Lula 2018/ Lula 2022?

Lula 2018/ Lula 2022?

(Matéria publicada originalmente em maio de 2017)

O ex presidente Lula enfrentou o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato em Curitiba deixando clara a farsa do processo do Triplex, no Guarujá, que supostamente a construtora OAS teria lhe repassado. O bom desempenho político de Lula fortaleceu os ânimos dos petistas principalmente sobre a ilusão de viabilizar o “Lula 2018”.

A truculência da Lava Jato ficou evidente em cima da tentativa recorrente de passar por cima das próprias leis vigentes. Foram inúmeras tentativas de incluir no processo questões relacionadas com outros processos, inclusive sobre o Mensalão que já foi fechado no STF (Supremo Tribunal Federal). O comportamento do juiz Sérgio Moro parecia mais a extensão de um procurador que o de um juiz. E pior ainda, parecia que o objetivo era criar factoide para o Jornal Nacional da Rede Globo e dos PIG (Partido da Imprensa Golpista) como um todo.

O PT mobilizou para Curitiba algumas dezenas de milhares de manifestantes. A fala final de Lula expôs a truculência do Judiciário e dos PIG, o vazamento de áudios para os PIG, tentativa de condução coercitiva ilegal, invasões das residências dele próprio e de familiares próximos. Esse pronunciamento funcionou como um posicionamento político importante em prol da política eleitoral do PT. A seguir, houve um comício que conseguiu insuflar os ânimos dos petistas.

A resposta da extrema direita não se fez esperar. A grande imprensa, capitaneada pela Rede Globo, empreendeu uma campanha ainda mais feroz e o juiz Sérgio Moro liberou a delação premiada dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

Rumo a uma ditadura aberta burocrático policial

As revelações dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, principalmente contra o PT, são “fulminantes”, independentemente das considerações jurídicas. Se tratam de várias questões no mesmo grau de gravidade, ou ainda maior, que as que levaram às prisões pela Lava Jata que já aconteceram. Portanto, a veracidade seria um problema até relativamente menor. A factualidade é determinada pela campanha da grande imprensa, a serviço do imperialismo, e pela truculência do Judiciário que hoje controla o governo.

Merval Pereira, membro do Conselho Editorial da Rede Globo, escreveu: “Há tantas possibilidades de provas nos depoimentos dos marqueteiros João Santana e Monica Moura que não é exagero dizer que a ex-presidente Dilma corre o risco de ser presa por obstrução da Justiça a qualquer momento, em prisão preventiva decorrente da investigação policial que foi desencadeada a partir dos relatos agora liberados para divulgação.”

O golpe de estado parlamentar, consolidado pelo impeachment contra a presidenta Dilma evoluiu para um golpe de estado do Judiciário. Mas se trata de uma etapa do endurecimento do regime político que avança rapidamente rumo à tentativa de imposição de uma ditadura burocrática policial, de cunho bonapartista, controlado com maior punho de ferro pelo imperialismo. Os instrumentos para viabiliza-la continuam sendo fortalecidos: três leis aprovadas, de maneira vergonhosa, ainda sob o governo Dilma (Lei Antiterrorismo, Lei Anti Corrupção e Lei das Organizações Criminosas), o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que permite colocar tropas nas ruas, o aperto contra os sindicatos e o fortalecimento da polícia, dentre outros.

Revelações “fulminantes”: Mônica Moura sobre Dilma

As revelações da marqueteira Mônica Moura sobre a presidenta deposta Dilma Rousseff mostram várias tentativas de obstrução da Justiça que iriam desde o aviso aos marqueteiros de que seriam presos pela Polícia Federal a conselhos para que mudassem as contas no exterior da Suíça para Singapura, passando por outras várias acusações.

Houve questões que poderiam ser consideradas como mais banais, tais como a rede Wifi do Palácio de Nova Alvorada gravada no computador de Mônica,  uma viagem de um dia que Mônica fez de Nova Iorque a Brasília quando se encontrava de férias ou um arquivo de Word que conteria mensagens trocadas com Dilma. Uma conta do Gmail ([email protected]) teria sido usada para se comunicarem por meio de códigos; Dilma, em declaração pública, disse que seria fictício, próprio do “jornalismo de guerra da Globo” que, com Merval Pereira à frente, está pedindo a sua prisão. Mas há várias outras acusações que podem ser usadas para implicar Dilma.

