DE “SOCIALITE” A LUTADORA INCANSAVEL CONTRA A DITADURA, A HISTÓRIA DE ZUZU ANGEL

Conhecida como ZUZU ANGEL, Zuleika Angel Jones, foi uma das maiores estilistas na história da moda no Brasil, mas não é pela sua esplêndida carreira que vamos falar dela hoje.

Zuzu, foi mãe de Stuart Edgar Angel Jones, um estudante Universitário, da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8 Brasil), torturado e assassinado por pensar diferente e lutar contra um dos sistemas mais sanguinários que já existiram, o capitalismo, e uma das ditaduras mais sanguinárias, a liderada por Garrastazu Médici. 

Como de costume, a Ditadura Militar o “desapareceu” sem deixar nenhum rastro. Foi nestas circunstâncias que Zuleika passou a dedicar a sua vida a lutar e denunciar as arbitrariedades da Ditadura, a brutal repressão que foi utilizada para impor um modelo econômico a serviço dos grandes capitalistas. Até seus últimos dias, Zuleika foi uma incansável lutadora, sendo sua morte, algo “atípica”, da qual falaremos mais adiante.   

Sua vida mudou no dia 14 de maio de 1971

Quando seu filho Stuart foi preso no Rio de Janeiro e levado diretamente à Base Aérea do Galeão, onde foi torturado até a morte nessa mesma noite, segundo depoimentos de Alex Polari de Alverga, quem esteve preso junto com ele.

Naqueles anos quem lutava contra a Ditadura era rotulado como “subversivo” e extremamente perigoso. Mas Stuart não vendeu os ideais e princípios. Hoje seu nome é recordado não somente para não nos esquecermos do grande dano que fizeram ao nosso país e ao nosso povo, assim como a necessidade de lutarmos com convicção contra o massacre do Brasil que acontece hoje com o apoio de todo o regime político, desde a extrema direita até a “esquerda” oficial que na prática atua a cada dia com mais afinco a serviço do Governo Bolsonaro. 

A partir daquele dia 14 de maio, Zuleika empreendeu uma incansável investigação sobre o paradeiro do seu filho, lutando pelo seu direito à verdade e à justiça. Ela não somente lutou contra a Ditadura Militar, mas ainda por cima gritou aos quatro ventos a manipulação da grande imprensa, colocando em questão a propaganda da Ditadura que levantava motes como por exemplo “Brasil ame-o ou deixe-o”. 

Zuleika colocou em questão não somente a grande imprensa burguesa, mas também os grandes empresários e os organismos internacionais controlados pelo imperialismo. Os mesmos setores sociais hoje fazem parte do Governo Bolsonaro.

Utilizando a sua influência nas passarelas da moda, em 1971, ela realizou um desfile em New York, que o transformou num protesto aberto contra a Ditadura. Os vestuários relataram uma história catastrófica de sangue, miséria e impunidade, colocando estampas nas prendas as quais representavam tanques de guerra, canhões, pássaros engaiolados, meninos aprisionados, anjos amordaçados.

Sem lugar a dúvidas, Zuleika deve ter sentido medo ao expor-se dessa forma; deve ter sido muito difícil. Porém, mais difícil foi ter perdido seu filho para os torturadores sanguinários que atuavam às ordens dos grandes capitalistas. 

Zuleika acabou se transformado de uma “socialite” em uma mulher de luta e muito forte porque a própria realidade que viveu a levou a isso. Ela utilizou o seu lugar nas passarelas para falar de política, para elevar a voz e dizer o que muitos não podiam naquela época, onde gritar da maneira que ela fez requeria muito valor.

Essa experiência é uma das tantas que demonstra que em determinadas condições, quando mudam as condições materiais, as pessoas mudam. E quando a mudança é muito profunda a própria relação entre as classes sociais mudam muito profundamente. 

Zuleika fez a Ditadura sentir medo, principalmente porque a partir da crise mundial de 1974 o regime daquela época tinha entrado em crise. Tinha se aberto a possibilidade do povo ir às ruas. Sem dúvidas que aquela mulher deixou muitos generais com medo, e muitas famílias cheias de força para lutar. 

Zuleika foi assassinada em 1976 pela Ditadura, por meio da simulação de um acidente automobilístico que ocorreu na saída do chamado Túnel Dois Irmãos no Rio de Janeiro. Uns anos mais tarde foi descoberto que a colisão aconteceu com um carro dirigido por agentes repressivos da Ditadura. 

Fecharam seus olhos, mas abriram os nossos. A história de Zuleika não é muito diferente de outras muitas de pessoas que perderam amigos e familiares para a repressão. A luta de todas estas pessoas continua na memória coletiva, e principalmente sua luta continua ferventemente sinalizada em nossas mãos. 

Parece uma história legal. A “esquerda” oficial, hoje abertamente a serviço do massacre do Brasil imposto pelo Governo Bolsonaro anabolizado por todo o regime político, propagandeiam que se trata de uma época passada que não voltará a repetir-se. Mas hoje avança de maneira muito acelerada, o massacre do povo brasileiro.

Daniela Carrasco, “La Mimo” Chile, estruprada e assasianda por pensar diferente no atual governo de Piñera

Na realidade, a história tende a repetir-se, embora num estágio mais alto. Novas Zuleikas e novos Stuarts surgirão inevitavelmente no próximo período porque eles são um produto da desagregação do regime.

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