A bomba relógio do PT: delação de Palocci

A bomba relógio do PT: delação de Palocci

(Matéria publicada originalmente em 15.05.2017)

A delação premiada do ex ministro Antônio Palocci se encontra em andamento. Palocci dispensou o escritório José Roberto Batochio por exigência da Lava Jato porque se posicionava contra as delações premiadas. Palocci foi ministro da Fazenda no primeiro governo Lula e voltou ao governo como ministro chefe da Casa Civil no primeiro governo Dilma. Ele é um elemento muito próximo da cúpula do PT e tem o potencial de fazer revelações ainda mais fulminantes, o que o transforma numa “bomba relógio” contra o PT.

Palocci esteve envolvido no resgate da Rede Globo quando quebrou no início da década passada. Ele detém conhecimento sobre a fraude dos mais de R$ 600 milhões em multas que a Globo não pagou e que desapareceram do Ministério da Fazenda por fraude nas transmissões da Copa do Mundo de 2002. Mas a Operação Lava Jato poderá direcionar as revelações exatamente para onde o imperialismo quer.

A delação premiada de Palocci poderá abrir passo a outras delações. Por meio de condenações muito longas a ditadura do Judiciário tenta enquadrar os condenados a “cooperar”, o que equivale a fazer o jogo que extrema direita tem interesse.

Ainda nenhum tesoureiro do PT se dispôs a delatar, mas João Vaccari Neto se encontra condenado a mais de 40 anos de prisão, em cima de quatro processos, e já foi aberto o quinto relacionado com desvios de recursos provenientes da Sete Brasil.

Por que o imperialismo busca implodir o PT? 

De acordo com as próprias palavras do ex presidente Lula, os bancos nunca lucraram tanto na história do Brasil como na década passada, quando ele foi presidente. Mas os lucros foram colocados em xeque a partir de 2008, quando a crise capitalista mundial explodiu. Ela foi controlada por meio de enormes volumes de crédito, mas começou a implodir novamente em 2012, em escala mundial e no Brasil.

A partir de 2015, ficou evidente que o PT não tinha condições de governar mais e que a burguesia tinha se unificado para impor o impeachment contra a presidente Dilma. 

O “conto da carochinha” das “pedaladas fiscais” não passam de balela. Em 2015, o governo Dilma impôs cortes de mais de R$ 240 bilhões no orçamento, o que equivale a um recorde histórico de 25%. Em cima desses cortes brutais, que impactaram em cheio os programas sociais, Dilma iria deixar um déficit público de R$ 90 bilhões em 2016. Com Temer, chegaram a R$ 145 bilhões, isso sem considerar os R$ 45 bilhões repatriados.

A queda acelerada da taxa de lucro do grande capital e o crescente “entravamento” da economia levaram à aceleração dos ataques contra as massas, em primeiro lugar no Brasil.

A aposta, na atual conjuntura política, é avançar rumo a regime muito mais duros que consigam aplicar gigantescos repasses de recursos para os monopólios. Em cima dessa política, o PT, assim como os demais partidos políticos do centro do regime político, se transformaram em “partidos muito caros”, incompatíveis com o “tudo para os monopólios”.

Qual tem sido o papel da cúpula do PT?

O política aplicada pela cúpula do PT é de conchavo total com a direita, de integração, ao regime burguês de conjunto, inclusive aos golpistas, em prol da “governabilidade”. Ela não mobilizou as bases no sentido da greve geral que tinha chamado nas semanas que antecederam o impeachment ex presidenta Dillma. Não organizou os trabalhadores nem mesmo para salvar a “própria pele”, ou seja, o “próprio” governo. Pelo contrário, ao longo do tempo, desenvolveu o papel imposto pelo o capitalismo que é o de conter o avanço operário.

