Pela defesa do Programa da Revolução Operária Sobre uma ruptura oportunista

Pela defesa do Programa da Revolução Operária Sobre uma ruptura oportunista

Vários militantes da LPS (Luta Pelo Socialismo), inclusive a maioria do Comitê Central (CC), romperam com o Programa da Organização validado no seu I Congresso, que aconteceu em abril de 2017, voltando formalmente a aplicar a política sindical burocrática da antiga Luta Popular e Sindical, com a qual, na prática, nunca haviam rompido. Essa política representa uma variante menor da política de “frente popular” encabeçada pelo PT e, portanto, uma maior integração com o regime.

Essa ala burocrática representa uma ala fraca da burocracia sindical em geral que, após ter ficado durante meses defendendo (só na teoria) o Programa revolucionário operário, agora, sob a pressão da direita (reforma trabalhista, ataques contra os sindicatos etc.) e a pressão da ala revolucionária da Luta Pelo Socialismo, renega do programa revolucionário sem reivindicar absolutamente nada do que tinha “defendido”. Devido ao controle dos aparatos essa ala impôs a manutenção do nome do Jornal Gazeta Operária e disse que tentará aplicar o Programa, agora já sem o “incômodo” da ala revolucionária que justamente lutava pela sua efetiva aplicação. Essa política se explica pelo próprio caráter da burocracia sindical, como uma camada média da sociedade, e pela política absolutamente pragmática que segue (ou seja orientada pela política sindical burocrática) que tem como único objetivo manter os próprios privilégios.

Nós da minoria do CC rompemos formalmente com o burocratismo sindical e nos mantemos fieis ao programa, à política, à organização e aos métodos aprovados no I Congresso da Luta Pelo Socialismo e às resoluções do I Pleno do CC que aconteceu em junho de 2017.

Os Eixos Programáticos da LPS foram votados por unanimidade sete vezes após a fusão da LPS e a antiga Gazeta Operária que aconteceu após a I Conferência Nacional da LPS, a então Luta Popular e Sindical (julho de 2016). Ao despeito disso, ao invés de aplicar o programa aprovado, a LPS, manteve a política sindical burocrática, fortemente influenciada pela política de conciliação de classes, de “frente popular”, encabeçada pelo PT. Essa política representa uma brutal traição aos trabalhadores e, portanto, se trata de uma política objetivamente contrarrevolucionária. Por trás dessa capitulação sempre estiveram esses setores sindicais burocráticos que, na realidade, de maneira velada ou aberta, nunca foram além de tentar usar a ala revolucionária como um verniz para encobrir a política oportunista, de defesa dos próprios interesses materiais a partir do controle dos aparatos a qualquer custo. Essa política nunca conseguiu ser quebrada. A partir de junho de 2017, com a aumento da pressão da ala revolucionária pela efetiva aplicação do Programa já aprovado, além do aumento da pressão pela direita com a aprovação da reforma trabalhista e a paralisia do movimento de massas que tem na base a política traidora da “frente popular”, a ala oportunista, valendo-se do seu controle dos aparatos, praticamente impossibilitou a atuação dos militantes revolucionários. 

Apesar de reconhecer teoricamente o desvio oportunista de direita, a ala oportunista da LPS levantou que ela teria como causa a “falta de formação e de compreensão dos militantes”, que teriam “havido avanços” e que a saída seria aprimorar a formação teórica. O setor que constituiu a ala esquerda da LPS concordamos com que a falta de formação dos militantes da LPS além de grave, aparece em primeiro lugar, na direção. Mas esse problema apenas tem refletido uma política que tem na base material o oportunismo que é gerado, objetivamente, a partir dos sindicatos que a LPS dirige e que coloca, também objetivamente, a Organização sob a influência da política de conciliação de classes de “frente popular”, encabeçada pelo PT. Neste sentido, a Luta Popular e Sindical apenas aparece como um exemplo do burocratismo generalizado que tomou conta da esquerda devido a décadas de integração ao regime burguês e de recorrentes traições.

A nova paralisia em que o movimento operário se encontra no Brasil, em grande medida por causa da adesão, na prática, do PT e da CUT como base de apoio real do governo Temer, assim como o ataque contra os sindicatos e os trabalhadores por meio da reforma trabalhista e outros mecanismos, colocaram a política burocrática sindical da Luta Popular e Sindical, e do grosso da esquerda, a reboque da mesma política do PT que tenta salvar os próprios privilégios a qualquer custo.

Vivemos numa sociedade de classes, em luta entre si cada vez mais acirrada por causa do aprofundamento da crise capitalista. Por esse motivo, todo enfraquecimento da política revolucionária, inevitavelmente, fortalece a política oportunista, que é uma política, objetivamente, contrária aos interesses dos trabalhadores.

Centrismo cristalizado

A caraterização que nós fizemos da LPS (Luta Popular e Sindical), no início de 2016, quando uma parte de nós ainda militava na antiga Gazeta Operária, e que nos levou a estabelecer discussões que levaram à fusão das duas organizações. A posição política da LPS, na época, tinha evoluído no sentido classista, se posicionando contra a política de “frente popular” (de conciliação de classes), encabeçada pelo PT, o que apareceu de maneira mais clara na participação da LPS nas manifestações que aconteceram no mês de março de 2016. Mas essa evolução, na realidade, tinha sido influenciada pela evolução à esquerda do movimento de massas e não se materializou no rompimento com a política sindical burocrática. Essa política reflete a adesão, na prática, à política movimentista da burocracia.

Os sindicatos que a Luta Popular e Sindical dirige representam, em termos objetivos, a principal força material burocrática que influencia a Organização, inclusive considerando o caráter semi bonapartista com que a atuação foi conduzida durante mais de uma década. A política de acordos com a burocracia sindical para obter a participação em diretorias oportunistas, também adiciona uma considerável pressão burocrática sobre a LPS.

Os militantes que atuavam na direção do antigo Gazeta Operária erramos na caraterização da burocracia sindical que controlava a LPS, como uma burocracia que pudesse ser empurrada à esquerda, para a política revolucionária. Na verdade, a prática tem revelado que a LPS tem sido controlada por uma política burocrática centrista integrada durante décadas à burocracia sindical, por meio de vários mecanismos. Quer dizer, o centrismo acabou se cristalizando à direita, o que é o processo “natural” no processo de refluxo. Se trata de um caminho sem volta, pelo menos enquanto a base material que dá vida a essa política não seja quebrada. As viradas à esquerda são também fenômenos “naturais” que acontecem sob a pressão do movimento de massas.

