQI

3.5.1.1 Em 2004, o ano em que a CRQI (Comitê pela Reconstrução da Quarta Internacional) foi fundada, por iniciativa do PO argentino, lhe foi proposto à LIT, a organização internacional do PSTU, que se juntasse no Congresso, que fosse realizado um congresso unitário. Isto não aconteceu porque os morenistas não aceitaram, mas acabou evoluindo para a FIT (Frente de Esquerda), na Argentina, no início desta década. 

Vários dos partidos/ grupos que se integraram na CRQI não desenvolviam um trabalho prático e nem sequer tinham um jornal, como era o caso dos norte-americanos e dos britânicos.

Rui Costa Pimenta e Anaí Caproni passaram a integrar a direção da CRQI pelo PCO. 

3.5.1.2 A CRQI estruturou o programa em cima de 12 pontos principais que passaram a ser divulgados na revista “Em Defesa Do Marxismo”.

3.5.1.3 As tensões entre o PCO e o PO continuaram aumentando devido às pressões do PO no sentido da unificação com o PSTU. 

No 1o de maio do ano 2000, o Rui Costa Pimenta tinha sido agredido fisicamente por militantes do PSTU. Aconteceram várias reuniões na USP com a direção do PSTU e da LIT, nas quais o Rui Costa Pimenta compareceu visivelmente contra a vontade. Em outra delas, que aconteceu no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o Rui Costa Pimenta compareceu com seguranças, o que aumentou o conflito com o Jorge Altamira. 

3.5.1.4 Até a eleição do Evo Morales na Bolívia, Jorge Altamira tinha grande influência na linha política internacional do Jornal Causa Operária. Desse período, datam as últimas publicações do Altamira em Causa Operaria.

3.5.1.5 Entre 2006 e 2008, o PCO começou a se afastar da CRQI. A ruptura acontece em 2008, quando o PCO passou a receber o Fundo Partidário. Este fato e este contexto não representaram uma mera coincidência.

3.5.1.6 O PCO não elaborou nenhum documento público sobre a ruptura com a CRQI, simplesmente se afastou de uma maneira muito similar à da maioria dos militantes do PCO quando se afastam do Partido. Exatamente da mesma maneira, alegou que o PCO não tinha diferenças com a política geral da CRQI e do PO. As diferenças estariam relacionadas com os métodos da direção do PO e, principalmente, com questões financeiras, como as altas quotas impostas ao PCO. Qualquer semelhança com alguns do métodos corriqueiros da direção do PCO não é mera coincidência.

3.5.1.7 No mesmo período, o PO passou a adotar uma política no sentido da aproximação não somente com os morenistas, mas também com os partidos anti-capitalistas. Essa política culminou com a FIT e no abandono, na prática, do trabalho internacional, após ter apoiado partidos como o próprio Syriza grego nas eleições, apesar da existência na Grécia de uma seção nacional da CRQI, o EEK.

3.6  De 2008 a 2014

3.6.1 O Fundo Partidário do PCO passou a ser controlado diretamente por Rui Costa Pimenta e Anaí Caproni.

3.6.2 Do início dessa época, datam as brigadas de venda do Jornal Causa Operária que, fundamentalmente, passaram a vende-lo de maneira não militante, mas como meros vendedores, por exemplo, nos aeroportos.

3.6.3 A Senapro (Secretaria de Agitação e Propaganda) passou a ser integrada, principalmente, por jovens, na maioria estudantes universitários do interior do Estado de São Paulo, que se integraram no Partido. Uma parte deles passou a morar na Comuna.

3.6.4 A direção do Partido chegou a divulgar a tese de que era bom ter elementos pequeno burgueses na Senapro porque eles eram educados e sabiam escrever. Somente um único militante desse grupo ainda se encontra no PCO, o Henrique Áreas Araújo.

3.6.5 O grosso da atividade do Partido continuou sendo orientada a atividades de arrecadação financeira.

3.6.6 A atividade sindical continuou muito sucateada.

3.6.7 Algumas frentes de atuação começaram a prosperar a partir de 2012, quando os mecanismos de controle da crise no Brasil e no mundo se enfraqueceram. No movimento popular, o PCO passou a atuar na periferia da cidade de São Paulo, em Vargem Grande, na região de Parelheiros. 

Nos Correios, o PCO lidera a derrota da burocracia sindical da Articulação na Fentect (Federação dos Trabalhadores dos Correios), como fruto do trabalho de agrupamento dos setores centristas. Mas o trabalho na Fentect ficou paralisado em parte pela paralisia do movimento, mas, principalmente, pelo fraco controle da diretoria e, ainda mais, pela falta de atuação real na base.

3.7 Teses 

TESE 1: Os métodos desenvolvidos no período de refluxo foram incorporados ao funcionamento do PCO; foram mantidos, desenvolvidos, e se encontram na base da atuação interna até hoje.

TESE 2: O PCO não ficou imune ao processo de burocratização generalizado da esquerda. Esse processo cresceu, se fortaleceu, continua ativo e avançando até hoje.

TESE 3: Alguns desses métodos podem ter a influência do PO (Partido Obrero argentino), particularmente do Jorge Altamira.

TESE 4: Os métodos burocráticos do PCO se converteram num entrave para a luta revolucionária e empurraram o Partido para uma atuação oportunista.

  1. O PCO a reboque da Frente Popular

4.1  Teses

TESE 5: A linha política do PCO evoluiu para se colocar a reboque da Frente Popular, de maneira aberta, no segundo semestre de 2015.

4.2  O Ponto de Virada

4.2.1 Toda a política que o PCO desenvolve, neste momento, representa somente a consequência natural da influência das pressões da época do refluxo que se acentuaram, desde 2008, quando a direção do Partido passou a receber o Fundo Partidário, que passou a ser controlado diretamente por Rui Costa Pimenta e Anaí Caproni.

4.2.2 O ponto de “virada” da direção do PCO no sentido da aproximação com a burocracia do PT e da frente popular, a reboque do ultra-retardatário nacionalismo burguês, se acelerou após a perda da relação com os sindicatos de BH e a ameaça da perda do Fundo Partidário e até da própria legenda, em 2015.

4.2.3 A nova política do PCO foi colocada em prática, de maneira clara, a partir da greve dos professores do Estado de São Paulo e do Congresso da CUT, que aconteceram em 2015.

4.2.4 Após o TSE ter anunciado novas regras que, na prática, deixariam o PCO sem o Fundo Partidário, sem o acesso gratuito à televisão e com a possibilidade de ter a legenda caçada, a direção do PCO intensificou a propaganda em relação ao perigo iminente do golpe de estado no Brasil e à necessidade de apoiar o PT a qualquer custo. As relações incestuosas evoluíram rapidamente. O PCO passou a avançar rapidamente no sentido da dissolução no nacionalismo burguês. Um marco desta política, que deverá ser observado de perto, são as próximas eleições municipais, que acontecerão em 2016.

4.3  A crise com os sindicatos de Minas Gerais

4.3.1 Após as eleições nacionais de 2014, o PCO entrou em grave crise. Vários militantes se afastaram do Partido e o descontentamento com os métodos burocráticos se generalizou.

4.3.2 Em abril de 2015, a direção do PCO entrou em colisão aberta com a direção do Sintect-MG (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais) por causa do apoio deste a determinados candidatos nas eleições da diretoria do Postalis. O Pedro Paulo, o secretário geral do Sintect-MG, reconhece que o candidato que ele apoiava, era um elemento do PT ligado à Empresa e que o objetivo teria sido “criar um entrevero entre eles”, mas que a questão estava colocada havia dois meses. A direção do PCO levantou o voto nulo “para que o Postalis esteja sob o controle dos trabalhadores”.

4.3.3 A direção do PCO enviou dois dirigentes a Belo Horizonte, onde ficaram uma semana. A tentativa de enquadrar as direções do Sintect-MG e do Sindados foi realizada de maneira burocrática, o que escalou as tensões.

4.3.4 Os militantes de Belo Horizonte romperam com o PCO alegando discordar com os métodos burocráticos da direção, principalmente, em relação ao tratamento dos militantes, aos próprios métodos burocráticos e às questões financeiras. As ajudas realizadas pelo Sintect-MG e pelo Sindados ao PCO foram cortadas.

4.3.5 Os militantes e ex militantes de Minas Gerais elaboraram um documento que foi enviado à direção do PCO. O documento não foi respondido pela direção do PCO e não veio a público.

4.3.6 O rompimento entre os militantes de Minas Gerais e a direção do PCO se aprofundou durante o Congresso da Fentect (Federação dos Trabalhadores dos Correios). De acordo com os militantes de Minas Gerais, eles teriam sido contatados pela direção do PCO que teria colocado que a tese deles era muito similar à do PCO e que ambas deveriam ser unificadas. Como os militantes de Minas Gerais rejeitaram a proposta, a direção do PCO teria passado a dizer que a tese seria a mais direitista das que foram apresentadas no Congresso.

4.3.7 Os militantes do Sintect-MG teriam chegado ao Congresso da Fentect com 23 delegados e teriam saído com 47 após as alianças que costuraram. A partir daí, surgiu a disposição de criar uma organização política própria. O PCO não conseguiu eleger nenhum diretor para a nova diretoria da Fentect, perdendo as três vagas que tinha na diretoria anterior.

