A questão das vacinas e a irracionalidade dos governos na gestão da covid

A questão das vacinas e a irracionalidade dos governos na gestão da covid

Por Ricardo Guerra 

Não há dúvidas que a classe trabalhadora é a principal vítima da Covid-19. Foi quem mais foi exposta e sofreu as consequências da pandemia:

  • Com perdas financeiras, perda dos empregos, perda das próprias vidas, e sequelas físicas e psicológicas;
  • Com a falta de um trabalho educativo sério por parte dos governos;
  • E, também, por ser alvo constante de difusão de ideias reacionárias, falsas notícias e desencontradas informações.

Os governos, que sempre colocaram em cada fase da pandemia os interesses econômicos e os interesses das indústrias farmacêuticas antes da saúde dos trabalhadores, estão fazendo de nossas vidas um joguete de especulação:

  • Impulsionando o ceticismo de setores da população em relação à doença;
  • Propagando falsas informações quanto a sua cura, promovendo  medicamentos sem comprovação científica;
  • E descredenciando a importância dos protocolos sanitários de controle da doença (uso de máscaras, distanciamento social, etc) e das vacinas.

Assim, temos pessoas que não querem se vacinar porque estão com medo, outras porque não foram convencidas da necessidade de tomar as doses, e muitas outras, porque são influenciadas pelas falsas notícias.

Mas, em todos esses casos, o importante é que a informação de qualidade tem a capacidade de ajudar a reverter esse quadro que provoca dissonância cognitiva e, consequentemente,  o comportamento hesitante na população.

É fato que os céticos da vacina estão mal informados ou influenciados por notícias falsas. A pandemia é real, a vacina não vai colocar um chip nas pessoas, nem ninguém vai virar jacaré.

No entanto, existem muitas outras questões em jogo e uma série de possibilidades de manipulações, no contexto do atual debate, não podem deixar de ser levantadas:

  • Esse processo exige muito esforço e seriedade e, também, a condição de plena abertura ao diálogo e à reflexão;
  • Envolve questões relacionadas a interesses políticos e econômicos e temas como privacidade, dever social, autoritarismo e bem-estar coletivo;
  • Mas, fundamentalmente, não pode ser reduzido ao campo individual e dos interesses pessoais, e passa necessariamente pela luta em favor da saúde pública e o fortalecimento do SUS.

É ponto consolidado na ciência e nas experiências da humanidade – em situações como a que estamos vivendo – que a vacinação, o uso adequado de máscaras e o distanciamento social concorrem efetivamente para a diminuição de casos, a diminuição da circulação do vírus (e suas possibilidades de mutações) e o controle da pandemia.

O problema é que, num contexto permeado pela falta de um trabalho educativo sério por parte de governos completamente subservientes aos interesses econômicos – sem a mínima preocupação com a saúde do trabalhador – no qual há uma legítima desconfiança contra a indústria farmacêutica e seus interesses econômicos, existe um um setor político e ideológico que se apoia nessas questões para espalhar falsas notícias de todos os tipos.

A despeito de tudo isso e de todos nós sabermos do que o grande capital é capaz:

Em se tratando de qualquer tipo de vacina podem haver efeitos adversos. No entanto, os seus benefícios se sobrepõem aos riscos, que são mínimos, e a possibilidade de riscos graves (que podem levar a óbito) é ínfima.

Inquestionavelmente há mais riscos para os não vacinados que para os vacinados e, como a vacinação em massa já está acontecendo há quase dois anos, estudos de acompanhamento estão sendo realizados:

  • Tanto para investigar a ação das vacinas no que se refere a duração da imunidade e a necessidade de novas imunizações;
  • Como, também, possíveis efeitos adversos a longo prazo com o uso dessa tecnologia das vacinas mRNA:

Também não podemos deixar de perceber a ação de grupos anti vacinas submetidos a interesses de determinados setores da indústria farmacêutica, promovendo desinformação e confusão nesse processo para alavancar a venda de seus produtos, e a possibilidade de outros grupos tentarem se aproveitar desse ambiente como forma de impulsionar nefastas ideias relacionadas a eugenia e o controle da população.

Esses grupos  propagam mensagens contra vacinas e os protocolos de proteção e distanciamento social, com o objetivo de promover dúvidas principalmente na população pobre – que tem que sair obrigatoriamente para trabalhar: mas será que eles (os impulsionadores dessas mensagens) não tomam as vacinas e não mantêm o distanciamento social?

Precisamos enfrentar – de forma contundente – o setor da denominada big pharma, e uma forma bastante efetiva é a criação de estratégias e condições para que mais pessoas e instituições possam analisar as vacinas, confirmar (ou não) evidências e refutar falsas teorias conspiratórias.

