Karl Marx e a Queda dos Lucros no Capitalismo

O Capital: a chave para entender a realidade atual

A obra central do marxismo é a chave para entender a crise capitalista, pois as leis fundamentais continuam vigentes e com as contradições exacerbadas. Lenin: “O Capital é o maior tratado de dialética”

A obra mais importante do marxismo, O Capital de Karl Marx, representa a ferramenta chave para entender a crise capitalista atual e o capitalismo como um sistema que, como tudo o que existe no mundo e na sociedade, teve sua origem, desenvolvimento e agora se encontra na fase de esgotamento acelerado. Conforme disse Vladimir I. Lenin, o melhor tratado de dialética é justamente O Capital.

Karl Marx revelou os grandes mistérios do capitalismo. Várias descobertas fundamentais foram feitas em relação à composição e à reprodução do capital, o trabalho produtivo e improdutivo, à evolução do capitalismo e ao papel das classes sociais em luta.

fetichismo da mercadoria

O fetichismo da mercadoria foi onde os economistas burgueses que conseguiram avançar mais se esbarraram na tentativa de explicar a origem do valor no capitalismo. A génese violenta do capitalismo, que expropriou os camponeses, foi exposta no último capítulo do Livro 1.

No Livro 2, foi revelado o mistério da circulação do capital, de onde os economistas vulgares pretendem que supostamente sairia o aumento do valor do capital. No Livro 3, as descobertas foram extremamente reveladora, pois o capitalismo foi analisado de conjunto, tendo como foco principal a análise do lucro dos capitalistas. A tendência à formação dos monopólios foi apontada teoricamente, para um fenômeno que se encontrava em fase inicial e que viria a se consolidar no final do século XIX.

A análise dialética do capitalismo introduziu várias categorias e determinações novas, além de ter ajustado outras, como reflexo da realidade. O estudo cuidadoso do O Capital deixa clara a inevitabilidade da morte do capitalismo, da mesma maneira como acontece com qualquer outro fenômeno social, assim como a inevitabilidade do socialismo.

A burguesia tem promovido uma gigantesca campanha com o objetivo de silenciar o deturpar o marxismo e particularmente O Capital.

Com a derrubada da União Soviética e do bloco da Europa Oriental, há pouco mais de 20 anos, a burguesia mundial gritou aos quatro ventos que se tratava do fim definitivo do socialismo e da vitória definitiva do capitalismo, da “democracia”. Na realidade, estes países implodiram de podre por causa da pressão do imperialismo mundial, que, entre outras coisas, tinha sufocado essas economias por meio de dívidas astronômicas.

Enquanto o capitalismo existir, as leis fundamentais continuarão atuando e o estudo do O Capital continuará sendo o principal livro que os revolucionários devem estudar, tanto para entender o sistema social combatido como para assimilar o método de análise científico, o materialismo histórico e dialético.

A crítica de Marx aos economistas apologéticos

KarlMarx, o homem que conseguiu explicar as leis da evolução da sociedade e do capitalismo, apreciava enormemente a economia política clássica e considerava a obra de David Ricardo o ponto culminante na época. Os pós-ricardianos deixaram de lado a análise da sociedade, e das suas contradições, conforme a classe operária entrou em cena. Até revolução francesa de 1830, a burguesia republicana teve um papel revolucionário, levando às massas trabalhadoras a reboque da sua política.

A partir das revoluções de 1848, o proletariado apareceu como uma classe social com interesses próprios. Tinha ficado claro, conforme a revolução industrial tinha avançado, que a “liberdade, igualdade e fraternidade”, as três principais palavras de ordem da revolução burguesa, não passavam da liberdade dos capitalistas de comprar e vender enquanto a maioria da população ficava relegada à pobreza.

Os “economistas vulgares”, conforme foram chamados por Marx, passaram a analisar as aparências, sem nenhum interesse pela essência dos fenômenos.