O PCO publicou algumas matérias sobre o rompimento dos militantes de Minas Gerais. A principais delas, assinado por Henrique Áreas de Araújo, e intitulado “De 0 a 100 km à direita em 30 segundos”, o racha é qualificado como o mais direitista de todos os que o PCO já teve. Ver http://www.pco.org.br/movimento-operario/de-0-a-100-km-a-direta-em-30-segundos/apps,y.html Essas matérias do PCO não foram respondidas publicamente pelos militantes de Minas Gerais.

4.3.8 Independentemente, da avaliação do PCO, o fato é que o relacionamento do PCO com os militantes de Minas Gerais sempre foi oportunista e, em grande medida, orientado por questões financeiras, pelos contatos com a burocracia sindical e pela possibilidade de intervir na categoria dos Correios a partir do aparato sindical do Sintect-MG.

Após o principal dirigente do Sintect-MG, o Pedro Paulo, ter aumentado os conflitos com Anaí Caproni, aproximadamente em 2003, quando Anaí começou a atuar nos Correios, as relações pioraram e azedaram a partir de 2008.

Na campanha presidencial de 2014, o Rui Costa Pimenta não foi a Belo Horizonte. Da mesma maneira, nunca tentou colocar às claras uma discussão política com o PP por temor a um racha público. O Sintect-MG, durante anos, era apresentado como um sindicato que o PCO dirigia, apesar das divergências serem gritantes.

4.3.9 Os militantes da direção do PCO que recebiam a tarefa de controlar/ dirigir Minas Gerais não recebiam orientações claras e nunca eram militantes da frente dos Correios. A intervenção de Rui Costa Pimenta e da Corrente Ecetistas Em Luta era pontual e nunca evoluiu na direção de um acordo ou de um racha com o principal dirigente do Sintect-MG, o Pedro Paulo. O objetivo da Direção Nacional do PCO era manter uma aparência, manter os números relacionados com militantes e a participação nos Acampamentos de Férias, festas de Réveillon, primeiros de maio e outras.

4.4 Greve dos professores em São Paulo

4.4.1 Durante a greve dos professores do Estado de São Paulo, que durou 92 dias e finalizou em junho de 2015, as relações do PCO com a burocracia sindical da Articulação do PT se fortaleceram. O Antônio Carlos (Toninho), um dos principais dirigentes do PCO e ativista na categoria, estreitou os contatos com Maria Izabel Noronha, a Bebel, a presidente da Apeoesp (Associação dos Professores do Estado de São Paulo), e o Roberto Guido, da Comissão Executiva da Apeoesp, entre outros membros da burocracia. 

4.4.2 O PCO passou a atuar na linha de frente dos ataques contra a esquerda pequeno burguesa, principalmente o Psol e o PSTU, coisa que a burocracia sindical, por causa da própria política, não o conseguia fazer. A orientação passada aos militantes do PCO, pela direção, foi que a Bebel teria evoluído à esquerda e que não era o caso de atacar o PT porque estaria atuando bem.

Avaliação da direção do PCO: 

A greve da Apeoesp teria sido influenciada pela atuação da Bebel, que teria sido muito positiva. A relação do PCO com a CUT teria sido uma “decorrência da nossa política, da luta de classes, como complemento do que escrevemos e publicamos no Jornal, baseado nas contradições do PT, da frente popular”. Eles estão divididos, são obrigados a conciliar com a direita, ao mesmo tempo que procuram responder à classe operária, aos sindicatos. A relação do PCO com o PT seria que o PCO acordou ao golpe antes de todo mundo e o PT acordou mais tarde. O PCO tem o seu programa. O do PT é outro, e, por esse motivo, ambos partidos não deveriam ser confundidos. Teria sido a direção da CUT que teria procurado o PCO. Esta, supostamente, seria a política que Trotsky adotou na Alemanha. Ele chamava a lutar contra o fascismo. 

4.4.3 O PCO avançou rapidamente no sentido de se atrelar à frente popular liderada pelo PT. A questão do golpe foi transformada numa defesa cega do governo do PT, muito além do golpe. As críticas contra o “ajuste” desapareceram. Essa política ficou ainda mais clara no Congresso da CUT, que aconteceu no mês de outubro de 2015.

4.4.4 A escalada das relações com a burocracia da Articulação, do PT, diminuiu o ritmo da desintegração do PCO, que enfrentava uma crise enorme, uma grande desmoralização dos militantes. Os atos e manifestações em apoio a Dilma se tornaram o ponto central para a venda do Jornal Causa Operária. Em uma desses manifestações, foram vendidos 400 jornais, o que foi muito comemorado pela militância. A “sensação” era de que, finalmente, se havia quebrado uma barreira.

4.4.5 Até o mês de agosto de 2015, ainda apareceria na imprensa do PCO alguma referência a “um chamado à construção de um verdadeiro partido de trabalhadores, superando pela esquerda a crise política, impedindo que a direita tome o governo e, ao mesmo tempo, denunciando o governo e os ajustes.” Depois, essas colocações, mesmo que formais, se tornaram cada vez mais raras. Em novembro, apareceram outras referências, no mesmo sentido, provavelmente, por causa da pressão de ex militantes. Mas a questão da defesa do governo do PT e do silenciamento do ajuste tem sido mantidos como política declarada. 

4.4.6 Durante o CECUT (Congresso Estadual da CUT) de São Paulo, que aconteceu no final do mês de agosto, as relações do PCO com a Articulação se estreitaram ainda mais. Wagner Freitas, o presidente nacional da CUT, chegou a dizer para um dos militantes do PCO, no CECUT, que a direção do PCO devia procura-lo para que ele pudesse fazer uma doação mensal.

Não por acaso, a imprensa do PCO tem se tornado uma defesa sem escrúpulos do “companheiro Wagner Freitas”.

4.5  Congresso da CUT

4.5.1 O Congresso da CUT aconteceu entre os dias 13 e 16 de outubro, na cidade de São Paulo.

Durante o Congresso da CUT, o PCO participou com dois delegados formais, o Antônio Carlos Silva (professores) e o Ricardo (bancário de Brasília), mas quatro professores ostentaram crachás de delegados e tiveram os custos pagos pela Bebel da Apeoesp. Somente o custo de cada uma das inscrições foi de R$ 1.800.

4.5.2 Durante o Congresso, os delegados do PCO não entraram em nenhuma polêmica importante. Os delegados simplesmente votaram junto com o Wagner Freitas, o presidente da CUT, em todos os assuntos.

4.5.3 Na avaliação que o PCO fez do Congresso, não houve nenhuma avaliação dos golpes aplicados pela Articulação, particularmente pelo grupo de Wagner Freitas. Ver “XII Concut – Um primeiro Balanço – Um passo adiante e nada mais” em http://www.pco.org.br/movimento-operario/um-passo-adiante-e-nao-mais/sipb,y.html 

4.5.4 O ponto principal sobre o qual se abriu uma crise enorme no Congresso foi a questão do PPE, o programa do governo que busca reduzir a jornada e os salários, como já o fez nos metalúrgicos, com o objetivo de manter os lucros dos capitalistas. Uma ala da Articulação, encabeçada por Jaci Afonso, e vários ConCUTs estaduais não concordaram com a aprovação do PPE. Wagner Freitas manobrou e fez o Congresso inteiro o engolisse. O PCO ficou mudo e calado e não falou nada sobre essa questão. No entanto, a crise foi gigantesca. 

4.5.5 Jaci Afonso rachou com o grupo liderado por Wagner Freitas e declarou a saída da Executiva e da CUT Nacional, e a concentração das atividades na Federação dos Bancários. Um terço dos participantes do Congresso acabaram abandonando o plenário junto com ele. O PCO não comentou nada sobre o racha.

4.5.6 A Articulação de Esquerda criticou fortemente a questão do PPE e da abertura do SUS (Sistema Único de Saúde) para o capital estrangeiro.

Os relatórios estaduais que rejeitavam essa abertura não foram apresentados no Congresso. A questão foi encaminhada diretamente pela CNTE e não entrou no documento porque não foi discutida. O PCO não abriu a discussão nem se posicionou.

4.5.7 Também foram aplicados outros golpes pela ala da burocracia ligada ao Wagner Freitas. A proporcionalidade das mulheres nos cargos da CUT, por exemplo, foi ignorada. 

4.5.8 O descontentamento com a burocracia também se fez presente em outros setores que participaram do Congresso, como nos representantes da agricultura familiar, que são fortes nas manifestações devido à burocracia não mobilizar os trabalhadores. Mas a representação deste setor na CUT é ínfima, além de terem pouco espaço na entidade em geral. O papel deles é basicamente fazer número.

4.5.9 Os representantes da juventude também reclamaram da burocracia. Entre as colocações, eles disseram que gostariam de fazer reuniões a cada seis meses, que contavam com poucos trabalhadores e que agregavam principalmente estudantes devido à paralisia burocrática.

