Há trabalhadores que estão debaixo do sol por mais de 10 horas, outros carregam maquinaria ou elementos que depois repercutem na sua vida cotidiana, geralmente causando doenças e dores insuportáveis. Outros trabalham em baixo da chuva vendendo DVDs ou fazendo entrega de comida. Como esses exemplos há muitos outros nos quais os trabalhadores e trabalhadoras sofrem abusos incessantes sob o regime de que os lucros devem continuar crescendo.
A acumulação capitalista é o grande vírus do nosso Planeta, da precarização, da flexibilização e da responsabilização dos trabalhadores sobre sua sobrevivência está deixando em questão a falácia da “meritocracia”, da liberdade e da mobilidade social.
Recentemente viralizou uma imagem de funcionários de uma rede de franquia de serviços estéticos que tatuaram a meta de novas unidades da empresa a serem abertas no país (#300), ou no braço ou na perna.
Marcados como nos campos de concentração?
A partir dos comentários dos diretores da Empresa parece que a tatuagem foi uma decisão pessoal dos funcionários envolvidos, e por isso firmaram um termo de responsabilidade.
Ao ver as falas dos funcionários ao serem questionados sobre a sua ação e a possibilidade de arrepender-se do mesmo, chama a atenção que a noção de que sempre se sentiram parte da Empresa e têm orgulho de ter “erguido uma parte da mesma”.
No entanto, esta empresa não é familiar. Os trabalhadores se sentiriam parte da mesa, um tipo de empreendedorismo ou até a ideia de que a equipe de trabalho é uma segunda família.
Este “idealismo” do trabalho não é uma noção única destes trabalhadores, quando a caixa de um supermercado sente de que deve tomar as cinco horas extras que o supervisor está pedindo para ela, pois a “empresa a necessita”, sob o ponto de vista dos capitalistas seria uma forma de incentivar que o trabalho é primordial até sobre a mesma família ou individualidade. Na realidade, se trata da busca dos lucros a qualquer custo, outorgando algumas migalhas aos trabalhadores em troca da super exploração; e ainda com a ameaçã de quem “não se adaptar” ser demitido e que uma longa fila de desempregados tome seu lugar.
Esta questão da suposta “liberdade e sentir-se parte da empresa” e um dos mecanismos para aumentar a super exploração dos trabalhadores. São usado mecanismos da época da Colônia até com tatuagens, como foi o caso do #300.
Sob o ponto de vista individual podemos até nos perguntar: Até que ponto a dimensão do mercado influencia nossa vida privada? Até no lugar de colocar no nosso corpo um banal número relacionado com o poder do meu chefe? Devemos nos sentir responsabilizados pelo lucro do outro a partir da minha exploração?
Sob o ponto de vista das necessidades práticas, as respostas são simples. É preciso comer, ainda mais em situação de aprofundamento da crise mundial. Há o problema do desemprego, da destruição dos serviços sociais. E da falta de perspectiva de luta por causa de que as direções das organizações de massa, que foram construídas em duras lutas, se passaram para o campo da direita, do Governo Bolsonaro ou dos patrões.
A “romantização” da exploração, a subalternidade, faz parte da campanha da burguesia que cada vez tem menos o que oferecer para a maioria da população.
Nos Estados Unidos, o 61% dos empregados considera que o estresse do trabalho os deixou doentes. O 7% confirma que foram hospitalizados por causa do estresse no trabalho.
No Brasil, segundo pesquisa da Isma-BR, um 72% dos brasileiros que trabalham sofrem de algum “problema” relacionado com o estresse. Dos 72%, 32% deles sofrem de esgotamento crônico e 92% dos trabalhadores com esse síndrome continuam trabalhando.