Nos anos passados, até 2015, houve ainda a influência da política muito oportunista da direção do PCO (Partido da Causa Operária), que tinha como principal objetivo espoliar os sindicatos. O baixo nível de formação teórico, político e principalmente ideológico dos militantes, mesmo dos que militaram durante décadas no PCO, a orientação do grosso dos militantes à execução de tarefas práticas, no grosso burocráticas, e a preocupação também burocrática com o controle dos aparatos, demonstram que a direção desse partido nunca teve como objetivo construir um partido revolucionário, pelo menos nos últimos 15 a 20 anos anteriores à ruptura.

Na Luta Popular e Sindical, como herdeira dos militantes do PCO em Minas Gerais, o centrismo acabou se transformando em “centrismo cristalizado”, de acordo com as palavras de Leon Trotsky. Trata-se de uma burocracia frágil, que visa se manter no controle dos aparatos manobrando em cima de várias pressões, ainda mais no contexto em que os ataques do imperialismo e do grande capital estão obrigando a burocracia do PT e dos demais componentes da “frente popular”, portanto da burocracia de direita, a buscar mecanismos alternativos para salvar os próprios privilégios a qualquer custo. Neste sentido, a experiência das eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim que é controlado pelo PC do B há décadas, no início de 2017, quando a burocracia da Articulação tentou retomá-lo com muita pressão, foi uma amostra desta política.

Deve entender-se que o desenvolvimento da burocracia, assim como todos os fenômenos sociais, acontecem em grande medida, em cima do desenvolvimento da luta de classes e independem, também em grande medida, da “livre vontade” ou da inteligência de determinadas pessoas, principalmente se essas pessoas não tiverem assimilado a ideologia revolucionária da classe operária.

Como militantes que levantamos a continuidade da defesa do Programa da Luta Pelo Socialismo, com o qual a ala oportunista rompeu, nós repudiamos a política oportunista da burocracia em geral, defendemos a aplicação do programa marxista revolucionário e consideramos que a política burocrático sindical representa um suicídio político.

A paralisia do movimento de massas tem prazo de validade por causa dos crescentes ataques do grande capital. A burocracia tende a ficar prensada entre os ataques da direita e o inevitável ascenso operário. Mas também entendemos, por causa do caráter de classe da burocracia, a dificuldade objetiva dessa maioria oportunista em romper com a manutenção dos privilégios materiais.

Pela defesa do programa revolucionário

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Em cima das divergências programáticas e políticas fundamentais se acumularam as divergências em praticamente todos os componentes da política da LPS, entre a política burocrático sindical e a política revolucionária. No período posterior à fusão da LPS com o Gazeta Operária, o objetivo fundamental da política revolucionária foi municiar a nova organização com um programa e uma política marxista. Esse processo durou oito meses, entre agosto de 2016 e abril de 2017, quando aconteceu a primeira reunião Plena do Comitê Central da LPS , e que coincidiu com a paralisia do movimento de massas, provocada pela traição do PT após o impeachment de Dilma e que teve um ascenso parcial a partir de março, conforme temos avaliado em detalhes no Jornal Gazeta Operária. A partir deste momento, aumentou a luta interna no sentido da aplicação da política revolucionária que enfrentou muita resistência da maioria. 

A ala burocrático sindical da LPS aumentou o discurso radicalizado aceitando todos os documentos revolucionários, mas, ao mesmo tempo, fortaleceu a política prática de contenção da política revolucionária em todas as frentes, adereçada por diversas variantes do mesmo discurso demagógico, como, por exemplo, que “essa [os militantes sindicais burocratizados e oportunistas] é a matéria prima disponível”, que “devemos ir mudando aos poucos”, que “não devemos ser ansiosos”, que “temos feito importantes mudanças”, que se formos aplicar a política revolucionária (que formalmente é reconhecida como correta) “como iremos fazer” com tal ou qual problema imediato ou conjuntural etc.

Na realidade, as duas políticas colocadas, uma política burocrática que é imposta a partir do controle dos aparatos dos sindicatos e uma política revolucionária, imposta, principalmente, a partir da luta promovida pelos integrantes do antigo Gazeta Operária, se mostraram irreconciliáveis. Essa divergência de fundo apareceu de maneira recorrente a cada vez que a ala revolucionária tenta promover avanços em cima de problemas políticos práticos, principalmente quando os problemas se relacionavam com questões financeiras ou com o controle dos aparatos sindicais, que para os sindicalistas burocratizados “devem ter vida própria”.

Sem quebrar a base material da burocracia é, na prática impossível impor a política revolucionária, dado que os sindicalistas burocratizados se encontram objetivamente, numa situação privilegiada (independentemente das considerações individuais) diante das categorias de trabalhadores que representam e, portanto, sofrem menos pressão dos ataques e da crise capitalista, além de se encontrarem, por meio de mecanismos diretos e indiretos, atrelados ao estado. A política revolucionária não consegue avançar sem quebrar com a base material do burocratismo; inclusive porque se trata de uma luta à morte, pela própria sobrevivência. Se não conseguir avançar nesse sentido, ela própria se diluirá na política oportunista. Esta é a base material que fundamenta o aumento das contradições entre as duas políticas na LPS e que levou ao racha.

A pressão da maior parte dos militantes pela base material burocrática que controla os sindicatos com seus recursos materiais sempre entravou a construção do partido operário revolucionário, buscando isolar os órgãos partidários onde a política revolucionária ia se impondo. Nessas condições, a disputa pelas posições organizativas se tornou secundária em relação à defesa das posições programáticas se transformou no centro da luta, conforme Trotsky orientou. ??

A tolerância com a infiltração da política oportunista implica no suicídio político da política revolucionária. A luta política contra a ala oportunista passa pela pressão para que esta assuma o seu verdadeiro programa que é a continuidade da política sindical burocrática, ou o rompimento definitivo com o oportunismo e o burocratismo, o que é impossível de acontecer sem quebrar a base material que alimenta essa política. Essa base material tem na base ??o desenvolvimento da luta de classes e não se encontra desassociada da formação do partido, que deve lutar na sua construção revolucionária pela superação da política sindical, como uma forma de penetração da política burguesa no movimento operário. 

O inevitável ascenso operário, colocado para o próximo período em escala mundial, em cima dos crescentes ataques do capital, deverá ultrapassar a esquerda burocrática atual de conjunto. E mesmo ele sendo derrotado e a contrarrevolução triunfar durante um período, essa esquerda e essa burocracia atual estão esgotadas; elas não conseguem mais funcionar como mecanismos de contenção das massas a não ser totalmente integradas ao estado burguês. Por esse motivo, o grande capital impulsiona os movimentos da extrema direita.

