Cadê a esquerda revolucionária?

Cadê a esquerda revolucionária?

Matéria publicada originalmente no início de 2020

Na etapa política atual de escalada dos ataques do imperialismo contra os trabalhadores brasileiros, se repete a cada dia mais a pergunta, cadê a esquerda?  Cadê as direções?

A esquerda atual é um produto da escalada da pressão do imperialismo na década de 1980, para impor as chamadas políticas “neoliberais”, fundamentalmente após a queda do Muro de Berlim. Por causa da brutal integração à “democracia imperialista” agora se encontra em etapa terminal, totalmente atrelada ao regime burguês.

No Chile, a “esquerda” governou durante vários períodos, desde 1990, com a Constituição imposta pelo sangrento ditador César Augusto Pinochet, em 1980. E ainda fazendo de conta que estava tudo “quase normal”. Uma “esquerda” que governa com a Constituição de Pinochet, não devia ser qualificada como uma “esquerda pinochetista”? E que aliás é a fonte inspiradora da esquerda brasileira que hoje se converteu numa “esquerda golpista” e até numa “esquerda bolsonarista”, já que sob pressão do governo golpista está deixando passar todos os brutais ataques contra a população brasileira. Isso quando não os aprova em bloco, como o fez o PCdoB com a pornográfica aprovação da entrega da Base militar de Alcântara aos Estados Unidos.

O golpe de estado militar na Bolívia escalou o senso de urgência da necessidade de enfrentar a brutalidade dos ataques do imperialismo, que demonstra que não irá medir esforços para manter os privilégios do grande capital.

O PT e a burocracia que controla as organizações de massas são dirigidos por uma ala direita que avança, de mãos dadas com setores mais golpistas do atual governo, para controlar o Partido dos Trabalhadores integralmente, inclusive tomando a própria presidência no 7º Congresso Nacional do PT, que acontecerá neste mês novembro. Este não é um fato menor já que o PT controla as principais organizações de massa, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o MST (Movimento dos Sem Terras), e indiretamente a UNE (União Nacional dos Estudantes) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Outra parte da esquerda consiste em pequenos grupos que estão desligados do movimento de massas e até sem perspectivas nem interesse concreto de se vincular a ele, e que se dedica a uma atuação concentrada principalmente na Internet ou em determinados sindicatos locais. O papel dessa esquerda na greve dos Correios, por exemplo, que representou a maior greve nacional desde 1995, foi nulo. E não foi por falta de avisos e chamados, já que nossa organização, Unidade Operária, fez esse chamado para pelo menos uma dúzia desses agrupamentos.

O que esperar para o próximo período?

O aprofundamento da crise capitalista mundial tem imposto o endurecimento dos ataques contra as massas com o objetivo de conter a acelerada queda da taxa de lucros mundial. Os resultados não têm feito se esperar, inclusive na América Latina, que o imperialismo norte-americano considera com uma extensão do próprio quintal. Às revoltas no Haiti se somaram as revoltas no Equador, que foram as maiores desde 2005. Mas o grande fato político é a explosão do Chile, o “queridinho” do imperialismo, o grande laboratório do “neoliberalismo”, o modelo econômico até esse momento para toda a América Latina.

A revolta no Chile aconteceu pelo motivo mais insignificante possível, o aumento das passagens do Metrô de 800 para 830 pesos, o que incendiou o país. Todas as tentativas de quebrar o movimento realizadas até o presente momento não têm avançado, o que revela a profundidade do descontentamento e a necessidade que o imperialismo tem de enganar as massas por meio dos mecanismos mais clássicos, com o uso da “esquerda” e com a farsa da assembleia constituinte controlada ou alguma manobra parecida. 

A situação no Chile ainda não está definida, mas o fundamental é que novos “Chiles” estão colocados para acontecer em toda a América Latina e até no mundo no próximo período. Um período de ascenso operário começou a acontecer até nos próprios Estados Unidos, com a greve dos professores de West Virgínia, de fevereiro de 2018, e que teve como ápice a grande greve dos operários da GM esse ano que paralisou a empresa numa greve que durou um mês e que impulsionou várias outras greves.

Qual é a atuação que os revolucionários devem ter perante o ascenso do movimento de massas na América Latina? Em primeiro lugar, analisar a situação política de maneira a apreender as contradições em desenvolvimento, usando como método de análise o marxismo, o materialismo dialético, para analisar as coisas como elas realmente são. A partir dessas análises, que devem evidenciar o desenvolvimento da luta de classes, a correlação de forças e o estado de espírito das massas, em primeiro lugar da classe operária, é preciso colocar em pé palavras de ordem que orientem o movimento de conjunto e que o façam avançar o máximo possível. É preciso identificar claramente as etapas da revolução, os momentos de ascenso e refluxo etc.

Ao calor da luta real, é preciso agrupar os setores e elementos que tenham se destacado com o objetivo de por em pé frentes únicas revolucionárias contra o imperialismo. Em cima desse agrupamento deve-se lutar pela formação de partidos operários revolucionários, que devem lutar para se ligar e dirigir o movimento operário e se converterem no seu estado maior na luta contra o capital e o imperialismo.

O que esperar da esquerda no próximo período?