A empresa dos marqueteiros fez pagamentos de R$ 40 mil para Celso Kamura, um renomeado cabeleireiro que atendeu Dilma durante quatro anos. Para assessores de telepront foram realizados pagamentos por R$ 95 mil durante quatro anos. Para “Dilma Bolada”, o publicitário Jefferson Monteiro,  com milhões de seguidores na Internet, teriam sido repassados R$ 200 mil, aprovados em reunião com os dirigentes petistas Luis Falcão e Edinho. Também teriam sido feitos pagamentos a Marli, a governanta de Dilma.

Revelações “fulminantes”: Mônica Moura e João Santana sobre Lula

De acordo com as revelações realizadas pelos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, não somente Dilma, mas principalmente o ex presidente Lula sabia de tudo sobre o caixa 2; ele próprio decidia sobre as questões mais importantes. Lula se reunia com João Santana quando o ex ministro Antônio Palocci não conseguia resolver os pagamentos em atraso encaminhando os pagamento para “empresas parceiras” como a Odebrecht. Quando a Odebrecht não teria conseguido completar os repasses para Santana, o próprio Lula teria recorrido a Eike Batista.

Algumas das contradições entre a ex presidenta Dilma e Lula aparecem em “revelações” que indicam que Lula reprovava a atuação de Graça Foster, a presidenta da Petrobras que, devido à campanha pelo “saneamento” da Petrobras teria provocado atrasos nos pagamentos às empreiteiras, dificultando assim os atrasos em relação aos pagamentos de caixa 2 relacionados com as dívidas eleitorais. Guido Mantega também seria reprovado por Lula, quem era a favor do atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Lula autorizava os pagamentos mais altos e esteve envolvido inclusive em campanhas eleitorais que aconteceram em vários países, como El Salvador, Angola, Panamá, Venezuela, além de outras duas que não aconteceram, Ghana e Alan Garcia no Peru. No caso de El Salvador, na candidatura de Maurício Funes, cuja esposa é brasileira e uma militante fundadora do PT, Lula teria tido um fala aberta com João Santana sobre pagamentos com recursos de caixa 2. A Andrade Gutierrez ficou de financiar a campanha de Hugo Chávez, não pagou e ele morreu um ano e meio depois, ficando com um prejuízo de US$ 15 milhões. 

O PT “fulminado” por João Santana

João Santana deu insumos para possibilitar não só maiores condenações sobre Antônio Palocci e Guido Mantega, mas também para implicar outros figurões do PT como a Senadora Gleise Hoffman, Marta Suplicy (hoje no PMDB) e os próprios Lula e Dilma. Ele disponibilizou detalhes sobre contas bancárias em diversos países, os meandros do financiamento de campanhas presidenciais no Brasil (de Lula e Dilma) e na Venezuela (de Chávez) pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez sob a coordenação direta dos ex-presidentes Lula, Dilma.

Em 2014, a coordenação direta dos pagamentos por caixa 2 passou a ser controlada diretamente por Dilma, tirando-a do então tesoureiro do PT, João Vaccari, e passando-a para o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, com pagamentos que seriam antecipados. Essas delações também podem impactar a chapa Dilma-Temer e portanto o próprio Temer.

O custo da campanha de Dilma, em 2014, teria sido de R$ 70 milhões. O da campanha de Lula, em 2006, R$ 36 milhões. A campanha de Fernando Haddad à Prefeitura da cidade de São Paulo, em 2012, teria custado R$ 50 milhões. Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann teriam usado recursos provenientes de caixa 2 nas campanhas às prefeituras das cidades de São Paulo e Curitiba. A campanha de Gleisi teria custado R$ 6,5 milhões, mas tinha sido declarado R$ 1,5 milhão. Além disso os marqueteiros teriam pago, durante um ano, um salário de R$ 20 mil para Luis Favre, ex namorado de Marta.

O PT “fulminado” pela extrema direita

Após o “fiasco de Curitiba”, a extrema direita acelerou a política golpista por meio dos seus principais instrumentos, o Judiciário e a imprensa golpista, a mando do imperialismo. No eixo, continua a tese da Operação Lava Jato, exposta na apresentação de Powerpoint  do procurador federal Deltan Dallagnol, de que Lula é o comandante supremo de uma organização criminosa.

Além das delações de João Santana e de Mônica Moura, ainda há as delações a caminho. Eike Batista está aderindo a uma delação premiada que inclui, dentre outros assuntos, Lula, a construtora de sondas Sete Brasil, Sergio Cabral e Eduardo Cunha. A cerejinha do bolo é a delação premiada do ex ministro Antônio Palocci, que começou a andar, e de vários outros figurões que têm o potencial de implodir o regime político montado na chamada Nova Republica de 1988: o ex governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral; o ex deputado e líder do PMDB, Eduardo Cunha; o marqueteiro Duda Mendonça; os executivos da Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão em novas delações premiadas.

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