Para a política burocrática e oportunista da esquerda no geral, e concretamente da burocracia sindical, o controle dos aparatos se transformou em condição sine qua non de sobrevivência por causa do endurecimento do regime político. Os ataques adquiriram uma escala maior com a reforma trabalhista que acelerou a política do “salve-se quem puder”. Há ameaça de ataques provenientes de alas mais direitistas da burocracia contra alas mais fracas e também de um ascenso operário que possa provocar o surgimento de novas oposições sindicais classistas. A política revolucionária, aplicada na prática, além das declarações ou dos discursos que não saem do papel, representa, objetivamente, uma ameaça à política burocrática porque implica, em primeiro lugar, em abrir mão dos próprios privilégios, doa a quem doer, e direcionar os aparatos sindicais para a luta real dos trabalhadores.

A luta política entre ambas alas se transformou numa luta à morte, com “linhas vermelhas”, que deviam ser defendidas, nas posições políticas de ambas alas, sob pena de colocar em risco a própria sobrevivência. Estava em jogo a defesa dos interesses burocráticos, pela política burocrático sindical da LPS, que representam os interesses das camadas médias da população, da pequeno burguesia, e a política revolucionária que representa os interesses da classe operária. Somente os trabalhadores terão condições de destruir a burocracia que é parte integrante do regime político burguês. O papel dos revolucionários é desmascará-la perante os trabalhadores.

Quebrar a base material da burocracia

No I Congresso da LPS (abril de 2017), os documentos programáticos, políticos e organizativos foram aprovados por unanimidade. Mas, junto a eles, foi passado “de contrabando”, por imposição da ala oportunista majoritária da LPS, um CC com 15 membros onde foram misturados dirigentes com militantes, pré-militantes e simpatizantes. O fato da então ala revolucionária minoritária não ter travado uma luta ferrenha sobre esta questão foi um erro já que a construção do partido revolucionário começa pelo CC. A mesma política de “fronteiras abertas” continuou sendo a norma na maior parte dos núcleos (células), o que representou a clássica política oportunista menchevique que levou ao racha no POSDR (Partido Operário Socialdemocrata Russo), em 1903.

No mesmo sentido, a publicação do Jornal Gazeta Operária representou um aspecto positivo da atuação da LPS. Mas Lenin orientou que o Jornal devia ser um “organizador coletivo” e estar no centro das atividades do partido revolucionário, e não ser sustentado burocraticamente por recursos provenientes de aparatos, enquanto a esmagadora maioria dos militantes, fortemente influenciada pela burocracia, sempre o tratou como um fardo, porque foi acostumada pela burocracia sindical a receber tudo dos sindicatos. Isto representa uma manifestação clara do burocratismo que permeia a LPS e que, com o novo refluxo do movimento de massas e a pressão da ala revolucionária, se fortaleceu. O trabalho com o Jornal, por si próprio, define o caráter do militante enquanto tal. A partir desse trabalho, vão se consolidando os contatos, ampliando os núcleos e fortalecendo a formação de quadros independentes da burocracia. Dessa forma o Jornal dentro da Organização, vai impulsionar e reforçar a política revolucionária.

A adoção do programa da “frente popular”, disfarçada com “fazer o possível” com “os militantes limitados atuais”, objetivamente, isto é independentemente das boas intenções de determinadas pessoas, tem como objetivo impor a política oportunista a toda a Organização. A política revolucionária que não sai do papel apenas serve para dar um verniz de esquerda a essa política. 

A mudança da política burocrático sindical oportunista para a política revolucionária é impossível de acontecer por meios evolutivos graduais, sem luta política, sem quebrar a base material da burocracia e, principalmente sem adequar os métodos organizativos e a política à política revolucionária. Ambas políticas representam os interesses materiais de duas classes sociais inimigas.

Os revolucionários não devem abandonar o trabalhador com o fardo da traição da burocracia nas costas, mas devem aplicar a política revolucionária contra a política sindical burocrática. Se trata de velho problema esclarecido de maneira magistral por Lenin no livro Que Fazer?.

Duas políticas, dois caminhos: uma política sindical burocrática (contrarrevolucionária) e uma política revolucionária 10

1. Defesa da política revolucionária 10

Política sindical oportunista 10

Política revolucionária 10

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 10

2. Programa 11

Política sindical oportunista 11

Política revolucionária 11

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 12

3. O marxismo como método (versus questões pessoais) 12

Política sindical oportunista 12

Política revolucionária 12

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 14

4. Relação teoria/ prática 14

Política sindical oportunista 14

Política revolucionária 14

Contra a “frente popular” e à burocracia 14

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 15

5. Relação entre Programa, Política, Organização e Métodos 16

Política sindical oportunista 16

Política revolucionária 16

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 16

6. O que está no centro da Organização 17

Política sindical oportunista 17

Política revolucionária 17

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 17

7. Perspectiva da Organização 18

Política sindical oportunista 18

Política revolucionária 18

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 18

8. Análise da conjuntura política 18

Política sindical oportunista 18

Política revolucionária 18

Sobre as palavras de ordem 19

Sobre a frente única operária 20

Propostas de palavras de ordem para este período 21

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 23

9. Papel da Teoria na formação 23

Política sindical oportunista 23

Política revolucionária 23

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 23

10. Ação política 24

Política sindical oportunista 24

Política revolucionária 24

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 24

11. Luta de classes 24

Política sindical oportunista 24

Política revolucionária 24

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 25

12. Luta política revolucionária 25

Política sindical oportunista 25

Política revolucionária 25

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 25

13. Organização 26

Política sindical oportunista 26

Política revolucionária 26

Sobre a política e os métodos da organização revolucionária 26

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 29

14. Militantes 30

Política sindical oportunista 30

Política revolucionária 30

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 30

15. Construção do partido 31

Política sindical oportunista 31

Política revolucionária 31

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 32

16. Recrutamento 32

Política sindical oportunista 32

Política revolucionária 33

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 33

17. Atividades da LPS 34

Política sindical oportunista 34

Política revolucionária 34

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 34

18. Regras, metas, métricas e resultados 35

Política sindical oportunista 35

Política revolucionária 35

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 35

19. Luta interna 36

Política sindical oportunista 36

Política revolucionária 36

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 36

20. Documentos públicos devem ser publicados? 36

Política sindical oportunista 36

Política revolucionária 36

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 37

21. Disciplina 37

Política sindical oportunista 37

Política revolucionária 37

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 37

22. Aplicação da política 37

Política sindical oportunista 37

Política revolucionária 38

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 38

23. Evolução da situação política 38

Política sindical oportunista 38

Política revolucionária 38

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 38

24. Sobre os Sindicatos 39

Política sindical oportunista 39

Política revolucionária 39

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 40

25. Finanças 45

Política sindical oportunista 45

Política revolucionária 45

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 45

26. Senso de urgência 46

Política sindical oportunista 46

Política revolucionária 46

27. A Crítica e Autocrática: pública ou fechada? 46

Política sindical oportunista 46

Política revolucionária 46

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária 46

28. Internacionalismo 46

Política sindical oportunista 46

Política revolucionária 47

29. Expectativa futura 47

Política sindical oportunista 47

Política revolucionária 47

Duas políticas, dois caminhos: uma política sindical burocrática (contrarrevolucionária) e uma política revolucionária

