Os caminhos de Lula

Os caminhos de Lula

(Matéria publicada originalmente em 7.04.2017)

Lula e o PT têm se embrenhado numa forte campanha pelo “Lula 2018”. Dela participa a burocracia sindical, a parlamentar e a dos movimentos sociais.

A primeira questão que deveria ser avaliada é qual a possibilidade da candidatura Lula ter sucesso nas eventuais eleições nacionais de 2018. O golpe de estado parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff teve por trás o imperialismo norte-americano que busca aumentar os ataques contra os trabalhadores por causa da queda da taxa média de lucro dos monopólios. O golpe tem continuado avançado: escalou para um golpe do Judiciário que colocou o Congresso contra as cordas. Com a aprovação da Lei da Terceirização com 231 ficou evidente que o Governo Temer não conseguia a maioria necessária para a aprovação das PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das quais depende a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e outras. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, encabeçou a debandada da base do PMDB; ele próprio passou a apoiar a candidatura Lula 2018 em Alagoas por medo a não se reeleger. E o medo a não se reeleger tem se generalizado.

A extrema direita avançou na tentativa de forçar o “Centrão” do Congresso a continuar votando a pauta imposta. O Ministério Público Federal impôs uma multa de mais de R$ 2,3 bilhões e a cassação de 10 deputados ao PP (Partido Progressista) malufista. Prepara-se assim a criminalização do PT e do PMDB. O objetivo é “renovar” o Congresso num sentido muito mais direitista. Caso isso não for conseguido, o imperialismo será compelido a avançar por meio de mecanismos extra parlamentares.

 “Lula 2018” e as traições aos trabalhadores

Além da eventual criminalização do PT e do processo de Lula pela Operação LavaJato, “Lula 2018” tem como objetivo principal evitar a implosão do PT usando os mecanismos parlamentares e institucionais.

A candidatura “Lula 2018” evita, pelo menos de maneira temporária, o racha do PT depois de ter ficado paralisado durante sete meses, desde o impeachment  de Dilma que aconteceu em agosto de 2016. A partir de lá, o PT se concentrou em evitar a perda de cargos, de maneira quase suicida. Nas eleições municipais de outubro de 2016, se coligou somente com o DEM, o PSDB e o PMDB em 1682 municípios. Mesmo assim, perdeu quase 400 prefeituras e um número enorme de votos e de vereadores. Fez mil maracutaias com a direita para salvar cargos nas mesas diretoras do Senado e da Câmara dos deputados. A bancada do PT na Assembleia do estado de São Paulo se transformou em garota de recados do governador tucano Geraldo Alkmin. O Senador Humberto Costa, do núcleo mais direitista da ala que controla do PT, a Articulação (agora renomeada para CNB – Construindo um Novo Brasil), deu uma declaração à revista de extrema direita Veja, com direito a páginas amarelas, para dar palmatórias no peito, dizendo que o PT se envolveu com corrupção mesmo e que precisa plantear um “novo” projeto de governo, ou seja palatável para a extrema direita. A Direção do PT não falou uma palavra. A continuação, Humberto Costa e Jorge Viana (PT-Acre) foram a Israel, juntos com a musa do latifúndio, Kátia Abreu, convidados por uma ONG sionista.

O papel do PT tem sido de aberta traição aos interesses dos trabalhadores. O PT tem traído todas as greves importantes, não tem mobilizado as categorias para enfrentar o golpismo e busca canalizar as lutas para o âmbito institucional.

O Governo Temer tem como base de sustentação o próprio PT. Sem essas traições e com fortes mobilizações, chamadas pela CUT, pelo MST e pela UNE, o governo golpista cairia imediatamente. A substituição do PT nesse papel vergonhoso implica no endurecimento do regime. O imperialismo não confia em que o PT seja capaz de conter um amplo ascenso do movimento de massas.

O que está por trás da candidatura “Lula 2018”?

O “Lula 2018” busca viabilizar candidaturas menores do PT. Em primeiro lugar, a eleição de deputados e senadores, e eventualmente alguns governadores.

No cálculo, também entra uma certa blindagem contra a prisão de Lula pela LavaJato. Se Lula for preso, se fortalecerá a campanha sobre o caráter de “mártir” o que possibilitará que Lula eleja quem ele quiser desde a cadeia.

“Lula 2018” aumenta o poder de barganha no “grande projeto” de Lula, que ressuscita a política do final da década de 1970: a formação de uma Frente Ampla de esquerda, da qual participariam políticos burgueses como Ciro Gomes (PDT) e Roberto Requião (PMDB). Com o fortalecimento do “Lula 2018” o poder de barganha ficaria maior.

A manobra encabeçada por Lula em relação ao Congresso do PT que acontecerá em junho mostra o enfraquecimento da ala mais direitista do Partido e ao mesmo tempo, a tentativa de manter a unidade a qualquer custo. A Senadora Gleisi Hoffman será a candidata unifica à presidência do Partido, eliminando assim as candidaturas do Senador Lindberg Farias, que é do mesmo grupo que Gleisi, a ala esquerda da burocracia parlamentar do PT, mas que encabeça o grupo “Muda Brasil” formado por vários grupos que disputam com a Articulação/ CB. Mas também ficaram fora do jogo os setores mais burocrática ligados à Direção, como Marcio Macedo, o atual tesoureiro do PT.

Lula pode voltar ao governo em 2018?

“Lula 2018” faz parte da luta dos componentes do regime contra a pressão do imperialismo que usa como principal instrumento a grande imprensa e a LavaJato. Deste bloco participa todo o setor “de centro” do regime que o imperialismo tenta implodir: PT, PMDB, PP, setores do PSDB, dentre outros. Não por acaso, a Revista Veja de 2 de abril de 2016 trouxe na Capa o Senador Aécio Neves (PSDB) com uma forte denúncia de corrupção e numa página interna o Senador José Serra (PSDB) com outra denúncia de corrupção que, na prática, o inviabiliza como presidenciável.

A eventual vitória de Lula nas eleições presidenciais para aplicar o programa Lula de governo, abriria uma crise no regime político. Essas políticas são “muito caras”. O imperialismo impõe gigantescos ataques e que os recursos sejam direcionados para os monopólios se valendo de mecanismos altamente parasitários. Na década passada, Lula manteve em cargos de chefia 150 mil sindicalistas. Por meio de verbas públicas, controlou a burocracia sindical e dos movimentos sociais. Os ministérios destinaram bastante dinheiro para estes setores. Os programas sociais foram responsáveis por algumas migalhas do orçamento enquanto, segundo o próprio Lula, “os bancos nunca ganharam tanto como em meu governo”.  Mas a bonança dos altos preços das matérias primas nos mercados mundiais e os obscenos volumes de créditos, sustentado por dinheiro público, acabou. E ainda há o problema da composição do Congresso que, como ficou demonstrado nas eleições municipais, só tende a ser muito mais direitista.

Lula somente poderia ser viabilizado como instrumento para conter um amplo movimento de massas, principalmente se este ameaçar fazer colapsar os mecanismos repressivos. Mas a carta preferencial do imperialismo, neste momento, passam pelo endurecimento do regime.

Para a classe operária, a saída é a unidade na luta, contra os ataques, por uma greve geral que coloque em xeque o golpismo. Neste sentido, desmascarar as manobras da esquerda burguesa, encabeçada pelo PT e a CUT está entre as tarefas primordiais dos revolucionários.

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