Em Defesa da Escola do Trabalho ao invés da Escola de Ensino

Em Defesa da Escola do Trabalho ao invés da Escola de Ensino

por Marchesano

O trabalho deve ser o princípio educativo da Escola do Trabalho

A burguesia, nos dias que correm, está defendendo por meio de sua agenda para a educação a centralidade do aluno no processo de ensino-aprendizagem. Essa demanda não é um desejo caprichoso da burguesia, ela nasce da necessidade de reorganizar a produção e conformar uma mão de obra correspondente. As forças produtivas em desenvolvimento, denominadas como Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada, impõem a necessidade de um novo quadro de trabalhadores, assim como um rearranjo social. Não mais configurados pelas rígidas especializações, mas pela flexibilidade, rápida adaptação e mobilidade.

A fim de alcançar tal objetivo, algumas políticas estão sendo implementadas sobre a educação, em especial, a pública. Entre elas estão: a reforma do Ensino Médio, lei 13415/2017; a aprovação das BNCCs, do ensino fundamental e médio; a implementação da escola integral, Programa de Ensino Integral (PEI) e a transformação dos ambientes universitários em grandes centros de pesquisa e inovação. A promoção dessas políticas não se limita à esfera pública de aplicação, setores empresariais também estão pautando diversas formas de ensino nas escolas e universidades.

O que cabe perguntar – É como a classe trabalhadora, em especial os trabalhadores da educação, deve se localizar frente a este avanço da burguesia? 

O primeiro ponto deve, obrigatoriamente, ser a defesa de propostas concretas. Quer dizer, sair do campo das ideias fantásticas para uma avaliação concreta da realidade. Os trabalhadores da educação devem defender em contraposição à ‘centralidade do aluno’ a necessidade da formação e consolidação de um ambiente escolar construído por mecanismos de autogestão. 

Os trabalhadores da educação devem se opor veementemente à defesa do aluno como peça central no processo de ensino-aprendizagem, trazendo elementos que comprovem a falta de maturidade dos estudantes para portar a última palavra. A defesa do aluno pela burguesia, como peça central, esconde dois fatos: 1. a quebra da organicidade social entre a juventude e os mais experimentados; 2. a ideologia do ‘Young Forever’, a falsa sensação de que a juventude é um valor perene para todos. 

Os dois elementos visam corromper a juventude e impedir que ela possa se colocar politicamente contra a ordem capitalista. Desde a década de 1970, mecanismos de inteligência dos países centrais trabalham arduamente para corromper a juventude. A estratégia utilizada, em regra, foi e continua sendo a política de entorpecimento, a qual leva a juventude a defender tão somente os prazeres hedonistas sobre o ébrio da embriaguez e da injúria. Não é de hoje que inúmeros Diretórios e Centros Acadêmicos se transformaram em locais de bacanais e entorpecimento, sem nenhuma proposta política séria. Sendo assim, a defesa do aluno como peça central no processo de ensino-aprendizagem destina-se a dar continuidade às políticas de entorpecimento e divisão social para o aprofundamento da superexploração da mão de obra.

Não à toa, que aos jovens é dada a única escolha de forjarem suas identidades com conteúdos identitários por fora de qualquer conteúdo de classe. Frases como: Meu Corpo, minhas regras; É proibido proibir; entre outras, atestam isso.

O professor ao defender que ao estudante não deve ser dado o direito à última palavra, de modo algum isso deve soar como desprezo à vivência da juventude. Esse posicionamento é uma forma de se opor ao avanço da burguesia sobre a juventude, e a possibilidade de reatar os laços entre os interesses gerais dos trabalhadores aos interesses concretos da juventude. Para isso, é preciso que o professor defenda o direito à autogestão da juventude. A autogestão não é uma forma de organização limitada somente aos estudantes, ela também possibilita que a contínua vigilância para que comportamentos autocráticos não vinguem na relação docente-discente. 

Ao defender tal posição, os professores devem trabalhar arduamente para a construção de formas corretas de autogestão, e por elas também serem educados. As corretas formas de autogestão só surgirão se o princípio educativo, a guiar as relações sociais, for a cultura do trabalho. Cabe colocar, que o trabalho na sociedade capitalista é considerado como uma atividade extenuante, miserável e detestável. Isso não sem razão, pois na sociedade capitalista o trabalho não aparece como atividade criativa, e sim como algoz a castigar o trabalhador.