“Aproveito para chamar a atenção, uma vez por todas, que entendo por economia política clássica toda a economia que, a partir de William Petty, procura penetrar no conjunto real e intimo das relações de produção na sociedade burguesa, por oposição à economia vulgar, que se contenta com as aparências, rumina sem cessar, por necessidade própria e para vulgarização dos fenómenos mais notórios, os materiais já elaborados pelos seus predecessores, limitando-se a erigir pedantemente em sistema e a proclamar como verdades eternas as ilusões com que os burgueses gostam de povoar o seu mundo, para eles o melhor dos mundos possíveis.”

(Karl Marx, O Capital, Livro 1, Capítulo 1)

“A indulgente boa vontade de descobrir no mundo burguês o melhor de todos os mundos possíveis troca, na economia vulgar, todas as exigências do amor à verdade e do impulso à investigação científica”. (Karl Marx, O Capital, Livro 3, Capítulo 49)

Entre os principais representantes da chamada escola neoclássica, estão os economistas vulgares Malthus, Frédéric Bastiat, Jean Baptiste Say e John Stuart Mill, entre outros. Todos estes economistas são admirados pelos neoliberais, principalmente Bastiat (1801-1850) que fora qualificado por Marx como “o mais superficial e portanto o mais bem sucedido representante dos apologistas da economia vulgar”.

Como é criado o valor na sociedade capitalista?

Karl Marx demonstrou, de maneira detalhada, que a lei do valor é o motor que regula o funcionamento da sociedade capitalista. Ela determina o fluxo e refluxo dos capitais dos vários setores da economia, de acordo com a lucratividade. As máquinas são amortizadas e, nos procedimentos contábeis, simplesmente repassam, de maneira gradual, como custo o investimento realizado. Na circulação, no processo de compra e venda, os ganhos e perdas têm a tendência a nivelar-se.

Karl Marx aprofundou os estudos dos economistas burgueses (principalmente Adam Smith e David Ricardo), que tinham demonstrado que o único gerador de valor é o trabalho humano. A principal descoberta realizada foi que os trabalhadores, a classe operária, vendem a sua força de trabalho para os capitalistas e que a fonte do lucro dos capitalistas é a mais-valia, a diferença entre os salários pagos e o valor criado pelos trabalhadores.

A grande dificuldade dos economistas burgueses reside em não terem condições de entender, devido à classe social que representam, que o verdadeiro gerador de valor é a força de trabalho da classe operária. As categorias genéricas de “valor de trabalho” e “preço natural do trabalho”, entre outras, impediram à economia clássica avançar no entendimento das leis do capitalismo.

Para os economistas vulgares (os apologistas do capitalismo) serviram como:

“uma base segura de operações para a sua superficialidade, que somente venera as aparências”. A transformação do valor e preço da força de trabalho em salário “torna invisível a relação efetiva e precisamente mostra o oposto dessa relação, [nela] se fundamentam todas as noções jurídicas tanto do operário como do capitalista, todas as mistificações do modo capitalista de produção, todas as ilusões de liberdade, todos os absurdos apologéticos da economia vulgar”.

(Karl Marx, O Capital, Livro 1, Cap. 17)

Os economistas burgueses atuais vão muito além dos economistas vulgares do século XIX nas operações promovidas para justificar o capitalismo ultra-parasitário atual.

Como funciona a lei da tendência à formação da taxa média de lucro?

Karl Marx demonstrou que a concorrência leva a que a massa geral de mais-valia gerada na sociedade seja repartida de maneira tendencialmente homogênea entre os capitalistas, de acordo com o montante do capital, independentemente do ramo de atividades.

O que mudou hoje?

Hoje a taxa de lucro das operações industriais nos países desenvolvidos é extremamente baixa. Por esse motivo, o grosso das manufaturas têm sido transferido a países onde a mão de obra é semiescrava.

