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No dia 10 de janeiro de 1957, faleceu quem no ano de 1945 tinha se convertido na primeira mulher a receber o prêmio Nobel de Literatura na América Latina e o Prêmio Nacional (Chile) de Literatura (1951).
Gabriela teve uma origem familiar humilde. Além de poetisa, ela foi feminista e professora, muito comprometida com a educação infantil. Ela transformou a própria casa numa pequena escola. Também foi diplomata, inclusive no Brasil.
O fato de ter sido reconhecida primeiro no exterior teve como causa o machismo existente na sociedade. A poetisa foi uma lutadora pelos direitos das mulheres até porque ela sofreu a discriminação na própria pela.
No seu tempo, ela lutou para que as mulheres conseguissem um nível de instrução muito que fosse além do ensino básico. Para se ter uma ideia, no Chile, somente em 1949 foi aprovado o voto feminino irrestrito.
O contexto histórico onde a poetisa se desenvolveu era de enorme efervescência social: ascenso grevista nas minas e portos, o massacre de operários na escola Santa Maria de Iquique pelo governo (que deixou mais de 200 mortos e 400 feridos), o sentimento nacional de orgulho por causa da triunfo do Chile na Guerra do Pacífico, a fundação do Partido Socialista (onde um dos fundadores foi Salvador Allende), a luta pelo voto feminino.
A literatura se fez mulher porque nas condições de dificuldades para as mulheres, Gabriela Mistral, uma poetisa e lutadora social de origem humilde, ganhou o Prêmio Nobel. Assim ela elevou às alturas a condição feminina.
Piececitos
Piececitos de niño,
azulosos de frío,
¡cómo os ven y no os cubren,
Dios mío!
¡Piececitos heridos
por los guijarros todos,
ultrajados de nieves
y lodos!
El hombre ciego ignora
que por donde pasáis,
una flor de luz viva
dejáis;
que allí donde ponéis
la plantita sangrante,
el nardo nace más
fragante.
Sed, puesto que marcháis
por los caminos rectos,
heroicos como sois
perfectos.
Piececitos de niño,
dos joyitas sufrientes,
¡cómo pasan sin veros
las gentes!