Em cada uma das divergências apresentadas a continuação, a “Política sindical oportunista” faz referência à política que predominou amplamente na LPS e que, em primeiro lugar, foi imposta pela maioria burocrático sindical do Comitê Central. Se tratou de uma política objetivamente (independentemente de intenções individuais) contrarrevolucionária, contra os interesses dos trabalhadores, contra a qual a ala revolucionária travou uma luta ferrenha. No fundamental, essa política é a mesma que é aplicada pela burocracia sindical e todas as demais burocracias que controlam os partidos da esquerda integrada ao regime e as organizações operárias burocratizadas.

Abaixo apontamos a “política sindical oportunista” por um lado e a “política revolucionária” por outro, bem como as medidas necessárias para romper com a primeira.

  1. Atividades da LPS

Política sindical oportunista

O foco das atividades deve estar concentrado em administrar sindicatos e em garanti-los nas eleições sindicais. Esta política é apenas uma variante da política parlamentar hiperoportunista, que no Brasil, é aplicada de maneira clássica pelo PT. A fé na pseudo democracia burguesa expressa a enorme pressão da “frente popular”.

Em cima da pressão burocrática, os sindicatos apresentam enormes dificuldades para publicar boletins e distribuí-los. O trabalho com os contatos é inexistente e, quando existe, é orientado pelas relações pessoais, o que reflete a política da burocracia de manter um grupo de amigos mais próximo para disputar as eleições sindicais.

A maior parte dos dirigentes não escreve para o Jornal e nem sequer lê o Jornal.

“Lenin estava em 1917, nós em 2017. A tecnologia para Jornal era outra. Tenho dúvidas sobre se ele trabalharia com a venda do Jornal. Não é uma questão de princípios, mas organizativa. Lenin teria uma conduta distinta.”

Política revolucionária

Para a ala que defende a aplicação da política revolucionária, no centro da atuação deve estar colocada a organização da agitação e propaganda.

Uma lista séria de contatos deve ser trabalhada por meio do Jornal político, em primeiro lugar, e os boletins que são instrumentos para facilitar o trabalho com o Jornal. E esse deve ser o grosso das atividades de todos os militantes, em primeiro lugar dos sindicalistas que devem ser “tribunos revolucionários”, conforme a expressão utilizada por Lenin.

A integridade da Organização deve ser defendida em quaisquer circunstâncias como uma máquina de agitação e propaganda, o que implica em combinar o trabalho legal e outros tipos de métodos com esse objetivo.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. O Jornal deve ser fortalecido em relação à propaganda o que implica em aproveitar todos os mecanismos atuais, inclusive as redes sociais e a Internet.

2. Considerar que, como o “organizador coletivo”, o Jornal deve ser colocado no centro da atuação da Organização, inclusive nos sindicatos à partir dos boletins que devem estar subordinados ao Jornal.

O Jornal deve ser trabalhado em primeiro lugar com a lista de contatos, que hoje não é feita devido à pressão da burocracia.

O trabalho político revolucionário com os contatos deve ser uma das preocupações fundamentais dos sindicalistas.

3. Explicar como seria feito o trabalho de contatos, de recrutamento e de organização sem a Organização ter um Jornal físico e panfletos e boletins, que devem servir como extensão do Jornal, para discuti-lo com os trabalhadores a partir dos problemas econômicas que eles enfrentam.??

4. Documentar as divergências em relação à visão elaborada por Lenin no livro Que Fazer?

5. Comentar sobre o documento “10.08.2017 Questoes Organizativas” capítulo “A principal e fundamental tarefa: partido de agitação e propaganda”.

  1. Regras, metas, métricas e resultados

Política sindical oportunista

Predomina o trabalho espontâneo, o “corre corre” sindical burocrático do dia a dia. A desorganização generalizada faz parte das organizações sindicais devido à influência dos métodos burocráticos.

As regras, metas, métricas e resultados são praticamente inexistentes. Mesmo aprovadas em documentos, elas são costumeiramente relaxadas conforme a “opinião pública” e a vontade pessoal, e costumam não se aplicar nem mesmo decisões tomadas em reuniões da diretoria sindical quando elas existem.

A burocracia sindical faz parte das camadas médias da população e, portanto, aplica os métodos pequeno burgueses, hiperindividualistas e arrogantes próprios desses setores sociais. Conforme já temos discutido inúmeras vezes para entender a psicologia da burocracia sindical é preciso entender a psicologia de um pequeno proprietário, por exemplo do dono de uma pequena padaria.

Política revolucionária

A atuação do partido revolucionário deve estar orientada aos resultados revolucionários e estruturada em cima de regras, metas, métricas e resultados. Deve ser travado um combate acirrado contra todas as manifestações de anarquismo e burocratismo. 

Todas as discussões e decisões devem ser realizadas nos organismos e, principalmente, devem ser estritamente respeitadas e aplicadas.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Todos os militantes, principalmente os sindicalistas, devem trabalhar em cima de resultados que devem ser medidos por meio de métricas e regras específicas.

2. A política deve valer tanto para o trabalho em campo (panfletagem, reuniões nos setores) como para o trabalho interno.

3. Todas as atividades devem ser consideradas como uma oportunidade para estar em contato com os setores de ponta dos trabalhadores e devem ser medidas.

4. O calendário de atividades deve ser controlado a partir dos órgãos dirigentes, mas deve ser totalmente voltado à política de agitação e propaganda

Até o momento, o que tem acontecido é que os calendários continuam voltados a uma política burocrático sindical. As melhorias não têm rompido com a política sindical, o que é natural porque vivemos numa sociedade de classes e isso somente será possível por meio de uma luta política muito dura. 

Relembrar que a questão do enquadramento das reuniões impôs uma luta feroz devido à resistência da política burocrática. E isso até foi uma questão banal quando consideramos que a verdadeira resistência virá a partir das questões materiais; não podemos esquecer que vivemos na sociedade capitalista.

  1. Luta interna

Política sindical oportunista

A luta interna deve ser levada a cabo em cima de conchavos, troca de favores, cumplicidade entre “amigos” e relações “fraternais”, o que aliás reflete de maneira muito clara os métodos da burocracia sindical.

