As eleições na Argentina e a crise política

As eleições na Argentina e a crise política

O grande vencedor das eleições de 14 de novembro na Argentina foi o abstencionismo, com 28,4% dos não votantes, o que representou um aumento de 9% em relação às eleições de 2019 e de 6% em relação às de 2017.

A Frente de Todos perdeu 5,2 milhões de votos e Juntos pelo Cambio 1,2 milhão em relação a 2019, passando de 120 para 119 parlamentares.

Na Cidade de Buenos Aires e na Província de Buenos Aires, o macrismo agrupado em Juntos Pelo Cambio venceu por uma diferença mínima (39,8% contra 38,5% da Frente de Todos) depois da Frente de Todos obter 450 mil votos a mais que em Las Paso (eleições primárias). Também venceu em Córdoba (com 54% dos votos válidos), Mendoza, Jujuy, Santa Cruz e Santa Fe.

As eleições não resolveram a crise em que o governo de Alberto Fernández entrou em Las Paso, depois de ter perdido a maioria no Senado.

Cambiemos Juntos não atingiu a primeira minoria na Câmara dos Deputados, perdendo assim a possibilidade de disputar a presidência da Câmara, e passou de 115 para 116 parlamentares.

Em um ponto central, o governo e o macrismo estão unidos: na necessidade de assinar o acordo que o FMI (Fundo Monetário Internacional) impõe para ser ratificado pelo Congresso imediatamente, após negociações que já duram um ano e meio.

A diferença é que o macrismo não quer apresentar um programa parlamentar ao FMI; ele quase não quer discutir o acordo a ser feito com o FMI. Além do problema do impasse, a expectativa é que com as imposições a inflação oficial ultrapasse 50% e uma desvalorização do peso em relação ao dólar de pelo menos 30%, o que implicaria em um reajuste generalizado das taxas dos serviços públicos e das taxas de juros, e o aumento da dívida externa.

A crise do regime político

As eleições representaram um voto de protesto contra o peronismo e também contra o macrismo.

Juntos Pelo Cambio está dividido em um grande número de grupos nacionais e provinciais.

O peronismo venceu em Catamarca, Chaco, Formosa, La Rioja, Santiago del Estero, San Juan, Tucumán, Terra do Fogo e boa parte dos subúrbios de Buenos Aires; foi derrotado nas províncias de Santa Cruz, La Pampa e Santa Fé, epicentro de uma crise industrial, policial e parlamentar, inclusive com a possibilidade da prisão de altas personalidades peronistas. Em Tucumán, ele por pouco não perdeu a eleição. No Tigre, Sergio Massa perdeu. Rodríguez Saá perdeu em San Luis.

Esses resultados impediram a grande reforma ministerial necessária ao decadente governo de Alberto Fernández. Tanto que houve a ratificação dos ministros principais, mesmo o mais questionado de todos, Martin Guzmán.

Axel Kicillof, apesar de ter perdido as eleições em Buenos Aires, foi “recompensado” com a maioria no Senado, depois que o peronismo caiu de 41 para 35 senadores.

A fragmentação do Congresso impõe enormes dificuldades para a aprovação de projetos governamentais, o que o obrigará a governar por meio de decretos.

Como catalisador da crise política, o papel da burocracia sindical aparece, principalmente a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), como um dos principais instrumentos de contenção da ascensão dos trabalhadores.

Crise econômica e crise política

A crise econômica foi parcialmente contida por meio do superávit do comércio exterior.

A crise da dívida pública, a inflação e o aumento do custo de vida e da pobreza dificultam a aplicação do ajuste, assim como o agravamento da crise capitalista mundial, levando a novas e piores manifestações do agravamento da crise.

À medida que a crise econômica avança, a crise política se manifesta na crise dos partidos tradicionais e no crescimento da extrema direita, representada por Espert e Milei, que não atua como um movimento de massas, mas sim eleitoral, e que conquistou cinco deputados.

O aumento na votação da FIT-U (Frente de Esquerda – Unidade), com 1,3 milhão de votos e com o aumento da representação parlamentar para quatro deputados, significou parte do voto de protesto social, principalmente na Grande Buenos Aires e Jujuy, onde o catador de lixo Alejandro Vilca obteve 25,8% dos votos, da maneira similar ao que tinha acontecido em Salta e Mendoza em 2013. Mas é evidente que este não é um voto socialista ou revolucionário, desde a campanha eleitoral da FIT -U não tinha nada nesse sentido.

O atual etapa política não é revolucionária. Na superestrutura política, é evidente o surgimento de tendências contra-revolucionárias por parte da burguesia, ao mesmo tempo em que a temperatura da revolta social continua subindo, inevitavelmente, à medida que aumenta a pressão da crise capitalista sobre os trabalhadores e as mulheres.

Levante ! Organize-se! Lute!
A hora de Lutar é Agora!

🕶 Fique por dentro!

Deixe o trabalho difícil para nós. Registe-se para receber as nossas últimas notícias directamente na sua caixa de correio.

Nunca lhe enviaremos spam ou partilharemos o seu endereço de email.
Saiba mais na nossa política de privacidade.

Artigos Relacionado

Deixe um comentário

Queremos convidá-lo a participar do nosso canal no Telegram

¿Sin tiempo para leer?

Ouça o podcast da

Gazeta Revolucionaria