Clara Camarão: “Heroínas de Tejucupapo”

Há mulheres que não têm lugar na nossa história, pois a sua coragem é tão grande que fazem estremecer até as páginas da História. Então, mais do que histórias, nascem mitologias. Esse é o melhor exemplo quando falamos de Clara Camarão, mulher, negra e indigena. Estas são apenas as características essenciais (que devem ser lembradas) de Clara Camarão, já que se temos que destacar algo da sua curta vida é a sua convicção e paixão pela luta dos oprimidos.  Não se sabe exatamente o ano do seu nascimento; somente que nasceu no século XVII no Rio Grande do Norte na beira do Rio Potengi e pertencia à etnia Potiguara.

Se desconhece muito da sua vida, pois naquela época as façanhas de uma mulher (atravessada também pela implicância social de ser indígena e negra) não eram escritas para serem esquecidas no futuro, seja pelo desprestígio ou pela invisibilidade. 

Conhecida como “Clara”, pois seu nome indigena não consta em nenhum livro ou história

Clara, lutou em várias batalhas, e junto a ela estava Filipe Camarão (seu companheiro) contra os invasores holandeses, e também teve na sua liderança uma tropa de mulheres que escoltavam famílias inteiras que procuravam refúgio na cidade de Porto Calvo, em Alagoas, na década de 1630. Foi uma revolucionária que quebrou com vários tabus, como a ideia de que a mulher devia ficar na casa, fazendo labores domésticos, e sendo submissa ao rol do homem. Clara camarão lutou na linha de frente, com convicção e com certeza de que aquilo que fazia era por um bem maior.  Ensino e ainda nos ensina que o lugar da mulher é onde ela queira estar, seja na casa, com os filhos ou na frente da batalha, nós escolhemos o nosso papel a desempenhar, ainda que tenhamos que provocar e incomodar o nosso entorno. 

Pelas compilações históricas, sabe-se que ela teve uma atuação muito importante na Batalha de Tejucupapo em 1646. Neste momento, as tropas Holandesas ao interar-se que as tropas revolucionárias do casal Camarão estavam indo proteger Salvador, tentaram invadir Tejucupapo, porém foram surpreendidos pela tropa feminina de Clara que já estava no local e que acabou conseguindo emboscar as tropas Holandesas. De forma muito astuta, a tropa feminina ferveu tonéis(tipo de barril) de água e colocaram pimenta nela, fazendo que o ar levasse até as tropas aquela distração que os desnorteou.  Neste momento, elas atacaram,  com todas suas forças, utilizando arcos, lanças e tacapes de forma tal que triunfaram e fizeram história. 

A tropa feminina ficou conhecida como “Heroínas de Tejucupapo”, a bravura e convicção dessas mulheres marcou a história ao igual que muitas outras ao longo do tempo, participaram do confronto na primeira Batalha de Guarapes em 1648, e já em 1654 os holandeses se renderam em Recife. 

Sem elas, qual seria a história que contaríamos hoje? 

Clara recebeu o título de “Dona”, o qual era oferecido a membros da alta nobreza e a grandes chefes militares, e fez história ao receber a comenda de hábito de Cristo, o qual, era um privilégio meramente masculino. Fez história, e continua relembrando seu nome e façanhas, tanto o dela como os das mulheres que a acompanharam nas lutas, pois, elas em conjunto, conseguiram vencer um exército com homens preparados para matar. 

Desde 1993, um grupo de mulheres, da Associação Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo, fazem uma apresentação no povoado de Tejucupapo em Pernambuco, no último domingo do mês de Abril. 

Finalmente, seu nome foi inscrito em março de 2017 no Livro Dos Heróis da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Seu nome também foi homenageado na “Refinaria Potiguar Clara Camarão”, em 2009, sendo o primeiro no Brasil que leva o nome de uma mulher. 

Não se sabe nada da sua vida depois da morte do seu amado Felipe Camarão, um  24 de agosto de 1648, mas até hoje inspira as mulheres e homens no Brasil e no mundo.

Guerreiras como ela tem muitas, só que a maioria são pouco conhecidas, no próximo domingo traremos para você outra história das nossas heroínas atrás das sombras. 

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

 

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