Eleições no Peru: a vitória de Castillo e a forte pressão da direita

Com quase o total das urnas computadas, Pedro Castillo apareceu como o vencedor do segundo turno das eleições presidenciais no Peru, derrotando a direitista Keiko Fujimori.

A dispersão eleitoral do primeiro turno acabou se transformando em forte polarização no segundo turno.

O imperialismo jogou enorme pressão sobre o regime político do Peru com a carta de Keiko Fujimori, de maneira muito similar ao que fez no Brasil com o bolsonarismo em 2018. Ela adotou um discurso direitista um pouco suavizado e um programa de entreguismo total. Por esse motivo, ela saiu de paladina da corrupção (ela até passou tempos consideráveis na cadeia, e ainda pode voltar) a captar a metade dos votos em cima de uma campanha bilionária, que parece ter os dedinhos da Embaixada dos Estados Unidos.

O que esteve em jogo nessa eleição é quem iria aplicar o programa do imperialismo e do grande capital no Peru, no contexto da maior crise capitalista mundial e o maior crescimento de capital fictício de todos os tempos, e a deposição ou indiciamento e cadeia para quatro ex presidentes em cima das denúncias da Operação Lava Jato.

A burguesia busca evitar a explosão dessa verdadeira bomba atômica repassando o peso da crise sobre os trabalhadores e as massas, direcionando o mundo para grandes guerras, impondo estados de sítio e confinamento nunca vistos antes e ainda promovendo uma política de genocídio em massa que usa como uma das ferramentas importantes, vacinas experimentais com efeitos colaterais desastrosos.

A crise aumenta no Peru da mesma maneira que aumenta no Brasil, na América Latina e no mundo. A época de bonança da mineração não impediu o colapso da saúde pública, da mesma maneira que aconteceu no Brasil. Também no Peru faltou oxigênio e os mortos não tinham onde serem enterrados. A saúde pública assim como os serviços públicos sociais se encontram em frangalhos.

A esperança de que a situação no Peru, ou mesmo do Brasil, melhore com o aumento dos preços das matérias primas registrado desde o início da pandemia, esquece o problema central. Esses aumentos foram turbinados pelo próprio aprofundamento da crise capitalista com os repasses obscenos de recursos públicos aos grandes capitalistas.

O programa político de Pedro Castillo

Pedro Castillo

Pedro Castillo é um sindicalista, docente de escola primária, que se projetou em cima da importante greve dos professores de 2017.

Ele foi secretário geral da Fenatep (Federação Nacional dos Trabalhadores da Educação do Peru) e presidente do SUTEP (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação do Peru).

Pedro Castillo apresentou como programa eleitoral uma série de reformas na linha que seguiu AMLO (Andrés Manuel López Obrador) no México. 

Para realizar essas reformas, Castillo levantou a necessidade de mudar a Constituição por meio de uma Assembleia Constituinte, para o qual ficou ainda mais longe que AMLO.

AMLO não tem conseguido implementar nada do fundamental porque não tem os dois terços dos deputados, a começar a reversão da privatização de Pemex (Petróleos Mexicanos) e do setor elétrico.

No final da contagem dos votos, enquanto Castillo estava um pouco adiante de Keiko Fujimori, declarou que iria respeitar a “autonomia” do Banco Central. Para bom entendedor, isso implica em respeitar todas as imposições do imperialismo.

Castillo também fez vários chamados à “paz social” enquanto a situação das massas indígenas e criolas tem se tornado mais preocupante a cada dia.

Com essa política aguada é possível enfrentar o imperialismo e a burguesia que vêm com sangue nos olhos?

Cada vez fica mais claro que a política institucional é muito insuficiente para retirar os trabalhadores da crise.

É preciso organizar a luta pela base levantando as bandeiras de luta capazes de defender as massas e fazer com que os capitalistas paguem pela sua crise.

A composição direitista do Congresso

A coalizão Peru Livre de Pedro Castillo obteve apenas 37 vagas no parlamento de um total de 130.

Força Popular de Keiko Fujimori obteve 24 vagas, mas quando se lhe somam as vagas obtidas pelos demais partidos da direita a situação muda muito de figura.

Renovação Popular (13 vagas) é um partido abertamente de direita, sucessor do Partido Solidariedade Nacional do ex alcalde de Lima, Luis Castañeda Lossio. Inicialmente (desde a sua formação em 2006) era oposição ao fujimorismo, mas a partir de 2020 em cima da pressão do imperialismo foi se aproximando. Mudou de nome em 2020 e avançou à extrema direita.

Avança País (7 vagas), desde 2020, é um partido abertamente neoliberal.

Ação Popular (16 vagas) é um partido mais vinculado ao setor industrial, mas ao estilo do MDB brasileiro.

Aliança para o Progresso (15 vagas) liderada a Aliança pela Grande Mudança, e foi liderado pelo ex presidente, hoje condenado, PPK (Pedro Paulo Kuczynski. 

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