Uma das bandeiras mais importantes de luta que precisamos empunhar, nesse contexto, é a necessidade de quebra das patentes das vacinas, que poderá diminuir custos e beneficiar o seu acesso a toda a população planetária ao mesmo tempo que viabiliza  a possibilidade de livres estudos sobre as suas composições.

A covid-19 trata-se de uma doença com transmissão respiratória, para a qual o controle depende da atitude responsável de toda a sociedade, cenário no qual, existem muitos riscos de tomar decisões erradas, portanto, as pessoas podem e devem discutir formas de proteção coletiva como direito, assim como discutir o próprio direito de se negar a ser submetido a isso.

A questão do passe sanitário tem sido apresentada nesse debate, e, quanto a isso, também existem muitas coisas importantes a serem consideradas:

  • A perspectiva da análise pela ótica da coletividade ou da individualidade;
  • As armadilhas que podem estar inseridas nesse contexto;
  • O tipo de passe; 
  • O risco que representa entregar para governos (lacaios dos interesses financeiros transnacionais) o direito de determinar restrições à livre-circulação das pessoas;
  • E o dever social e a necessária responsabilidade mútua para que o controle da pandemia aconteça.

O fato de uma pessoa achar legítimo ou não o passe sanitário, e qual tipo de passe, precisa ser discutido e muito:

  • Ao que tudo indica, da maneira como está sendo discutido na Europa, EUA e no Brasil, o passe sanitário (vinculado a ter tomado as doses da vacina) não tem efeito direto sobre a questão da transmissão da doença;
  • Mas pode concorrer para aumentar o número de pessoas vacinadas, em consequência da sua obrigatoriedade;
  • E o número de pessoas vacinadas, esse sim, junto com outros protocolos, concorre para o controle da pandemia.

Já na China, diferente das regiões acima indicadas, o passe sanitário (que também é polêmico) não tem nada a ver com ter ou não tomado a vacina, e tem a característica de fazer o controle de propagação da doença por um sistema de monitoramento de casos e possíveis casos.

A questão é muito complexa e, além de interferir no direito à livre-circulação das pessoas e abrir possibilidades de um grave precedente para imposição de outras formas de obrigações autoritárias, o passe sanitário pode ser o aval para a instituição de zonas permanentes de exclusão nas sociedades.

Outros problemas ainda podem ser destacados:

  • É preciso considerar que existem diversos tipos de imunizantes, qual a eficácia  de cada um, e as suas respectivas necessidades de reforço;
  • E também estimar o perigo das novas variantes e como elas podem agir sobre a imunidade dos indivíduos já imunizados;
  • Há, ainda, o risco de pessoas não imunizadas falsificarem o documento e o prejuízo para as pessoas que não tiveram acesso às doses.

Enfim, ser vacinado é parte de nossa responsabilidade mútua. É um dever do cidadão, mas não será o passe sanitário que irá resolver os nossos problemas:

  • O poder público não pode pegar ninguém à força e obrigar a se vacinar;
  • Mas as pessoas precisam assumir as consequências por não cooperarem com esse esforço de interesse coletivo;
  • Nesse sentido, é essencial ter as pessoas discutindo e reagindo. Inclusive para ter oportunidade, de, se for convencido por argumentos sérios e baseados em evidências científicas, mudar de opinião.

A crise sanitária existe. O assunto é sério e a situação vivenciada com a pandemia é muito grave.

O capitalismo está vivendo a maior crise da história da humanidade e, como sempre, está jogando essa conta no colo dos trabalhadores:

  • O massacre do Brasil e da classe trabalhadora é uma realidade;
  • E o governo Bolsonaro está aí para cumprir esse serviço de completa destruição do nosso patrimônio público, financeiro e estatal, e a eliminação dos direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora.

Os trabalhadores fizeram rodar a economia mundial nos piores momentos da pandemia e são os mais prejudicados em todo esse processo, pagando o preço pela irracionalidade com a qual os governos, a serviço do grande capital, estão lidando com a atual crise.

Isso tem que ter um basta!

É preciso se informar e discutir bastante, e o debate não pode ser reduzido a um típico embate simplesmente a favor ou contra as vacinas (nós contra eles).

Essa questão tem que ser colocada sob diversas perspectivas, dentre as quais a perspectiva histórica das relações sociais, fundamentalmente precisa ser observada, e as questões políticas e econômicas – mais profundamente inerentes a esse contexto – não podem ser negligenciadas.

A Gazeta Revolucionária está abrindo esse debate, promovendo uma sequência de publicações nesse sentido, cujo direcionamento final é a organização e a mobilização para a luta: acompanhe e participe.

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