4.5.10 O PCO não interveio em nenhuma questão, a não ser numa única fala sobre o golpe, e votou sempre alinhado com o grupo de Wagner Freitas. O boletim que foi panfletado estava focado no fechamento de vagas pelo governo do Estado de São Paulo e não disse nada concreto sobre as questões que estavam em pauta no Congresso. Ao mesmo tempo, enquanto o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin, está fechando escolas, o PCO paralisou o trabalho da Juventude e se focou em negociar cargos e outros benefícios com a burocracia. Neste momento, embora a situação política seja favorável para fortalecer o trabalho de base, como o demonstram as ocupações de escolas em São Paulo os grêmios não fazem nada, nem sequer publicam um jornal ou boletim.

4.6 As relações incestuosas do PCO com o PCdoB

4.6.1 As relações do PCO também evoluíram rapidamente com o PCdoB, que, além de ser um integrante do governo, foi “remoçado”, na imprensa do PCO, de “partido burguês e corrupto” para um partido de esquerda junto com o PT e o PCO. Dentre as “recompensas” recebidas pelo PCO, a UEE (União Estadual dos Estudantes), controlada há anos pela UJS (União da Juventude Socialista), que é um braço do PCdoB, cedeu um diretor em São Paulo, que foi preenchido por Rogério Lucena, sem o PCO nem sequer ter participado no Congresso. Simplesmente, a UJS cedeu o cargo no pleno da entidade. A UEE postou, no dia 8 de agosto no perfil do Facebook, uma foto intitulada “Nova Diretoria da UEE-SP (Gestão 2015-2017)”, onde aparece o Rogério.

4.6.2 Rogério Lucena acabou se afastando e rompendo com o PCO. A direção do Partido avançou para eleger um delegado ao Congresso da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundarista), o João Vítor, com o objetivo de também ganhar um cargo com o apoio do PCdoB.

4.6.3 O PCO manteve a mesma moeda de troca que tem utilizado nas negociações com a burocracia sindical; se converteu na ferramenta de ataque contra a esquerda pequeno-burguesa, principalmente o Psol. A UJS não teria condições de fazer isso por causa da própria política ultra oportunista.

4.7 PCO – A reboque do “ajuste” do governo Dilma, ou o “golpe” do golpe

4.7.1 A política do PCO tem se transformado numa defesa cega do governo do PT. As denúncias contra o governo são poucas e superficiais. Elas começaram a ficar cada vez mais raras desde o início de 2015 e se tornaram ainda mais raras a partir de agosto. 

4.7.2 Muitas das críticas da imprensa do PCO ao PT são direcionadas contra membros do governo que não pertencem à Articulação, com quem o PCO mantem o grosso dos acordos. José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, que tem sido um dos principais alvos das críticas, é membro da Mensagem/ Democracia Socialista, assim como o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência.

4.7.3 Não há nenhuma tentativa de mobilizar os trabalhadores para resistir ao “ajuste” do governo do PT. Na visão da direção, somente haveriam duas políticas possíveis, ou se colocar a reboque do PT ,“em defesa da democracia”, contra o golpe ou o se colocar a reboque da direita com o “Fora Dilma”.

4.7.4 O PCO abandonou a luta até pelas reivindicações democráticas levantando a necessidade de se colocar a reboque do PT por causa do perigo do golpe. Da conciliação de classes, o PCO evolui rapidamente no sentido da dissolução no nacionalismo burguês, o que representa a típica política da frente popular na qual já tinha ensaiado os primeiros passos em 1989.

A questão do perigo do golpe de estado contra o governo do PT acabou se tornando uma cortina de fumaça para esconder a política orientada à conciliação de classes e ao oportunismo sorrateiro.

De acordo com a direção do PCO, o PCO teria sido fator fundamental para parar o golpe. A reação que houve da classe operária, principalmente por meio das greves dos professores em São Paulo e no Paraná, levou à aparição de dois polos: a CUT e a direção do PT que não queria falar em golpe. Um setor da CUT se aproximou do PCO. O Wagner Freitas disse que havia que pegar em armas. Em cima dessa avaliação, o PCO tem se convertido em mais “papista que o Papá”, um defensor incondicional da frente popular.

No programa que foi ao ar no dia 31 de dezembro de 2015, o PCO somente falou na necessidade da defesa do governo do PT. Nada sobre as ocupações das escolas, nada sobre o “ajuste” contra os trabalhadores (que, supostamente, seria totalmente secundário), nada sobre a necessidade da organização dos trabalhadores de todos os setores da burguesia, nada sobre a construção de um partido revolucionário.

4.7.5 A política golpista tem sido desacelerada na América Latina pela Administração Obama devido às contradições internas do imperialismo norte-americano, onde a ala extrema direita desponta sobre fartos recursos dos monopólios. Obama encabeça a ala da direita tradicional do imperialismo, que conta com Angela Merkel e François Hollande como aliados, e que busca fortalecer a própria política às vésperas das eleições nacionais nos Estados Unidos que acontecerão em 2016. O foco total foi colocado na estabilização do Oriente Médio.

A histeria da direita golpista ficou rala nas eleições da Venezuela, de dezembro de 2015, até depois da vitória esmagadora do dia 6 de dezembro de 2015 e de ter tomado posse, com várias restrições impostas pelo chavismo, no dia 5 de janeiro de 2016. Alguns meses antes, Obama chegou a enviar o Papa para segurar a direita no Equador que estava promovendo manifestações grandes e histéricas contra o presidente Rafael Correia.

A vitória de Maurício Macri nas eleições presidenciais argentinas representou um importante triunfo da política de Obama para a América Latina, que busca rachar a base eleitoral dos governos nacionalistas burgueses e impor  candidaturas direitistas seguindo o modelo do mexicano Peña Nieto.

4.7.6 Depois dos atentados de Paris, de novembro de 2015, Rui Costa Pimenta disse que representavam a confirmação de que os golpes estavam colocados a ordem do dia e de que a luta contra o golpismo continuava sendo a principal prioridade. O ponto ocultado pela direção do PCO é que conforme as pressões da direita têm aumentado e levado a sucessivas capitulações dos governos nacionalistas burgueses. O nacionalismo tem se convertido numa das principais engrenagens do golpe. E é justamente por esse motivo que os revolucionários não podem silenciar o ajuste, nem deixar de combate-lo. Isso não significa, de maneira alguma, adotar a política da esquerda pequeno-burguesa, que participa das manifestações junto com a direita e até assume palavras de ordens da direita, como o “Fora Dilma!”.

Para o PCO, se posicionar contra o ajuste e mobilizar os trabalhadores neste sentido implica em adotar a política de setores do Psol, do Guilherme Boulos do MSTS, que defendem que o eixo deve ser contra a política econômica do PT. 

4.7.7 A direção do PCO apresenta como justificativa teórica do próprio oportunismo a política recomendada por Leon Trotsky em relação à socialdemocracia alemã. Na década de 1920, Leon Trotsky chamou o PCA (Partido Comunista Alemão) a buscar uma frente única com o PSD (socialdemocrata) para enfrentar o nazismo que estava em ascensão. Mas a frente única não implicava na política de conciliação de classes. Um dos pilares do trotskismo, a teoria da Revolução Permanente, implica exatamente na política oposta à do PCO, que representa a capitulação vergonhosa à frente popular. 

4.7.8 E sobre a luta contra o franquismo Trotsky escreveu: “Segundo os conceitos dos socialistas e dos estalinistas, isto é, dos mencheviques da primeira e da segunda fornada, a revolução espanhola não ia resolver mais do que tarefas democráticas; por esta razão, era necessário construir uma frente única com a burguesia “democrática”. Em cima deste ponto de vista, toda tentativa do proletariado de sair dos parâmetros da democracia burguesa era não somente prematura, mas inclusive funesta. Por outra parte, o que se encontrava à ordem do dia não era a revolução, mas a luta contra Franco. O fascismo representa a reação, não feudal, mas burguesa, e contra esta reação não é possível lutar com sucesso fora dos métodos da revolução proletária. Esta tese é algo que o menchevismo, que faz parte da ideologia burguesa, não quer nem pode fazer sua. 

O ponto de vista bolchevique, expressado hoje unicamente pela jovem seção da IVª Internacional, tem como origem a teoria da Revolução Permanente, ou seja, inclusive as tarefas puramente democráticas, tais como a liquidação da propriedade semifeudal da terra, não podem ser resolvidas sem a conquista do poder pelo proletariado; isto, pela sua vez, coloca à ordem do dia a revolução socialista. Além disso, os operários espanhóis, desde os primeiros passos da revolução, atribuíram-se, na prática, não somente tarefas democráticas, mas inclusive tarefas puramente socialistas. Exigi-lhes que não saíssem dos limites da democracia burguesa representa, de fato, não somente não fazer a revolução democrática, mas inclusive renunciar a ela.”

4.7.9 Vladimir Ilich Lenin sempre defendeu a mais completa independência em relação ao governo democrático de Kerensky, inclusive durante a ameaça iminente do ataque militar encabeçado pelo general czarista Kornilov. A capitulação e a conciliação de classes, promovidas por Kamenev, Zinoviev, Stalin e outros dirigentes bolcheviques, em 1917, também foram duramente criticadas por Lenin.