A consolidação de formas de autogestão, por meio do trabalho como princípio educativo, deve ter como propósito o fortalecimento do controle mútuo dos estudantes. Tal controle dar-se-á através dos hábitos gerais do trabalho. Isto é, quando a juventude tiver a capacidade de traçar suas metas, planejar o trabalho de acordo com fins coletivos, distribuir equitativamente os resultados, adquirir habilidade para manusear ferramentas e agregar continuamente valores à vida social. É somente por meio do trabalho como atividade criativa que haverá disciplina entre a juventude e estes com os professores, vice-versa. É dentro das relações de mútuo respeito e disciplina que a escola poderá ser colocada a serviço de toda a sociedade.

O fortalecimento da autogestão dar-se-á na medida em que os elementos conquistados de participação ativa forem experimentados, desenvolvidos e defendidos como valores pétreos da democracia operária em desenvolvimento entre a juventude. Para isso há de se lutar pela superação da dicotomia existente entre o trabalho físico e o trabalho intelectual. Claro, que essa luta não se resume ao chão da escola, é preciso que todos os trabalhadores se organizem e lutem pela negação e superação do capitalismo como modo de produção dominante. Contudo, como a transformação social não se dá por saltos, é preciso defender a bandeira da revolução permanente. Isto é, a cada nova conquista feita pela classe trabalhadora haverá necessidade de que haja uma outra para a defesa da já conquistada. Esse posicionamento político deve permanecer até quando o capitalismo for totalmente destruído.

Por isso, é de extrema importância que os professores trabalhem arduamente pela construção da autogestão da juventude. Na defesa da autogestão, o professor deve dominar profundamente os assuntos em questão e ainda mostrar grande empenho e capacidade de saber fazer (Krupskaya. p. 40 – A construção da pedagogia socialista). Mostrando no dia a dia da prática docente a necessidade da superação da divisão entre o trabalho manual e o intelectual.

Agindo assim, os trabalhadores colocar-se-ão frontalmente contra as políticas defendidas pelos capitalistas. Dessa forma, a centralidade será a relação desenvolvida do docente com o discente, fundamentada no trabalho como princípio educativo. Uma coisa a ser observada, há de se tomar cuidado para que a experiência do professor não esfrie o ímpeto da juventude, assim como, o ímpeto da juventude não deixe de reconhecer a experiência do professor. Uma relação de disciplina não exclui a ternura.

A relação docente-discente, como peça central do processo de ensino-aprendizagem, deve ganhar materialidade na construção conjunta dos projetos político-pedagógicos, consolidados na conjugação da experiência viva das massas populares, da qual a juventude faz parte, com os saberes científicos docentes. A construção dos PPPs deve nascer de uma profunda discussão sobre a cultura de trabalho necessária e o atual nível cultural, político e econômico de toda a comunidade acadêmica (professores, estudantes, funcionários escolares e as outras categorias de trabalhadores). Somente assim poderemos avançar na construção de uma democracia operária rumo à construção do socialismo.

Hoje, os estudantes estão proibidos de participar do processo de construção dos projetos político-pedagógicos. Participam somente os professores, coordenadores e diretores escolares. A participação dos professores, no entanto, encontra-se limitada pelo que o Estado deseja ensinar às crianças e à juventude. A escolha dos conteúdos não acontece de forma arbitrária, ela fundamenta-se no atendimento das necessidades produtivas. Para tanto, um corpo de tecnocratas, a serviço dos grandes capitalistas, prepara o corpus teórico a ser aplicado nas escolas públicas e particulares. O corpus ganha materialidade com o estabelecimento das bases curriculares comuns e dos materiais didáticos feitos pelas empresas privadas. Quando esse corpus científico entra no chão da escola traz consigo, para além dos conteúdos aplicados, o reforço para a manutenção das relações sociais capitalistas.

Por esse motivo, de nada adianta a defesa de uma educação pública, gratuita, universal e de qualidade se o Estado e as posições de comando não estiverem sob o controle dos trabalhadores. Defender um projeto de escola pública sem um projeto político de poder capaz de pôr fim à propriedade privada é colocar-se como administrador das crises capitalistas.

