A crise atual está tão grande que o número de governos totalitarios só vão aumentar, isto devido a que os capitalistas devem aumentar o massacre da população para continuarem lucrando. Assim é necessário que o povo entenda o totalitarismo para poder lutar contra a subjulgação de dita tirania

Hannah Arendt e o Totalitarismo

ATENÇÃO:
Vamos deixar claro que esta é a posição oficial do imperialismo e de TODA a “esquerda” oficial que ama de paixão a “democracia” em abstrato, ou seja a democracia imperialista. Hannah Arendt, uma infiltrada da CIA que permite comprender a visão do enemigo.

Por Marcos Lima

Vou começar por uma autora que não é marxista, Hanna Arendt. Ela nasceu na Alemanha, em 1906, e vivenciou os horrores do nazismo. Na universidade estudou latim, grego e teologia, foi orientada pelo filósofo Martin Heidegger e anos posteriores à Segunda Guerra ajudou a divulgar sua filosofia nos Estados Unidos. Com a ascensão do nazismo, em 1930, ela fugiu para a França. Suas origens judaicas e sua participação na Organização Sionista Alemã, com a qual rompeu em 1944, a colocava na mira dos nazistas, foi interrogada algumas vezes antes de deixar o país.

Em 1951, tendo conseguido a cidadania nos Estados Unidos, publicou “As origens do Totalitarismo” com dedicatória para Heinrich Blücher, seu marido, um intelectual e membro do Partido Comunista Alemão, com quem casara em 1940. É nesta obra que vou me concentrar a introdução a esta matéria penso que todos entenderão o motivo.

Hannah Arendt e Heinrich Blücher

Vale lembrar que toda a obra de Hanna Arendt é profundamente marcada pelos acontecimentos desencadeados pelo nazismo e pela sua condição de judia que considerou a si mesma como apátrida, mesmo depois de ter sido criado o Estado de Israel em 1948, uma condição que para ela era uma afronta aos direitos humanos.

Essa condição de vida levou Arendt a questionar os motivos que levaram as condições de florescimento do totalitarismo na Alemanha, Itália e União Soviética. Um aparte, o stalinismo depôs contra o próprio marxismo. Esses regimes caracterizavam por uma concentração do poder político, culto a personalidade, controle de toda vida social, individual e privada. Por último, mas não menos importante, esses regimes elegiam um inimigo da nação, quase sempre colocando-o, mesmo que não fosse, como algo externo, mas principalmente, eram um inimigo objetivo antes de ser real, ou seja, foi escolhido pelo regime totalitário não por ser um oponente que ameace o regime.

Arendt pode ser considerada uma liberal no sentido de defender as liberdades individuais, mas não no sentido de defesa do liberalismo econômico. Para ela os regimes totalitários têm a característica de negar o indivíduo.

A banalidade do mal

Adolf Hitler
Heinrich Himmler

Um dos conceitos mais tratados por Arendt é o da banalidade do mal, que comporia os valores do nazismo, o mal estaria na raiz do ódio gerado nos indivíduos, esse mal radical estaria na composição da crença de pessoas como Adolf Hitler e Heinrich Himmler, eles agiam de acordo com suas crenças.

Por outro lado, existiam indivíduos no nazismo; o caso de Adolf Eichmann, oficial de baixa patente, que foi capturado julgado pelo Estado de Israel, cujo julgamento Arendt acompanhou no local como correspondente da revista The New Yorker, que operava no registro do mal banal. Ele entrou para o exército para ganhar dinheiro e era um imbecil, tão imbecil que era capaz de praticar o mal, incapaz de refletir sobre suas ações.

Adolf Eichmann

Arendt vai identificar um novo modo de poder além daqueles classificados por Montesquieu –  despotismotirania e ditadura -, o totalitarismo. Enquanto a tirania seria exercida pelo medo, o regime totalitário exercia o poder pelo terror para subjugar grandes massas. Um inimigo interno ou externo é fabricado no sentido de manter uma coesão do grupo que governa, com imbecis como Eichmann e tantos cidadãos politicamente corretos.

As origens do totalitarismo, é escrito na forma de ensaio, mas nele se encontra uma definição sólida do totalitarismo como encontrado no século XX, por isso é uma obra analítica. Divide-se em três partes: Antissemitismo; Imperialismo; Totalitarismo. O totalitarismo é um fenômeno que teve início no século XX e diferente das outras formas autocráticas de governo.

