A heroína negra da independência da Bahia

A finalidade desta seção que sai cada domingo não é só demonstrar a atuação, muitas vezes escondida, das mulheres em vários momentos históricos, mas também relembrar como pessoas comuns fizeram história saindo da “normalidade” social e lutando contra o que lhes foi imposto pelas classes dominantes. Hoje falaremos da “heroína negra da independência da Bahia” . 

Perto do ano de 1873 nasceu Maria Felipa de Oliveira. Ela morou na Ilha de Itaparica como uma escrava liberta que junto com outros na mesma condição que ela, desempenhava trabalhos diários para sobreviver, como catar mariscos, fazer pão e preparar quitutes para vendê-los nas feiras locais e outros lugares. Ela levava uma vida rotineira, procurando subsistir e sobreviver.

O Império Português buscava manter o Brasil sob seu controle. Lutar pela independência da Bahia tornou-se a essência e finalidade de vida de Maria Felipa. A vida a levou a liderar um grupo de 200 pessoas, as quais valiam-se de facas de cortar baleias, pedaços de paus com espinhos e peixeiras para fazer frente a grupos armados de portugueses. 

40 embarcações portuguesas em chamas, mas a liderança foi além

Mesmo após a independência, sua presença era importantíssima na Ilha, tanto para a população local quanto para os índios tupinambás e tapuias. A força portuguesa ainda era predominante após a Independência. Maria Felipa e seu grupo sabiam disso. 

Maria Felipa e mais algumas companheiras idealizaram um plano. Foram até os soldados portugueses e seduziram a maioria deles e seus comandantes. Quando eles estavam nus, as mulheres deram uma surra neles e incendiaram mais de 40 embarcações portuguesas.

Outro dos feitos aconteceu após a declaração da Independência do Brasil. Maria e seus companheiros invadiram uma armação de pesca de um portugués rico, deixando a mensagem de que aquelas conquistas de liberdade não seriam puramente cortinas de fumaça, pois eles realmente apelaram à libertação e independência do Brasil. 

Ao fazermos uma comparação com a situação atual, vemos que apesar de que muitos sentem que a luta pela liberação da classe trabalhadora é um fato que não tem nada a haver com eles. Os métodos de controle da burguesia, ao igual que os do Império Português, interferiram diretamente na vida de Felipa e seu grupo. O capitalismo também nos oprime, nos rege e nos condena em cada um dos espaços que ocupamos, o trabalho, a casa, na escola,no sistema de saúde, como cidadãos etc. 

Com isso queremos dizer que não há forma de superar a contradição básica do capitalismo, a existente entre o capital e o trabalho. Seja qual for a nossa classe social, e os nossos interesses, essa contradição hoje rege nossas vidas. Não compreender isso equivale a não compreender que aqueles barcos portugueses teriam gerado uma catástrofe enorme no dia a dia de Felipa e a sobrevivência do seu grupo de revolucionários. 

Ela não se interessou pela luta contra os portugueses. O comprometimento com a luta veio por necessidade.

O capitalismo intervém no nosso cotidiano, até porque funciona sob leis que o regem. A principal lei é a “obtenção de lucro a qualquer preço”. Em momentos de crises muito profundas, como a que estamos vivenciando agora, o plano principal dos capitalistas (donos dos meios de produção) é eles se salvarem da crise e manterem seus privilégios. Para atingir seus objetivos, eles se veem obrigados, na atualidade, pois se trata da maior crise da história do capitalismo, acabar com os direitos mais básicos dos seres humanos, como a saúde, a moradia, a liberdade, salários dignos etc.

Hoje para conseguirmos sobreviver nos vemos obrigados a fazer inúmeros sacrifícios que às vezes nem chegam a ser suficientes. O aumento dos serviços essenciais frente a baixa dos salários, o aumento da repressão frente ao aumento da pobreza, o aumento da pauperização da sociedade em prol da acumulação irracional de capital em menos de 1% da população é o objetivo dos imperadores atuais. 

Estas histórias que chegam a parecer fantasiosas, das quais saíram muitos personagens que estamos exaltando, não devem ficar nisso. Elas devem nos inspirar. Devemos aprender que qualquer um destes personagens históricos esteve envolvido na cotidianidade do seu dia a dia até um ponto limite que o fez reproduzir grandes proezas em prol da resolução de um problema prático que acabou se transformando num ideal, numa convicção ou numa necessidade. Qualquer um pode ser esse herói; só basta lutar pela conquista dos nossos objetivos, contra o capitalismo.

Felipa se apegou ao que foi possível para sobreviver como uma mulher negra e pobre, e encontrou além das ferramentas cotidianas, a luta e a liderança como foco para continuar o sempre complexo caminho da vida. Mulheres como ela deixam na história a lembrança de que, podemos quebrar barreiras que aparecem no nosso dia a dia, mas servem de inspiração para não desistir nem fugir da luta. 

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