  1. O “Pântano Burocrático” do PCO

5.0.1 Teses

TESE 6: Os métodos burocráticos permeiam a atividade do PCO e têm como objetivo defender os interesses particulares dos principais dirigentes do Partido

5.0.2 Avaliação política

O refluxo do movimento operário imposto pelas políticas neoliberais colocou os sindicatos e a esquerda, em geral, na defensiva. As tendências burocráticas se fortaleceram. Os setores mais direitistas e burocráticos dos sindicatos e centrais sindicais acabaram se apoderando do controle, enquanto os setores classistas foram colocados contra a parede. por meio das perseguições dos patrões, ou foram cooptados. Nos partidos de esquerda, também acabaram se impondo os setores mais direitistas, principalmente os ligados ao estado burguês. Esta ligação é direta no caso dos parlamentares, mas também pode ser indireta como no caso da burocracia sindical e a burocracia universitária.

O PCO não ficou imune ao refluxo e ao processo de burocratização. O burocratismo começou a se acentuar na década de 1990, após a várias derrotas sofridas no movimento operário, o isolamento e a perseguição promovida pela esquerda burguesa e pequeno burguesa. A legalização do PCO, se bem abriu um novo horizonte para a luta, aproximou do Partido um grande número de oportunistas. O Fundo Partidário, que começou a ser recebido a partir de 2008 também contribuiu consideravelmente ao processo de burocratização. 

Os últimos acontecimentos, a rápida virada, aberta, do PCO para colocar-se a reboque da frente popular foi o resultado de um longo período em que o burocratismo foi minando o Partido por dentro e atingindo em cheio os principais dirigentes, a começar por Rui Costa Pimenta.

A esquerda, tal como a conhecemos hoje, não representa um destacamento revolucionário para a luta pela revolução proletária. Essa esquerda, à qual o PCO também pertence, deverá ser barrida do mapa no próximo período, que estará caraterizado pela ascensão do movimento operário e que colocará, à ordem do dia, a formação de partidos proletários, revolucionários e de massas.

5.1  “Pântano” 1: Imprensa partidária sucateada

5.1.1  Teses

TESE 7: A política do PCO sobre o Jornal, como o “principal militante do Partido”, é anti-leninista.

5.1.2  Situação Atual

5.1.2.1 A esquerda burguesa e pequeno burguesa não desenvolve a imprensa partidária e muito menos um trabalho em torno de um jornal político partidário. A maioria dos grupos nem sequer possui um jornal próprio e, quando o tem, está longe de ser um jornal político revolucionário com condições de “levar a consciência socialista à classe operária”, de organizar a classe operária. Muitos desses grupos procuram contar com um espaço esquálido na imprensa capitalista.

5.1.2.2 O PCO possui o Jornal Causa Operária que tem saído com frequência semanal nos últimos oito anos. Na propaganda do PCO, seria o maior jornal da esquerda. Mas o Jornal Causa Operária se encontra sucateado. Quase não é vendido e muito menos militado. Muitos militantes pagam do próprio bolso as quotas que lhes foram atribuídas.

5.1.2.3 O preço é um dos fatores de pressão que gera defensiva nos militantes e que, em na maioria dos casos, acaba transformando os militantes em vendedores. Nas reuniões de célula, as discussões sobre o Jornal acabam sendo formais e orientadas, principalmente, à arrecadação.

5.1.2.4 O trabalho de contatos, que deveria ser realizado em cima do Jornal, é, praticamente, inexistente.

5.1.2.5 A maioria das matérias são burocráticas. A maior parte dos militantes não escreve para o Jornal e nem sequer o lê.

5.1.2.6 Rui Costa Pimenta teria condições de contribuir significativamente na imprensa, mas quase não escreve mais há anos. Ele apenas dá algumas linhas gerais em uma reunião semanal da Senapro (Secretaria Nacional de Agitação e Propaganda) e em reuniões de pauta que, apesar da tentativa de torna-las diárias, sempre acabam implodidas.

O grosso do tempo de Rui Costa Pimenta é gasto em reuniões intermináveis para tratar das “crises dos militantes” ou das crises financeiras. Essas reuniões acabam se estendendo a todas as reuniões. Mas nunca são tratados problemas que são “tabus” no PCO, tais como o não pagamento das ajudas de custos, os privilégios de alguns dirigentes, a origem do burocratismo e a desmoralização generalizada etc.

5.1.2.7 Os redatores, que deveriam ser os membros da direção, acabam sendo substituídos por militantes da periferia e, durante um bom tempo, por funcionários assalariados.

A política de Rui Costa Pimenta é que seria preciso primeiro mostrar volume, escrevendo dezenas de matérias por dia, mesmo sendo de qualidade duvidosa. Com a crise dos militantes, essa política não saiu do chão. A melhoria do conteúdo ficaria para uma segunda etapa. As sucessivas crises empurram essa eventual segunda etapa para a frente.

5.1.2.7 No último período, o Jornal Causa Operária tem se focado em defender os interesses da Articulação, principalmente da Articulação Sindical liderada pelo presidente da CUT, Wagner Freitas.

5.1.3  Avaliação política

5.1.3.1 A disciplina e a organização do partido revolucionário devem ter como objetivo a atuação no movimento operário, em primeiro lugar, como um grupo de agitação e propaganda.

5.1.3.2 A atividade central do partido deve girar em torno do jornal político partidário. O PCO está longe de atuar como um partido ou grupo de agitação e propaganda organizado em cima de um jornal político central, tal como Vladimir I. Lenin orientou no livro Que Fazer?. Sobrevivem os métodos artesanais, o “arrecadacionismo” e a desmoralização dos militantes.

5.1.3.3 O sucateamento da imprensa partidária elimina a principal razão de ser do grupo/ partido revolucionário que é a de levar a consciência à classe operária.

5.1.3.4 A principal consequência do sucateamento da atividade de agitação e propaganda é a tendência ao burocratismo e ao “economicismo”, embora que, no contexto do refluxo, a tendência maior tenha sido à paralisia e à desmoralização.

5.1.3.5 A burocratização do jornal partidário reflete o abandono da política do grupo revolucionário de atuar orientado à agitação e propaganda.

5.1.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária

5.1.4.1 Criar um verdadeiro Jornal militante que dê conta de analisar os acontecimentos da política nacional e mundial e que se transforme de fato no militante número um do Partido, conforme Lenin orientou. Esta tarefa se torna ainda mais crítica perante a iminente ascensão colocada para o próximo período.

5.1.4.2 O Jornal deve ser militado e não “vendido” burocraticamente.

5.1.4.3 As matérias devem ser elaboradas cuidadosamente para refletir uma linha política revolucionária e não para cumprir tabela.

5.1.4.4 O partido revolucionário deve ser transformado num grupo de agitação e propaganda que deve lutar pela formação de um partido operário de massas e revolucionário, o que estará colocado à ordem do dia no próximo período.

5.2  “Pântano” 2: Teoria da “pressão absoluta” = os militantes idiotas e os militantes iluminados

5.2.1  Tese

TESE 8: A formação de quadros revolucionários no PCO é, na prática, inexistente devido aos métodos burocráticos e à evolução da linha política no sentido do atrelamento do PCO à frente popular e à conciliação de classes.

5.2.2  Situação Atual

5.2.2.1 Não existe a direção coletiva do Partido na prática. A direção real é o Rui Costa Pimenta que intervém em todos os assuntos partidários e, muitas vezes, também nos assuntos particulares dos militantes. A discussão política foi quase varrida do Partido.

5.2.2.2 Em cima do princípio de que os militantes se encontram submetidos a enorme pressão social e que, sobre essa pressão, acabam debilitados, a direção do PCO exerce uma “contra-pressão” para o militante continuar ativo. 

5.2.2.3 Se trata de uma pressão burocrática que se expressa por meio de estruturas burocráticas, em grande medida, orientadas à arrecadação financeira. A atitude desdenhosa e arrogante da direção com os militantes representa um claro sintoma de burocratização.

5.2.2.4 A luta política interna é conduzida por meio de reuniões longuíssimas que acontecem vários dias por semana. 

Os militantes profissionais não têm um único dia de descanso. Mas isso não é casual. Se trata de uma política que tem como objetivo esgotar os militantes com tarefas, a maior parte burocráticas, e atividades contínuas para torna-lo obedientes à direção.

5.2.2.5 A “evangelização” seria o principal método para tirar os militantes das crises, que são recorrentes. A maioria das crises se relacionam com pressões familiares, vontade de abandonar a militância, falta de dinheiro, drogas etc. Pelo menos, é isso o que se discute. No entanto, muitas vezes, as crises se relacionam com problemas “tabus” que nunca são discutidos, como a falta de dinheiro, o ambiente burocratizado ou os privilégios de alguns dirigentes. 

5.2.2.6 Supostamente, existiria plena liberdade de opinião, expressão e discussão no PCO. Na prática, cada vez que algum militante tenta “colocar o dedo na ferida”, nos problemas “tabus” do Partido, ele é “massacrado” em reuniões preparadas pela própria direção, para as quais, normalmente, são convocados um número expressivo de militantes para “botar pressão” e desmoralizar o “rebelde”. Às vezes, em casos críticos, o militante “rebelde” é quebrado pessoalmente pelo Rui Costa Pimenta.

5.2.2.7 A consciência política é identificada com a absorção dos ensinamentos do Rui Costa Pimenta, o líder infalível. Não existe um trabalho de educação política e ideológica real dos militantes, apesar da direção apresentar como grande triunfo a realização de palestras e dois acampamentos de férias por ano.