A escola pública só será realmente pública quando sua função social atender as necessidades físicas, morais e culturais dos trabalhadores. A escola não deve ser apenas considerada um recinto de transmissão de saberes, ainda que esse seja um de seus muitos aspectos. Ela deve ser o lugar onde a vivência particular se encontra com a experiência do interesse público, onde estudantes e professores percebem que os desejos pessoais devem subordinar-se aos interesses do trabalho comum.

Isso será alcançado com a superação da Escola de Ensino, caracterizada apenas pela prática do ler, escrever e contar, pela construção da Escola do Trabalho. É na Escola do Trabalho que a prática laboral do cotidiano conjugar-se-á com os elementos mais avançados da ciência. A prática do trabalho deve educar a juventude e as crianças. O aprender fazendo e o fazer aprendendo devem reger as novas relações sociais.

Dessa forma, a escola não será mais considerada um simples prédio localizado em um determinado lugar. Ela e toda a sua prática correspondente deverão, obrigatoriamente, compor todas as esferas da vida pública e privada. A dissolução da escola como prédio passa pela necessidade de erigir um novo modelo de sociedade, não mais pautada na exploração do homem pelo homem, mas na solidariedade e no pleno desenvolvimento da capacidade de todos. A escola deve adentrar os aparelhos midiáticos, os chãos fabris, as zonas comerciais, os recintos domésticos, as conversas públicas e privadas, assim como todas essas esferas devem entrar e compor a Escola do Trabalho.É tão evidente essa necessidade, que a construção da Escola do Trabalho também está sendo disputada pela burguesia. Essa disputa pode ser vista na fala do vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho. No lançamento do ‘Movimento LED Luz na Educação’, evento realizado no Museu da Língua Portuguesa, no dia 14.12.2021, José Roberto Marinho, como orador da burguesia, colocou a questão com os seguintes dizeres:

“Assim como não é preciso estar somente no colégio para aprender, também não queremos apenas falar com professor ou aluno, mas também com pai e mãe e toda a sociedade. Nossa ideia é reconhecer iniciativas, seja um projeto do Ceará, seja uma inovação desenvolvida por um brasileiro que está na Universidade de Stanford [EUA]”.

O apelo aqui colocado por José Roberto Marinho deriva-se do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho, responsável pela integração de todos os diversos setores da sociedade. Não à toa, a burguesia defende diariamente a necessidade da construção de cidades inteligentes. Segundo a Fundação Getúlio Vargas:

Smart Cities são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida.  Esses fluxos de interação são considerados inteligentes por fazer uso estratégico de infraestrutura e serviços e de informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade. De acordo com o Cities in Motion Index, do IESE Business School na Espanha, 10 dimensões indicam o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, o meio-ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e a economia.

Abre-se, assim, uma enorme oportunidade de a classe trabalhadora colocar em pauta seu projeto político de poder que inclua a construção da verdadeira Escola do Trabalho.

Atualmente, há um profundo debate entre alguns teóricos marxistas em definir se a categoria docente é ou não uma categoria produtiva ao capital. Se esse debate tivesse ocorrido 50 anos atrás, poderíamos afirmar que a categoria docente não é uma categoria produtiva. Entretanto, na atual circunstância produtiva, com o desenvolvimento das forças produtivas, a consequente integração dos distintos setores da sociedade e a necessidade da formação da Escola do Trabalho, a categoria docente é uma categoria extremamente produtiva. Por mais que ela não produza, de imediato, algo tangível às mãos e sensível aos olhos, ela produz e reproduz as relações sociais e da força de trabalho.

É devido a isso, que a burguesia busca superar a dicotomia escola/sociedade. Todavia, o modelo de Escola do Trabalho apresentado pela burguesia não tem como atender às demandas dos trabalhadores.

O modelo de Escola do Trabalho apresentado pela burguesia não corresponde ao real sentido da Escola do Trabalho. Isso é devido a sua limitação enquanto classe dominante. A verdadeira Escola do Trabalho vai na contramão da propriedade privada. O máximo que a burguesia consegue avançar é replicar alguns mecanismos e ferramentas da gerência capitalista na educação formal. As ferramentas por ela apresentadas como solução são: a implantação de formatos imersivos na educação, aprendizagens curtas e personalizadas, uso da inteligência artificial para customizar a aprendizagem, gamificação como estratégia de engajamento. Tudo para a construção de uma educação voltada para a formação de lideranças criativas com [forte] resiliência emocional. Em suma, esse é um modelo de Educação Executiva Empresarial.