As divergências internas devem ser camufladas e nunca explicitadas, principalmente em relação ao público exterior à Organização. 

Política revolucionária

A luta interna passa pelo combate encarniçado ao centrismo, que tende à direita, como reflexo da luta de classes.

As relações entre os militantes são incompatíveis com a troca de favores, com o “somos todos amigos” e afins. Elas devem ser construídas na luta pela revolução operária mundial. A confiança plena e fraternal existe, mas somente entre revolucionários provados na luta.

As resoluções da Organização devem ser estritamente aplicadas na luta contra a política burocrática de tornar essas resoluções em “papel morto”.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Reconhecer que o programa e a política da LPS devem ser defendidos em primeiro lugar internamente, mesmo contra considerações conjunturais ou excepcionais.

2. Se posicionar formalmente sobre o documento “10.08.2017 Questões Organizativas”, principalmente sobre os quatro capítulos relacionados com o centrismo.

  1. Documentos públicos devem ser publicados? 

Política sindical oportunista

Documentos aprovados pelo CC com a política da Organização para o próximo período não devem ser publicados porque podem conter informações internas que poderiam expor a Organização à chacota de outras organizações.

As restrições colocadas praticamente eliminam todo o espírito do documento. É evidente que não se trata de uma mera “divergência tática” ou de “caracterização”, mas que se trata de uma divergência sobre qual é o tipo de organização que queremos construir e, principalmente, a serviço de quem ela deve estar.

O fundamental dos documentos aprovados pelo CC deve refletir o que já foi aprovado e publicado nos Estatutos e Eixos Programáticos.

Política revolucionária

O partido operário não é propriedade de um pequeno grupo, da mesma maneira que não o deveriam ser os sindicatos. O método da crítica e da autocrítica, conforme nos ensinaram os mestres do marxismo, representa um dos mecanismos principais para fazer avançar o partido revolucionário na interligação com a classe operária e o movimento de massas. Ver o documento “10.08.2017 Crítica e Autocrítica”.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Posicionar-se formalmente sobre o documento “10.08.2017 Critica e Autocritica”.

2. As resoluções do CC devem ser publicadas na íntegra não somente em cima de considerações táticas, mas principalmente sobre a consideração política a respeito de qual organização queremos construir. Questões internas específicas devem ser documentadas de maneira separada. Mas a política da Organização deve ser pública.

  1. Disciplina

Política sindical oportunista

A disciplina que impera é a da “frente popular”, isto é o anarquismo, o individualismo e a desmoralização crescente já que a política revolucionária é substituída pela política pequeno burguesa.

Política revolucionária

A disciplina que deve imperar é a disciplina leninista, revolucionária, a fidelidade absoluta à causa da classe operária; é o centralismo democrático; é o trabalho em equipe; é o respeito a horários, às reuniões, à política revolucionária; ao planejamento das tarefas, assim como a sua execução em cima de métricas e resultados.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Considerar que o ponto de partida da disciplina passa por aprovar as resoluções que efetivamente serão aplicadas. Ter documentos programáticos e políticos que foram aprovados muitas vezes e não são aplicados é uma fonte de burocratismo e desmoralização.

2. Se o Programa e os demais documentos não serão aplicados, então que sejam cancelados e colocados no lugar, os que serão efetivamente aplicados.

À eventual objeção de que já estamos indo nesse caminho, respondemos que não é uma avaliação marxista. O problema é a que política, a que classe social, o caminho atual serve, mesmo com as melhorias quantitativas.

3. Documentar eventuais divergências práticas sobre o documento “9.6.2017 anarquismo v2”.

  1. Aplicação da política

Política sindical oportunista

Para aplicar a política bastaria um discurso exaltado ou até uma eventual postagem no WhatsApp o que, na realidade, não passa de um disfarce do burocratismo e do culto à ignorância política.

Política revolucionária

A aplicação da política revolucionária deve acontecer de acordo com o Programa e a política revolucionária; os calendários dos militantes devem ser controlados de maneira centralizada e orientados ao estudo, à agitação, à propaganda e à organização. Acima de tudo, um militante revolucionário deve amar o partido e a revolução operária. 

Sem ideologia revolucionária, é impossível ter uma prática revolucionária.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Todas (pelo menos o grosso) das atividades dos militantes devem ser direcionadas à agitação e propaganda. Isto implica numa mudança radical do que acontece hoje em que os militantes dedicam o tempo a qualquer coisa (principalmente ao trabalho sindical miúdo) ou a atividades não centralizadas.

2. Deve ser elaborado e aplicado um plano bem estruturado para que todos os militantes, a começar pelos dirigentes, assimilem o marxismo revolucionário em termos ideológicos, teóricos e políticos.

  1. Evolução da situação política

Política sindical oportunista

A rápida evolução da situação política mundial é, na prática obscura, o que reforça a influência da política da “frente popular”. A tarefa colocada seria continuar melhorando a administração burocrática dos sindicatos na tentativa de se adaptar aos ataques do capital, mantendo o que for possível dos próprios privilégios.

Política revolucionária

A evolução da situação política para o próximo período coloca a necessidade de preparar o partido para o acirramento da luta de classes, que passa pelo aumento do aperto do imperialismo (econômico e político) e o “iminente” ascenso operário. Nesse contexto, a tarefa colocada passa pelo fortalecimento do partido de quadros e a manutenção do funcionamento da Organização, em quaisquer circunstâncias, como máquina de agitação e propaganda a serviço da revolução operária mundial.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Entender que a perspectiva deve ser um partido de combate político disposto a atuar em quaisquer circunstâncias.

2. Entender que o partido deve se preparar para atuar no próximo ascenso do movimento de massas e em escala pelo menos nacional, o que já representaria um desvio, embora que muito menos grave que o atual, dado que a luta revolucionária somente pode se dar em escala mundial.

3. Posicionar-se formalmente sobre o documento “10.08.2017 Trabalho legal”.

  1. Sobre os Sindicatos

Política sindical oportunista

Os sindicatos representam um fim per si. Eles são tratados quase como propriedade privada. Soluções administrativas e pequenas manobras estão na base da solução dos problemas; mesmo os recursos dos aparatos são uma “caixa preta” para os militantes.

O eixo da atuação são as ações jurídicas e a luta ideal são as greves econômicas.

O controle dos aparatos por longo período está na base dessa política que se relaciona em boa medida, com o controle das finanças. Com esse objetivo, os esforços são direcionados à disputa das eleições.

