A direção da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) realizou uma assembleia de acionistas para viabilizar o desmembramento da empresa em várias outras menores e assim privatizar as partes que mais interessam à iniciativa privada.
Essa privatização, uma verdadeira doação, é ainda mais fora de propósito que as demais já que, em Belo Horizonte, serão injetados quase R$ 3 bilhões antes de repassar a Empresa aos abutres capitalistas. E mais, o governo continuará subsidiando o Metrô mesmo depois de entregá-lo.
Para viabilizar tal processo, o Ministério da Economia pretende transformar as superintendências da CBTU em subsidiárias, iniciando-se pela cisão do Metrô de Belo Horizonte e criando uma empresa para organizar o processo de privatização, a Veículo de Desestatização MG (VDMG). Esta é quem receberá do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) cerca de R$ 3,7 bilhões como donativos para um futuro repasse ao governo do Estado, que imediatamente fará a “concessão para a iniciativa privada”.
Membros do governo já disseram que precisam se livrar deste abacaxi (o Metrô de BH) que não dá lucro, e num primeiro movimento para torná-lo mais atrativo para a iniciativa privada aumentou as tarifas de R$ 1,80 para R$ 4,50, que tendem a continuar subindo.
O Metrô não foi criado para dar lucros, mas para viabilizar o direito constitucional à mobilidade urbana. A privatização do Metrô fere inclusive direitos que aparecem na Constituição de 1988, como o da mobilidade urbana. O Metrô teria formalmente como meta cumprir uma função social, ajudar no deslocamento de pessoas para o trabalho, na busca dele ou para o lazer.
A mudança se deve ao aprofundamento da crise capitalista e à necessidade de continuar sustentando os lucros do grande capital.
Os capitalistas visam lucros a qualquer e irão penalizar a população com tarifas caras. A privatização e seus encaminhamentos acontecem sem nenhuma discussão com os usuários e os trabalhadores da empresa. Tudo feito na penumbra e a toque de caixa atropelando qualquer interesse que não seja os empresariais.
Neste dia 25/11, os metroviários de Belo Horizonte realizaram uma assembleia presencial, depois de quase dois anos, devido à pandemia e as proibições colocadas pela Prefeitura. Eles decidiram entrar em estado de greve e manter a assembleia permanente, isso significa que poderão paralisar as atividades a qualquer momento se a proposta de privatizar a Empresa realmente for adiante.
Acontece que o Governo Federal e o governo de Minas Gerais impulsionam a política da depredação de todos os serviços públicos e a liquidação do funcionalismo vinculado aos serviços públicos. Não restará outra alternativa aos trabalhadores senão a greve, pois se isso não acontecer serão colocados no olho da rua.
As direções sindicais atuais pouco ou nada fazem para organizar a luta pela base devido à enorme pressão do governo Bolsonaro que atua como um agente direto do imperialismo norte-americano no Brasil com a cumplicidade das burocracias que controlam os sindicatos, os movimentos sociais e os partidos políticos.
A luta deve ser impulsionada pela base pelos setores classistas e revolucionários. Esse é o nosso papel. A situação pareceria ser desfavorável, mas o acelerado aprofundamento da crise capitalista mundial tem aumentado o descontentamento e em breve veremos inevitavelmente grandes levantes de massas, rebeliões populares e revoluções. A burguesia responde por meio do fascismo, dos golpes de estado semi disfarçados, da política da guerra civil e da guerra inter burguesa.
É para esse cenário que os revolucionários, os trabalhadores e os povos do mundo devemos nos preparar.