A verdadeira Escola do Trabalho tem como uma de suas marcas promover a independência e o desenvolvimento da personalidade dos estudantes, através do entrelaçamento da produção e reprodução da vida material ao ensino. É neste ponto que a burguesia encontra sua limitação. Como proposta para a “emancipação” dos estudantes, ela defende a pedagogia do ‘Aprender a aprender’, ou seja, a pedagogia da flexibilidade sem conteúdo prático-teórico. É dentro dessa proposta pedagógica que a burguesia defende a centralidade do aluno no processo de ensino-aprendizagem. Ela é incapaz de dirigir tal emancipação. Os capitalistas de forma alguma podem desenvolver completamente a Escola do Trabalho, porque para desenvolvê-la é preciso superar a divisão existente entre a atividade intelectual e a atividade manual.

Sendo assim, aquilo que a burguesia propõe não é e nem pode ser considerado Escola do Trabalho. O modelo que ela apresenta não passa de uma Escola de capacitação profissional, que tem como eixo somente a capacitação dos estudantes em algumas habilidades do trabalho.

A Escola do Trabalho está organicamente ligada ao trabalho das indústrias, ao chão fabril, ao comércio, às zonas de recreação e lazer. Dito em outras palavras, ela é sinônimo da vida social integrada, onde todas as esferas produtivas da vida material e espiritual se encontram. A Escola do Trabalho é a negação do trabalho parcelar e desligado da realidade.

Esse modelo de Escola é a única que poderá forjar a identidade dos estudantes por meio da cultura do trabalho integral, mostrando-lhes as reais contradições do modo de produção capitalista e a necessidade de sua superação. A Escola tecnicista e unilateral (educação executiva empresarial) da burguesia não pode emancipar os estudantes, tão somente continuar oferecendo uma educação sem sentido, dispersa e cansativa sobre outras bases. A educação sem sentido é uma das principais queixas da juventude na atualidade. É por isso que a juventude encontra-se moribunda.

Para consolidar esse modelo de educação, a burguesia busca construir novos quadros de professores, os quais passam a ser alcunhados de assistentes, auxiliares, colaboradores, mediadores, complicadores e tutores. Essas adjetivações são formas de rebaixar o papel social do docente, colocando-o não mais como protagonista, ao lado do estudante. Ao lado da necessidade de construir um novo professorado, a burguesia promove uma nova relação de sujeição entre docentes-discentes. Essa sujeição baseia-se na disciplina dos números por meio do estabelecimento de metas e resultados.

Para alcançar essas metas e resultados é exigido uma nova postura do professor em sala de aula. A postura a ser assumida pelo professor no século XXI compara-se à postura do animador de plateia. Ele é forçado a ser pró-ativo, inovador, inventivo, destemido e engraçado. Na verdade, esses traços também se assemelham aos traços da personalidade dos gestores de call center, quando da necessidade de motivar sua equipe a vender mais e a ganhar menos. Por isso o professor passa a ser alcunha por inúmeras adjetivações. Ele é obrigado a evitar a evasão escolar, facilitar o aprendizado (leia-se não aplicar conteúdos) e a fazer vistas grossas aos problemas reais escolares. Tudo isso faz parte da cultura do engajamento tão divulgada pelos aparelhos midiáticos.

Mais uma vez repito, somente a classe trabalhadora pode construir a verdadeira Escola do Trabalho, a qual tem a capacidade de negar e superar todos esses fatores negativos. Para que a Escola do Trabalho se efetive é preciso que toda a população acadêmica, em regime quadripartite (professores, alunos, pais dos alunos e funcionários escolares), estreite e afine a relação entre o trabalho intelectual e a produção da vida material.

A participação ativa da comunidade acadêmica é o principal temor da burguesia. Essa participação, uma vez colocada em atividade para dirigir os processos políticos decisórios, levaria, inevitavelmente, à reestruturação das relações sociais no interior da sociedade capitalista. Pois como sabemos a expansão do que é público caminha dentro de um movimento contraditório de negação à propriedade privada. Não à toa, que a privatização de tudo o que é público seja a máxima burguesa.