A “esquerda” integrada ao golpismo imperialista deverá desaparecer no próximo período, da mesma maneira como aconteceu inúmeras vezes ao longo da história. Se trata de uma “esquerda” que se encontra em fase terminal, semimoribunda, que praticamente não tem mais militantes. E com a obscena traição que tem promovido em todas as lutas, tem sofrido tremendo desgaste perante as massas. Há ativistas sindicais que mantêm a esperança de que Lula poderia acordar os mega-traidores da burocracia sindical. Sem considerar as próprias condições de Lula, qualquer um que consiga acordar esses pelegos empedernidos haverá estabelecido um verdadeiro milagre, já que o grau de capitulação às chantagens dos generais e da Operação LavaJato, assim como o medo aos trabalhadores mobilizados, é tão grande que não conseguem se mobilizar nem eles mesmos.

A maior parte dos grupos pequenos de esquerda também está condenada a desaparecer no próximo período. Os operários mobilizados olham com muita desconfiança os militantes hippies pequeno burgueses. Mesmo no Brasil, quem militou na década de 1980 sabe muito bem qual era o comportamento dos operários em relação aos diletantes pequeno burgueses.

A entrada da região e do mundo na etapa pré-revolucionária, com a ultrapassagem das burocracias, que contêm as lutas, deverá colocar a classe operária em movimento, como um fator no cenário político, com a transformação de classe em si para classe para si.

No próximo período, novos oportunistas deverão surgir, principalmente a partir do centrismo que é um fenômeno social que tem como base a pressão do capital. Uma nova esquerda revolucionária deverá aparecer ao calor da luta. Uma parte dos militantes dos agrupamentos da esquerda anterior irá à direita ou abandonará a atuação política. Outra parte deverá evoluir e converter-se em verdadeiros revolucionários ao calor da luta de classes. 

Um exemplo de “esquerda hippie

A LBI (Liga Bolchevique Internacionalista) é um pequeno agrupamento, ultra sectário, mas com bastante atividade na Internet e que possui algumas análises até interessantes. Vale uma referência porque algumas calúnias escritas há pouco mais de dois anos, contra os militantes da Unidade Operária, que publica o Jornal Gazeta Revolucionária, principalmente contra um dos dirigentes, Alejandro Acosta, estão sendo usadas agora pelos “petistas” do PCO (Partido da Causa Operária), partido este que avança a passos largos no caminho do oportunismo e estreita laços com a ala direita que controla o PT, o PT Jurídico ou grupo “Mensagem ao Partido”.

Veja aqui, aqui e aqui

Naquela época, foram publicadas duas matérias no Jornal Gazeta Revolucionária em resposta a essas calúnias da LBI que continham um alto conteúdo de hippismo mórbido, e que provavelmente estavam sendo financiadas pelos burocratas sindicais da LPS (Luta Popular e Sindical/ Luta Pelo Socialismo) de Minas Gerais.

Clique na imagem e veja a matéria sobre A esquerda diletante na planilha Excel

Indo agora direto ao ponto e em modo de conclusão, vale a pena mostrar na prática um claro exemplo de comportamento hippie mórbido. Trata-se de algumas postagens realizadas por Cândido Álvarez, dirigente por mais de duas décadas da LBI, no perfil de Facebook de Alejandro Acosta, há vários meses, quando, por “coincidência”, tinha escalado o grau de traição da burocracia sindical, da burocracia dos movimentos sociais e da esquerda integrada ao regime, ao mesmo tempo que o imperialismo aumentava a agressão contra a Venezuela. E cada que havia um esforço maior de Unidade Operária para furar esse “bloqueio” e avançar no sentido de organizar a luta, aparecia a “esquerda hippie” na tentativa de desviar o esforço para os assunto mais idiotas imagináveis.

“Camila Alves Melo”, que na realidade era um fake do principal dirigente da LBI, Cândido Álvarez, tinha se especializado nos últimos três anos em fazer fofocas em perfis de Facebook de algumas organizações de esquerda. E tudo sem qualquer prova ou documentação. Simplesmente pelo “vício” de achar que atuando como uma “comadre de cabaret” estaria “militando”. 

Os hippies da LBI apesar do discurso de esquerda enxergam “comunistas” onde somente há burocratas. No caso da LPS, os militantes comunicstas romperam com a burocracia e se integraram a Unidade Operária.

Participação em grupo de norte-americanos, gerente de um banco no Ceará e o pior hippiesmo ao cubo.

“O nosso problema com a LBI não são as loucuras que vocês têm falado. Disso só os burocratas da LPS e do PCO podem gostar. O que nós questionamos essa atuação hippie. Na nossa humilde opinião vocês bem que poderiam redirecionar a capacidade óbvia de vocês para frentes de luta. Em momentos em que o imperialismo ameaça comer o tutano de todo mundo”

“Ha um golpe militar quase amarrado com Mourão e cia. (e CIA e Mossad). Provavelmente as eleições no Uruguai e na Argentina irão fechar o regime ainda mais na região. Há a questão do Evo/ Batisti, que vocês analisaram corretamente. É preciso organizar a reação! Deverão estourar movimentos espontâneos em breve dada a brutal crise. O que deve ser feito é uma frente única operária e uma frente anti-imperialista (contra a guerra híbrida e quente do imperialismo).”

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