O que mostram os resultados das eleições no México?

O grande vencedor das eleições intermediárias no México foi o governo de AMLO (Andrés Manuel López Obrador), mas com várias ressalvas que devem ser bem entendidas.

A principal delas é que o governo de AMLO não conseguiu a maioria parlamentar que lhe permitiria promover as reformas constitucionais prometidas.

Todos os principais partidos oficiais se unificaram contra o governo de AMLO e receberam amplo apoio da Embaixada dos Estados Unidos de acordo com as denúncias do próprio AMLO. E até foi um processo “natural” dado que AMPLO prometeu reverter as políticas mais entreguistas dos governos anteriores do PRI (Partido Revolucionário Institucional) e do PAN (Partido de Ação Nacional), como por exemplo a entrega de Pemex (Petróleos Mexicanos) e do setor elétrico que aconteceu nos governos de Peña Nieto.

Essas entregas foram tão escancaradas que Pemex deu ainda mais prejuízos depois de privatizada, além de ter acelerado o processo de importação de combustíveis refinados dos Estados Unidos.

Essa política desastrosa se acelerou a partir do governo de Vicente Fox (PAN), 2000-2006, que provocou que até o milho, que é originário do México, deva ser importado dos Estados Unidos, como milho transgênico. 

Mas dessa política desastrosa são cúmplices todos os partidos políticos oficiais. Eles aprovaram no início da década passada o chamado Plano México que direcionou toda a economia mexicana aos interesses das grandes empresas norte-americanas e que incluiu a reforma trabalhista que transformou os trabalhadores em horistas, ao igual que os trabalhadores norte-americanos, com a diferença que hoje o salário mínimo é de 141,7 pesos diários, após um aumento de 15%, ou o equivalente a US$ 7, quando nos Estados Unidos o pior salário por hora é de US$ 7,65.

Conclusões políticas

O imperialismo em crise, em primeiro lugar o imperialismo norte-americano, enfrenta a maior crise da sua história e precisa descarrega-la sobre os trabalhadores e os povos oprimidos para poder manter seus privilégios. O limite é a revolução.

A estabilidade do México representa um fator fundamental para os Estados Unidos devido a que não poderia permitir a desestabilização social na fronteira sul.

O governo anterior, encabeçado por Peña Nieto, foi imposto diretamente pela Embaixada dos Estados Unidos junto com os grandes capitalistas mexicanos em 2012.

A partir de 2012, o governo de Peña Nieto começou em forte processo de desestabilização devido à forte resistência que enfrentou durante a tentativa de privatizar a educação pública. O assassinato dos 43 “normalistas” (estudantes de magistério) em Ayotzinapa (Estado de Guerrero) colocou o início do fim a esse governo que se acentuou com o massacre dos professores em Nochixtlán (Oaxaca) em junho de 2016, e o aumento da resistência, assim como o grande número de desaparecidos pelo exército e os cartéis da droga que atuam em conluio com o governo e com a DEA e a CIA.

Peña Nieto conseguiu chegar até o final do mandato por meio de manobras circenses como a “providencial” captura do líder do Cartel de Jalisco, El Chapo Guzmán.

A vitória de AMLO aconteceu nesse contexto, depois de ter sido literalmente roubado nas três eleições anteriores, como um governo “apaziguador” devido ao alto potencial explosivo que estava se formando em várias regiões do país.

Mas o imperialismo e o grande capital em geral impõem limites ainda mais nas atuais circunstâncias em que precisa enfrentar a maior crise capitalista da história.

Os vencedores e os perdedores em números

Os resultados das eleições no México mostram que o grande vencedor das eleições foi Juntos Fazemos História liderado pelo Morena de AMLO (Andrés Manuel López Obrador) com 12.331.148 de votos, 119 distritos e 26,1% dos votos válidos.

O PRI, o PAN, que representa a direita tradicional, e o PRD (Partido da Revolução Democrática) se unificaram pela primeira vez na coalisão Va por México, que obteve 12.165.733 votos, 25,7% dos votos válidos, e venceu em 65 distritos.

Os partidos mais votados foram Morena com 6.347.077 votos, 64 distritos e 13,4% dos votos válidos, seguido pelo PAN (3.716.203; 33; 7,8%), o PRI (2.638.674; 11; 5,5%); Movimento Cidadão (3,292,395; 7; 6,9); PRD (243,276; 0; 0,5%); Partido Verde (963.824; 1; 2%).

O PRI manteve apenas quatro dos 12 governos estaduais que detinha antes; ou seja, perdeu nos oito estados em disputa. Isto representou o pior resultado desde 2006, quando Felipe Calderón do PAN  venceu mas o PRI continuou mantendo a maioria parlamentar, da mesma maneira que tinha acontecido no governo anterior, de Vicente Fox (PAN), que tinha sido a primeira vez que o PRI fora derrotado numa eleição presidencial desde a Revolução Mexicana.

O PAN perdeu dois dos nove governos estaduais.

O Morena, de AMLO passou de seis para 16 governos estaduais. Venceu em Baja California Sur, Campeche, Colima, Guerrero, Nayarit, Sinaloa, Sonora, Tlaxcala y Zacatecas. E manteve Ciudad de México, Veracruz, Puebla, Tabasco, Chiapas e Baja California. A novidade é ter vencido em vários estados do norte do México que tradicionalmente têm sido dominados pela direita.

Em Nuevo León e San Luis Potosí, Morena perdeu, de lavada, porque lançou como candidatos antigos elementos do PRI.

O PRD obteve dois governos estaduais e o Movimento Cidadão também dois.

Morena obteve 203 deputados. Junto com seus aliados, o PT e o PVEM, conseguiu 292 deputados, mas ficou longe dos 332 que precisaria para promover as reformas constitucionais prometidas.

Por último, é importante lembrar que o abstencionismo voltou a superar os 50% dos eleitores o que continua refletindo a desconfiança da população nos partidos políticos burgueses, apesar da certa popularidade de AMLO em alguns estados.

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