A Cabanagem
Uma das várias "incríveis" histórias de luta, até com direito a tomada do poder pelo povo brasileiro, durante 10 meses. Com certeza brasileiro de pacato não tem nada.

A Cabanagem

D. Pedro I

Em 1831, o imperador do Brasil, D. Pedro I, renuncia para voltar à Portugal e ocupar o cargo de monarca, deixou aqui seu filho de apenas 5 anos e até que alcançasse a maioridade o Brasil passou a ser governado por uma regência, primeiro de três pessoas (Regência Trina) e depois de uma única (Regência Una). Governaram (1831 – 1840) com o desafio de manter a unidade territorial nacional e conter as constantes revoltas. As maiores foram: a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada e a Revolução Farroupilha.

Os conflitos se davam em primeiro lugar devido à crise econômica.

Tanto D. João VI como D. Pedro I ao irem para Portugal fizeram um verdadeiro saque nos cofres públicos, sem falar que o pagamento da dívida à Inglaterra era uma verdadeira sangria. A economia do país estava baseado na monocultura para a exportação. A crise internacional e a competição com novos mercados fornecedores de açúcar colocaram o modelo econômico brasileiro em enormes dificuldades. A classe dominante teria que arrancar o sangue dos trabalhadores para manter sua boa vida, mas o povo não aceitou isso calado e quieto.

Os cabanos eram camponeses pobres, índios e mestiços que viviam as margens dos rios em choupanas rudimentares na Província do Grão-Pará (atuais estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia), mas eles teriam morrido ali anônimos se não tivessem sido os protagonistas, a partir de janeiro de 1835, de uma das maiores revoltas do Brasil, chamada de Guerra dos Cabanos. Eles vinham sendo atacados pela fome e doenças além da extrema pobreza.

A revolta ocorreu dentro do período regencial (1831-1940), quando havia uma insatisfação generalizada na região com pouca importância que o governo central dava a ela. Não só os ribeirinhos, mas setores da classe média, militares e fazendeiros estavam descontentes e queriam a independência.

No dia 7 de janeiro de 1835, índios tapuias, cabanos (ribeirinhos) e negros sob a determinada liderança de Antônio Vinagre, ocuparam o quartel e a sede do governo em Belém, mataram o então presidente da província Lobo de Souza e bastou um dia para que toda a cidade fosse ocupada. Os cabanos ocuparam também as casas de famílias ricas portuguesas e o porte de armas entre eles foi legalizado. A província ficou 10 meses sob o controle dos cabanos, primeiro tendo Clemente Marchel como presidente (traiu o movimento e foi morto) e depois Eduardo Angelim, este um lavrador.

Indios Tapuias
Francisco Vinagre

Francisco Vinagre, o primeiro presidente cabano, pouco tempo depois concordou em negociar com o governo central a entrega do governo em troca de alguns benefícios ao povo e anistia dos revolucionários, traindo o movimento. Vários cabanos não concordaram com a decisão e denunciaram que seriam traídos. O novo governo provincial, Jorge Rodrigues, de fato não cumpriu com nada e ainda mandou prender Francisco Vinagre.

No dia 14 de agosto de 1835, os cabanos que haviam se refugiado no interior, sob a liderança de Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, atacaram a cidade de Belém e após nove dias de batalha, mesmo com a morte de Antônio Vinagre, retomaram a capital.

Angelim assumiu o governo durante 10 meses, e o governo central já apoiado por grande parte das oligarquias locais que estavam assustadas com o governo dos cabanos, declarou guerra total ao movimento com ataques de tropas do exército e, em fevereiro de 1836, quatro navios de guerra sob o comando do novo presidente da província, nomeado pelo governo central, brigadeiro Soares de Andrea.

Quando Soares Andrea chegou com sua esquadra e sitia Belém pelo mar e diante da enorme crise, vendo que seria impossível continuar resistindo os cabanos saem novamente para o interior, o novo interventor do governo central toma posse. Não se dando por satisfeito e sabendo que os cabanos continuam sendo uma ameaça, o então presidente da província sai a caça deles capturando Angelin em outubro de 1836. Além de serem mortos a tortura era comum.

O governo só conseguiu dar fim ao movimento em 1840, com o extermínio de quase 40% da população da região. Nações indígenas inteiras assassinadas, como os Mauê e Murá. Em Belém sobraram praticamente mulheres e crianças e os abusos contra elas eram constantes.

As traições dentro do movimento cabano foram tão prejudiciais quanto os ataques do governo.

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