O anúncio da candidatura do ex juiz Sérgio Moro à presidência do Brasil por meio do Partido Podemos representa a cerejinha do bolo de uma política de massacre do povo brasileiro que escalou a partir das mobilizações de 2013.
Naquele momento, os grandes protestos que surgiram a partir do movimento estudantil foram controladas por meio das hordas fascistas nas ruas apoiadas pelo aparato repressivo.
A operação foi bem sucedida e contou com o apoio na prática da “esquerda” oficial que não tomou uma única medida para conter a escalada golpista. Muito pelo contrário.
O imperialismo norte-americano busca desesperadamente aumentar o repasse da crise capitalista sobre a América Latina, que a considera como seu quintal traseiro. Com esse objetivo apeou os governos ditos progressistas. Os que voltaram, como aconteceu na Bolívia, na Argentina, no Peru ou no México o fizeram de maneira muito mais controlada.
As margens de autonomia das quais “gozaram” os governos do PT, dos Kirchner ou da Frente Ampla no Uruguai foram muito reduzidas.
Em paralelo, foram impostos governos abertamente direitistas como aconteceu no Brasil, no Uruguai e no Chile.
A “terceira via”, a burguesia e os revolucionários

Ao mesmo tempo, apareceram governos da dita “terceira via” com algumas firulas para enganar os incautos com uma suposta autonomia do imperialismo. O exemplo mais clássico é o governo de Nayib Bukele em El Salvador. A fórmula é a de um elemento de origem esquerdista que aparece como uma alternativa aos partidos tradicionais e que é eleito em cima de um discurso contra a corrupção. Quando vence, mantém algumas firulas, mas principalmente mantém toda a estrutura fundamental da dominação do imperialismo.
No caso o Peru, com Pedro Castillo, a fórmula Bukele foi repetida.
Mas agora no caso do Brasil, a “terceira via” aparece diretamente imposta pelo imperialismo de maneira muito mais aberta. E mais uma vez com a perspectiva de uma vitória sendo validada pela derrota do Lula e sua frente ampla com a direita, em troca de algumas migalhas (carguinhos) no regime golpista.
Sérgio Moro aparece como a candidatura preferencial do imperialismo porque é a alternativa que mais apresenta a possibilidade de ampliar os ataques contra a população e ainda aumentar a repressão contra a resistência.
Essa política não descarta, mas pressupõe que as outras cartas, como a do próprio Lula ou o bolsonarismo, continuem em jogo, e possam vir a serem usadas dependendo da evolução política.
A saída para os trabalhadores não passa pelas manobras da burguesia em crise. O nosso papel principal como revolucionários é justamente nos organizarmos para incidir na situação política real que passa por organizar o movimento de massas. A defesa efetiva de um programa revolucionário que atenda os anseios das massas é o ponto de partida. A flexibilidade tática para vincular esse programa às lutas concretas é a base para amarrar a propaganda a partir da agitação, da defesa das necessidades concretas.