O papel dos trabalhadores não passa de massa de manobra. Ele é considerado burro, que não quer lutar etc.; mas o objetivo real dessa campanha é dizer que “não dá para fazer” porque o trabalhador não quer e que, portanto, deveria ser feito “o possível”, ou seja, cuidar dos próprios privilégios.

Conforme palavras textuais de dirigentes do primeiro nível da ala oportunista da LPS: “Para transformar os militantes sindicais em militantes revolucionários, precisamos avançar na formação deles sem que a Organização seja inviabilizada.

Como evoluir para uma política leninista sem abandonar o trabalho sindical? 

Como construir uma política leninista dentro dos sindicatos, nos detalhes? 

Não acho que haja uma visão sindical estrita, mas também marxista porque está atuando.

Nós somos burocratas; mas estamos comprando uma grande briga.

O problema nosso é analisar os passos que iremos dar, sem perder o que temos, sem abrirmos passo para qualquer aventureiro tomar o sindicato. O que iremos ganhar perdendo o Sindicato? Deixar para a Articulação? Não vejo uma preocupação de Alejandro neste sentido.

As pessoas piram porque não tem experiência teórica e prática e não sabem o que fazer.”

Política revolucionária

Os sindicatos não representam um fim per se. Eles pertencem aos trabalhadores e ninguém deve tratá-los como propriedade privada.

Para o partido revolucionário, o papel dos sindicatos é o de organizar (politicamente) a classe operária a partir das próprias lutas, que somente podem começar como lutas econômicas.

O objetivo fundamental da atuação é organizar oposições sindicais de luta e nunca buscar segurar os aparatos sindicais a qualquer custo.

Os militantes revolucionários devem lutar para transformar os sindicatos burocráticos em sindicatos revolucionários. Trotsky explicou no texto “Os Sindicatos na época da decadência do imperialismo” que é impossível existir um sindicato revolucionário sem a direção do partido revolucionário e que o sindicalismo burocrático tende a ser rapidamente colocado a serviço do capital.

Os principais quadros revolucionários devem atuar na propaganda e não na administração dos sindicatos. O Jornal deve ser vendido para os contatos, por dentro e por fora das empresas. Os boletim devem ser panfletados nos principais locais como instrumento de agitação para levar a política do Jornal.

Os sindicalistas são apenas quadros médios e não devem ser considerados como membros naturais do CC.

Os aparatos sindicais devem ser apenas utilizados para facilitar o trabalho de contatos e de agitação e propaganda da política revolucionária, assim como para criar grupos fortes de militantes. Eles são importantes fundamentalmente até a situação revolucionária.

No Brasil, o sindicalismo se encontra atrelado ao Estado. Por esse motivo, é preciso estabelecer uma ampla depuração e luta contra o flanelismo e o burocratismo. A direção deve ser coletiva; os ativistas devem ser envolvidos; deve acontecer o rodízio dos diretores liberados para ampliar o trabalho na base; deve ser realizado o trabalho nas OLTs (Organizações por Local de Trabalho) e com os terceirizados já que a divisão da classe operária somente pode representar uma traição à luta do conjunto dos trabalhadores. 

Os conchavos com a burocracia devem ser repudiados. Somente devem ser aceitos acordos públicos; as relações com a burocracia não podem ser pessoais, mas devem ser realizadas pela Organização e sob ferrenho controle do CC por causa da penetração do burocratismo.

Fundamentalmente, nos sindicatos dirigidos pela LPS, deve-se, em primeiro lugar, quebrar a base material da burocracia. Deve-se fazer um levantamento preciso da maneira como os sindicatos trabalham hoje. A partir desse levantamento, deve ser feito um diagnóstico dos processos que na prática, são aplicados hoje. Em cima do diagnóstico, devem ser criados e refinados novos processos de funcionamento com o objetivo de colocar os sindicatos efetivamente a serviço dos trabalhadores, como órgãos dos trabalhadores. Essa política requer o enxugamento da máquina no maior nível, e o direcionamento dos diretores e ativistas para o trabalho de base, para tornar esses aparatos em máquinas de agitação e propaganda a serviço da revolução operária. Essa política implica em que a defesa dos aparatos deve ser subordinada à política revolucionária, à formação de grupos revolucionários orientados a organizar a luta dos trabalhadores, e que qualquer acordo com os patrões ou com a burocracia sindical (que atua como uma extensão objetiva dos interesses dos patrões) deve ser claro, público e deve ser submetido à validação dos trabalhadores. É óbvio que a aplicação desta política se choca com os interesses estreitos e oportunistas da burocracia sindical; isso faz parte do próprio desenvolvimento da luta de classes. 

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Partido revolucionário ou partido sindical?

Muitas das colocações apresentadas pelos oportunistas refletem o gigantesco grau em que a política burocrática se encontra infiltrada na maior parte da esquerda. 

Para não ficar chovendo no molhado, aquelas organizações burocratizadas que expressam a intenção de avançar no sentido da construção do partido operário revolucionário, mas repetem exatamente a mesma política que tem sido duramente criticada pelos revolucionários marxistas há pelos menos 150 anos (Lassalle, Bernstein, mencheviques), devem se posicionar claramente, formalizando essa posição no documento de resposta, sobre o livro de Lenin Que Fazer? em relação aos sindicatos e à política burocrático sindical (o economicismo). Também devem se posicionar claramente, formalizando essa posição no documento de reposta, sobre o texto de Trotsky “Os sindicatos na época de decadência do imperialismo”.

3. Sobre a “destruição dos sindicatos”. 

Qual é a verdadeira política sobre os sindicatos?

A política sindical burocrática tem como eixo manter o controle dos aparatos sindicais a qualquer custo, o que somente pode reforçar a política burocrática oportunista, a ala direita da Organização.

A política revolucionária considera que os sindicatos não são um fim em si mesmo, mas um instrumento para organizar a luta dos trabalhadores a partir da luta econômica. Mas a luta econômica representa a penetração da política burguesa no movimento operário (conforme os mestres do marxismo sempre ensinaram). Essa penetração somente pode ser quebrada por meio da luta político revolucionária.

Os resultados práticos da política burocrática são (dentre outros): falta empedernida de contatos políticos, extrema dificuldade de mobilização dos trabalhadores, não venda do Jornal, quase inexistência de discussão da política revolucionária, recrutamento de militantes políticos igual a zero; desmoralização crescente dos militantes; necessidade de fazer inúmeros conchavos para manter o controle dos aparatos. E o pior: dada a evolução da luta de classes, se trata de uma política hiperdesmoralizada que tende a ser implodida no próximo período com a total implosão do que hoje há e que gira em torno aos aparatos.