Sabendo desse perigo, os capitalistas buscam colocar todas as funções de controle e direção das escolas públicas sob o controle das organizações, fundações e instituições ‘sem fins lucrativos’ (philantropica), as quais nada mais são do que propriedades dos grandes capitalistas. É assim que passamos a entender o motivo de toda a concepção pedagógica e os cargos de direção e supervisão estarem sob o comando da lógica capitalista e de suas respectivas empresas.

Hoje, diretores e supervisores escolares são escolhidos por empresas de consultoria com o objetivo de traçar metas estranhas aos filhos dos trabalhadores no interior das escolas públicas. A meta é produzir mais em menos tempo e com menos recurso.

Qual o efeito imediato dessas metas preestabelecidas? Uma gestão autocrática sem margem nenhuma para a ação e o debate democráticos. Como tarefa imediata, para se contrapor a política autocrática nas escolas, a classe trabalhadora deve defender a imediata transformação dos refeitórios das escolas públicas em restaurantes populares, dirigidos por toda a comunidade acadêmica.

Essa defesa, num primeiro momento, tem por objetivo resolver a questão da fome que assola o conjunto dos trabalhadores e dos seus filhos. A partir desse ponto, devemos disputar com a burguesia a construção de um novo modelo de sociedade, pautada não mais no lucro em prejuízo da vida, mas no desenvolvimento pleno do ser humano e na construção de laços solidários.

E por que os refeitórios como palco inicial desta disputa?

O alimento deu origem a vida social. Foi a partir da necessidade de alimentar-se que o homem passou a se organizar em sociedade e a construir ferramentas para transformar a natureza.

Há dois provérbios africanos que dizem – 1. Uma família unida come do mesmo prato. 2. Na unidade do rebanho o leão é obrigado a deitar-se com fome.

Sabendo que hoje a fome é a regra entre os trabalhadores e que todos os organismos de luta política estão estrangulados, a escola pública pode se constituir no novo bastião da classe trabalhadora. Quer dizer, no posto mais avançado para se contrapor aos ataques da burguesia, organizar os trabalhadores e construir novos laços de solidariedade.

Assim sendo, a promoção da participação popular no interior das atividades da escola pública, a começar pelo refeitório, pode abrir um profundo debate sobre os inúmeros problemas presentes em nossa sociedade, tais como:

  • A dívida pública e seus mecanismos de espoliação, já que é devido ao pagamento desta dívida que os serviços e empresas públicas são privatizados e precarizados;
  • A especulação da fome pelo latifúndio;
  • A questão da dupla ou tripla jornada da mulher na sociedade;
  •  A questão da atual política partidária presa em lobbies e venda de cargos;
  • Entre outros… 

A nossa bandeira é pela defesa da Escola do Trabalho, a partir da transformação dos refeitórios escolares em restaurantes populares, dirigidos por toda a comunidade acadêmica. 

A organização interna da Escola do Trabalho deve ser construída pelo entrelaçamento dos elementos da informalidade da vida cotidiana à uma forte disciplina do trabalho. A defesa de uma forte disciplina não caminha na contramão da gestão democrática da escola, pois não podemos confundir autocracia com autoridade legitimada por todos.

A organização escolar não deve continuar nas mãos de ‘alguns ilustrados e escolhidos’, deve ser colocada sob o controle de todos. É no exercício da múltipla participação que devemos construir uma rígida disciplina através do trabalho como princípio educativo. Somente assim os mais exaltados e indisciplinados serão educados por todos. A conjugação dos elementos da informalidade da vida cotidiana a forte disciplina do trabalho deve preparar todos a se organizar por meio da ‘hierarquia da dominância reversa’.

A hierarquia da dominância reversa opõe-se a qualquer tipo de arrivista. O arrivista é o altivo que pretende usurpar o poder. O arrivista ao se tornar ativo deve logo ser contido pela organicidade do grupo. O grupo deve sempre defender a ordem igualitária. Este modo de dominação pode construir alguns papéis de liderança no interior do processo de organização sem, portanto, subverter os valores democráticos existentes. Todos devem observar os líderes com cuidado especial, impedindo para que não se desenvolva qualquer grau sério de autoridade despótica ou ilegítima. Toda exortação feita pelo grupo sobre os arrivistas ativos realizar-se-á de forma preventiva e assertiva.

VIVA O SOCIALISMO!

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