Entre agosto de 2016 e março de 2017, a política do PT se concentrou em paralisar as lutas dos trabalhadores, em trair todas as greves importantes, em se aliar com a direita golpistas em 1.628 municípios (somente com o DEM, PSDB e PMDB) nas eleições municipais do ano passado, em fazer mil conchavos com direitistas para ganhar carguinhos nas mesas diretoras da Câmara de Deputados e do Senado, em se converter em serviçais de Geraldo Alkmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo, em aceitar que um elemento da cúpula (o Senador Humberto Costa) fizesse “autocrítica” sobre a corrupção e a política traidora do PT na revista de extrema direita Veja sem que ninguém dessa mesma cúpula esboçasse uma reação, em permitir que o mesmo Humberto Costa e Jorge Viana (PT-Acre) fosse a Israel convidados por uma ONG abertamente sionista e acompanhados da musa do latifúndio e amiga de Dilma Rousseff sem que ninguém da direção do PT reagisses etc. A política do PT está levando o Partido ao colapso. Se trata de uma política de “frente popular” moribunda típica. Situações similares podem ser vistas hoje mesmo em vários países europeus, com a política praticada pela socialdemocracia em decomposição, e na América Latina, onde na maioria dos países a esquerda burguesa, abertamente integrada ao regime, pratica políticas similares.

A política do PT: a serviço do grande capital

Durante a campanha que levou ao primeiro governo petista, em 2002, Lula foi aos Estados Unidos, com a cúpula do PSDB, com o privatista FHC como avalista. Lula fechou o acordo com os imperialistas norte-americanos, que na época tinha à frente do governo o elemento de extrema direita George Bush Jr., de manter as políticas de FHC, ao ponto de publicar a Carta aos Brasileiros com esse compromisso. E foram mantidas.

Os governos do PT não deixaram de lado a continuidade das privatizações. Para mascara-las, criaram a política das PPEs (Parceiras Pública Privada). No fundo, o objetivo foi o mesmo, o estado constrói e os capitalistas administram e levam os lucros. Os bancos nunca ganharam tanto como nos governos Lula.

Todos esses acordos do PT com a burguesia tiveram, como contrapartida, o próprio interesse de manter seus cargos e privilégios, ou seja, manter seus privilégios, os cargos nas estatais, os cargos nos ministérios. O medo de impulsionar a luta para conter os golpistas passa pelo medo de provocar o fortalecimento das tendências revolucionárias e implodir o Partido, onde aumentam, de maneira acelerada, os sintomas da crise interna.

O imperialismo precisa do PT para conter a classe operária, mas devido à evolução da luta de classes, à crise e à desconfiança no PT para conter o inevitável ascenso das massas, o está descartando. Trata-se da clássica política do capitalismo da busca dos lucros a qualquer custo; a final, são só negócios. 

A FBP (Frente Brasil Popular) é formada, fundamentalmente, pela cúpula do PT, a cúpula do PCdoB, a CUT, a CTB, o MST, a UNE e outras frações da esquerda burguesa e pequeno-burguesa, inclusive de setores que, isoladamente, não teriam nenhuma importância política a nível nacional. Em todo o Brasil, a FBP não tem mobilizado as categorias, não tem levantado as bandeiras históricas da classe operária e nem mesmo as principais bandeiras democráticas, como a da luta contra os ataques que o imperialismo busca impor contra os trabalhadores.

Conforme a crise capitalista avança, está colocado o enfrentamento aberto entre a burguesia e o proletariado, o conjunto dos trabalhadores liderados pela classe operária mundial. Os revolucionários marxistas têm a obrigação de organizar a luta da classe operária. Neste momento, a LPS (Luta Pelo Socialismo) se coloca como tarefa impulsionar a luta principalmente nas categorias de ponta, nacionais, que estão no olho das privatizações, como os Correios, os petroleiros, a Infraero e os trabalhadores dos bancos públicos, dentre outras. A partir da unificação da luta contra o estado privatizador será mais fácil impulsionar a luta geral dos trabalhadores.

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