Recentemente, o novo presidente do Peru, Pedro Castillo, demitiu o primeiro-ministro Guido Bellido. O motivo foi que Bellido buscava aumentar os royalties das empresas que exploram o gás no país. Caso isso não acontecesse a ameaça era nacionalizar o campo de gás de Camisea, o maior do Peru, concedido por 40 anos. Esta era uma promessa de governo do próprio Pedro Castillo, mas as pressões dos grandes capitalistas falaram mais alto.
O “indigenismo peruano” procurava imitar os tempos do boliviano Evo Morales, mas acabou caindo na política do boliviano Luis Arce.
A demissão de Bellido aconteceu junto com a demissão do ministro do Trabalho, outro esquerdista do Peru Livre. O partido do presidente Castillo caminha agora para a rápida direitização do novo governo e também para romper e passar para a oposição. Castillo se prepara para governar a partir de uma nova coalizão que inclui um espectro “amplo” do regime político, desde a direita até a “esquerda”.
A desintegração do governo de Castillo veio desde o mesmo início quando ele se negou a indultar o líder histórico do Sendero Luminoso, o “presidente González”, que se encontrava sofrendo graves problemas de saúde e acabou falecendo.
Em agosto, demitiu o também esquerdista ministro de Relações Exteriores, Héctor Béjar, após este ter declarado que “o terrorismo no Peru foi iniciado pela Marinha; isso pode ser demonstrado historicamente e foi treinada pela CIA.”
Um novo governo a la Nayib Bukele

Do Pedro Castillo professor de escola primária e principal dirigente da importante greve dos professores de 2017 não sobrou nada.
Agora temos um governo totalmente submetido à tutela do imperialismo norte-americano que só consegue fazer algumas firulas que não passam de manobras de figurante.
Bellido foi substituído por Mirtha Vázquez, a jovem líder da Frente Ampla, supostamente ambientalista, alinhada ao MAS (Movimento Ao Socialismo) de Evo Morales e o PT de Lula.
A operação de expulsão dos setores esquerdista do Peru Livre apareceu dirigida pela equipe de Castillo, principalmente pelo ministro de Energia e pelo ex-funcionário do Banco Mundial, o ministro da Economia. Mas é óbvio que os verdadeiros orquestradores foram os grandes empresários, o imperialismo e o parlamento que é de longe controlado pela direita.
O capitalismo mundial enfrenta a maior crise de toda a sua história. A principal potência, o imperialismo norte-americano busca desesperadamente desviar o peso da crise sobre a América Latina que a considera como seu quintal traseiro.
Perante o colapso da direita tradicional após a crise de 2008, agora se vê obrigado a manobrar. Continua usando a direita e a “esquerda” oficial, mas devido ao aumento do descontentamento popular se vê obrigado a usar métodos alternativos como supostas terceiras vias que surgem de partidos que têm origem na esquerda. Ao mesmo tempo, fortalece os organismos repressivos e golpistas e as organizações abertamente fascistas.
O papel dos verdadeiros revolucionários é se prepararem com energia para organizar o movimento de massas. A crise capitalista deve continuar se aprofundando até porque não há uma política alternativa para conter a implosão dos gigantescos volumes de capitais fictícios.
A saída para a crise atual, que é a continuidade da crise de 2008, que nunca se fechou, só pode vir por meio de guerras contrarrevolucionárias ou da revolução. Em ambos casos, a cada dia fica mais claro que avançamos rapidamente rumo ao enfrentamento aberto entre a burguesia mundial e os trabalhadores.