A FARSA ESTATÍSTICA DO PIB

A FARSA ESTATÍSTICA DO PIB

Por que o PNB foi mudado para o PIB? O aumento da espoliação imperialista dos países atrasados

De acordo com a propaganda burguesa, após o colapso capitalista de 2007-2008, a participação dos chamados “países emergentes”, principalmente dos países do Brics (Brasil,  Rússia, Índia, China e África do Sul) no PIB mundial teria aumentado.

A participação da China teria passado de 10,9% para 14,3% e a do Brasil de 2,7% para 2,9%. Em contrapartida, a participação dos EUA teria caído de 21% para 19% e a dos países da Zona do Euro teria se reduzido em 2%.

A China conteve parcialmente o aprofundamento da crise capitalista e teria se convertido na segunda maior potência mundial.

A propaganda oficial chegou a dizer que os países do BRICS deviam discutir o aumento da sua participação e até pleitear o comando do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BM (Banco Mundial), que estão sob o controle do imperialismo norte-americano e das principais potências imperialistas europeias.

Por que o PNB foi mudado para o PIB? A farsa por trás do cálculo do PIB

O PIB (Produto Interno Bruto), como instrumento de medição da produção nacional, é um dos tantos mecanismos de ocultação da realidade usado pelos governos burgueses. Os seus componentes consideram o consumo, os investimentos privados, os gastos estatais e as exportações, aos quais subtraem as importações. São incluídos componentes muito parasitários, tais como as tarifas bancárias e os impostos. São desconsiderados os bens e serviços intermediários, os custos diretos de produção e, principalmente, os bens e serviços produzidos no exterior.

Com a escalada do chamado “neoliberalismo” nos anos 90, o PNB (Produto Nacional Bruto) foi abandonado. O objetivo era ocultar o aumento parasitário das remessas dos países atrasados para os países imperialistas de crescentes volumes de recursos. Vários, e cada vez mais sofisticados, mecanismos financeiros especulativos foram desenvolvidos e implementados para compensar as crescentes dificuldades para a obtenção de lucros a partir da produção.

A crise mundial de 1974 marcou o início do fim do chamado “estado de bem-estar social” desenvolvido em cima de fortes investimentos estatais, principalmente no setor de armamentos, que provocaram o aumento do endividamento e do déficit público.

As chamadas políticas “neoliberais” implementadas a partir do Consenso de Washington, sob a orquestração do então todo-poderoso secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, no final da década de 1980, oficializaram a escalada de métodos fundamentalmente parasitários para aumentar o saque os países atrasados pelas potências imperialistas.

As leis de propriedade intelectual e de patentes datam dessa época, assim como a disparada generalizada da dívida pública, a estruturação dos derivativos financeiros e a estruturação do mercado manufatureiro asiático focado na produção de produtos de baixo valor agregado, em cima de mão de obra semiescrava, como os principais mecanismos para continuar garantindo altas taxas de lucro e conter o avanço das massas trabalhadoras.

As “novidades” do PIB

O PIB eliminou componentes que o PNB, a pesar de ser um índice que permitia manipulações estatísticas, também evidenciava – principalmente, os fluxos internacionais das rendas dos fatores, a remessa de lucros das multinacionais para os países centrais, o que permitia ultrapassar a visão limitada das fronteiras estritamente nacionais, fenômeno que tem se acentuado nos últimos trinta e cinco anos.

O PNB considerava o PIB adicionado da diferença entre a entradas e as saídas de capital, com destaque para a RLEE (renda líquida enviada) e RLRE (renda líquida recebida do exterior), que representa a diferença entre os recursos alocados no exterior menos os recursos repatriados para as matrizes.

Desta maneira, os países imperialistas apresentam um PNB maior que o PIB enquanto os países atrasados um PIB maior que o PNB. No caso do Brasil, por exemplo, é evidente que o PNB é inferior ao PIB, pois os recursos  que são repatriados aos países imperialistas, através de remessas de lucro, pagamentos de juros, dívidas e serviços, são maiores que os que entram no País.

O aumento da espoliação imperialista dos países “atrasados

Nas últimas duas décadas, em cima da implementação das chamadas políticas “neoliberais” foi promovido o maior saque dos recursos dos países atrasados da história da humanidade.

Após o esgotamento da especulação imobiliária nos países centrais e o colapso capitalista de 2007-2008, foi estruturada uma nova divisão mundial do trabalho onde ao Brasil, e à maioria dos países atrasados, correspondeu  o papel de fornecedores de matérias primas, principalmente para o mercado manufatureiro asiático.

O foco das políticas públicas na produção devastadora, dos recursos naturais e humanos, e a exportação de matérias primas através dos mercados especulativos futuros de commodities (matérias primas), como o principal mecanismo para manter de pé o serviço de pagamentos da dívida pública, em crescente aumento, explica a crescente desindustrialização desses países.

Nem o Brasil, a África do Sul, o México ou a Argentina se encontram mais perto do chamado primeiro mundo, segundo propagandeiam alguns notórios lacaios do imperialismo ou os mal informados. Muito pelo contrário, os exportadores de matérias primas encontram-se cada vez mais perto da época colonial.

Enquanto aos países manufatureiros asiáticos, com a China à cabeça, também estamos frente ao esgotamento do modelo. A China, que, a partir de 2009,  inundou o sistema financeiro interno com recursos destinados a incentivar de maneira artificial o consumo enfrenta hoje enormes e explosivas bolhas imobiliárias e das obras de infraestrutura que ameaçam levar à bancarrota os governo provinciais, as construtoras e o sistema financeiro.

As dificuldades para desovar os seus produtos, por causa da diminuição da demanda mundial provocada pelo aprofundamento da crise capitalista, levou ao fortalecimento de tendências nacionalistas que levaram ao aumento das disputas com as potências imperialistas em relação aos mercados secundários de armas, ao controle direto das matérias primas e às grandes obras de infraestrutura. A disparada da inflação tem levado a desequilíbrios e ao aumento dos salários que na China saiu de US$ 30 para muitas vezes mais.

No Vietnam, passou de US$ 40 para US$ 150 nos últimos quatro anos, no Camboja para US$ 90 e no Bangladesh para aproximadamente US$ 50.

Sem mão de obra semiescrava o capitalismo parasitário dos nossos tempos não consegue sobreviver.

As potências imperialistas tentam diversificar o mercado manufatureiro para países ricos em matérias primas e com baixíssimos salários.

A espoliação dos recursos naturais e a exploração dos trabalhadores dos países atrasados alcançaram recordes históricos nos últimos quatro anos.

Os imperialistas tentam todos os mecanismos e subterfúgios para manter as suas obscenas taxas de lucro a qualquer custo. Todos os países atrasados enfrentam tarefas democráticas pendentes que somente poderão ser cumpridas pela revolução dirigida pela classe operária devido ao caráter cada vez mais reacionário da burguesia nacional que tem a tendência a submeter-se à burguesia imperialista por medo do avanço das massas trabalhadoras.

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