A maioria dos militantes não lê o marxismo e nem sequer o próprio Jornal Causa Operária. As reuniões de célula, que deviam ter uma duração de seis horas, acabam se empantanando tanto nas questões burocráticas, e principalmente financeiras, que, a norma é abandonar os estudos teóricos.

5.2.2.8 De acordo com a direção do PCO, para mobilizar o Partido seria “preciso botar (e aumentar a) pressão” sobre os militantes. Um dos principais mecanismos para exercer essa pressão sobre os militantes passa pelo estabelecimento de quotas de maneira burocrática. Por exemplo, para que os militantes distribuam panfletos, de acordo com a direção do PCO, é preciso continuar imprimindo centenas de milhares e empilha-los. Uma pilha de panfletos sem distribuir geraria a pressão necessária para mobilizar os militantes. E o número de panfletos a ser impresso deve ser muito maior do que na realidade os militantes distribuirão. Desta maneira, os militantes se sentirão pressionados, e ainda poderão ser pressionados nas reuniões, a procurar mecanismos e novos contatos para distribuí-los. Na prática, o que acontece é que os militantes, bastante desmoralizados, “esquecem” uma boa parte em casa, no porta-malas do carro, além de outros esquecimentos parecidos.

Muitas vezes, em cima das quotas, são estabelecidos acordos pessoais, principalmente financeiros, para aliviar um pouco a pressão. 

Primeiro, se faz o plano, muitas vezes megalomaníaco, para depois repassar (impor) as quotas para os militantes.

5.2.2.9 As reuniões de célula devem acontecer aos domingos, para evitar a contaminação pelas famílias. Pelo mesmo motivos, os militantes são pressionados para participarem de atividades em quase todos os feriados. Os militantes que moram no interior acabam entrando em dívidas, as vezes grandes dívidas, para cumprir com os custos das atividades e o deslocamento até a capital.

5.2.2.10 Para “pensar como a classe operária pensa”, os planos deveriam ser elaborados “pensando como a classe operária”, em grande escala. Essa grandeza conduz à megalomania e aumenta a desmoralização com o objetivo principal de mostrar um tamanho que não é real. Os militantes são colocados para realizarem tarefas para as quais não se encontram preparados ou estão desmoralizados. 

5.2.2.11 A maior parte dos investimentos e os cálculos financeiros são feitos em cima da arrecadação que envolve a militância, que, no geral, é semi paralisada. Para isso, os militantes deveriam mobilizar os contatos das frentes, mas, como o trabalho em quase todas as frentes está paralisado, muito acaba saindo do bolso dos próprios militantes, que o fazem para relaxar a pressão.

5.2.2.12 A pressão financeira para pagar pelas quotas, atividades etc, compõe o grosso da pressão e das reuniões: crise de militantes e problemas financeiros. 

A propaganda na Internet, por exemplo, não começa com alguns blogs que realmente funcionem, mas por 50 ou 60 blogs que acabam ficando paralisados no conjunto. 

As metas dos boletins e jornais para as frentes são quantidades muito superiores às que os militantes estão em condições reais de executar, inclusive devido à desmoralização generalizada. A política da direção do PCO é que para tirar os militantes da desmoralização, se faria necessário reforçar a desmoralização por meio do aumento da pressão; inclusive chegando a chama-los de “idiotas”, “incapazes”, e outros adjetivos similares, de maneira recorrente e em público.

5.2.2.13 Para enfrentar as necessidades do próximo período se fez um gigantesco investimento numa gráfica, mas que gera enormes prejuízos. O responsável, que é membro da direção, se empantana em reuniões intermináveis e quase não participa do trabalho na gráfica. Os “militantes idiotas” não produzem os materiais das frentes como deveriam, em cima das quotas estabelecidas, que estão aquém das possibilidades reais dos militantes, seja por experiência ou desmoralização.

5.2.2.14 Uma parte da desmoralização dos militantes tem como origem a própria direção do Partido, principalmente os privilégios. Por exemplo, Rui Costa Pimenta não vende jornais, mas também não o vendem outros membros da família que atuam em frentes, o que apenas reflete a situação geral dos militantes do Partido. 

Os militantes não recebem salário, e muitas vezes nem ajuda de custos. Eles são obrigados a pedir ajuda aos pais ou parentes. Quando os militantes começam a ficar na penúria, e observam o contraste com os privilégios financeiros da direção, fatalmente, entram em crise. 

A direção do PCO cobra a pontualidade dos militantes nas atividades, mas o Rui Costa Pimenta é quem mais atrasa e fura horários. Esse problema se estende à direção, e principalmente à família, e acaba contagiando o espírito geral de desorganização e desânimo.

E há muitos outros exemplos.

5.2.2.15 Os militantes que o Rui Costa Pimenta considera que “quase” não seriam idiotas são a própria filha e a esposa. Na atuação prática, ambas se encontram no mesmo pântano burocrático que os demais militantes. E a atuação delas é tão deficiente como a dos demais militantes.

5.2.3  Avaliação política

5.2.3.1 Existe a tentativa de adaptar os interesses particulares do Rui Costa Pimenta e família à luta pela construção de um partido operário revolucionário, que deve estar indissoluvelmente ligada à luta por um partido mundial do proletariado, por uma organização internacional que leve a luta dos trabalhadores do mundo inteiro, que só pode ser a luta pelo programa da IV Internacional, pelo programa de defesa das reivindicações transitórias rumo a uma sociedade socialista. Essas tarefas acabaram sendo abandonadas para, no lugar, preservar objetivos particulares.

5.2.3.2 Os militantes acabam sendo tratados como mão de obra que devem estar a serviço do “grande líder”, o Rui Costa Pimenta. As relações entre o Rui e os militantes, longe de serem estabelecidas dentro dos marcos de uma política revolucionária, parecem uma espécie de volta às relações com os senhores escravagistas.

5.2.3.3 A maioria dos militantes do PCO acabam passando por uma espécie de “máquina de moer militantes” e, não por acaso, acabam ficando muito desmoralizados. A grande maioria dos militantes literalmente foge do Partido, principalmente, os militantes profissionais ligados mais diretamente à direção central, que, normalmente, acabam abandonando a militância. Muitos ficam em crise e com problemas psiquiátricos após a saída do PCO, se sentindo culpados com a própria imbecilidade e, principalmente, sem entender como uma “política tão correta”, como a política do PCO, pode ir da mão de métodos tão ultra burocráticos e como eles mesmos não foram capazes de suporta-los.

5.2.3.3 Os métodos da direção do PCO buscam desmoralizar os “dissidentes” com frases feitas e clichês, usando o conhecido método da “pressão absoluta”. Muitas vezes, é a tentativa de justificar o injustificável, ou, dito em termos populares, “o batom na cueca”.

“Tudo não passa de calúnias”

Não são acusações políticas. Nós não mudamos a nossa caraterização do golpe. Prova alguma coisa.

Não vou ficar ouvindo que o PCO se vendeu, que o PCO se incorporou à frente popular.

A conversa que você coloca é toda esquerda pequeno burguesa. Quem está contando essas lorotas?

Prova. Pega a ata do Congresso da CUT.

Você voltou com a conversa que nós nos vendemos para a Bebel. Todo sindicato paga as inscrições.

É tudo conversa e impressionismo.

O que eles [a burocracia sindical] pagavam para a gente?

Sobre a Articulação

Nunca votamos com a Articulação [no Congresso da CUT]. Se tivéssemos votado junto com Wagner Freitas, pode colocar que foi um erro. Deveria ser aberto um debate. Significa que se vendeu?

Nós somos favoráveis à CUT. Nós não somos santos, vamos onde está a Bebel, Wagner, Lula, para lutar contra o imperialismo.

Deixamos de apoiar a luta contra o golpe? Deveria demonstrar a mudança na nossa política. 

Se não lutarmos, ninguém irá lutar contra a direita

Não é uma caraterização política. 

Prova, traz as atas do Congresso.

 “

Sobre o PCdoB

O PCO mudou de posição em relação ao PCdoB? 

Não é uma discussão honesta. Não vejo capacidade para fazer uma discussão marxista porque não vejo capacidade sua, mas pelo menos respeite o que o Partido fala.

Ninguém pode ser marxista fora do Partido, o único revolucionário que existe.

Nós não deixamos de levar adiante uma luta contra a frente popular, mas buscamos impulsionar um deslocamento à esquerda.

Negociação? Nós não negociamos nada. 

Que tem a ver com o fato de que não criticamos o PCdoB? É uma dedução absurda. Nunca dizemos que o PCdoB é um partido burguês.

Estamos fazendo uma ampla campanha contra a direita golpista. Decidimos lutar contra isso. 

Uma semana após o congresso estudantil [da UEE], o PCdoB entrou em contato e disse que considerou que, contra a campanha contra a direita, gostaria que nós tivéssemos uma participação na diretoria. Mas, dentro dessa diretoria também colocaram como secretario de Finanças um cara do Psdb. 

Nós queremos fazer campanha contra a direita. Que ganhamos? O que ganhamos rodando toneladas de papel? Quem está interessado em saber no que ganhamos com isso, só está interessado em grana?

É a conversa favorita do sindicalista vagabundo que fica fazendo nada.

Por que o PCO foi fazer todos os esforços possíveis contra a direita?

