Eleições golpistas: a serviço de quem?

Eleições golpistas: a serviço de quem?

O PT se tornou o principal impulsionador da política de conciliação de classes defendida pelos partidos políticos e entidades de “esquerda”, a Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já e a Frente Parlamentar pelas Diretas Já, principalmente a partir do seu 6º Congresso Nacional, realizado no início de junho.

A Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já foi criada no dia 05 de junho e é composta por 55 entidades ligadas aos movimentos sociais, movimento estudantil, centrais sindicais, sindicatos, igrejas e partidos políticos. A Frente Parlamentar Suprapartidária por Eleições Diretas já foi lançada em 07 de junho e é composta pelos seguintes partidos políticos:  PT, PCdoB, PSOL, PSB e PDT. 

Essas frentes defendem uma política de “frente popular”, de conciliação de classes, de traição aberta à classe operária, justamente no momento de maior ataque por parte da burguesia por meio de uma tremenda recessão e aprovação no Parlamento das reformas trabalhistas e previdenciárias, bem como um conjunto de ataques que inclui privatizações, redução de salários, demissões, etc.

Essa política nefasta impulsionada da direção do PT e da CUT, que é quem dirige o movimento de Frente Ampla, tem por objetivo canalizar toda indignação e resistência dos trabalhadores para o campo eleitoral, jogando a ilusão de que os nossos problemas serão resolvidos com a eleição de um ou outro burocrata ou burguês iluminado, mesmo quando o imperialismo, por meio do Judiciário e outros instrumentos, se encaminharam para a implosão do regime político atual, o que inclui a inviabilização da candidatura Lula e a criminalização do PT.

“Greve geral eleitoral”

Já se observa um giro ainda mais à direita das direções burocráticas do movimento operário e popular, principalmente do PT e da CUT, em que abandonam a chamada da greve geral do próximo dia 30 de junho, indicando que não tentarão direciona-la um grande ato pelas diretas, impulsionando a campanha de Lula 2018, na perspectiva de reeditar outro governo de “frente popular” no País, que, nas atuais condições, somente poderia ser um governo muito mais direitista que os governos anteriores do PT por causa da forte pressão do imperialismo.

Diga-se de passagem, que nunca foi a linha das direções burocráticas levar o movimento adiante até a vitória. Pelo contrário, a intenção sempre foi controlar o movimento para canalizá-lo para as eleições. Por isso, desde o dia 8 de março, quando houve uma participação popular importante e espontânea, refletindo a indignação e a vontade de lutar contra as reformas que o governo Temer tentava impor, a burocracia tirou a linha de controlar e arrefecer o movimento no afã de evitar ser superada e desmascarada pelo mesmo.

Para quebrar o ânimo e o espírito de revolta dos trabalhadores, a direção, a partir do dia 15 de março, que também foi uma bela demonstração de luta dos trabalhadores, começou a marcar manifestações muito espaçadas. Marcou apenas para 28 de abril a “greve geral”, sexta-feira, véspera de feriadão, sem parar as principais categorias. Mas mesmo assim, os trabalhadores deram uma boa resposta, surpreendendo em participação. Depois disso, marcou o dia 24 de maio em Brasília, onde os trabalhadores enfrentaram uma brutal repressão, inclusive com a intervenção das forças armadas.

O movimento resiste, mostra que não está derrotado. Mas a direção joga com outra data distante: 30 de junho. Uma sexta-feira, exatamente para não fazer a greve geral e sim um protesto que se dissolva num feriadão e que sirva de palanque eleitoral.

FHC volta à esquerda? 

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Ainda, esta semana, a Frente Ampla ganhou mais um adepto. Fernando Henrique Cardoso pediu antecipação das eleições gerais. Com esta, fica claro a quem beneficia a antecipação das eleições presidenciais ou das eleições gerais. A burguesia! Desde o golpe parlamentar de 2016, passando pelo total controle do regime político pelo Poder Judiciário, o que caracteriza a primeira e a segunda etapa do golpe, com o desmantelamento do regime político a partir do ataque aos partidos e às principais figuras políticas do país, numa orquestração comandada pelo imperialismo norte-americano, a burguesia precisa, para completar mais uma etapa do golpe, eleger um elemento de extrema direita para, com respaldo das urnas, impor as reformas que Dilma e Temer não puderam aplicar, e fechar o regime cada vez mais. Assim esse movimento por eleições já faz o jogo da direita.

