Pioneira na América Latina, Enriqueta Compte foi a promotora de uma profunda transformação na educação, sendo uma das principais promotoras da educação na primeira infância em toda américa latína. Criou o primeiro jardim de infantes no Uruguai e da América Latina em 1892, mas isso foi só uma pequena parte do seu legado.
Considerada uma revolucionária pela pedagogia e dinâmica que utilizou no seu jardim de infantes, na qual ressalta a criatividade, a liberdade de escolha, a promoção de direitos na infância e a necessidade de educar sem dor, sem sufoco.
Nasceu em Barcelona, Espanha em 1886, chegando em 1873 com sua família ao Uruguai, onde estudou e se apaixonou pela educação, lutou toda sua vida para promover a educação pública e laica, sendo uma pioneira neste sentido. Com somente 19 anos, se graduou de professora, sendo selecionada junto com outros professores pelo governo uruguaio a viajar e conhecer os sistemas educativos de países europeus, onde ela conheceu o “Kindergarten” (jardim de crianças) de Frobel.
Inspirada por esta experiência, Enriqueta, trouxe a América Latina as idéias de Frobel, adaptadas para o nosso contexto. ditas idéias eram revolucionárias em seu tempo, já que antes das idéias destes pensamentos, as crianças eram submetidas a um ensino de controle e repetição ao contrário de qualquer rastro de criatividade, desenvolvimento e aplicação crítica dos conhecimentos adquiridos.A expressão e criatividade das crianças era considerada como a forma mais ampla de liberdade que permitirá o conhecimento do mundo do seu próprio jeito.
A educação é um pilar fundamental, a partir dela obtemos conhecimentos e faculdades que nos permitem compreender melhor nossa realidade. Atualmente necessitamos dita compreenssão para desenvolver nossa criticidade, principalmente em nossa sociedade onde há tantas manipulações, onde os trabalhadores acabam adotando discursos que praticamente o deixa a merced de uma semi-escravidão.
Sem falar diretamente da importância da educação na primeira infância, já que todo aprendizado recebido na primeira infância será fundamental e nos acompanhará durante toda a vida, não é que nosso futuro depende da primeira infância, mas, com certeza que a mesa influencia muito o nosso caminho e como nos desenvolvemos no futuro.
A categoria Infância historicamente tem relação com as necessidades da sua sociedade: Pequenos adultos, anjos, indivíduos com direitos
Dependendo do momento histórico as crianças passaram de ser visualizada como pequenos adultos, aos quais correspondia uma educação estricta e correspondente com essa visualização do infante, permitindo até o trabalho infantil. Logo, junto com a doutrina cristã e as grandes guerras pequenos “anjos” que deviam ser encapsulados da realidade e resguardados do mal do mundo. Enriqueta trouxe uma visão inovadora e amplamente revolucionária tanto do infante como da educação que deveriam receber, gerando que fossem visados como flores e sementes que deveriam estar ao raio do sol e não num invernadero.
Enriqueta quebrou todo tipo de esquema esperado, revolucionou o campo da educação na américa altina, e colocou as crianças como indivíduos com direitos que deviam explorar o mundo através da criatividade deixando sempre espaço para a reflexão e exponenciar as aptitudes nata de cada um deles, entendendo assim que cada indivíduo tem “algo especial” para o mundo.
“Repudiava a violência, mas amava a rebeldia construtiva”
Propôs e implementou algo que até hoje é difícil de implementar, escutar ao outro, lutar por ele, e defender seus direitos. Enriqueta, considerava que a única forma de aprender era diretamente olhando a realidade e através de diversos objetos que serviam como ponto de estímulo e curiosidade ela desenvolvia toda sua aula, captando a atenção de cada um dos integrantes.
Sobretudo, Enriqueta foi uma mulher de ação, não só pensou e reformulou toda uma teoria sobre a educação na primeira infância,também a aplicou e foi diretamente ela que estava com as crianças no jardim que ela tinha criado. Muitos não entenderam seus métodos, até hoje, mas da sua história de vida, aprendemos que nem sempre todos vão compreender a nossa luta, porém isso não significa que não devemos lutar por ela, com fé, convicção e sem medo.
Em 1929, apresentou o projeto de criar a faculdade de pedagogia, onde se cursaria os cursos de professor e de “maestro” (professor de escola primária)
Como já é costume falar aqui em cada uma das notas dos domingos, cada pessoa se destaca normalmente por uma das suas lutas, mas nem sempre são as únicas, Henriqueta não ficou fora disso, sendo também uma ampla defensora dos direitos das mulheres, presidenta da seção Escolar do Conselho Nacional das Mulheres, lutando pelo reconhecimento da mulher como um integrante íntegro da sociedade e do Estado, como cidadão através do sufragio femenino no Uruguai.
Também lutou pelo reconhecimento femenino em pró da sociedade, sempre dizia que permitir o sufrágio feminino permitiria deixar uma época desonrosa do pensamento humano para começar a utilizar as qualidades femininas a partir das masculinas e fundir se em um mesmo propósito.
Defensora das liberdades durante a Guerra Civil em Espanha
Durante a Guerra Civil na Espanha, formou parte da comissão da Paz, ela, em seus últimos anos, visitou privados de liberdade nas prisões, já que para ela, todos tinham que ser apoiados.
Ao contrário dos ideais difundidos na sua sociedade, ela acreditava que todo homem nasce bom, e que a partir das circunstâncias desfavoráveis o desvirtuam do seu caminho.
Enriqueta foi uma das mulheres que revolucionou e quebrou com os paradigmas e ideias da sua época, lutando contra os ideais individualistas e cristãos que consideravam o nosso caminho dependente de algo externo a nós. Nós levantamos as bandeiras de Enriqueta, não só por uma educação de qualidade, laica e que vise ao indivíduo em seu esplendor, senão em quanto que cada um de nós tem a possibilidade de mudar o futuro,para melhor, não somente o nosso, se não o de todas as próximas gerações.