Você quer fazer uma campanha contra a direita de degustadores gourmet.

Sobre o Sintect-MG

Nós perdemos o Sintect ou eles perderam a orientação revolucionária?

O que eles pagavam para a gente?

Nós estamos na briga. Minas Gerais tinha melecas na cabeça. Discutíamos porque havia um marco comum.

”Você não passa de um pequeno burguês”

Substitui a análise política de classe por um amontoado de informações ecléticas.

Confunde e divide a classe operária com blogs, palestras.

É preciso construir o PCO, que é o único partido revolucionário que existe

Tudo picuinha. Tudo fofoca. 

Havia tal orientação no Congresso e você capitulou, você abandonou o barco.

O problema é o atraso político. É o abandono de construir o partido, sem nenhuma explicação de porque o PCO deixou de ser e porque seria outro grupo.

Não devemos discutir o argumento. É só para satisfazer pedantismo

dele. Da maneira que você coloca, melhor bater um papo bebendo cerveja.

A militância pequeno burguesa contra o partido revolucionário é profundamente negativa. São obstáculos no caminho do PCO.

Sair do partido é loucura. Se erramos, podemos acertar juntos.

O pequeno burguês tem a ilusão de porque ele viu, ele teria uma opinião.

O Partido é um trabalho coletivo. O Rui e o Lenin são resultados de um processo revolucionário.

“Quem não tem divergências com o PCO? Só a sua é importante?”

Mas nós estamos no mesmo barco. Estamos lutando junto. 

Você resolveu sair do barco e ficar do lado das calúnias.

O problema fundamental é se iremos construir o partido ou não.

5.2.4  Ser e consciência

5.2.4.1 O marxismo tem explicado que os fatores materiais são os determinantes na evolução da sociedade. Essa base econômica determina as classes sociais. A luta entre elas se dá por causa da necessidade objetiva, impulsionada pelas leis sociais, dos seres humanos, que se agrupam em classes sociais, se apropriarem dos bens materiais. A diferença das várias teorias da esquerda, principalmente da esquerda universitária, a consciência apenas reflete a realidade material.

As pressões sociais, os fatores externos, pressionam os partidos revolucionários e acabam acirrando a influência da ideologia e da política da pequeno burguesia e da burguesia no interior das organizações revolucionárias. Mas justamente por esse motivo se faz necessário fortalecer a formação da consciência teórica, ideológica e política dos militantes. A formação de quadros verdadeiramente revolucionários não é possível de ser conseguida somente, ou fundamentalmente, na base das pressões burocráticas.

5.2.4.2 À pressão sobre os militantes, a direção do PCO contrapõe a ideia liberal de uma ex militante que teria dito que “cada um teria a sua própria consciência”. Ou seja, somente haveriam duas alternativas, ou aceitar as pressões burocráticas da direção do PCO ou se tornar um liberal burguês.

5.2.4.3 A direção do PCO não coloca no centro da atuação a formação de quadros conscientes, política e ideologicamente.

5.2.4.4 O PCO é um partido semi paralisado, onde predominam o burocratismo e os interesses particulares. E, enquanto os militantes são tratados como idiotas, a família do líder é tratada pelo líder com luvas de pelica e o próprio líder detém visíveis privilégios.

5.2.5  Tarefas colocadas para uma política revolucionária

5.2.5.1 Fortalecer o trabalho de formação teórico, ideológico e político dos militantes com o objetivo de formar verdadeiros quadros revolucionários.

5.2.5.2 Priorizar a formação política e o estudo teórico sobre o “tarefismo”. 

5.2.5.3 Os “quadros zumbis” não se encontram à altura das necessidades do próximo período, nem mesmo deste. É preciso formar quadros conscientes capazes de desempenhar um papel dirigente. A pressão precisa ser dosada com a formação da consciência.

5.2.5.4 Eliminar os privilégios dos dirigentes, principalmente os privilégios obtidos em cima das finanças partidárias. 

5.3  “Pântano” 3: A disciplina burocrática contra a disciplina revolucionária

5.3.1  Teses

TESE 9: A direção do PCO busca “quebrar” os militantes com o objetivo de torna-los obedientes.

TESE 10: A direção do PCO desconfia dos militantes e prefere contar com funcionários.

TESE 11: A tese de que a luta de classes se acirra no partido é usada pela direção do PCO para justificar a pressão burocrática que exerce sobre os militantes.

TESE 12: A direção do PCO induz o conflito entre os militantes, pois, supostamente, isto significaria a aplicação da lei dialética da luta entre os contrários.

TESE 13: O principal dirigente do PCO, o Rui Costa Pimenta, carrega os defeitos (e as virtudes) do período de refluxo.

5.3.2  Situação Atual

5.3.2.1 O PCO é controlado, de maneira estreita, por Rui Costa Pimenta. Ele é o principal dirigente do Partido de longe, com as virtudes e os defeitos. Ele direciona o Partido por inteiro, até nos mínimos detalhes.

5.3.2.2 Os militantes do PCO atuam como verdadeiros “zumbis”. Existe uma política que tem como objetivo esgotar os militantes por meio do trabalho improdutivo e reuniões intermináveis. A maioria dos militantes do PCO sofre de problemas psiquiátricos, principalmente quando atuam perto da direção. Quando saem do Partido, a maioria não quer mais militar. Muitos militantes literalmente “fogem” e um número considerável pensa em fugir e entra em crise. Alguns chegam até inventar que usam drogas ou não tomam banho para serem expulsos e se verem livres da pressão.

A versão da direção do PCO é que a pressão da burguesia, que se manifesta em grande medida por meio da família, e da esquerda burguesa e pequeno burguesa acaba colocando os militantes na defensiva. Por esse motivo, se faz necessário exercer uma contrapressão. O problema é que essa contrapressão é exercida, em grande medida, com objetivos “arrecadacionistas” e em cima das estruturas burocráticas impostas pela direção.

5.3.2.3 A disciplina no PCO, em primeiro lugar, é igualada à obediência ao líder, Rui Costa Pimenta. 

As células no geral não funcionam; quando funcionam o fazem de maneira burocrática e com objetivos fundamentalmente “arrecadacionistas”.

O líder, Rui Costa Pimenta, supostamente, nunca erra; os erros sempre seriam dos outros. O bom militante é aquele que segue todas as orientações do líder. A segunda camada de militantes é composta pela família. Depois estão os militantes mais próximos à direção, que erram muito, também são uns zumbis, mas que contam com o privilégio da orientação próxima do grande líder e, portanto, seriam menos idiotas. Por último, estariam os demais militantes, uma espécie de baixo clero totalmente idiotizada e muito criticada, principalmente, quando falha em tarefas relacionadas com as finanças.

5.3.2.4 A idolatria e reverência incondicional à direção representam os principais objetivos dos métodos aplicados pela direção do PCO. O tratamento dado, pela direção, aos militantes busca convence-los de que eles são idiotas e de que não podem viver sem obedecer quase cegamente a “voz da experiência”. Para acentuar a desmoralização dos militantes e convence-los de que, realmente, são idiotas, são usados mecanismos, tais, como por exemplo, apelidos desmoralizantes, humilhações recorrentes e em público, reuniões desgastantes e muito longas, a atribuição de tarefas para as quais não estão preparados e altas quotas com objetivo arrecadatório e não militante. Os militantes são induzidos, por pressão, a fazerem autocríticas burocráticas. Não é incomum, passar meses a fio, ou mesmo anos, ouvindo que um determinado dirigente, ou militante de base, é um idiota, o que é repetido quase que diariamente.

5.3.2.5 Para convencer os militantes de que não têm experiência ou de que são ruins, até como pessoas, invariavelmente, eles são colocados em tarefas que não estão preparados para cumprir. Muitos profissionais técnicos são convencidos de que são ruins e muito menos capazes de que o líder, o Rui Costa Pimenta, até na própria profissão. 

5.3.2.6 Aqueles militantes que divergem da direção centralizada, e principalmente quando a divergência é com Rui Costa Pimenta, são conduzidos a sabatinas e reuniões programadas que têm como objetivo quebrar o “dissidente”. Aqueles que se submetem às políticas da direção são mecanicamente valorizados. 

5.3.2.7 Os casos dos afastamentos dos militantes sempre são avaliados como problemas dos próprios militantes que sucumbem à pressão. Os problemas sempre estariam relacionados com “crises pequeno burguesas”, a ideia de “viver a vida”, de sucumbir as pressões da família ou da esquerda pequeno burguesa, ou de “não se submeter à disciplina partidária”. Nunca é cogitado, e muito menos discutido, que os problemas possam estar relacionados com o burocratismo partidário, imposto pela direção.

5.3.2.8 A política oficial da direção do PCO busca esmagar aqueles que ousam abandonar as fileiras, para o qual são usados vários métodos e mecanismos burocráticos. A experiência da ruptura que deu origem à LBI, por exemplo, teria escapado ao controle da direção.

5.3.2.9 A direção do PCO reforça a ideia de que não existe vida revolucionária fora da disciplina burocrática, algo similar com o que as igrejas fazem. 

5.3.3  Avaliação política

5.3.3.1 O objetivo real da direção do PCO é manter o controle, a disciplina e a “centralização” de maneira burocrática. No entanto, o partido revolucionário deve estar orientado à tomada do poder, deve ser uma organização de combate.