A perspectiva da política revolucionária é trabalhar com sindicalistas revolucionários que combatam com veemência o burocratismo e o flanelismo, com os militantes concentrados na luta política, em fortalecer os sindicatos ao máximo possível: com o trabalho entre os terceirizados, nas OLTs, etc., pois a classe operária não deve ser dividida, mas com o objetivo de transformar a luta econômica em luta política. Os militantes não devem ser sindicalistas, mas usar o sindicalismo para se transformarem em tribunos políticos revolucionários. Esta é a única luta que tem perspectiva para o próximo período já que se propõe avançar no mesmo sentido em que gira a roda da história.

4. Abandonar os sindicatos?

A política sindical revolucionária não implica em abandonar os sindicatos. Exatamente o oposto. Somente com a política leninista é possível fortalecer os sindicatos. A “confusão” está em que para a política burocrático sindical o problema radica em como conservar os aparatos a qualquer custo. 

Para a política revolucionária, a conservação dos sindicatos deve ser colocada a serviço da política revolucionária. Os eventuais acordos com a burocracia, com os patrões ou com quer que seja, devem ser públicos e colocados estritamente a serviço da luta geral e ainda, preferencialmente, devem ser validados pelos trabalhadores.

Em resumo, está em pauta a quem pertencem e a serviço de quem devem estar os sindicatos: de um pequeno grupo ou da luta da classe operária? Essa divergência se transfere também sobre o partido operário revolucionário. É essa divergência que está por trás da questão da autocrítica pública.

5. Qual é a política revolucionária para o movimento sindical?

Assim como acontece em todas as organizações, nos sindicatos existem três alas principais, como reflexo da luta de classes: esquerda, direita (oportunista) e centrista (que no momento de refluxo tende inevitavelmente à direita).

O ponto de partida para a aplicação da política revolucionária tem na base fatores materiais que, em primeiro lugar, passa pelo problema da burocracia.

Para a política revolucionária, sem quebrar com a base material da burocracia interna é impossível aplicar a política revolucionária. Os componentes principais burocráticos passam pelo poder material, principalmente o controle financeiro e do poder, e privilégios no geral. Os funcionários dos sindicatos de maneira “natural”, reforçam a ala oportunista já que eles estão vinculados ao trabalho burocrático que se encontra intrincado ao sindicalismo estatal, que é o tipo de sindicalismo que especificamente no Brasil, predomina amplamente. Por esse motivo político, o número de funcionários deve ser reduzido ao menor número possível.

6. Exemplo de como um sindicato deveria ser organizado

Como, enfim, deveria ser organizado na prática, um sindicato para atuar em cima de uma política revolucionária?

Um exemplo que poderia ser usado como base para a atuação revolucionária nos sindicatos:

1- Quebrar a base material da política burocrática

i) Controlar as finanças de maneira coletiva e evoluir para apresentar as contas de maneira clara e aberta para os trabalhadores.

ii) Todo pagamento recorrente ou importante deve depender de uma aprovação prévia da Diretoria, que posteriormente deverá ser apresentado na prestação de contas, para a Diretoria Colegiada e em assembleia de trabalhadores.

iii) A apresentação de contas (uma vez o processo tendo sido estabilizado) deverá ser usada também como um dos componentes da política de agitação e propaganda, com o objetivo de mobilizar os trabalhadores.

2- Promover o enxugamento da máquina sindical a partir de processos validados

i) Fazer um levantamento detalhado do funcionamento atual do Sindicato, identificando os processos envolvidos.

ii) Em cima da análise realizada, detalhar os novos processos, que envolvem três componentes principais: pessoas, procedimentos e ferramentas.

3- Racionalizar os investimentos da máquina

i) Eliminar imediatamente todos aqueles contratados que atuam como uma espécie de “peso morto” no Sindicato. Evitar ao máximo contratar funcionários para as tarefas de agitação e propaganda que deverão estar sob a responsabilidade dos militantes e dos demais diretores.

ii) Avaliar a possibilidade de redução dos espaços físicos ao mínimo possível. Avaliar, em cima desta medida, a redução do número de funcionários e o número de liberações de diretores que hoje estão dedicados a trabalhos internos.

Essa avaliação deve ser realizada a partir do levantamento preciso dos dados, a análise dos mesmos, a verificação dos processos que estão colocados na prática hoje e a substituição por novos processos que direcionem o Sindicato para uma política de agitação e propaganda revolucionária. 

iii) Avaliar o Jurídico pelos  resultados políticos, porque representa uma das principais fontes da penetração da política burguesa. Ver se pode ser enxugado ou até terceirizado, deixando um único advogado plantonista.

Essa avaliação deve ser realizada a partir do levantamento preciso dos dados, a análise dos mesmos, a verificação dos processos que estão colocados na prática hoje e a substituição por novos processos que direcionem o Sindicato para uma política de agitação e propaganda revolucionária. 

iv) O Sindicato deverá ficar com o menor número possível de funcionários, já que eles objetivamente fortalecem o burocratismo, conforme foi explicado em detalhes mais acima. 

4- Os novos processos devem ser direcionados à política de agitação e propaganda

i) Os diretores liberados devem ocupar o máximo do tempo atuando na base, fazendo reuniões, por dentro e por fora, discutindo a política revolucionária a partir dos problemas dos trabalhadores.

ii) Trabalhar com terceirizados e OLTs em cima da mesma política de agitação e propaganda, e com muita intensidade.

iii) Sistema centralizado de controle de contatos, como um dos componentes principais da atuação revolucionária.

iv) Reavaliar o funcionamento das subsedes, em cima de uma política de agitação e propaganda, levando os trabalhadores para discutir os problemas por meio de palestras, filmes, amostras e até questões jurídicas, mas estas últimas não devem ser colocadas no eixo.

v) No eixo da atuação, deve estar a discussão da política a partir dos problemas mais sentidos dos trabalhadores. Na base, deve estar o Jornal que deve ser explicado a partir dos boletins.

5- Relação dos sindicatos com a organização política

i) Organizar os militantes políticos revolucionários nos sindicatos apenas com quem for efetivamente militante. Este núcleo deve buscar dirigir politicamente as reuniões da Diretoria Executiva e Ampliada.

ii) Empreender uma política de recrutamento de militantes revolucionários a partir da luta dos trabalhadores, como política prioritária.

iii) Reduzir ao máximo possível, e de preferência eliminar, os repasses de recursos pelos sindicatos. Desta maneira, se quebrará uma das bases materiais da influência do burocratismo sindical sobre a política revolucionária.

iv) Exigir que os militantes revolucionários que dirigem e atuam no Sindicato façam o trabalho realmente revolucionário, que tem componentes claros, como por exemplo:

a) Os próprios militantes se formarem como militantes marxistas revolucionários por meio de um plano elaborado a partir do CC.

b) Eliminar todas as manifestações de bonapartismo e incentivar o trabalho coletivo.

c) Não misturar militantes e não militantes nos núcleos.

d) Fortalecer como prioridade o trabalho com terceirizados e OLTs.

e) Concentrar o trabalho revolucionário nas unidades principais.

