(Matéria publicada originalmente em maio de 2017)
Com grande estardalhaço, a grande imprensa burguesa, encabeçada pela Rede Globo, fez uma gigantesca propaganda sobre os 83 processos abertos, contra 108 réus, pelo ministro relator da Operação LavaJato no STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Fachin. Constam muitas acusações de menor monta, como problemas sobre a prestação de contas e manipulações de licitações públicas. Desta maneira se cria uma cortina de fumaça sobre os grandes problemas. O juiz Sergio Moro levantou o sigilo.
Entre os réus estão os seis últimos ex presidentes da República, Michel Temer, 29 senadores, 42 deputados, três governadores e quase um terço do ministério de governo Temer. Dentre estes, se encontram Eliseu Padilha (ministro da Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral). A lista é liderada por 20 políticos do PT. Os indiciados com o maior número de processos são Aécio Neves (PSDB) e Eliseu Padilha (PMDB). De acordo com Marcelo Odebrecht, o ex presidente Lula teria recebido R$ 13 milhões em propinas sob o codinome “Amigo”.
O imperialismo, por meio da extrema direita, está passando por cima de todas as liberdades democráticas e civis, as poucas que ainda restam. Para isso, se vale das três funestas leis aprovadas ainda no governo Dilma: Lei Antiterrorista, Lei contra a corrupção, Lei das organizações criminosas. A defesa cega da pseudo democracia burguesa tupiniquim, dos acordos com o imperialismo, da chamada “governabilidade” impõe pagar um forte preço para os trabalhadores, mas também para a esquerda burguesa que se integrou ao regime golpista.
Com o freio de mão puxado?
A possibilidade de “mandar para a cadeia os corruptos” se vê freada pela política geral do imperialismo que busca ir direitizando de maneira gradual o regime. Os inquéritos autorizados pelo ministro do STF Luis Fachin precisam ser operacionalizados, no ritmo e calendário do PGR (Procurador Geral da República), Rodrigo Janot, quem, desta maneira, decidirá quem será ou não condenado.
Na realidade, o verdadeiro objetivo desta nova onda de processos é acelerar a pressão sobre o governo Temer para que viabilize a aprovação de novos ataques contra os trabalhadores sob a ameaça de ser implodido. E o mesmo vale para os parlamentares.
Aécio Neves e José Serra entraram na ciranda. Mas o ritmo de tartaruga mostra que os dois primeiros estão sendo colocados para fora do “jogo político” de “maneira natural”, provavelmente sem grandes sobressaltos. Os processos contra Aécio estão paralisados há três anos, mas, desta vez, foi acusado de corrupção o que é muito mais grave que a acusação de Caixa 2. Os processos contra Serra datam de dois anos.
Geraldo Alkmin deverá entrar na ciranda, pela Odebrecht ou da mão de outra construtora, principalmente por causa da corrupção nas obras do Rodoanel. Sobre a corrupção nas obras do Metrô de São Paulo, envolvendo a multinacional Alstom, nem uma palavra. Ele tenta conter o fortalecimento do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., no PSDB, oferecendo a candidatura ao Governo do Estado de São Paulo, mas, cada vez mais, Dória aparece como um dos queridinhos da direita golpista.
A direitização geral do regime político implica na recomposição do regime político, no fim da chamada Nova República. Esta operação implica na inviabilização da candidatura Lula 2018 e na paralisação da candidatura Ciro Gomes.
O PT, o PP, o PMDB estão sendo implodidos pela extrema direita. Agora estão se somando ao “clube”, o PSDB e o DEM. O imperialismo ainda conta com o “recall” das delações da Andrade Gutierrez e da Camargo Correia, a delação premiada da OAS, novas delações de figurões já presos, como marqueteiros, operadores, o ex governador do estado do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e o ex todo-poderoso deputado Eduardo Cunha.
Como nestas condições o governo Temer irá se manter vivo? Como Lula irá manter a sua candidatura?
A saída para a crise econômica e política para as massas passa pela unidade dos trabalhadores na luta contra o golpismo, os capitalistas e o imperialismo.