5.3.3.2 Uma organização baseada na obediência somente pode estar condenada à paralisia. Uma organização onde os militantes atuam como verdadeiros “zumbis” e dependem por completo de um líder omnisapiente, que visa defender os próprios privilégios, não pode avançar e está condenada ao colapso. Inclusive, porque, na falta do “grande líder”, a tendência será, inevitavelmente, à imediata implosão, porque a maioria dos militantes atua fundamentalmente por pressão. 

5.3.3.3 A direção de um grupo revolucionário estruturada em cima de interesses pessoais e por meio de métodos burocráticos se encontra a anos luz da luta pela revolução proletária. A tendência inevitável é que evolua à direita.

5.3.3.4 A disciplina dos militantes revolucionários deve ser consciente, tanto em termos ideológicos como políticos. A consciência deve ser fortalecida, em termos políticos e ideológicos, por meio da luta e da pressão ideológica e política, mas com o objetivo do formar quadros capazes de dirigirem a luta da classe operária. Somente assim é possível defender o grupo ou partido da pressão da burguesia e das forças repressivas.

5.3.3.5 A figura do “grande líder” é típica dos agrupamentos trotskistas que surgiram após o colapso da IV Internacional. Desse período datam figurões como Pablo, Mandel, Moreno, Pousadas e Guillermo Lora. Longos anos de refluxo e de isolamento acabaram quebrando até os mais capazes, como era o caso do Mandel. Outros ficaram completamente loucos, como foi o caso de Pousadas. Guillermo Lora, por sua vez, foi um importante dirigente do movimento operário boliviano que, pressionado pelo refluxo em escala mundial e a crise da IV Internacional, acabou se tornando o grande líder de um partido que evoluiu para um grupo isolado na Bolívia.

5.3.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária

5.3.4.1 Formar quadros revolucionários, formados e temperados ideológica e politicamente com o objetivo de atuar no próximo período.

5.3.4.2 Aplicar os métodos leninistas no partido revolucionário, que passam pelo centralismo democrático e a formação de quadros temperados teoricamente, ideologicamente e politicamente.

5.4  “Pântano” 4: Finanças

5.4.1  Teses

TESE 14: O PCO se transformou num “partido arrecadacionista” em benefício de interesses particulares.

TESE 15: Os gastos “megalomaníacos” representam uma manifestação do burocratismo. O objetivo da direção é apresentar um Partido muito maior do que é na realidade.

5.4.2  Situação Atual

5.4.2.1 Uma das manifestações mais graves do burocratismo no PCO se relaciona com as finanças.

5.4.2.2 Os militantes são pressionados ao máximo com quotas, mensalidades e outras formas de arrecadação relacionadas com atividades ou campanhas. O “arrecadacionismo” não significa que as frentes sejam lucrativas, mas que o esforço da política é direcionado, em grande medida, à arrecadação financeira e não à luta política. 

5.4.2.3 A maioria dos militantes não vende o Jornal, pois não tem convicção, e acaba pagando do próprio bolso.

5.4.2.4 Os eventos do PCO são faraônicos. Se pagam alugueis caros, envolvendo outros custos de logística etc. Os acampamentos de férias são longos; o de janeiro dura 15 dias. Uma das explicações para o fato é que esses eventos, que são cobrados dos militantes e contatos, podem ser debitados do Fundo Partidário.

5.4.2.5 Os gastos fixos do PCO são enormes. Há vários locais alugados. 

A política da direção é que primeiro deve ser estabelecida a necessidade, planejar a atividade e executa-la. Desta maneira, se coloca pressão para os militantes correrem atrás do dinheiro. Como os militantes são pressionados para levar contatos aos eventos, muitas vezes, eles acabam pagando do próprio bolso as taxas relacionadas com os contatos.

Segundo a direção do PCO, um dos principais mecanismos para conter a pressão da burguesia sobre os militantes seria manter atividades recorrentes, independentemente dos custos.

5.4.2.6 O Fundo Partidário não é usado para pagar salários, com a exceção de duas pessoas e do salário do próprio Rui Costa Pimenta, que é muito diferenciado.

5.4.2.7 Os funcionários recebem um salário, apesar dos atrasos para paga-los. Vários dos funcionários deixam o PCO por causa do acúmulos dos atrasos que acabam nunca sendo acertados.

Os demais militantes não recebem salários e muitas vezes nem sequer recebem uma ajuda de custos. Uma grande parte das crises se relaciona com a penúria financeira dos militantes, que entram em crise quando veem os privilégios da direção e se desmoralizam com o ambiente e as políticas burocráticas.

5.4.2.8 Os golpes da direção do PCO contra os militantes são recorrentes. Além de não pagar as ajudas de custo acordadas, se apropriam dos cartões de crédito de quem os possui, dos automóveis etc. Tomam dívidas que depois não pagam.

A direção pressiona para que os militantes cumpram as responsabilidades financeiras. Muitos militantes acabam pagando do próprio bolso as próprias quotas e as dos contatos. 

Os militantes são incentivados a se endividarem para pagar as obrigações partidárias. Este também tem sido um fator de enormes crises.

5.4.2.9 Os golpes financeiros contra os fornecedores é a norma, inclusive, e principalmente, os pequenos fornecedores.

5.4.2.10 As relações com os sindicatos que o PCO dirige são, em grande medida, oportunistas e orientadas a questões financeiras.

5.4.2.11 As relações com os sindicatos dirigidos e com a burocracia sindical do PT, principalmente, tendem a apresentar componentes pouco claros.

5.4.2.12 O controle do Fundo Partidário e das relações com o PT se transformou num dos principais mecanismos do aumento do burocratismo no PCO a partir de 2008. A perda do controle dos sindicatos de Minas Gerais e a ameaça da perda do Fundo Partidário estão na base da virada aberta e oportunista do PCO no sentido de colocar-se a reboque da frente popular.

5.4.3  Avaliação política

5.4.3.1 Uma correta política de finanças representa um dos três componentes fundamentais da organização revolucionária, conforme Vladimir Ilich Lenin detalhes no famoso livro o Que Fazer?

Para se tornar um militante de um partido revolucionário é preciso aceitar o programa, militar em um dos seus organismos e cotizar. Não por acaso, é justamente neste três aspectos por onde, principalmente, penetra a influência da burguesia e da pequeno burguesia.

5.4.3.1 Na maior parte das organizações da esquerda, o burocratismo se manifesta numa política confusa, e às vezes até contrarrevolucionária, em não trabalhar e em parasitar em cima dos recursos do estado, seja por meio de cargos no estado, nos sindicatos ou nas universidades.

No caso do PCO, o burocratismo se manifesta nos privilégios da direção em cima dos recursos partidários e na paralisia geral do Partido. Não se pode dizer que o Rui Costa Pimenta não trabalha, mas, além das questões financeiras, ele detém alguns privilégios até certo ponto menores, como chegar à Sede muito mais tarde que os demais ou não participar de reuniões de célula nos domingos. Mas é a política imposta pelo Rui Costa Pimenta que deixa o Partido paralisado. E a questão das finanças é o aspecto mais burocrático e desmoralizante dessa política.

5.4.4  Tarefas colocadas para a política revolucionária

5.4.4.1 Estruturar as finanças de maneira militante e revolucionária. 

Lutar contra a política meramente “arrecadacionista”, que representa uma manifestação grave do burocratismo.

5.4.4.2 Reduzir os custos sempre que necessário.

5.4.4.3 Levar uma contabilidade rígida, onde as receitas e despesas estejam controladas no fundamental.

5.4.4.4 Utilizar as finanças como um dos componentes do fortalecimento da organização revolucionária.

5.5  “Pântano” 5: “Política perfeita” e atuação burocrática

5.5.1  Teses

TESE 16: A linha política geral estabelecida no VII Congresso do PCO (2014) é acertada.

TESE 17: Uma “política acertada” com uma prática burocrática conduz ao oportunismo, à política de conciliação de classes.

5.5.2  Situação Atual

5.5.2.1 O programa geral do PCO é, no fundamental, uma cópia do programa do PO (Partido Obrero) argentino, conforme está escrito no livro “Que es el Partido Obrero?”.

5.5.2.2 A linha política geral do PCO estabelecida no VII Congresso, realizado em 2014, é acertada em relação às questões gerais relacionadas com a política nacional e internacional. Houve acertos importantes em várias questões, como a avaliação da crise capitalista, os golpes de estado no Egito e na Ucrânia, o golpismo no Brasil etc.

5.5.2.3 A prática semi paralisada e burocratizada do PCO não aplica a política estabelecida. Durante o longo período de refluxo, essa situação acompanhou a crise geral da esquerda burguesa e pequeno burguesa. Mas conforme a situação tem evoluído para a ascensão, inevitavelmente, o oportunismo começou a aparecer, de maneira cada vez mais clara, no sentido da conciliação de classes e de colocar-se a reboque da frente popular.

5.5.2.4 Uma situação similar aconteceu com o PO argentino a partir de 2006, após o movimento piqueteiro ter se esgotado, por causa das políticas de contenção da crise aplicadas pelo governo de Nestor Kirchner. O PO virou em direção aos partidos pequeno-burgueses, principalmente o morenismo. O PCO virou em direção à frente popular.