O lucro da GM, por exemplo, vem das fábricas localizadas na China e no Brasil e, ainda mais especificamente, do Banco GM que participa, em larga escala, da especulação financeira vendendo, comprando e apostando em títulos públicos e privados, inclusive os derivativos financeiros que, entre outros, contêm os títulos dos financiamentos de automóveis.

As bolhas financeiras quando estouram têm como finalidade, própria do funcionamento do capitalismo, ajustar as taxas de lucro à média, como pode ser visto claramente na crise financeira de 2008 e como poderá ser visto nas bolhas que deverão estourar no mundo todo no próximo período. O inacreditável volume de capital fictício acumulado no mundo, devido à falta de colocação produtiva, torna esse processo muito mais explosivo.

Ao mesmo tempo, as multinacionais imperialistas impõem preços de monopólio e por meio do controle do estado burguês passaram a controlar todos os aspectos da sociedade burguesa.

A lei da tendência à queda da taxa geral de lucro

Karl Marx demonstrou a lei da tendência à queda da taxa geral de lucro devido ao aumento da composição orgânica do capital, devido ao aumento do percentual máquinas e a diminuição da mão de obra, processo que é promovido, automaticamente, pela ação da concorrência.

A concorrência entre os capitalistas conduz à procura pelo aumento da produtividade e à redução de custos, mediante a implementação de novos processos e a automação industrial, em cima de máquinas mais modernas, o que leva à redução do número de trabalhadores. Por esse motivo, a mais-valia extraída apresenta a tendência a cair o que provoca a queda dos lucros que representam o motor da economia capitalista.

Na tentativa de conter a ação da lei, os capitalistas aumentam a intensidade do trabalho, reduzem os salários, por meio de processos de terceirização,  promovem ataques por meio dos programas de austeridade e usam trabalho escravo em proporções nunca antes vistas nos últimos séculos.

Mas todas essas tentativas não conseguem abortar a ação da lei, apenas a contem temporariamente. Ela provoca o aumento das lutas operárias. Na China, por exemplo, o salario médio dos trabalhadores passou de US$ 30 na década de 1980, para US$ 260, e no Vietnam, que se pretendia que substituísse, parcialmente, à China, nos últimos cinco anos, os salários passaram de US$ 45 para US$ 90.

Agora, os monopólios buscam mercados de mão de obra barata alternativos na Birmânia, no México e na América Central. Mas os escandalosos acidentes que aconteceram há alguns meses em Bangladesh deixaram claro que esses mecanismos não passam de paliativos parasitários. 

Bangladesh depois dos escândalos e mortes provocadas pela exploração e péssimas condições de trabalho.

O aumento exponencial do crédito, em cima de recursos públicos, está levando o mundo inteiro a enormes bolhas financeiras. No Brasil, o “modelo de crescimento Lula” se esgotou e deixou como saldo a disparada da inadimplência em níveis históricos, com o governo fomentando-a ainda mais devido à falta de alternativas.

A desvalorização do capital constante empregado (principalmente, as máquinas e equipamentos) e, fundamentalmente, a crise capitalista, que leva à destruição em larga escala das forças produtivas, junto com superexploração dos trabalhadores, têm ajudado aos mecanismos capitalistas não engriparem até o momento, como aconteceu na década de 1930. Ao mesmo tempo, as crises aumentam as compras e consolidações, reforçando ainda mais a monopolização da economia.

O grosso da competição agora se processa em escala mundial por grandes monopólios imperialistas que, na disputa do mercado, levam o parasitismo a níveis absurdos, além de impulsionarem a militarização da sociedade e as guerras.

Mas há em andamento vários sintomas que mostram que a tendência ao capitalismo engripar é cada vez maior: a queda dos lucros dos monopólios, inclusive nos setores financeiro e de armas; desaparecimento do investimento privado; o superendividamento público e privado; a recessão industrial; as pressões inflacionárias etc.

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