O terror de Estado é total

O Antissetismo é uma ideologia racista usada como instrumento de dominação do imperialismo. Na Alemanha a perseguição aos judeus (“povos supérfluos”) foi um pretexto, para unificar e subjugar as massas com o intuito de expansão do regime.

O ódio a determinada etnia ou povo é articulado com essa ideologia e com a expansão dos instrumentos de violência do Estado (Imperialista, no sentido que visa a expansão do regime totalitário), por exemplo, a polícia secreta para capturar os inimigos

[“…certos métodos que seriam ilegais em condições normais e caracterizariam a diferença entre a polícia secreta e outros departamentos mais respeitáveis da administração não significam que estejamos lidando com um departamento independente, fora do controle de outras autoridades, vivendo numa atmosfera de irregularidade, irrespeitabilidade e insegurança. Pelo contrário, a posição da polícia secreta estabiliza-se completamente no regime totalitário, e os seus serviços são inteiramente integrados na administração.”].

O apoio das massas é uma das características fundamentais dos regimes totalitários, com amplos setores que praticam uma lealdade irrestrita. Para isso a propaganda do Partido (Estado) tem um peso muito grande para manter a coesão das massas em torno do projeto totalitário.

Portanto, o totalitarismo é abrangente no sentido de anular as liberdades dos sujeitos como indivíduos, qualquer um pode ser substituído como peça da grande engrenagem.

Mas como podem os indivíduos concordarem com o fim da sua própria liberdade?

Os judeus não foram mortos “ilegalmente”, os nazistas estavam seguindo uma “lei da natureza” de purificação da raça, pelo menos para a cabeça dos nazistas, e que estavam fazendo um bem para a humanidade. Um absurdo? Sim, mas era como agiam. E legalizaram isso.

A ideia de um inimigo comum a ser combatido, a ideia do Estado, da pátria que deve ser defendida contra o inimigo é uma constante no regime totalitário, o inimigo comum precisa ser eliminado antes que destruam a pátria, o Estado, os bons costumes, etc. Os diferentes são uma ameaça, seja ele judeu, cigano, comunista, árabe, homossexual, negro, etc.

O importante é que seja assimilado pelas massas que existe um inimigo comum a ser combatido, não importa que este inimigo seja uma ameaça verdadeira. Essa é a propaganda de terror.

Você consegue identificar a análise de Hanna Arendt no mundo atual da política? A propaganda, as redes sociais, os líderes, os mitos, etc?

Pois bem, penso que todos que leem entenderam a importância do livro e porque ele se esgotou depois da eleição de Donald Trump. Todas as mazelas sociais são jogadas para o inimigo fabricado (eleito) para a fidelização do séquito que enxerga uma realidade fabricada. Esses fanáticos ficam inatingíveis por qualquer contradição apresentada, torna-se algo parecido com água e óleo. Estão vacinados!

A verdade para os fanáticos não está na ação, mas na última palavra do partido ou do líder onipresente na consciência de cada fanático. Eles se sentem como guardiões do Estado totalitário ou do líder carismático e agem o tempo inteiro em sintonia com o seu projeto. Isso ocorre de tal forma que a pessoa não consegue expressar qualquer tipo de insatisfação com o governo mesmo dentro de sua própria casa, ela está sempre vigilante para defender uma lei que julga natural, seja uma lei histórica (stalinismo), seja da natureza (nazismo). Isso é totalitarismo.

[“A liberdade de opinião ainda existia para aqueles que tinham a coragem de arriscar o pescoço. Teoricamente, ainda se pode fazer oposição também nos regimes totalitários; mas essa liberdade é quase anulada quando a prática de um ato voluntário apenas acarreta uma “punição” que todos, de uma forma ou de outra, têm de sofrer. No totalitarismo, a liberdade não apenas se reduz à sua última e aparentemente indestrutível garantia, que é a possibilidade do suicídio, mas perde toda a importância porque as consequências do seu exercício são compartilhadas por pessoas completamente inocentes.”]. [“Segundo relatos da última reunião, Hitler decidiu cometer suicídio depois de saber que já não podia confiar nas tropas da SS.”].

A abordagem de Arendt é objetiva, mas não sociológica, ela era uma filósofa.

Para uma abordagem marxista aconselho a leitura de Trotsky que tratarei no próximo texto.

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