5.5.2.5 A conquista da direção da Fentect, a Federação dos Trabalhadores dos Correios, em 2012, foi fruto da intervenção direta de Rui Costa Pimenta. O ponto positivo foi ter revelado a fragilidade da burocracia sindical ligada à Articulação ao PT, à reboque da qual o PCO acabou se colocando. Mas a Fentect continuou paralisada devido a que a “maioria” conseguida foi muito precária e a que o trabalho continuou burocratizado e distante da base. A ocupação burocrática de uma federação importante de trabalhadores, longe de ter se tornado o suprassumo da política revolucionária, acelerou a aproximação do PCO com a burocracia sindical da Articulação, principalmente quando o PCO perdeu os cargos na direção, no último Congresso da Fentect (2015).

5.5.3  O burocratismo implode a “linha política acertada”

5.5.3.1 Quando o novo militante ingressa no PCO, normalmente, ele entra motivado pela linha política do Partido e pelo histórico de lutas. Mas o choque, inevitavelmente, acontece quando se defronta com o ambiente burocratizado e a desmoralização generalizada.

5.5.3.2 A perda de militantes tem levado à opção da direção do PCO por funcionários, inclusive para a redação do Jornal.

5.5.3.3 As atividades nas frentes vivem implodidas. Segundo o Rui Costa Pimenta, o problema estaria relacionado com a crise dos militantes por causa da pressão da burocracia, da esquerda pequeno-burguesa e da ideologia burguesa.

5.5.3.4 Na realidade, o problema vai mais além. A burocratização do PCO tem aumentado no último período. Em cima da “teoria da pressão absoluta”, os militantes são desmoralizados para realizar o trabalho de maneira burocrática, que, quando é realizado, normalmente é muito deficiente. Por exemplo, as quotas somente crescem em cima de um “arrecadacionismo” orientado à venda burocrática de jornais, rifas e convites.

5.5.3.5 Não há um jornal militante, o PCO se encontra muito infectado pelo burocratismo, os militantes mais parecem “zumbis” que militantes e o golpismo da direção contra os militantes foi transformado em prática comum e acaba se tornando a norma da maioria das relações entre os próprios militantes.

5.5.3.6 Os boletins das frentes quase não existem. As quotas relacionadas com os boletins e jornais das frentes também costumam ser “faraônicas”. Grande ênfase é colocada em levar os militantes às atividades partidárias centrais, em grande medida, para fazer volume.

5.5.3.7 Quando a direção do PCO se colocou a reboque da burocracia do PT, a ilusão da “política perfeita” foi implodida. Agora que a evolução da situação política tende claramente ao ascenso, os métodos da direção do PCO, consolidados durante o refluxo, mostram-se uma barreira gigantesca. Devido à direção encontrar-se imersa, contaminada, nos mecanismos burocráticos, não consegue mudar de política e acaba aprofundando a política burocrática e oportunista.

5.5.4  Avaliação política

5.5.4.1 A atuação burocrática do PCO se sustentou durante o período de refluxo, mas, conforme a ascensão operária começou a aparecer no horizonte, o desenvolvimento da situação levou aonde somente podia levar, ao oportunismo de direita, à conciliação de classes, a colocar o Partido a reboque da frente popular.

5.5.4.2 O otimismo revolucionário não se encontra na esquerda burocratizada. No geral, há a choradeira generalizada sobre a dificuldade para mobilizar as massas e a suposta fortaleza absoluta da direita. No caso do PCO, o clima interno é de depressão e de paralisia profundos.

5.5.4.3 A direção do PCO acabou se tornando uma camarilha religiosa que, em grande medida, tem orientado a atuação em cima de privilégios pessoais. Conforme as tendências revolucionárias têm se desenvolvido, as organizações burocráticas e pequeno burguesas tendem a se implodir sobre a pressão do movimento de massas. A tendência é a formação de partidos de luta pela revolução proletária que passem por cima desses grupos burocráticos pequeno burgueses.

5.5.5.4 A direção do PCO transformou a análise de classe na teoria “pablista” dos “campos” progressistas e dos “campos” reacionários. A luta de classes entre capital e trabalho, entre a burguesia e o proletariado, é substituída apenas pela luta entre o campo da “direita imperialista”, intrinsicamente golpista, e o campo do nacionalismo burguês, que, no Brasil, estaria encabeçado pelo governo do PT. As recorrentes capitulações do governo do PT à direita, que o tem transformado numa engrenagem golpista de primeira ordem são ignoradas. O papel do governo do PT na aplicação do ajuste, imposto pelo imperialismo, é ignorado e considerado como “secundário”. Toda crítica a essa política, ultra capituladora à frente popular, é considerada como proveniente da esquerda pequeno-burguesa e morenista. 

5.5.5.4 A direção do PCO tenta justificar a capitulação ao governo do PT com a propaganda engananosa de que o Partido Bolchevique teria adotado tal tática na tentativa do general Kornilov de derrubar o governo de Kerensky. Mas Lênin disse: “Mesmo agora, não devemos sustentar o governo Kerensky. Seria faltar aos princípios. Mas perguntar-nos-ão, não é preciso combater Kornilov? Certamente, é preciso combatê-lo. Mas, não é uma só e mesma coisa: há um limite entre ambos e este limite alguns bolcheviques o ultrapassam, caindo no “conciliacionismo”, deixando-se arrastar pela corrente dos acontecimentos. 

Fazemos e continuaremos a fazer a guerra contra Kornilov, como as tropas de Kerensky, mas não sustentamos Kerensky: pelo contrário, desvendamos sua fraqueza. Há aí uma diferença muito sútil, mas arqui-essencial, que não se pode esquecer.

Em que consiste, pois, a nossa mudança de tática, após o motim de Kornilov?

Em modificarmos a forma de nossa luta com Kerensky. Sem baixar de um só grau a nossa hostilidade para com ele, sem retirar uma só palavra que tenhamos pronunciado contra ele, sem renunciar a derrubá-lo, nós declaramos que é preciso ter em conta o momento: que não nos preocuparemos, na hora presente, em derrubar Kerensky; que o combatemos, agora, de uma outra maneira, patenteando ao povo (que combate Kornilov) a fraqueza e as hesitações de Kerensky.” Vladimir Ilich Lênin “No caminho da insurreição”.

5.5.5.4 A direção do PCO entrou de cabeça na adoção da mesma política aplicada pela III Internacional Comunista em 1935, comandada por George Dimitrov. A “frente antifascista” passou a colocar no primeiro plano da luta dos partidos proletários a defesa da “democracia”, esquecendo a luta independente da classe operária. Essa política fazia parte da frente única do estalinismo com o imperialismo. A defesa da democracia burguesa a qualquer custo levou à implosão dos partidos comunistas e de tão oportunista é repudiada até pela maioria dos partidos estalinistas que ainda sobraram no mundo.

5.5.5  Tarefas colocadas para a política revolucionária

5.5.5.1 Os revolucionários que lutam por um partido revolucionário da classe operária devem se guiar pela construção de um instrumento de luta contra o capital. 

5.5.5.2 Um grupo cuja direção se comporta como uma igreja movida por fé não trabalha no sentido desse instrumento. E, como todo instrumento que não funciona, deve ser ajustado ou trocado.

5.5.5.3 Neste momento, é preciso manter uma alta precisão na análise da evolução da situação política nacional e no mundo. O estudo e assimilação do marxismo devem ser colocados como tarefas de primeira ordem para os revolucionários.

5.5.5.4 O objetivo dos revolucionários, neste período, deve ser fortalecer a luta por um partido orientado à agitação e propaganda que possa influenciar a formação de partidos operários, revolucionários e de massa. Estes partidos estarão colocados à ordem do dia, inevitavelmente, no próximo período, pois o aprofundamento da crise capitalista mundial colocará em movimento à classe operária após 30 anos de paralisia provocada pelo “neoliberalismo”.

5.5.5.5 León Trotsky sobre o entrismo:

Trótski defendeu o ingresso de militantes da Oposição de Esquerda, nos partidos socialistas porque, embora não fossem partidos operários, possuíam uma relação importante com a classe operária, eram partidos centristas de esquerda e tinham um funcionamento democrático que permitia uma ampla ação dos trotskistas dentro desses partidos.

Como partidos pequeno-burgueses oportunistas, haviam levado um golpe muito duro com a política contrarrevolucionária (apoio à burguesia na I Guerra Mundial), contra a União Soviética e a III Internacional. Sua reação, na década de 1930, foi uma guinada à esquerda, foram tomados por uma tendência majoritariamente democrática. Eles representavam, naquelas condições, um ambiente propício à construção de um partido operário. Além disso, a participação nos partidos socialistas fazia avançar a luta pela frente única operária contra o fascismo, aspecto central da política revolucionária na época.

Trótski sustentava que os militantes da Oposição de Esquerda deviam aderir aos partidos socialistas e militar no interior dos mesmos sob seus estatutos e, no marco da sua atividade comum, promover uma evolução à esquerda de conjunto nos partidos. Não se tratava de participar no Partido Socialista como tendência separada formal, mas de atuar no seu interior para empurrá-lo para a esquerda e permitir o desenvolvimento das tendências proletárias no seu seio. Por esse motivo, esta manobra foi denominada “entrismo”.

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