Eventuais necessidades conjunturais, como, por exemplo, durante a campanha salarial, devem ser tratadas como necessidades táticas, mas que não devem ser transformadas numa política estratégica.

f) Incorporar os ativistas ao trabalho sindical revolucionário. Há muitos deles que se encontram praticamente abandonados devido à priorização do trabalho sindical miúdo, burocrático.

g) Realizar o trabalho em escala nacional efetivamente.

h) Evoluir rapidamente para a eliminação de acordos não públicos com a burocracia sindical e a empresa.

i) etc. 

  1. Finanças

Política sindical oportunista

A principal fonte de financiamento tem como origem os sindicatos e, por meio de mecanismos diretos ou indiretos, deverá continuar assim no próximo período.

Política revolucionária

As finanças devem ser construídas como um processo de luta política a partir da militância.

Devido à gigantesca pressão exercida pela burocracia sindical, os sindicatos devem ser profundamente enxugados, assim como a própria LPS. Os recursos dos sindicatos devem ser direcionados para executar a política de agitação e propaganda. Todos os gastos desnecessários (os que não forem absolutamente necessários para a política de agitação e propaganda) deverão ser cortados.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

1. Elaborar um plano que contemple a sobrevivência da LPS em cima da própria arrecadação, na maior medida possível.

Enxugar ao máximo os gastos. Enquadra-los a uma política de arrecadação que tenha na base o trabalho de base dos militantes.

2. Eliminar ao máximo (de preferência totalmente) eventuais transferências recorrentes realizadas a partir dos sindicatos. Esta política, neste momento, é de fundamental importância porque ajuda muito a quebrar o burocratismo na LPS.

Os recursos dos sindicatos devem ser direcionados para realizar a luta na própria categoria, em escala nacional (tratando-se de um sindicato com base nacional).

3. Considerar as finanças como uma tarefa política e, que, portanto, deve contar com a participação “miúda” de todos os militantes, pré-militantes e simpatizantes.

  1. Senso de urgência

Política sindical oportunista

O senso de urgência válido é a manutenção da política oportunista. Isso acontece sob a cobertura das mais variadas fórmulas, tais como “é preciso ter paciência”, “vamos devagar”, “não há dinheiro”, “não temos formação”, “estamos voltando agora” (vamos abandonando o oportunismo aos poucos), somos todos “amigos”, “concordo”, mas “como fazer?, “não tenho certeza”, “sou centrista”, “estou na dúvida entre a farinha e o fubá”, precisamos manter os aparatos etc.

Política revolucionária

O principio mais importante colocado é Ser leninista JÁ!

A LPS deve assumir como compromisso, inclusive público, que a Organização e os seus militantes, atuarão como um partido leninista realizando todas as mudanças necessárias neste sentido e com profundo senso de crítica e autocrítica.

Os revolucionários atuam nos sindicatos ou em qualquer outra organização dos trabalhadores, mas a orientação política tem que ser dada a partir da Organização e não de maneira bonapartista, por vontade pessoal.

Devem ser dirigentes da Organização apenas os militantes marxistas (ou que se propõem efetivamente a sê-lo) que dirigem politicamente a LPS.

  1. A Crítica e Autocrática: pública ou fechada? 

Política sindical oportunista

A crítica e autocrítica deve ser realizada de maneira fechada. Essa política implica no medo da “opinião pública” e portanto, na construção de um partido que não tem como se integrar à classe operária.

Política revolucionária

O método da crítica e da autocrítica é amplo e aberto justamente porque está em pauta a construção de um partido revolucionário que faz parte da classe operária.

Medidas práticas para aplicar a Política revolucionária

Se posicionar em relação ao documento “10.08.2017 Crítica e Autocrítica”.

  1. Internacionalismo

Política sindical oportunista

O trabalho deve ser realizado de maneira localizada ao extremo, dando lugar a um localismo mórbido, a luta por posições, para negociar os feudos. A esta posição oportunista se aplica na íntegra as críticas realizadas por Lenin, no livro Que Fazer?, sobre o trabalho local.

Política revolucionária

O trabalho deve ser nacional e internacional, e deve ser realizado a partir da propaganda política.

A luta é pela construção do partido da revolução operária mundial e não pelo controle de um determinado aparelho sindical local.

  1. Expectativa futura

Política sindical oportunista

A desmoralização dos militantes e ativistas é crescente porque ela se encontra amarrada à “frente popular”, encabeçada pelo PT que se encontra em fase terminal.

A expectativa dessa política é tentar manobrar perante o aumento da pressão do imperialismo para tentar continuar controlando os aparatos e sua sustentação financeira por decreto do Estado burguês. O futuro colocado para essa burocracia centrista é o que sempre aconteceu: sob o aperto do ascenso da classe operária, ela deverá ser ultrapassada pelo movimento de massas levando ao seu desaparecimento como agrupamento e como política, com a dispersão dos seus militantes uma vez perdida sua base material.

Política revolucionária

A política colocada para o próximo período coincide com os dois objetivos estratégicos fundamentais colocados por Lenin no “Que Fazer?”, a construção do partido de quadros leninista e a luta pela revolução socialista.

O desenvolvimento da situação política coloca os revolucionários numa situação em que predomina o otimismo revolucionário, contra o pessimismo contrarrevolucionário da burocracia e da esquerda oportunista.

Uma nova esquerda revolucionária será construída em cima de ascenso operário e sobre as cinzas da esquerda oportunista e burocrática.

Alejandro Acosta – Ex membro do Comitê Central (CC) da LPS (Luta Pelo Socialismo), do Comitê Executivo do CC, da Secretaria de Organização e Controle do CC, e da Secretaria de Comunicação do CC da Luta Pelo Socialismo

Marcos Lima – Ex membro do Comitê Central da LPS (Luta Pelo Socialismo), do Comitê Executivo do CC, da Secretaria de Organização e Controle do CC, da Secretaria de Comunicação do CC e da Secretaria de Formação da Luta Pelo Socialismo

Volmar Carvalho – Ex membro do Comitê Central da da LPS (Luta Pelo Socialismo)

Florisvaldo Lopes – Ex membro do Comitê Central da LPS (Luta Pelo Socialismo), da Secretaria de Logística

Outros militantes e simpatizantes da LPS da Luta Pelo Socialismo 

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