(Matéria original publicada em 14.10.2018)
A campanha de Fernando Haddad, como candidato do PT (Partido dos Trabalhadores) no segundo turno das eleições presidenciais 2018, não consegue sair do lugar. A imprensa golpista tenta apresentar que o problema seria que o PT não teria feito a autocrítica necessária sobre a corrupção ou que precisaria avançar mais nas alianças com a direita centrista do regime político. Mas de fato, essa é a receita para a derrota de Haddad.
Quando a candidatura Haddad evolui à direita, buscando alianças inclusive com reconhecidos inimigos do povo brasileiro, como FHC ou Joaquim Barbosa, ele acaba entrando num terreno dominado por Bolsonaro. Quando Haddad elogia à Operação Lava Jato, declarando, por exemplo, que ela funciona em cima das leis aprovadas pelo PT, ele se entrega dos braços do eixo principal da campanha golpista, a suposta luta contra a corrupção. Quando Haddad declara que a “venda” da Embraer seria “direito consolidado” ele reforça o “sacrossanto” direito a entregar o Brasil de vez e de mãos beijadas para o grande capital.
Além dos graves problemas políticos da campanha Haddad, há até a insensatez mais elementar. Essa direita centrista foi arrasada no primeiro turno das eleições presidencial. Ela não tem votos para repassar para a candidatura Haddad, enquanto este faz concessões vergonhosas.
A única política que pode salvar a candidatura Haddad e derrotar Bolsonaro é colocar em pé um programa de mobilização das massas, além desse circo eleitoral golpista. E esse programa só pode ser a luta contra todos os ataques que estão colocados, como as “reformas” (verdadeiros massacres) trabalhista e da Previdência, a entregas das estatais brasileiras a troco de pinga, a defesa do emprego da saúde e da educação públicas, gratuitas e de qualidade. Pela soberania nacional e o enfrentamento nas ruas ao imperialismo, ao golpismo reacionário, tanto Judiciário quanto o golpe militar.
Os partidos políticos integrados ao regime político colocado em pé pela Constituição de 1988, desde o PT/ PCdoB/ Psol até o PSDB não querem enfrentar o golpe em cima de considerações meramente eleitorais hiper mesquinhas. O cálculo é que Bolsonaro irá se desgastar fazendo o trabalho sujo contra os trabalhadores brasileiros e que eles poderão retornar, por cima da carne seca, em 2022. Eles “esquecem” que por trás de Bolsonaro está o economista ultra neoliberal, o Chicago Boy, Paulo Guedes. E que por detrás de Paulo Guedes está o general quatro estrela Mourão. Estes elementos fazem parte da guerra assíncrona do imperialismo norte-americano contra o Brasil, com o objetivo de aplicar um enorme golpe contra os trabalhadores, e inclusive repetir o que foi feito em 1964, gerando um novo modelo de controle e espoliação para toda a América Latina.