A direitização da esquerda pequeno burguesa

Sobre a participação do PSOL na Frente Ampla, além de Luciana Genro apoiar a Operação Lava Jato, Marcelo Freixo foi apoiado pela Rede Globo nas eleições municipais de 2016 no Rio de Janeiro, o PSOL conformou coligações espúrias com os partidos burgueses por exemplo, no Pará no ano passado, com o PDT, o PPL e o PV e recebeu contribuições financeiras de grandes empresas, se localizando bem à direita da “esquerda” integrada ao regime. Para tal partido, as eleições são estratégicas, e participar da Frente Ampla é algo natural.

No caso do MAIS, a ruptura do PSTU, que no fundamental aconteceu pela direita, um dos principais dirigentes, Valério Arcary, em 02 de junho, defendeu a tática de Diretas Já e Eleições Gerais como “via de derrotar as reformas”. Em outra palavras se trata da “aliança da esquerda oportunista, integrada ao regime, com setores burgueses com o objetivo de conter e desviar o movimento de massas. Essa política é diametralmente opostos à política revolucionária da Frente Única” que visa unificar os trabalhadores contra a truculência dos ataques da burguesia e desmascarar a burocracia.

O PSTU usa palavras de ordem propagandísticas gerais, como poder aos conselhos populares, numa etapa não revolucionária em que esse órgão de poder dual nem sequer existe. Mas não hora de voltar à realidade, o PSTU levanta como saída as Eleições Gerais, a mesma “saída” da “frente popular”, da ala centro do regime e do imperialismo. 

O MRT levanta a palavra de ordem Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Nas atuais condições, trata-se da mesma saída preferencial que o imperialismo persegue: impor a terceira etapa do golpe (uma ditadura burocrático policial, de cunho bonapartista, por fora do Parlamento) por meio da chancela do voto popular.

O fim da República de 1988

O regime democrático burguês consolidado desde a queda da Ditadura Militar já não existe. Hoje, a Operação Lava Jato, junto com o STF (Supremo Tribunal Federal), o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal, sob ordens do imperialismo, já derrubaram um governo, estão em vias de derrubar outro (vide o ataque da JBS ao governo Temer), terminaram de desmoralizar completamente todos os partidos políticos tradicionais, estão prendendo um grande número de políticos e mediante as delações premiadas que ainda estão para vir e de outros instrumentos típicos de um Estado de exceção, estão com a faca e o queijo nas mãos para conformar ao seu talante o atual regime burguês reacionário por meio de uma eleição totalmente controlada. A eleição de uma Assembleia Constituinte, nas atuais condições, representaria a cereja do bolo de um golpe reacionário para fechar o regime ainda mais.

Hoje, os prováveis presidenciáveis que não estão na Lava Jato são Bolsonaro, Dória e Ciro Gomes (sobre Ciro, abriram-se as portas dos ataques do imperialismo). Acrescente-se a estes Joaquim Barbosa, Carmem Lúcia, Henrique Meirelles (sobre quem pesa o fato de ter sido presidente do Conselho da JBS) e Sérgio Moro e teremos um quadro de uma eleição totalmente controlada pela direita. O grande favorito para ministro da Fazenda em todos os casos, é Armínio Fraga, o ex presidente do Banco Central de FHC e sócio do mega especulador norte-americano George Soros. O dinheiro de caixa dois das grandes empresas brasileiras que sustentou as campanhas até agora ficou inviável e só quem tiver dinheiro, isto é quem o imperialismo quiser, poderá levar adiante uma campanha que possa disputar para ganhar.

O quadro para eleições gerais para a Constituinte não é diferente. O mais provável seria uma conformação mais à direita de um novo parlamento, com elementos da extrema direita em sua maioria. Uma Constituinte reacionária teria a máxima legitimidade para impor todos os planos de espoliação do Brasil pelo imperialismo e até uma reforma política com uma cláusula de barreira draconiana, que inviabilizasse de vez todo e qualquer partido de esquerda.

A política revolucionária para este período

Nessa conjuntura, é preciso chamar os trabalhadores a lutar para colocar abaixo o governo golpista de Temer, identificando-o como o responsável pelas reformas anti-operárias, planos de privatização e arrocho, por meio da consigna FORA TEMER E TODOS OS GOLPISTAS!

Devemos impulsionar o dia 30 de junho como um dia nacional de lutas, chamado de GREVE GERAL, para que seja vitorioso e aumente a disposição de luta da classe operária e dos trabalhadores, como preparação da unificação das campanhas salariais do segundo semestre RUMO A UMA VERDADEIRA GREVE GERAL.

Devemos apontar como saída revolucionária para a crise, que no momento funciona a nível de propaganda, um GOVERNO DOS TRABALHADORES DA CIDADE E DO CAMPOcomo a única maneira de reverter a situação a favor dos trabalhadores.

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

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