Por Ricardo Guerra
Sobre o “Pandora Papers”, não podemos deixar de observar que, muito mais que o escândalo de corrupção que é, tudo indica ser – mais uma vez – uma jogada produzida pelo imperialismo transnacional.
Não é de hoje que, em nome do combate anticorrupção, os EUA agem interferindo na soberania dos países mundo afora:
- Perseguindo personalidades públicas, empresas e regimes políticos contrários a seus interesses e as suas agendas;
- Promovendo e usando dossiês como forma de facilitar e acelerar o trabalho de desmonte da economia e da soberania desses países;
- Para avançar sobre os recursos naturais, os patrimônios financeiros e estatais, e os mercados locais.
São as mãos sujas do Estado Profundo estadunidense – que realmente “editam” e “organizam” listas com essas características:
- Implicando figuras de regimes opositores ou nos quais tenham importantes interesses;
- E também, figuras que querem ver descartadas, entre aqueles que agem a seu serviço – principalmente na América Latina e no Brasil;
- Mandando recado aos demais, que desejam ter – ou manter – fazendo o serviço sujo do entreguismo.
Não é preciso ser um experiente analista para saber sobre o uso de dossiês como forma de pressão e chantagem, no pesado jogo da geopolítica:
- Esta é uma das principais razões para que esse escândalo não possa deixar de ser percebido como um clássico caso de limited hangout;
- Situação onde se apresenta informações incompletas e, intencionalmente, se omite importantes dados, nomes, etc;
- Afinal de contas, dossiê bom é dossiê guardado, não se cansa de nos alertar Romulus Maya.
O objetivo do atual escândalo, como muito bem falou Alejandro Acosta – em sua análise política semanal na Rádio Expressa – é desestabilizar para saquear, ainda mais, a América Latina e o Brasil:
- O mais importante não é, portanto, apenas a recriminação moral dos envolvidos;
- Mas, principalmente, elucidar os motivos e os efeitos da evasão fiscal decorrente dessa situação;
- Saber qual a origem desse dinheiro. Quanto de prejuízo gerou ao Brasil e aos Estados cujas personalidades estão nele envolvidas.
Por outro lado, é muito provável também que, além da corda no pescoço – através dos dossiês – em personalidades escolhidas a dedos, o caso também tenha a ver com uma maneira de impulsionar o ressurgimento, aqui no Brasil, do lavajatismo e alavancar a tal da terceira via que, para desespero dos interesses do capital transnacional, teima em não decolar:
- Moro continua como uma possibilidade à tira-colo, um coelho a ser tirado da cartola – a qualquer momento;
- Não fiquemos surpresos se a mídia voltar com tudo a promover a sua figura como o salvador da pátria, o paladino contra a “corrupção”;
- Ao mesmo tempo em que o coloca, também, na condição de salvador do Brasil contra o extremismo que eles estão fazendo questão de constantemente dizer, representam Lula e Bolsonaro.
É preciso observar e tentar compreender melhor o significado desse vazamento:
- Ainda mais sabendo que o consórcio jornalístico que o divulgou, tem vínculos com instituições que costumam ser articuladoras de processos por trás dos mais variados tipos de movimentos de desestabilização de governos;
- Orientados para produzir ambientes e situações favoráveis aos interesses do imperialismo, pelo mundo.
Esses “truqueiros”, conforme nos lembra Romulus Maya, “sempre vêm com esse ‘filtro’: foi assim, por exemplo, com o ‘Panamá’, o ‘Paradise’ e agora o ‘Pandora’ Papers (ver também aqui).
O Duplo Expresso e a Gazeta Revolucionária nos dão as ferramentas para que possamos fazer análises de forma não mais superficial e nem açodada e, mais, quando dispõem de informações de interesse público e, principalmente, relacionadas à soberania nacional, aos interesses dos trabalhadores e à justiça social, o fazem por inteiro – sem curadoria – como no caso das Contas CC5 e o Caso Banestado (ver a Web série “O Doleiro”, o BanestadoLeaks” e o Banestado 3.0).
“Curadoria”, adverte Romulus, “é sinônimo de picaretagem, limited hangout: Onde estão as Big Tech e os Financistas de Wall Street e da City londrina na lista filtrada?“.
Como sempre, as “mãos ocultas” do imperialismo estão por trás de mais uma manobra para impor e ampliar o massacre do Brasil e de toda América Latina.
Cabe a nós, anti-imperialistas e revolucionários, cobrar as devidas responsabilidades e denunciar essa e todas as demais manobras realizadas pelos grandes capitalistas, para tentar salvar a crise (sem volta) do sistema capitalista mundial – jogando a sua conta no colo dos países da periferia do sistema, à custa do sangue e suor do já tão sofrido povo e trabalhadores desses países.